Vinopoly

domingo, 8 de setembro de 2013

Vinho e mentiras: é cientifico, os prêmios de vinhos são uma farsa!

Robert Hodgson é proprietário de uma pequena vinícola da Califórnia, a Fieldbrook Winery. Todo ano ele participa com seus melhores rótulos de vários concursos enológicos nacionais e internacionais. Os resultados são sempre surpreendentemente inconsistentes: alguns rótulos premiados com medalha de ouro em umas competições são descartados de cara em outras, e vice-versa.
Verdade que julgar vinhos é uma atividade em si subjetiva, mas os prêmios pareciam ser atribuídos pelo acaso.
Então ao longo dos últimos anos, Hodgson resolveu estudar a questão mais a fundo. Junto com a organização da Califórnia State Fair, propôs uma experiência durante as degustações anuais da feira. Para cada painel de jurados, entre as várias amostras a serem avaliadas às cegas, alguns vinhos foram apresentados por 3 vezes, procedendo da mesma garrafa.
A primeira experiência foi feita em 2005 e a última em junho deste ano. As descobertas chocaram a indústria vinícola, pois mostraram que até narizes e paladares treinados são um desastre. Somente 1 jurado em cada 10 confirma o próprio parecer e quem consegue isto numa edição, não se repete numa outra. Enfim, com as palavras de Hodgson,” a atribuição de um prêmio é amplamente ditada pelo acaso”. As notas dos mesmos jurados (sommeliers, críticos, jornalistas, acadêmicos e consultores) diferem mediamente de 4 pontos nas três provas às cegas, ou seja: o mesmo jurado dava ao mesmo vinho uma boa nota (90), depois de uns minutos o achava apenas aceitável (86) e a terceira vez excelente (94)!

De fato, o Hodgson não contesta a competência ou a capacidade dos profissionais de saber avaliar uma boa garrafa, mas simplesmente conclui que julgar grandes quantidades de vinho em seqüência vai além dos limites das possibilidades humanas. A sua própria vinícola ganhou vários prêmios, mas ele mesmo admite, com certa conformação, que foi somente sorte. 

4 comentários:

  1. Grande Mario,
    Cada vez mais eu desconfio destes concursos, eleições etc. Se para jurados capacitados pode acontecer isso, imagina para aqueles que não são? E um monte destas eleições são feitas por pessoas com pouca litragem e/ou conhecimento sobre características a serem consideradas em uma avaliação.
    Ontem aconteceu um negócio legal com a gente. Estávamos bebendo 3 vinhos em paralelo. O primeiro a ser apreciado apresentava um nariz legal, mas em boca era limitado. Depois de apreciarmos o último, que era um belo Teroldego Morei da Foradori, parece que o primeiro melhorou em boca. Era até de se esperar o contrário, mas incrivelmente algo aconteceu que influenciou no paladar do mais fraquinho. Papilas confusas...rs.
    Desculpe o comentário longo.
    Grande abraço,
    Flavio

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    1. Grande Flavio,
      A verdade é que quem acha que entende, de fato não entende de nada: vinho é um "ser" tao complexo que nos sabe sempre surpreender quando menos esperamos, assim como aconteceu no seu caso aqui relatado.
      Seus comentários são sempre mais que bem-vindos! Obrigado por acrescentar com seu testemunho.
      Forte abraço!

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  2. Bela informação, sabe se este estudo foi publicado no meio científico?

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    1. Leandro, de acordo com a matéria, os estudos foram publicados no Journal of Wine Economics (que é publicado pelo Cambridge University Press). Aqui a matéria na integra: http://www.theguardian.com/lifeandstyle/2013/jun/23/wine-tasting-junk-science-analysis
      Obrigado pela visita e pelo comentário.
      Abraço!

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