Mesmo você sendo um grande produtor de vinho, 160 milhões de
dólares australianos (cerca de 140 milhões de dólares americanos) são sempre um
valor “respeitável” para você colocar na coluna das perdas. Mas é justamente isto que a australiana Treasury
Wine Estate vai fazer. E este é justamente o valor total do dano
derivante da destruição de milhões de garrafas presentes no mercado
norte-americano, adicionado à perda de rendimentos futuros. A drástica decisão
foi tomada depois que a TWE superestimou o volume de vendas, saturando nos últimos
anos o mercado com produtos de baixo preço, que, seja porque indesejados, seja
pela concorrência de chilenos e argentinos, continuam sobrando nas prateleiras
americanas.
Os U$140 milhões de vinho destruído servem para receber um substancial desconto nos impostos, que o governo dos EUA concede quando o
produto é destruído, e desta forma reiniciar as exportações – de produtos
melhores, se espera.
As garrafas que serão destruídas, são justamente aquelas
mais baratas que, nos últimos tempos tinham empolgados muitos com o tal do
“milagre australiano”: até um dez anos atrás todo mundo louvava a terra dos
cangurus como um modelo a imitar: poucas vinícolas/propriedades enormes,
vinhedos grandes que nem o estado de São Paulo e estratégias comerciais de
ataque com artilharia pesada. O exato oposto da fragmentação que temos em tradicionais Países
vinícolas da Europa, feita de micro-vinhedos e empresas de grande qualidade mas
que ficam nos últimos lugares das classificações mundiais de vendas. A história mostrou que o modelo
australiano não podia durar, e de fato não durou.
Lição n.1 de capitalismo moderno: tem que vender o velho
para poder produzir o novo, senão vai ter que destruí-lo. Com um desconto nos
impostos.
Incrível a notícia, no site da Jancis Robinson diz que o motivo da destruição é porque o vinho está velho e pode sujar a imagem da empresa, que tem outros vinhos. Qualquer que seja o motivo, péssimo planejamento! Abraco, Alessandra
ResponderExcluirPois é, Alessandra. Não li o que a JR escreveu, fato, como vc ressaltou, que uma empresa deste porte não pode cometer um erro tão grosseiro, subestimando o mercado e os consumidores.
ExcluirObrigado pela leitura e pelo seu comentário!
Abraço!
Pois é, amigo Mario. Eu sinto que aqui no Brasil tem muita gente querendo seguir o exemplo... Só que aqui não se destrói nada, e muito menos se abaixa o preço para livrar de vinhos encalhados. E o que se tem deles, não é brincadeira.
ResponderExcluirGrande abraço,
Flavio
Grande Flavio,
ExcluirVocê disse tudo! E realmente aqui se baixa o preço só se o vinho estiver quase estragando mesmo..!
Abração!
Mário,
ResponderExcluirSeria interessante um estudo de impacto econômico para nosso mercado, caso este volume de vinho fosse aqui desovado. Hipótese remota, mas que pode ter sido aventada pelos executivos da TWE, e o mercado brasileiro deve estar alertado para este tipo de ataque comercial. Abraços.
Caro Rafael,
ExcluirTambém pensei nisso. O problema é que aqui estes vinhos seriam apresentados como ganhadores de medalhas e provas às cegas e os eno-trouxas fariam filas para comprar "en primeur"....rsrs
Obrigado por ler e comentar.
Abraço!