“Vinho biodinâmico é uma farsa. Alguém tem que falar”. Nesta semana do vinho biodinâmico (veja o evento/feira em São Paulo) não é a frase mais indicada a se dizer, mas este é o titulo do blog de Stu Smith, totalmente dedicado a desmistificar a essência da biodinâmica aplicada à enologia.
É uma leitura até interessante e fiquei bastante entretido, mas perdeu o objetivo de convencer-me.
Primeiramente vamos relembrar o que biodinâmico quer dizer.
A agricultura biodinâmica foi fundada pelo filosofo austríaco Rudolf Steiner. Para resumir brevemente o conceito, digamos que é a agricultura orgânica elevada a máxima potência. Nada de química, adubos e fertilizantes naturais, os elementos ambientais agrícolas são todos integrados em um processo de respeito e cuidado da terra. Em adição a isto, a agricultura biodinâmica se baseia também em forças da natureza, em sentido de trocas de energias vitais, que envolvem o movimento da terra, as fases lunares que determinam os melhores momentos e técnicas de cultivo (por exemplo, a irrigação tem que seguir movimentos circulares, com tempos definidos), etc...
Voltando ao Stu Smith, ele tenta desmontar a teoria atacando a autoridade que sustenta o castelo, alegando, por exemplo, que o Steiner não entende nada de agricultura e tampouco nunca pegou uma enxada em mãos. E continua descrevendo (e ridiculizando) os bio-adeptos como um grupo de malucos, comparando-os com aqueles que acreditam aos horóscopos e que afinal não são muito diferentes daqueles que queimavam bruxas na Idade das Trevas.
Isso naturalmente, além de suportar o raciocínio, faz o jogo dos produtores industriais.
Pessoalmente, eu não sei dizer quanto isso é verdade e o meu lado racional é bem cético sobre a influência dos corpos celestes na agricultura.
Mas (sempre tem um “mas”, né?) eu acredito que a ciência aplicada à produção e, especialmente, a industrialização da produção, trouxe inegáveis benefícios, enormes injustiças e uma dúzia de desastres ambientais de tamanhos catastróficos.
No fim das contas acho que, neste caso, tentar dar um passo atrás, desacelerando um pouco o progresso, faça sentido. Nem sempre é preciso ter provas científicas e às vezes é justo fazer escolhas seguindo o próprio instinto.
E vocês, o que acham?
Acredito que os defensores da cultura biodinâmica - e tem gente graúda aí, como o Domaine de la Romaneé Conti - dispensa um cuidado maior com a vinha quando comparado com uma produção em escala industrial. Daí o vinho ganhe em qualidade, como ocorre com todos os produtores preocupados com qualidade.
ResponderExcluirMário,
ResponderExcluirPrimeiramente parabéns pelo blog, que sigo há um bom tempo, mas somente agora estou deixando um comentário pela 1° vez, porque a matéria tratada é bastante interessante. Olha, eu aprecio o cuidado com o solo e tudo, mas discordo um pouco do Aristóteles...eu não consigo gostar de vinho biodinâmico, já experimentei alguns e achei ruinzinhos...
Abraço
Emerson
Comex,
ResponderExcluirAcredito que o fato de ser biodinâmico não significa que o vinho é bom. Aliás, como não existem comprovação de aplicação dessas técnicas, já vi muito produtor de escala industrial dizendo-se biodinâmico e produzindo vinhos muito ruins.
O que eu quis dizer foi que, como não creio em astrologia e nem em energias vitais, acho que os resultados da cultura biodinâmica devem ser creditados a um maior cuidado com a produção, o que seria alcançado mesmo sem esse rótulo.
Aristoteles,
ResponderExcluirVocê disse tudo: biodinâmico não è sinônimo de qualidade.
Comex, realmente tem uns exemplares ruins, assim como também tem vinho industrializado ruim.
Obrigado aos dois pela leitura e pelos comentários.