O garotão se chama Angeleno Rudy Kurniawan, 35 anos, chinês-indonésio
emigrado para Califórnia, considerado um dos maiores colecionadores de vinhos
da Borgonha. E também um dos maiores fraudador do mundo do vinho.
O sujeito já tinha sido pego vendendo vinhos de
safras nunca produzidas (por exemplo, um Domaine Ponsot 1929, sendo que a
vinícola começou a engarrafar em 1934, e outros casos similares) até ser definitivamente
preso e levado para cadeia na semana passada.
Esta matéria publicada pelo Business Week fala sobre isto e, sobretudo, sobre os truques mais na moda para falsificar
garrafas de prestígio; achei bem interessante e resolvi fazer uma tradução
sumária para vocês.
Enjoy.
"Na semana passada o FBI prendeu um milionário de 35 anos,
comerciante de vinho suspeito de tentar vender US $ 1,3 milhões em vinhos
falsificados. Este caso notável é apenas o mais recente exemplo de um tipo
de fraude que se espalhou para todos os cantos do mundo do vinho nas últimas
décadas, a partir da expansão do mercado chinês até o circuito de leilões
internacionais.
Tendo em conta os preços que os colecionadores estão
dispostos a pagar para garrafas de faixa alta – por exemplo, garrafas de grand
crus franceses da safra 1982 com valores entre US $ 2.000 e $ 5.000 dependendo
da confiabilidade da fonte – a comercialização de vinho falsificado pode ser um
negócio muito rentável. Fraudadores aspirantes precisam apenas de um pouco de
know-how e algumas centenas de dólares de custos de arranque. Segue um resumo sobre algumas de suas
técnicas.
Escolha o tipo de vinho
alvo:
As safras mais antigas são mais fáceis de falsificar. Costumam
permanecer fechadas nas adegas como itens de colecionadores. E até mesmo
estando bêbados, os conhecedores entendem que o vinho dentro da garrafa pode
ter mudado ao longo do tempo; chega um certo ponto em que o gosto não é
indicador confiável de autenticidade.
Os métodos:
1) Re-rotulagem:
os mais simples e possivelmente mais cruel modo para falsificar vinho é botar o
rótulo de um vinho prestigiado em um outro vinho com a garrafa similar (formas
de garrafa tendem a variar por região – confira aqui - Ndt). Para enganar os conhecedores, que iriam perceber logo
provado o líquido fraudulento, os falsificadores mais diligentes vão usar uma
garrafa do mesmo vinho, mas de uma safra menos aclamada.
Requisitos:
garrafa nova; rótulo original.
Prós: relativamente simples e
barato.
Contras: Uma olhada para a rolha, que
leva na cortiça nome e safra do vinho, e a festa acabou.
2) Reciclagem:
Este método requer o uso de garrafas autênticas, devidamente rotuladas, e
safras de grande valor, preenchidas com vinho de qualidade inferior, se não com
porcaria mesmo. O fato que garrafas vazias do Chateau Lafite-Rothschild
1982 possa valer 1,500 dólares no mercado negro pode ser uma evidência da
popularidade deste método. Tampar novamente as garrafas, de preferência
com rolhas originais, requer um equipamento especial. A cápsula deve então
ser enfiada sobre o topo da rolha. Cápsulas de vinhos de qualidade são
feitas de alumínio ao invés de plástico, o que torna mais fácil extraí-las de
uma garrafa e colocá-las sobre uma outra.
Requisitos:
garrafa original; rolha original; vinho substituto; maquina para engarrafar.
Prós: pouca
evidência de adulteração; evita as contramedidas (como micro-incisões e marcas
ultravioletas) que os fabricantes começaram a colocar em suas garrafas no final
dos anos 80 para combater a falsificação.
Contras: A prova
está no próprio vinho, e um substituto convincente pode ser caro.
3) Fraude inversa:
um método raro, mas audacioso. Franck Bourrières de Prooftag, uma empresa que
fornece sistemas de autenticação tecnologicamente avançadas para vinícolas, uma
vez me contou sobre um caso recente em que um comprador comprou uma garrafa de
um vinho autêntico através de um notório vendedor on-line. Com o vinho
entregue, o comprador pediu para a venda ser cancelada, pois ele tinha razão
para acreditar que a garrafa fosse falsa. O comprador então enviou uma
garrafa falsa de volta para o vendedor, mantendo pra ele a garrafa autêntica.
Requisitos: Custo
da garrafa original (será recuperado quando a garrafa é devolvida); garrafa
falsificada (veja acima).
Pros: Se o lance
funcionar, o fraudador cobriu com sucesso seus rastros.
Contras: a técnica
não facilmente adaptável para larga escala.
Toque mágico:
Uma vez que o sucesso do engano depende inteiramente da
qualidade do vinho substituto, os falsificadores às vezes tomam medidas
adicionais para tornar o sabor do próprio liquido o mais semelhante possível ao
original. Isso requer um know-how incomum e pode ser bem caro. De acordo com um artigo
publicado no volume de 2006 do World Forensic Science, a adição de uma pitada
de Pomerol a um Château Petrus del 1960, por exemplo, pode fazer que pareça com
o mais desejável Petrus 1961. Os fraudadores podem também adicionar açúcar ou
água se for necessário para aproximar o sabor, mas estes métodos são de pouca
utilidade para um falsificador sem um paladar educado."
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