Três anos atrás terminei este post comentando ironicamente que talvez o melhor lugar para guardarmos nossas
garrafas seria o fundo do mar. O que parecia ser uma piada está se tornando de fato uma
tendência mundial e as experiências não faltam, ao ponto que se começa a falar do novo
ambiente de afinamento com um novo termo: aquaoir, oposto a terroir.
Alguns exemplos?
A Mira Winery, vinícola californiana de Napa Valley afundou 4 caixas de Cabernet Sauvignon ao largo da costa de Charleston,
Carolina do Sul, em fevereiro este ano. Trazido à superfície depois de 3 meses o vinho foi comparado com o mesmo estoque afinado na trivial adega terrestre. E se mostrou realmente diferente, mais complexo e aberto. O movimento das
ondas, a falta de luz a temperatura fria e constante são os possíveis elementos
responsáveis desta diferente evolução.
O viho da Mira, trazido à superfície |
Na Itália temos a vinícola Bisson com seu espumante Abissi (um
nome, um programa), um brut método classico que toma banho ao largo de
Portofino, na Ligúria.
O Abissi, a 60 metros de profundidade |
No Veneto há o Lagunare (justamente porque afundado na
Laguna de Caorle), um corte bordalês imerso no mar ainda nas barricas!
As barricas "banhistas" do Lagunare |
Na França, para não ficar atrás o Bruno Lemoine também experimentou
o duplo afinamento, na terra antes e no Mediterrâneo depois. O resultado é o
vinho do nome original Neptune, que de acordo com o Michel Rolland se mostrou
mais pronto, com taninos leves e grande complexidade aromática.
O Neptune |
Marketing? Bobagem publicitária? Não sei. Por enquanto os
espanhois, mais pragmáticos querem respostas confiáveis e sérias, por isto
inauguraram o projeto LSEB (Laboratorio Submarino Envejecimiento de Bebidas)
que investiga a evolução de bebidas no fundo do mar.
Próxima parada: a Lua! A seguir, Marte.
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