Vinopoly

quinta-feira, 28 de junho de 2012

O Decanter Wine Show foi realmente um...show!


Convidado para o Decanter Wine Show 2012 na data do Rio de Janeiro, não pude deixar de participar deste importante evento de uma das maiores importadoras de vinho do País.
Como notas positivas, gostei do kit de degustação, especialmente do catalogo de bolso (bem prático, pois normalmente os catálogos em formato A3 (!) são difíceis de segurar ao longo do evento e a gente acaba deixando em algum lugar...). Um farto bufê completava a obra.
Já em relação à organização tenho que relatar um pouco de confusão/indecisão das pessoas responsáveis pela recepção na entrada e mais uma vez a superlotação: numa certa hora não dava nem para caminhar nos corredores, imagine degustar um vinho ou conversar com o produtor.
De qualquer forma a relação qualidade/variedade dos rótulos presente, foi de primeira.
A seleção do evento, é bom lembrar, foi somente de vinho do Velho Mundo, coisa que não me deixou nem um pouco chateado.
Consegui experimentar menos do que teria gostado e em alguns casos não consegui nem chegar perto dos estandes. Mesmo assim provei bastante coisa boa. Aqui vou extrair somente os mais marcantes.

Começando pelos mais exóticos:

Da Eslovênia, Simcic. Sobretudo os brancos, bem diferentes. O Rebula (ribolla gialla) e o Sauvignon Blanc têm tipicidade da casta nos aromas, mas com mais cor e corpo. E o Teodor Belo Selekcija 2008 (R$136), um “belo” corte de Ribolla, Sauvignon Blanc e Pinot Grigio. Todos de vinhedos orgânicos. 


Da linda ilha de Santorini, na Grécia provêm os vinhos do Domaine Sigalas: só castas autóctones, com resultados impressionantes. O Nianbelo (R$100) é um corte de Mandilaria e Agiorgitiko de vinhedos com 50 anos de idade: muito interessante, com notas de especiarias e uma bela acidez; já o Mavrotragano (R$220) 100% de uva homônima é o top da vinícola, bem mais complexo e macio.

Da Áustria os belíssimos brancos da Hiedler. Difícil definir o melhor, talvez o Gruner Veltiner Thal (R$129), de boa complexidade (notas florais, de manteiga, defumadas) e, acredito, com bom potencial de guarda.

Passando para os Países mais “tradicionais”, da Espanha, indico a Bodega Peique da região de Bierzo (Castlla Y Leon), especialmente dois mencìa: o Vinedo Viejos (R$110) e o Selecciòn Familiar (R$241), procedente de vinhas velhas, respetivamente 50 e 90 anos.

Sempre do País ibérico, os vinhos orgânicos de Gil Luna, da região do Toro. Entre eles o Três Lunas Reserva é o que mais apreciei (R$123).



A vinícola Arzuaga merece menção especial. Da cultuada região de Ribera del Duero, produz vinhos em estilo tradicional com toques de modernidade. Basicamente tempranillo, em uns casos com pequenas adições de uvas francesas. A linha inteira é espetacular, do mais simples (que simples não é) La Planta (R$92) até o fenomenal Gran Reserva (R$725).

Para Portugal, um nome sobre todos: Dona Maria. Vinícola do ano em 2009 para a Revista de Vinhos, seus vinhos alentejanos são realmente fora de série; especialmente o Petit Verdot (R$146) e o ícone Julio Bastos, um belíssimo (e caro) Alicante Bouschet em pureza (R$644).

Os franceses estavam difíceis de alcançar, pois os estandes ficaram o tempo todo cercados de multidões com sede. Entre os poucos que provei destaco: os brancos da Alsácia  do Domaine Paul Blanck, em especial o Pinot Gris e o Riesling (R$125); o Chateau Pal Mas Clos de Mures, elegante tinto de Coteaux de Languedoc com um corte típico do sul da França (R$100); e um indescritível Clos Vogeut (um dos mais importantes Grand Crus da Borgonha) do Chateau de la Tour (R$845).



Finalizando com a minha Itália.
O belo Nobile de Montepulciano do Boscarelli (R$140), pra mim o “básico” melhor que o Reserva.
Os Amarones precisos do Castellani (R$215-317), um must para os amantes do genro.
Os sicilianos orgânicos do Gulfi: belíssimos Nero d’Avola de diferentes crus (mas talvez um pouco over-priced, na casa dos R$200) e um elegantíssimo Etna Rosso, o Reseca Sicilia IGT, varietal 100% de Nerello Mascalese: um Borgonha do sul da Itália (R$207).



Sempre do sul da bota uns belos Primitivos de vinhas antigas do produtor Pervini / Accademia dei Racemi, um dos primeiros responsáveis pelas melhorias e conseqüente sucesso mundial dos vinhos da região. Particularmente interessante o Sinfarosa Zinfandel, procedente de vinhedos com clones da casta gêmea da primitivo, trazidos diretamente da Califórnia (R$100), com muita amarena e alcaçuz.

Impossível não citar o Pio Cesare, extraordinário produtor do Piemonte. Seu Chardonnay Piodilei é fantástico e seus Barolos, o Ornato sobretudo (R$520), são de chorar. Embora seja mais um "barolista", o Barbaresco dele também é sensacional (R$375).

And the winner is...
Talvez eu seja suspeito em falar, pois sou fã de longa data da vinícola, mas os mais marcantes vinhos do evento foram pra mim os da Elena Walch. Da região de Trentino Alto-Adige (nordeste do País), são vinhos únicos e diferenciados. A partir dos brancos, um Muller-Thurgao simples e delicioso (R$104) e um Gewurztraminer Kastelaz com aromas encantadores e muita complexidade (R$210); para os tintos, um Pinot Nero fenomenal, com um pouco mais de cor e corpo que os demais pinot noirs do velho mundo (R$220) e, sobretudo, os Lagrein, casta autóctone da região. O básico é um show de aromas e com sua acidez e taninos finos é um vinho perfeito para acompanhar a gastronomia italiana. Já o Lagrein Riserva Castel Ringberg 2005 é um espetáculo de equilíbrio e tipicidade: todos os elementos que você quer em um vinho (aroma, fruta, acidez, tanino, madeira, persistência e diferenciação) perfeitamente integrados. Pra mim, simplesmente o melhor vinho da feira (R$266). 


Com grande honra, a única foto do evento que a própria Elena Walch colocou em seu Facebook

2 comentários:

  1. Lendo sua matéria é que eu vejo como deixei passar muita coisa boa.

    Abraços,

    Oscar Daudt

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    Respostas
    1. Oscar,

      Primeiramente obrigado por visitar e comentar, é um privilegio tê-lo por aqui.

      Você foi mais objetivo e foi direto para os “hot-spots”. Já eu tive um pouco mais de tempo e talvez tenha fuçado um pouco mais, mas também perdi muita coisa. Era preciso de dois dias e da metade dos participantes para poder apreciar em pleno a feira...! De qualquer forma acho que não temos como reclamar, afinal foi muito bom!

      Grande abraço!

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