Voltando de uma breve viagem, nesta semana já estava me
esperando uma outra degustação: Master Class “A Diversidade do Chile”, a primeira atividade organizada no Rio
pela Wines of Chile, entidade que
cuida e promove mundialmente os produtos de cerca de 90 vinícolas do País.
O Chile lidera as vendas de vinhos no Brasil (cerca de 42%),
ocupando a 1ª posição na importação de vinhos no Brasil. O evento, organizado com competência pela Alessandra Casolato da CH2A aconteceu no badalado restaurante carioca Viera Souto, no lindo calçadão da
praia de Ipanema; a palestra/degustação foi conduzida pelo Marcelo Copello, contando ainda com a
presença oficial da Pro Chile, na pessoa de Oscar Páez Gamboa, diretor
comercial, que trabalha em conjunto com a Embaixada chilena em São Paulo. Oito
vinhos apresentados, de importadoras diferentes, finalizando com um coquetel
harmonizado com ótimos canapés e deliciosos pratos do restaurante.
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Oscar Páez Gamboa apresentado o evento |
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Marcelo Copelo conduzindo a palestra/degustação |
Interessante ressaltar que 4 dos vinhos escolhidos pelos importadores foram pinot noir, depois tivemos 2 carmeneres, 1 syrah e 1 blend.
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Ready to go: os 8 escolhidos |
Começamos com o Arboleda
Pinot Noir 2012. Procedente da costa de Aconcágua, faz parte do grupo do
badalado produtor Eduardo Chadwick (Seña, Errazuriz, Caliterra). O cara é
craque e isto se confirma também nesta linha mais simples, apresentando um
pinot super-elegante conjugando a delicadeza européia com a consistência do
terroir chileno.
A seguir o Casa Silva
Cool Coast Pinot Noir 2012 (Colchagua). O vinho ficou na mesma linha do
precedente, mas ainda com algo a mais, tipo uma especiarias e um defumado que
me remeteu a vinhos de velho mundo (curiosamente me lembrou os tintos do
Etna!). Olha que não sou particularmente fã da Casa Silva (do nosso querido
Mario Geisse prefiro certamente os espumantes), mas entre os 4 pinots
apresentados este foi o que mais me encantou.
O terceiro vinho foi o Echeverria
Pinot Noir Reserva 2011. Do Vale do Curicó, foi o pinot que menos parecia
um pinot. Se colocado às cegas duvido que qualquer expert tivesse adivinhado a
casta. O vinho, contrariamente à delicadeza que esta uva proporciona, é potente,
gordo, volumoso, amadeirado, macio e com taninos redondos e doces. Certamente
se destaca pela exuberância, mas gostaria de ter encontrado mais as características
da casta e menos madeira.
O último pinot apresentado foi o Herù Pinot Noir 2009, um dos tops da famosa Ventisquero. Já o
degustei em mais de uma ocasião e o vinho é um show. Do Vale de Casablanca,
considerado o melhor terroir chileno para pinots, foi o mais complexo do “quarteto” e
talvez o que mostrou mais versatilidade em matéria de harmonização, podendo acompanhar
bem tanto um prato de peixe, tanto massas ou queijos.
Na segunda parte do painel encontramos os “clássicos” (para
assim dizer) tintos chilenos.
O Viña El Principal
Memórias 2008 é um blend de Cabernet Sauvignon com Carmenere. Embora na
proporção a cabernet domine o corte (65%), no nariz predominou o aroma da
carmenere com as típicas notas verdes de pimentão e menta. Já na boca o
equilíbrio é re-estabelecido com a potência e o calor da cabernet, com madeira
evidente. O álcool alto (15%) é balançado por alta acidez também, dando, como o
Marcelo comentou, um equilíbrio lá em cima.
O Syrah 2008 Limited Edition da Viña Maipo
também anda na mesma onda de tinto de novo-mundo. O vinho tem tudo que se pode
esperar de um syrah chileno: potência, corpo, maciez e maturidade. A casta é
presente em 91%, completada por pequenas parcelas de cabernet sauvignon e petit
verdot, que acresceram a complexidade. A vinícola pertence à gigante Concha y
Toro.
A Yali é um
projeto da citada acima Ventisquero no tradicional vale de Maipo. Apresentou um
Carmenere 2010 muito bem feito. Embora
varietal 100%, neste caso o aroma vegetal não ficou “agressivo” e o vinho
mostrou bastante equilíbrio e boa complexidade.
Finalizando com a citada
Concha y Toro, que mostrou aos
participantes as qualidades de um de seus vinhos tops, o
Terrunyo Carmenere 2009. Já
apontado como um dos melhores carmeneres chilenos (veja
aqui a matéria sobre o
melhor mesmo, da mesma vinícola), leva também 10% de cabernet sauvignon. É um
vinho primorosamente elaborado e tecnicamente incriticável, mas não chegou a me
encantar. Seja claro, é um vinhaço, complexo, com textura macia, mas assim como
o de safra 2006 anteriormente degustado (relembre
aqui), não mostrou aquele
valor agregado que se espera de um vinho top. De qualquer forma tem alta
qualidade.
Enfim, foi mais uma ocasião para a gente constatar
o nível internacional dos vinhos chilenos, nos lembrando que sempre haverá uma
ocasião para comprar e abrir um deles.
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A vista do restaurante Viera Souto |
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Com a organizadora do evento, Alessandra Casolato |
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Com as amigas Marcia Monteiro (colega multi-mídia) e Juliana Gonçalves da Confraria Amigas do Vinho |