Robert Hodgson é proprietário de uma pequena vinícola da Califórnia,
a Fieldbrook Winery. Todo ano
ele participa com seus melhores rótulos de vários concursos enológicos
nacionais e internacionais. Os resultados são sempre surpreendentemente
inconsistentes: alguns rótulos premiados com medalha de ouro em umas competições
são descartados de cara em outras, e vice-versa.
Verdade que julgar vinhos é uma atividade em si subjetiva,
mas os prêmios pareciam ser atribuídos pelo acaso.
Então ao longo dos últimos anos, Hodgson resolveu estudar a questão
mais a fundo. Junto com a organização da Califórnia State Fair, propôs uma experiência
durante as degustações anuais da feira. Para cada painel de jurados, entre as várias
amostras a serem avaliadas às cegas, alguns vinhos foram apresentados por 3
vezes, procedendo da mesma garrafa.
A primeira experiência foi feita em 2005 e a última em junho
deste ano. As descobertas chocaram a indústria vinícola, pois mostraram que até
narizes e paladares treinados são um desastre. Somente 1 jurado em cada 10
confirma o próprio parecer e quem consegue isto numa edição, não se repete numa
outra. Enfim, com as palavras de Hodgson,” a atribuição de um prêmio é amplamente
ditada pelo acaso”. As notas dos mesmos jurados (sommeliers, críticos, jornalistas,
acadêmicos e consultores) diferem mediamente de 4 pontos nas três provas às
cegas, ou seja: o mesmo jurado dava ao mesmo vinho uma boa nota (90), depois de
uns minutos o achava apenas aceitável (86) e a terceira vez excelente (94)!
De fato, o Hodgson não contesta a competência ou a capacidade
dos profissionais de saber avaliar uma boa garrafa, mas simplesmente conclui
que julgar grandes quantidades de vinho em seqüência vai além dos limites das possibilidades
humanas. A sua própria vinícola ganhou vários prêmios, mas ele mesmo admite,
com certa conformação, que foi somente sorte.
Grande Mario,
ResponderExcluirCada vez mais eu desconfio destes concursos, eleições etc. Se para jurados capacitados pode acontecer isso, imagina para aqueles que não são? E um monte destas eleições são feitas por pessoas com pouca litragem e/ou conhecimento sobre características a serem consideradas em uma avaliação.
Ontem aconteceu um negócio legal com a gente. Estávamos bebendo 3 vinhos em paralelo. O primeiro a ser apreciado apresentava um nariz legal, mas em boca era limitado. Depois de apreciarmos o último, que era um belo Teroldego Morei da Foradori, parece que o primeiro melhorou em boca. Era até de se esperar o contrário, mas incrivelmente algo aconteceu que influenciou no paladar do mais fraquinho. Papilas confusas...rs.
Desculpe o comentário longo.
Grande abraço,
Flavio
Grande Flavio,
ExcluirA verdade é que quem acha que entende, de fato não entende de nada: vinho é um "ser" tao complexo que nos sabe sempre surpreender quando menos esperamos, assim como aconteceu no seu caso aqui relatado.
Seus comentários são sempre mais que bem-vindos! Obrigado por acrescentar com seu testemunho.
Forte abraço!
Bela informação, sabe se este estudo foi publicado no meio científico?
ResponderExcluirLeandro, de acordo com a matéria, os estudos foram publicados no Journal of Wine Economics (que é publicado pelo Cambridge University Press). Aqui a matéria na integra: http://www.theguardian.com/lifeandstyle/2013/jun/23/wine-tasting-junk-science-analysis
ExcluirObrigado pela visita e pelo comentário.
Abraço!