O cinema mudo ganhou: a maioria dos filmes não tem mais nada
a dizer (como já disse na minha página do Facebook). Com os Oscars na cabeça,
decidi premiar com a estatueta (imaginária) os melhores vinhos cinematográficos,
ou seja os melhores vinhos nas melhores cenas de filme.
MELHOR VINHO
PROTAGONISTA
Cheval Blanc 1961 - Sideways Entre umas e outras
Sideways é um filme que gerou polêmicas no mundo do vinho e foi capaz de
influenciar (talvez ainda até hoje) o consumo do mercado americano. Na mais
memorável das cenas o Miles, demasiadamente adepto a pinot noir e
declaradamente anti-merlot, acaba bebendo o seu precioso Cheval Blanc ’61 em um
fast-food em um copão descartável. Detalhe significante: o Cheval Blanc contem cerca de 40%
de merlot em seu corte.
MELHOR VINHO COADJUVANTE
Clos St.Hune Trimbach – Hannibal
No "Silêncio dos
Inocentes”, Hanibal Lecter declarava ter comido fígado humano harmonizado com um
Chianti. Péssima combinação: com entranhas e miúdos melhor um branco mineral.
O Clos St.Hune Trimbach que aparece na continuação de
2001 é certamente uma melhor escolha. Um dos maiores vinhos da Alsácia, raro e
caríssimo. Mas não sei se ser o vinho predileto por Hannibal Lecter é uma boa
propaganda...
MELHOR FOTOGRAFIA DE
VINHO
Chateau La
Canorgue (Chateau La Siroque no film) – Um bom ano.
Tudo bem, na filmografia do Ridley Scott não é um episódio relevante, nem talvez na do Russel Crowe. Mas esta comédia romântica para enófilos
é uma ocasião para lembrar que sempre tem regiões vinícolas que a gente conhece
pouco, como a Provence, por exemplo, onde se passa o filme.
MELHOR VINHO DE
ANIMAÇÃO
Chateau Latour 1961 – Ratatouille.
“Monsieur Linguini, o senhor seria um idiota de proporções
gigantescas para não apreciar um Chateau Latour de 1961” afirma o chef Skinner em
uma cena (para nós) notável. Como discordar?
MELHOR VINHO DE
ROTEIRO ADAPTADO
Chateau Montelena Chardonnay 1973 - Bottle Shock, o Julgamento de Paris
História verídica, que conta a vitória de um chardonnay
californiano entre pares (e muito mais badalados) franceses. A história é bem
conhecida no mundo enófilo; quem ainda não conhece pode clicar aqui e ainda se surpreender descobrindo que um californiano ganhou dos
franceses também na categoria tintos: Stag’s Leap 1973 levou a melhor na frente
de Mouton Rothschild 1970, Haut Brion 1970 & Cia. Armadilhas das
degustações às cegas...!
MELHOR VINHO DE
ROTEIRO ORIGINAL
Chateau Haut Brion - Meia Noite em Paris
Vamos dar o
mesmo prêmio que na verdade ganhou (melhor roteiro original) para o último do
Woody Allen, que celebra em vários momentos o Chateau Haut Brion e La Mission de Haut Brion. A
melhor cena é com o Salvador Dalì (Adrien Brody) delirando no bistrô sobre
rinocerontes.
MELHOR VINHO DE DOCUMENTÁRIO
Malvasia di Bosa
de Giovanni Battista Columbu - Mondovino
Obviamente não podia faltar o documentário do Jonathan
Nossiter que inspirou até o titulo deste blog. Entre os muitos vinhos
homenageados pelo diretor, ganha pra mim um verdadeiro vinho de terroir da Sardegna. Um branco
de sobremesa capaz de envelhecer bem por 50 ou mais anos. Difícil definir se é doce ou
seco: é o definitivo vinho de meditação.
EFEITOS VISUAIS
Chateau Latour 1945 - O sentido da vida
O jantar do
Sr. Creosoto é talvez uma das mais memoráveis (e nojentas) cenas da história do
cinema. Ao restaurante ele come um inteiro cardápio, e para acompanhar pede 6 garrafas de Chateau Latour, uma double jeroboam (ou seja uma Imperial de
6 litros )
de não especificado champagne e 6 caixas de cerveja escura. Todos sabem como
acabou...
MELHOR DIREÇÃO DE
VINHO
Dom Perignon 1955 - 007 contra o satânico Dr. No
Se há uma personagem com quem gostaria de compartilhar umas taças é
o James Bond. Uma frase que me marcou no "O Espião que Me Amava": (depois
de ter matado o malvado) “Talvez eu tenha errado em julgá-lo: um homem que bebe
Dom Perignon ‘52 não pode ser tão ruim”.
Mas melhor ainda é quando, no primeiro e mais celebrado filme da saga, o Bond mostra logo seu sentido para Champagne: agarra uma garrafa de Dom
Perignon com a intenção de usá-lo como uma arma.
Dr. No: “Isso é um Dom Perignon de ’55, seria um pecado
quebrar a garrafa.”
Bond: “Pessoalmente prefiro a ‘53.”
Definitivamente o James Bond é um de nós.
Sensasional!
ResponderExcluirObrigadooo!
ExcluirOpa...
ExcluirFalha nossa: sensaCional!!!
...e na categoria criatividade o Oscar é seu querido Mario!!!! Sempre adorável e oportuno. Obrigada por este Blog. Monica Alves
ResponderExcluirSempre gentil demais, cara Monica!
ExcluirEu que agradeço você pelas palavras!
Ótimo post, Mario !
ResponderExcluirVou acrescentar um prêmio à sua lista : Melhor Vinho em Língua Estrangeira, para o filme Estômago, filme brasileiro de 2007, em que o protagonista entorna no gargalo um Sassicaia, que estava guardado há anos, para criar coragem e enfrentar a namorada e o patrão, que o corneavam ... Mais não conto, para não estragar o suspense do filme, mas garanto que o Sassicaia tem um pape importante !
Nivaldo,
ExcluirMuito obrigado pelo acréscimo: este é um filme que quero assistir faz tempo, mas ainda não consegui...Agora tenho um motivo a mais.
Valeu, meu amigo, grande abraço!
Pra variar, post fantático.
ResponderExcluirParabens,
Abs
Muitíssimo obrigado!
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