Olhando a foto ao lado, este homem não é exatamente sinônimo
de elegância, mas felizmente seus vinhos são. Confesso que minha primeira experiência
com Philippe Pacalet, há cerca de 10 anos atrás, não foi entusiasmante. A
garrafa em questão era um Puligny-Montrachet, gentilmente oferecida pelo amigo
Rodrigo Santos, e lembro que não nos deixou particularmente impressionados. Um
bom vinho, claro, mas o achamos apenas correto e nada para arrancar os suspiros
que esperávamos.
Não sei dizer se foi uma garrafa não sortuda, uma safra
pouco convincente, uma harmonização pouco acertada, ou talvez, porque não, o
nosso paladar estava em outro estágio (afinal ele também evolui - ou pelo menos
se espera), mas fato é que ao longo dos anos a seguir tive a oportunidade de
provar mais vinhos de Pacalet em diversas ocasiões e achei todos
de uma pureza espetacular: revendo as minhas avaliações no Vivino de seus vários Pommard,
Nuits-Saint-Georges, Mersault, Gevrey-Chambertin, Chambolle-Musigny de
diferentes safras, a minha nota mais baixa é de 4 estrelas...
Philippe Pacalet faz parte da nova geração de vignerons
“naturais” da Borgonha (tem pouco mais de 40 anos). Depois dos estudos em
enologia, com especialização em leveduras indígenas por 10 anos foi diretor do Domaine Pieuré Roch, do coproprietário do Romanée-Conti.
Depois desta importante experiência resolveu fundar sua própria vinícola: hoje produz
50mil garrafas por ano, procedentes de cerca de 10 hectares de vinhedos, alguns
alugados, outros próprios, dentro de algumas das mais prestigiadas denominações
borgonhesas. As vinhas são conduzidas de maneira biodinâmica e não faz uso de
sulfito em nenhum momento.
Durante o curso WSET nível 3 que fiz recentemente em Milão,
uma das garrafas mais marcantes ás cegas foi um Premier Cru do Pacalet e
mais uma vez pude comprovar a alta qualidade deste produtor:
Philippe Pacalet Beaune 1er Cru Les Perrières
2014
A pinot noir aqui dá mais um show de elegância, pureza e
genuinidade indiscutível: muito pronunciado no nariz de cerejas, rosas,
ameixas, grama cortada, hortelã. Na boca ressalta uma alta acidez, balanceada
por taninos macios de boa intensidade, muita fruta silvestre com adição de
pedras molhadas, pele de salame, defumado, folhas de eucalipto, e uma leve nota
oxidativa, vindo dos 16 meses de estágio em madeira. Lindo.
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