A última edição da revista Bibenda, da Associação Italiana
Sommelier, reporta uma entrevista inédita feita em 1978 ao enólogo Max Shubert,
criador de um dos mais cultuados vinhos do planeta, o Pendfolds Grange, marco
na história da viticultura australiana.
Interessante relevar que quando foi lançado, na década de
1950, este vinho, que se chamava Grange Hermitage para lembrar o estilo dos
grandes tintos do Rhone, nem foi levado em consideração. Não
somente foi criticado, mas até foi considerado perigoso pela mesma Pendfolds
como um potencial dano para a imagem da vinícola.
Naquela época na Austrália os vinhos em estilo Grange não
existiam, pois não era previsto o conceito de vinhos para guardar ao longo dos
anos: o vinho era produzido para consumo imediato ou, em alternativa,
fortificado. De acordo com o Max Shubert os vinhos daqueles anos eram péssimos
porque produzidos com métodos errados e sem considerar as características das
diferentes safras.
O Grange foi uma revolução em matéria de estilo e técnicas
produtivas. O propósito do Shubert era criar um vinho comparável aos grandes
vinhos franceses, sobretudo em termos de longevidade. Ele mesmo conta da
própria incredulidade quando convidado pela primeira vez em Boredaux degustou
vinhos sensacionais de mais de 40 anos de idade.
Então o enólogo começou uma pesquisa minuciosa, inspecionado
vinhedos australianos para achar a uva perfeita sob o perfil da maturação,
coisa que desde o início foi um dos pontos fortes do Grange.
A primeira vinha foi a de Morphett Vale, logo na entrada da região
de McLaren Vale. A shiraz deste vinhedo foi cortada com o da parcela de Magill,
sede da casa, senão teria sido classificado logo como “cru”. Sucessivamente
foram usadas uvas procedentes de outras áreas, como Kalimna in Barossa Valley,
ainda hoje principal mina para o Grange.
As barricas utilizadas inicialmente eram de carvalho
americano, segundo o Shubert mais apropriado para manter força e fruta do
vinho.
Na época o enólogo foi denegrido pelas suas escolhas e foi
preciso de 10 anos desde a primeira safra para começar a reverter as críticas em
elogios.
Hoje em dia o Pendfolds Grange é o verdadeiro ícone
australiano, capaz de rivalizar em
classe, elegância e longevidade com os grandes vinhos do mundo.
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