Do recente World Wine
Experience Península Ibérica seria meio que óbvio e redundante destacar
monstros sagrados como Marqués de Murrieta, Quinta da Falorca, Carm, Herdade do
Rocim, Vivanco... então prefiro aqui falar de uma vinícola menos conhecida que
me impressionou muito positivamente e que pra mim foi o verdadeiro destaque: Bodegas y Vinêdos Ponce.
Estamos na D.O.
Manchuela, no centro-leste da Espanha, precisamente nas províncias de
Albacete e Cuenca a menos de 200km do mar em direção a Valencia.
Os vinhos desta denominação são majoritariamente produzidos
com a uva autóctone Bobal. A casta já foi muito usada em corte (frequentemente
com a Arién), mas uma recente revolução da viticultura local está mostrando ao
mundo o grande potencial da Bobal quando vinificada de maneira varietal.
Pessoalmente gosto bastante, pois é uma uva que normalmente
produz vinhos pouco alcoólicos, mas com bons taninos e uma acidez gostosa. Os
vinhos da Ponce não fogem a regra.
O Juan Antonio Ponce fundou a vinícola em 2005, com apenas 23 anos de idade. Até então
tinha ganho uma respeitável experiência trabalhando como o braço direito do
“bad boy” Telmo Rodriguez, um dos
enólogos mais talentosos e revolucionários da Espanha recente.
Para os seus vinhedos o Juan Antonio abraçou a filosofia
biodinâmica e uma abordagem de pouca intervenção, utilizando quantidades
mínimas de sulfitos e leveduras indígenas. Para isso elegeu justamente a Bobal
como protagonista em respeito ao seu terroir, que utiliza em 90% dos seus
vinhos.
Na degustação da World Wine tive a oportunidade de provar
praticamente a linha inteira, todos de ótima qualidade e com preço razoável.
- Reto 2015: branco produzido com 100% de uva Albilla,
fermentado em barricas de carvalho de 600 lt. Leve e refrescante, perfeito para
aperitivos, ainda vai evoluir na garrafa (R$ 141,00)
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- Clos
Lojen 2013: varietal de Bobal vinificado no estilo Beaujolais
(com maceração carbônica), matura por 7 meses em toneis de carvalho usado. Gostei,
mas acredito que sua proposta seja para desfrutar mais jovem, portanto, ao
contrário do caso anterior, acho que uma safra mais nova entregaria algo a
mais, especialmente as sensações frutada (R$ 88,00)
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- Buena Pinta 2013:
o meu segundo preferido do painel. Aqui o corte leva a uva Moravia Agria junta com a Bobal, vinificadas separadamente. O blend final matura
com as borras durante 6 meses e é engarrafado sem filtração. Equilíbrio
excelente entre boa fruta, acidez refrescante e taninos finos (R$ 141,00)
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- La Casilla 2013: este procede
de um vinhedo único de Bobal. Mais extração de cor, mais taninos (aqui um pouco
mais rústicos, mas gostosos), pede uma bela carne (R$ 141,00)
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- PF 2014: o meu
preferido da sequência. Procedente de 4 vinhas velhas (com idade média de 75
anos) plantadas em pé franco, fato bastante raro na Europa. Vinificação e
maturação são praticamente as mesmas do Buena Pinta, mas neste os aromas são
muito mais nítidos e frescos, assim como o paladar. Finíssimo (R$ 163,00)
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- Pino 2013: o vinho top
da vinícola e o mais pontuado (93 e 94 pontos Parker e Guia Peñin) seja talvez
o único que não compraria (mas isto não é novidade pelo que me concerne...). Uma
versão mais encorpada do vinho anterior, 100% Bobal, 11 meses de barrica,
provavelmente o menos fino do painel. Mas atenção, isto não significa que o vinho
não seja bom! Apenas, em minha humilde opinião, você pode gastar 100 reais a
menos e se divertir muito mais (R$ 242,00)
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Uma videira de 85 anos nos vinhedos Ponce |
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