Jean Luc Thunevin é um dos personagens do mundo do vinho francês
mais comentados dos últimos anos. O “bad boy” de Saint Emilion possuía um
pequeno vinhedo pessimamente localizado perto de casa e produzia vinhos ruins em
sua garagem, até que um dia foi “descoberto” por Michel Rolland que “assumiu” a
sua causa, o convenceu que terroir não quer dizer nada e que o responsável de
um bom vinho é o enólogo e não a natureza. Daí, o Parker que é “amiguinho de
coração” do Rolland começou a dar altíssimas notas para os sobre citados vinhos
de garagem do Thunevin. Resultado: os vinhos continuam ruinzinhos, mas são
exorbitantemente caros. E hoje o próprio garagista se tornou enólogo-consultor para
outras vinícolas. Sem comentários.
Pelo visto até ele mesmo não se convenceu da teoria do tutor
Rolland e comprou outros vinhedos em terroirs melhores onde consegue produzir
vinhos mais apreciáveis, como este que já vimos aqui.
Recentemente provei mais 2 vinhos da casa. O Château Bel-Air-Ouÿ 2007 e o Virginie de Valandraud 2004
O Château Bel-Air-Ouÿ
2007 é um Saint-Emilion Grand Cru.
Este vinho providenciou neste ano para a TAM o prêmio “Cellars in the Sky” de
melhor tinto servido a bordo nas classes executivas de todas as companhias do
mundo, pela revista britânica Business Traveler.
E foi justamente a bordo de uma aeronave TAM, sobrevoando o Atlântico,
que provei o vinhozinho. Merlot (70%) e Cabernet Franc (20%); com pequenas
parcelas de Cabernet Sauvignon e Malbec. Elegante nos aromas de frutas e
chocolate. Na boca a textura é muito macia, corpo médio, taninos maduros e boa
acidez. Nada particularmente impressionante, mas bom.
Já recentemente provei o mais badalado (e caro) Virginie de Valandraud 2004 (R$360) que
achei, sinceramente, inferior. Também Grand
Cru de Saint-Emilion, e com corte similar ao anterior, ainda com uma pitada
de Carmenére para finalizar.
A primeira sensação no nariz é de muita madeira, confirmada depois
na boca. Fruta pouco consistente, com notas mais para alcaçuz e tabaco. O corpo
é médio e os taninos, rústicos, ainda um pouco ásperos; acidez na média e final
longo. Enfim, valeu a tentativa de fazer um vinho elegante, pena que não
conseguiu. O que estragou não foi a falta de fruta, nem a adstringência dos
taninos, e sim o excesso de madeira. O Thunevin tentou consertar os defeitos com
20 meses de estágio em barricas novas, e isto mesmo foi o que se tornou um
defeito. Serragem na bebida não é uma boa sensação. Mas tem quem gosta. E, pelo
visto, é ele que está certo.
Os vinhos de Thunevin
são importados no Brasil pela Casa do Porto
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