Voltando ao maldito assunto da lei das salvaguardas, já
ressaltei que nem todas as vinícolas participam do pedido: os principais
responsáveis, pelo menos os mais falados parecem ser: Miolo, Salton (que voltou atrás), Aurora, Aliança, Don Giovanni, Garibaldi, Casa Valduga and Dal Pizzol,
enfim as grandes marcas nacionais.
Já os pequenos produtores, não aprovam e, no caso a medida
passar, serão os maiores
prejudicados, juntos com nós consumidores.
As vinícolas Adolfo Lona, Angheben, Cave Geisse e Vallontano
- por sinal produtores de alguns dos melhores vinhos nacionais – uniram as
forças mantendo firme as próprias posições e questionaram de forma clara e
sensata alguns itens que continuam inexplicáveis.
Leia aqui na integra o manifesto oficial:
“As vinícolas ADOLFO
LONA VINHOS E ESPUMANTES, ANGHEBEN VINHOS FINOS, CAVE GEISSE e VALLONTANO
VINHOS NOBRES vêm a público se manifestar a respeito da polêmica da salvaguarda
solicitada por algumas entidades do setor vinícola.
Causou-nos estranheza
a solicitação dessa medida já que no nosso entendimento os benefícios serão
mais uma vez destinados às grandes indústrias, penalizando a diversidade
da oferta e o consumidor.
Por outro lado o
pequeno produtor, que enfrenta hoje diversas dificuldades, não pára de se
questionar:
Por que estas
entidades não buscam o SIMPLES para o pequeno produtor?
Por que não pedem o
fim das normativas (IN05 etc..) que limitam e dificultam as atividades de
pequenas vinícolas?
Por que essas mesmas
entidades impediram que entrasse em vigor a dispensa da aplicação do SELO
FISCAL para quem produzisse até 20.000 litros de vinho (IN RFB N – 1.188/2011
DOU 1 DE 31/08/2011)?
Por que não concentram
seus esforços para baixar os tributos do vinho brasileiro ao invés de aumentar
a taxa do importado?
Por que para produzir
vinho temos que seguir normas de produção de alimentos, mas na hora de pagarmos
impostos somos produtores de bebida alcoólica?
Porém, o que parece
responder a estas perguntas é a intenção de simplesmente burocratizar o setor e
defender os interesses das grandes corporações. Estamos caminhando para a era
da industrialização em massa, estamos dando aval ao vinho commodity em
detrimento da diversidade brasileira. Isso é degradante.
Não podemos compactuar
com quaisquer iniciativas que não sejam discutidas de forma ampla e
democrática, com todo o setor. Precisamos sim de uma salvaguarda para a
sobrevivência da diversidade do vinho brasileiro. As empresas que representam a
minoria poderosa já começam a sofrer retaliações por parte de jornalistas,
formadores de opinião, proprietários de restaurantes, supermercadistas,
sommeliers e consumidores. Algumas inclusive já estão mudando de opinião!!
Esperamos que ao
contrário do acontecido com o selo fiscal, desta vez nossa voz seja ouvida. Uma
frase de Ettore Scola pode sintetizar este momento: “Ho sempre preferito la
finestra allo specchio”- "Sempre preferi a janela ao espelho.". Não
está na hora de começarmos a mirar pela janela ao invés de nos centrarmos nos
nossos umbigos? O mundo é vasto, vivemos um momento de encurtamento de
distâncias, quedas de fronteiras e ao mesmo tempo de valorização das
identidades locais e não será uma salvaguarda limitada e preconceituosa que
resolverá as mazelas do vinho brasileiro!!”
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