Israel e Palestina. Eles precisam de um acordo, um meio termo significante que agrade as duas partes, não é?
Então vamos fazer um paralelo com a guerra entre as posições opostas do mundo do vinho.
De um lado a ciência oficial: precisão enológica, garantia de resultado previsível, nenhuma aproximação livre de suporte numérico. E muitos belos produtinhos que fazem a felicidade da indústria.
De outro, a abordagem natural: condução dos vinhedos pouco invasiva, olho na vitalidade dos solos, práticas ancestrais ideológicas, textos sagrados de gurus que nunca vinificaram, procura da espontaneidade expressiva (what?), mão leve e desprezo profundo para quem torna o vinho uma receita.
Pessoalmente me sinto longe dos dois lados em igual medida. Seja do vinho técnico, de confecção, vinhedo protegido quimicamente+leveduras selecionadas+enzimas+taninos adicionados+aromas artificiais, etc; seja do vinho imperfeito, que justifica os defeitos para esconder inabilidade e aproximação.
Para quem quiser clarear as idéias talvez ajude o Natural European Wines, conferência que acontece nos próximos 14 e 15 de Novembro em Zurich, na Suíça.
Conduzido pela Master of Wine Isabelle Legeron, expert em vinhos naturais.
Entre os convidados, Claude e Lydia Bourguignon, que a partir da Borgonha rodam o mundo enológico analisando a microbiologia dos solos (até no Iraque!), o enólogo Federico Giotto, consultor italiano especializado em fermentações espontâneas, o diretor de cinema/sommelier novaiorquino/carioca Jonathan Nossiter (autor de “Mondovino”) e Terje Meling, chefe do monopólio de importação de vinhos na Noruega, um dos maiores mercados para o vinho natural.