O Vale do Rhône é uma das mais famosas e
badaladas áreas vinícolas do mundo, mas vale lembrar que até uns 30 anos atrás
esta região francesa era praticamente desconhecida aos demais e quase
totalmente ignorada pela industria do vinho. A fama comercial da região é
devida ao Robert Parker (afinal temos que reconhecer também alguns méritos dele), que
“descobriu” os vinhedos de Hermitage
e Côte Rôtie, lançando seus vinhos
no Olímpio dos grandes do mundo e fazendo que seus preços até então bem em
conta se tornassem estratosféricos (demérito que cancelou o mérito...ehehe). De fato os vinhos incorporam totalmente os gostos do crítico
americano: ricos em fruta, robustos e concentrados, mas mantendo certa elegância.
A máxima denominação da região é a Côte Rôtie, onde a casta Syrah
alcança seu ápice. Muitas vezes cortada com a Viogner, produz tintos ao mesmo
tempo potentes e elegantes, e de longa guarda.
O maior produtor é o Guigal,
literalmemte louvado e adorado pelo Parker: é o viticultor que pode se gabar do
maior numero de vinhos nota 100 pelo nosso Advogado
do Vinho e, consequentemente, se tornou o mais cultuado da região.
A vinícola E. Guigal
foi fundada em 1946 e foi a primeira do norte do Rhône a introduzir uma viticultura mais
moderna, trabalhando com tanques de aço a temperatura controlada, longa estadia
em barricas de carvalho e com o conceito de vinhedo único.
Recentemente provei dois rótulos deste produtor para
conferir, e, na verdade fiquei meio dividido. Vamos ver no detalhe:
Crozes-Hermitage 2007:
é um Syrah 100% procedente de vinhedos de 35 anos de idade e maturado por 18
meses em carvalho.
Intenso nos aromas de fruta negra em compota, concentrado na
cor e no corpo. A doçura ganha da acidez e a madeira se mostrou definitivamente
em excesso pra mim. Pode se tomar sozinho sem acompanhamento de comida. Pareceu
mais californiano que francês. Certamente é um vinho cativante, pois é muito
fácil de beber, mas não faz muito o meu
estilo.
- Preço médio: R$
150,00
Côte-Rôtie 'Brune e
Blonde de Guigal' 2007: este já é toda uma outra história. Basicamente também
é um Syrah varietal, mas com uma pequena parcela (entorno de 5%) de Viognier.
Os vinhedos são mais o menos da mesma idade do anterior, e a maturação em
carvalho é feita por 36 meses. Mesmo assim a madeira era bem menos perceptível,
sendo perfeitamente integrada ao conjunto.
Menos extraído do que o anterior na cor e na densidade. Aromas
de cereja, morango, ervas, temperos doces, azeitonas pretas e um toque
mentolado, com uma leve baunilha. Na boca tem textura aveludada e corpo médio,
boa acidez e taninos vivos, mas redondos. Final longo. Muito equilibrado. Neste
caso sim, bem francês e elegante.
- Preço médio: R$
400,00.
Enfim, é claro que se trata de denominações e safras
diferentes, mas de qualquer maneira, a impressão geral é que para os vinhos
mais “simples” a vinícola preza um gosto digamos “globalizado” e novomundista, já para os tops de linha o
estilo muda radicalmente, mostrando finesse
e categoria do velho mundo.
Os vinhos de E. Guigal
são importados no Brasil pela Interfood
Caro Mario,
ResponderExcluirConcordo em gênero, número e grau! Já bebi os dois e tive a mesmíssima impressão. Inclusive, o Crozes-Hermitage foi meio "hostilizado" pela turma da confraria...rs. Agora, o Côte-Rôtie, fez sucesso.
Abraços,
Flavio
Grande Flavio,
ExcluirFico feliz de, mais uma vez, ter seu aval.
Forte abraço!