Vinopoly

quarta-feira, 10 de abril de 2013

2 badalados tintos do Thunevin


Jean Luc Thunevin é um dos personagens do mundo do vinho francês mais comentados dos últimos anos. O “bad boy” de Saint Emilion possuía um pequeno vinhedo pessimamente localizado perto de casa e produzia vinhos ruins em sua garagem, até que um dia foi “descoberto” por Michel Rolland que “assumiu” a sua causa, o convenceu que terroir não quer dizer nada e que o responsável de um bom vinho é o enólogo e não a natureza. Daí, o Parker que é “amiguinho de coração” do Rolland começou a dar altíssimas notas para os sobre citados vinhos de garagem do Thunevin. Resultado: os vinhos continuam ruinzinhos, mas são exorbitantemente caros. E hoje o próprio garagista se tornou enólogo-consultor para outras vinícolas. Sem comentários.

Pelo visto até ele mesmo não se convenceu da teoria do tutor Rolland e comprou outros vinhedos em terroirs melhores onde consegue produzir vinhos mais apreciáveis, como este que já vimos aqui

Recentemente provei mais 2 vinhos da casa. O Château Bel-Air-Ouÿ 2007 e o Virginie de Valandraud 2004

O Château Bel-Air-Ouÿ 2007 é um Saint-Emilion Grand Cru. Este vinho providenciou neste ano para a TAM o prêmio “Cellars in the Sky” de melhor tinto servido a bordo nas classes executivas de todas as companhias do mundo, pela revista britânica Business Traveler.
E foi justamente a bordo de uma aeronave TAM, sobrevoando o Atlântico, que provei o vinhozinho. Merlot (70%) e Cabernet Franc (20%); com pequenas parcelas de Cabernet Sauvignon e Malbec. Elegante nos aromas de frutas e chocolate. Na boca a textura é muito macia, corpo médio, taninos maduros e boa acidez. Nada particularmente impressionante, mas bom.

Já recentemente provei o mais badalado (e caro) Virginie de Valandraud 2004 (R$360) que achei, sinceramente, inferior. Também Grand Cru de Saint-Emilion, e com corte similar ao anterior, ainda com uma pitada de Carmenére para finalizar.
A primeira sensação no nariz é de muita madeira, confirmada depois na boca. Fruta pouco consistente, com notas mais para alcaçuz e tabaco. O corpo é médio e os taninos, rústicos, ainda um pouco ásperos; acidez na média e final longo. Enfim, valeu a tentativa de fazer um vinho elegante, pena que não conseguiu. O que estragou não foi a falta de fruta, nem a adstringência dos taninos, e sim o excesso de madeira. O Thunevin tentou consertar os defeitos com 20 meses de estágio em barricas novas, e isto mesmo foi o que se tornou um defeito. Serragem na bebida não é uma boa sensação. Mas tem quem gosta. E, pelo visto, é ele que está certo.

Os vinhos de Thunevin são importados no Brasil pela Casa do Porto

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