E continuando com o mesmo assunto, segue na íntegra a entrevista ao Daniel Salton.,
presidente da homônima vinícola que protagonizou o caso das salvaguardas (diretamente da Revista Menu).
"O processo de salvaguarda para o vinho brasileiro foi montado a partir de informações de seis vinícolas gaúchas. Uma delas foi a centenária Salton. Uma semana após a abertura do processo, a Salton informou, em nota oficial, que não apoiaria mais a causa. Hoje, Daniel Salton, presidente da vinícola, explicou as razões de a empresa ter se retirado do processo. “A salvaguarda viria para proteger um setor fragilizado e com vinícolas em dificuldades. Nossa intenção inicial foi a de ser solidários com a causa e aos problemas enfrentados por empresas próximas de nós”, respondeu ele, por e-mail, para a Menu.
O que levou a Salton a enviar documento para a Ibravin informando que não apóia mais a salvaguarda?
Primeiro queremos deixar claro que a Vinícola Salton não estava liderando nenhum tipo de movimento de salvaguardas, como tem sido informado, e sim, apenas apoiando as entidades representativas do setor. Não estávamos acompanhando as negociações. Reforçamos ainda que analisamos os critérios de salvaguarda e após isso tomamos a decisão de não apoiar a causa, já que o assunto poderia gerar transtornos aos consumidores e dificultar o acesso aos produtos. A partir do momento que julgamos que os critérios em jogo poderiam restringir o livre arbítrio de nossos consumidores decidimos nos posicionar e não apoiar a causa.
O documento foi enviado apenas à Ibravin ou a Vinícola Salton enviou para o governo também? Se sim, para qual departamento?
A Salton é associada à Uvibra (União Brasileira de Vitivinicultura), que é filiada ao Ibravin (Instituto Brasileiro do Vinho). Enviamos para ambas uma correspondência oficial formalizando que não estamos mais apoiando a medida de salvaguarda.
Como foi a contribuição da Salton para o pedido de salvaguarda? Na circular do governo, está escrito que os dados para justificar a salvaguarda se basearam em informações fornecidas por algumas vinícolas, entre elas a Salton.
Concordamos com uma primeira discussão sobre o assunto, e quando nos deparamos com a interpretação e falta de esclarecimentos de pontos importantes da salvaguarda, como dissemos anteriormente, resolvemos não apoiar mais. É importante deixar bem claro também que a Salton nunca deixou de prosperar e crescer em volume de vendas e faturamento e não precisaria de uma medida para continuar trilhando seu caminho de sucesso.
O Ibravin informou que levou meses para formalizar o documento pedindo a salvaguarda. Como a Salton contribuiu para esta discussão?
A empresa participou de algumas discussões em 2010, com o objetivo de buscar uma concorrência mais justa e melhores condições para seus fornecedores de uvas, famílias que dependem do cultivo das parreiras para sobreviver. A salvaguarda viria para proteger um setor fragilizado e com vinícolas em dificuldades. Nossa intenção inicial foi a de ser solidários com a causa e aos problemas enfrentados por empresas próximas de nós. Em nenhum momento concordamos com ações que pudessem lesar qualquer das partes. Por conta disso, decidimos nos retirar do movimento."
Cada um que tire as próprias conclusões.
Oi Mario,
ResponderExcluirUma nota oficial para Ibravin provavelmente não muda muito, mas se for a mesma nota para Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, seria realmente demonstrando que é serio.
Abraços
Ulf
Caro Ulf,
ExcluirConcordo plenamente contigo. Como já disse em um post anterior, nesta altura fica fácil dar um passo atrás, quando já fica tudo encaminhado, deixando a culpa para os outros. Também acho que a Salton precise de uma ação mais concreta e menos “teórica” para demonstrar que esta mudança de posição não seja somente um papo furado.
Grande abraço!
Lamentável esse episódio da salvaguarda. É para ter vergonha mesmo.
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