As colinas de Penedès são, além de pulmão verde da Catalunia
(40 km
de Barcelona) a pátria do Cava, o champagne espanhol. Aqui, em 1872 foi produzido
o primeiro espumante local. Xarel.lo, Macabeo e Parellada são as castas brancas
permitidas pela Denominação de Origem: a primeira traz força e corpo, a segunda
um toque de fragrância e notas frutadas, a última elegância. A regulamentação
também permite o uso de castas internacionais e a Chardonnay só poderia ser a
convidada de honra. Todas são protegidas - fisicamente e metaforicamente -
pelo maciço de Montserrat, uma alta colina que não permite a entrada de ventos
frios do norte. A temperatura média para os territórios de Penedès é de 15° graus, com máxima de mais de 30° no verão e umas limitadas geadas no inverno.
É na pequena aldeia de Sant Sadurní d’Anoia que foram
produzidas as primeiras garrafas de vinho espumante com método clássico
(champenoise) espanhol e é justamente aqui que está sendo decidido o futuro da
denominação Cava: através de uma batalha diplomática entre grandes marcas e uma
pequena vinícola.
Atualmente os protagonistas absolutos do mercado são as gigantes
Codorníu e Freixenet: sozinhas são responsáveis de metade da produção de
garrafas com denominação Cava.
Já Raventós i Blanc
é uma família de pequenos produtores que está fazendo autenticar uma placa, que certifica a produção de vinho desde 1497, apenas cinco anos após a descoberta da
América por Colombo. Hoje o Pepe Raventós, 21° herdeiro da família quer
dissociar-se da produção de Cava para formar uma nova denominação de origem:
Conca del Riu Anoia.
Escolha bem curiosa. Além do nome improvável (quer comparar
a simplicidade da palavra “Cava” com a nada imediata “Conca del Riu Anoia”?), a
vinícola é praticamente colada com a Codorníu. Se você chegar de carro na
Raventós i Blanc, vai de fato estacionar na Codorníu...Então, como é possível
produzir borbulhas diferentes no mesmo lugar? E como competir no mercado com marcas
e nomes conhecidos?
A estratégia é a seguinte: território minúsculo, 100% de
vinificação própria, castas autóctones (nativas) e suave transição para a biodinâmica.
De fato hoje a produção de Cava traz grandes números: as 253 bodegas
cadastradas engarrafam 243 milhões de exemplares, e ainda aumentando. Raventós i
Blanc quer sair do mercado dos números para entrar no da qualidade.
Ainda não sabemos se a escolha – ou o sonho – vai se
realizar: para a criação da nova D.O. é preciso o apoio de outras vinícolas, e a
aprovação do Governo. Para muitos o nome Cava vende mais do que o próprio produto;
e de fato sair dos trilhos pode ser uma faca de dois gumes.
Veja aqui alguns bons Cava
Aqui o melhor que já provei
E aqui o bolso esperto
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