O evento anti-salvaguarda foi um sucesso. Centenas de
pessoas, entre profissionais do setor, enófilos e curiosos participaram do
evento com entusiasmo, mesmo em um dia de chuva e frio.
Além da degustação em si, foi uma clara mensagem política,
uma nítida resposta contra o projeto das salvaguardas e seus assinantes.
O ápice do evento foi quando o glorioso Alexandre Lalas
subiu no púlpito (bem, não era realmente um púlpito, mas “subiu na palafita” não
soaria legal, ehehe) e declamou com fervor um sincero e elaborado texto escrito
pelo Luís Henrique Zanini da vinícola Vallontano (leia na integra aqui).
Passando aos vinhos, tinha coisa boa (e barata).
Sou suspeito em falar de Angheben, pois sou fã declarado da vinícola, mas o seu Barbera é, sem dúvidas, uma das melhores
compras entre vinhos nacionais (R$40) e o seu espumante Brut também é uma delícia
(pena que não tinha os outros bons rótulos da casa).
Seguindo com castas mais diferenciadas, surpresas foram dois
vinhos da Milantino feitos com
uvas pouco conhecidas do norte da Itália: a Ancellotta e a Teroldego.
Muito interessantes por R$30 cada.
Já para castas mais comuns, o Merlot da Vallontano
certamente se destacou (R$60), e mais ainda o surpreendente da Maximo Boschi, com nariz muito intenso
e generosidade no palato (R$45).
O Antonio Dias faz
um Tannat com muito estilo (R$49) - já
comentado no ano passado - e tinha uma prova em primeur de um Touriga
Nacional que se encontra ainda maturando em barricas e que em breve passará
para afinamento em garrafa: obviamente os taninos estavam muito vivos e duros,
mas dava para perceber um bom potencial.
E Cabernet Sauvignon? Quem diz que esta casta não
se adapta bem ao terroir brasileiro é
porque nunca provou os do Don Abel. O
Premium, sem madeira, tem boa fruta e
ótima acidez (R$45), já o ícone Rota 324
(com estágio de 6 meses em barricas novas) é mais complexo e redondo, mas
mantendo sempre um excelente equilíbrio (R$58).
E para espumantes, estavam presentes simplesmente os dois
melhores produtores do Brasil: os velhos conhecidos Mario Geisse e Adolfo Lona.
Curiosamente um chilenos e o outro argentino, ambos escolheram o terroir do Brasil para dar vida a
linhas borbulhantes deliciosas e cheias de estilo: realmente difícil eleger um
ganhador.
Enfim, esta mini-feira mostrou que é possível sim produzir
bons vinhos nacionais com preços honestos, sem se apelar à suposta deslealdade
da concorrência importada. Com a simples paixão e dedicação, estes artesãos da
uva conseguem produzir vinhos com toda a tipicidade brasileira, sem querer
copiar o estilo de ninguém e mais ainda sem querer prejudicar ninguém.
O Aprazível lotado
Este é o Lalas declamando
0 comentários:
Postar um comentário