Se o vendedor da loja de vinho onde você acabou de entrar for
arrogante, ignorante, egocêntrico, incompetente, agressivo, esnobe, e outros
lindos adjetivos do gênero, provavelmente você não colocará mais os pés nesta
loja: é compreensível e até justo. Mas o que acontece se este for o caráter do
produtor de vinho que você tanto ama?
De forma geral o caráter da pessoa não deveria influenciar
na avaliação do trabalho dele. Desde o mundo das artes á política, passando por
esporte e empreendedorismo, temos centenas de exemplos não exatamente
simpáticos, mas cujo trabalho é fundamental
e, justamente, idolatrado. Mas se um torcedor não se importa do caráter do
Pelé, Maradona, ou Cristiano Ronaldo, contanto que seu time ganhe, ou fãs
apaixonados aprovam os excessos de artistas como Justin Bieber e Madonna, conseguindo
separar vida privada do trabalho deles, será que com o vinho somos capazes de
aplicar a mesma fórmula de maneira fria?
Já é sabido que existe uma correlação entre simpatia do
produtor e valor percebido do vinho. Isto é algo que os produtores não deveriam
subestimar.
A percepção do vinho é influenciada por uma somatória de fatores
externos, como o ambiente, a companhia, a comida, o humor do momento, etc. E
acredito que a pessoa que está atrás do vinho, o criador daquela garrafa,
também possa influenciar na avaliação.
Diferentemente de quanto possível com os astros do esporte,
musica e cinema, para os apaixonados em vinho é muito mais fácil conhecer
pessoalmente os produtores. Com visitas ás vinícolas, feiras, eventos, degustações,
as possibilidades de entrar em contato direto com os winemakers são múltiplas.
E ademais, agora temos os social networks, portanto mesmo não chegando a conversar
pessoalmente, através de instrumentos como Facebook, Twitter, Instagram, etc,
conseguimos ter uma idéia do Sr. Produtor, saber como ele pensa e verificar a
compatibilidade da sua personalidade com a nossa. Isto dá uma variável adicional
ao critério de avaliação.
Voltando ao exemplo do início do post: se você vai comprar
um vinho X e for mal atendido pelo vendedor, simplesmente bastará comprar o
vinho numa outra loja. Mas se for se você for mal recebido diretamente pelo
produtor daquele vinho X durante uma visita á sua vinícola ou a um seu estande,
ou for mal atendido numa pergunta feita numa rede social, você vai
continuar comprando o vinho dele?
Pessoalmente, como profissional do ramo, tento não me deixar
influenciar e até acho que consigo separar bem os dois aspectos, mas não posso
dizer o mesmo com as garrafas que compro para meu consumo particular: neste
caso o produtor ‘’babaca’’ não tem espaço na minha adega. Já o mais simpático ou
com o qual tenho mais afinidade acaba ganhando sempre um bônus. Sei que
friamente não seria uma escolha racional, mas afinal vinho não é sobretudo emoção?
Bravo!
ResponderExcluirVamos pedir ao DataFolha para contabilizar o número de babacas?
Bjs
Ju
Hahaha, boa ideia Ju!
ResponderExcluirObrigado pela leitura.
Bjs