Utilizando
como gancho este
post sobre as tendências de consumo vamos aqui analisar expressamente
o ponto 5, ou seja: os medos relacionados ao vinho.
Isto porque
vinho pode intimidar sim, assustar e em casos extremos aterrorizar. Exagero?
Nem tanto: agora você banca o expertão, mas tente rebobinar a fita até o
momento em que se aproximou ao vinho. Viu? Aquele cara com as bochechas
vermelhas de vergonha e as mãos suadas é exatamente você depois de pagar mais
um mico em público. Quanto tempo demorou (e quanto vinho derramou) para
aprender a girar a taça corretamente e quantas bobagens você falou achando que
fossem sagradas verdades? Muitas né? Eu sei, todos nós passamos por isso, mas
depois de pesadelos, tratamento psiquiátrico e fígado estragado, finalmente
conseguiu o status social de ‘’entendido’’ de vinho, que satisfação hein! Mas mesmo assim situações embaraçosas continuam ás espreitas.
Então vamos
anunciar aos novatos e até aos mais entendidos o que devem esperar, numa forma de terapia de grupo.
1. Medo
de errar o nome do vinho
Errar o nome
do vinho em muitos casos é motivo de zoação e deboche. Acha que não?
Gewürztraminer é até fácil demais de pronunciar, agora prove a dizer algo tipo
‘’Egon Müller Scharzhofberger Riesling Trockenbeerenauslese’’ ou “Alsace Grand
Cru Rangen Riesling Clos Saint Urbain Rangen De Thann” e depois conversamos.
Isto faz até tornar abstêmio! E as uvas autóctones certamente não vão ajudar: castas
como Xinomavro, Blauer Zweigelt e Kékfrankos estão prontas para o golpe mortal.
2. Medo
de falar de vinho
Existem mais
estádios e níveis de conhecimento no vinho que em toda Wikipédia, por isso
discutir de vinho com um dos tantos ‘’iluminados’’ seria como enfrentar o
exercito de Gengis Khan, praticamente um suicídio. Saber que o Nero d’Avola é
feito na Sicilia pode ajudar, mas quando o cara vai te perguntar sobre a Petite Arvine o
que você vai responder?
3. Medo
de ser o primeiro a provar o vinho ao restaurante
O assassino
está ali a um passo de você. Ele te examina em quanto com gestos hábeis abre um
Borgonha de 1968. Ele é inteligente e entendeu pelo suor do teu rosto que o
elemento mais fraco da mesa é você. E despeja um dedo de vinho na sua taça para
que você o prove...E agora? Você tenta fingir indiferença em quanto leva a taça
ao nariz e depois á boca, mas está tenso, pois sente algo estranho, diferente,
mas não sabe definir se aquilo é oxidação, bouchonné, brett, ou uma nota de
acidez volátil...O que fazer? Vai por mim, a única solução é fingir um infarto.
4. Medo
de ser julgado pela escolha do vinho
Num momento
de exaltação pediu que a carta de vinhos fosse entregue a você. Para evitar um
mico você faz uma escolha ‘’segura’’ e pede despreocupadamente um Barolo. Nem
deu o tempo de ficar aliviado que um dos seus amigos mais iluminados te explica
que o vinhedo não é biodinâmico, que o cru não é dos melhores e que aquela
safra foi a única ruim de 129 colheitas. E, caso não tenha notado, você pediu o
Barolo para acompanhar um dourado ao forno.
Como disse, estas situações não acontecem apenas com iniciantes, mas até com experts e profissionais (talvez até mais!), portanto a conclusão é:
vamos manter a humildade e admitir os próprios limites, pois pagar mico é muito
mais fácil do que achamos.
Quando você é o único "entendido", todos olham para ti como se fossem o tal assassino, esperando o momento para te dar uma facada na sua análise. E eu também estou contigo, pegaria o Barolo, afinal, melhor escolher o vinho primeiro do que o prato! ;-)
ResponderExcluirObrigado Rafael, pela leitura e pelo su comentário!
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