O assunto é chato (mas não eno-chato), pois é um pouco
técnico, mas trata-se de um tema diferente, que achei interessante
compartilhar.
Argumentar de cristalização sensível sem que ninguém de
vocês durma vai ser o meu teste de hoje, estamos no campo da especulação
biodinâmica, e tudo que eu falar pode ser usado contra mim.
Era uma vez Rudolf Steiner, pensador de inspiração goethiana (se isso significa alguma
coisa), procure no capítulo “Antroposofia”.
Como vimos aqui,
a biodinâmica é uma abordagem agrícola muito discutida e controversa: panacéia
de todos os males para uns e bruxaria para outros.
Enfim, os primeiros pesquisadores que colaboraram com o tal
do Steiner perguntaram se ele tivesse um instrumento para demonstrar a
diversidade entre um produto biodinâmico e um convencional, vista a ineficácia
das tradicionais análises cientificas.
Foi neste ponto que o Steiner falou de Cristalização Sensível (CS).
Se vocês estão ainda respirando, eu diria: o que diabo é a
cristalização sensível?
É a imagem obtida adicionando partes de qualquer substância
orgânica a uma solução de cloreto de cobre. O composto é depois colocado em uma
cápsula e deixado evaporar em uma caixa especial a temperatura controlada. O
sal de cobre, sozinho, iria dar vida a uma cristalização com uma imagem
desorganizada; pelo contrário, na presença de uma substância orgânica, a
cristalização ocorre de acordo com uma ordem específica característica da substância
adicionada.
Agora não me perguntem se realmente é assim, mas sem entrar muito
na questão técnica, a imagem obtida forneceria várias informações.
Falando na substância que nos interessa, o vinho, ela pode
revelar:
- Potencial de guarda
- Reação a uma eventual operação (filtração, adição,
decantação, etc...)
- Problemas como oxidação, presença de bactérias, e defeitos
vários em geral.
Obviamente, tirar conclusões a partir de uma imagem é para
poucos e é preciso de anos de experiência. Um dos maiores experts de
cristalização sensível é o francês Christian Marcel. Pessoalmente não
tenho a menor idéia das bases cientificas desta prática (talvez nem existam),
nem como interpretar uma imagem destas. Mais fácil a literatura chinesa em
mandarim antigo.
De qualquer forma as imagens falariam de vitalidade do
vinho, e não de qualidade. Ou seja, uma bela imagem não vai te dizer se o vinho
vai ganhar 96 pontos do Robert Parker, mas somente quanto o produto seja
“genuíno”.
Enfim, tudo ainda a ser demonstrado, mas é também verdade
que a magia de uma geração é a ciência da geração seguinte.
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