Se você for à Nova York, uma visita à Sherry-Lehmann se torna
meio que obrigatória. A loja não é a maior, nem a mais bonita da cidade, mas aquela
esquina entre a rua 59 e a Park Avenue se tornou uma referência quando o
assunto é vinhos de alta gama, abastecendo as adegas dos executivos de Midtown
Manhattan desde 1934. A coisa interessante é que quase todo dia tem uma degustação de graça, e, rodeando pelas prateleiras, não é raro se deparar em um atendente te
oferecendo uma taça de um grande vinho. Foi o meu caso: na última vez que
estive ali, há 3 semanas, estava rolando uma free tasting de Arboleda
e Seña. As duas vinícolas pertencem
ao Eduardo Chadwick (Errazuriz, Caliterra, Viñedo Chadwick), verdadeiro Rei Midas vínico.
Da Arboleda degustei o Sauvignon
Blanc 2011, muito intrigante, fresco, mas ao mesmo tempo envolvente, com
notas cítricas e minerais e boa complexidade regada por alta acidez.
A seguir, da mesma vinícola, o Carmenere 2010, um pouco diferente dos carmeneres que fazem sucesso
por aqui: estava mais para um merlot, elegante, de corpo tênue, sem os aromas
herbáceos típicos da casta, sabor leve mas firme, aromas florais e algo
selvagem, com sensações de alcaçuz, café e chocolate (veja também o
Arboleda Pinot Noir aqui)
Finalizando com um dos ícones do Novo Mundo, o cultuado Seña 2007. O projeto é fruto de uma parceria
criada em 1995 entre Eduardo Chadwick e Robert Mondavi, com o intuito de
produzir o melhor tinto do Chile, e pelo visto, os resultados não estão tão
longe disso: em degustações às cegas o Seña já “humilhou” monstros sagrados da
viticultura mundial como Lafite, Margaux, Latour, Sassicaia, Solaia, entre
outros. O vinhedo único de castas francesas sobe as encostas de uma colina no
vale de Aconcagua e é conduzido de forma biodinâmica.
O de safra 2007
que provei tem a seguinte composição: 57% Cabernet Sauvignon, 20% Carmenere,12%
Merlot, 6% Cabernet Franc, 5% Petit Verdot.
Achei o vinho ainda jovem (afinal estamos falando de um dos
mais longevos tintos do Chile), com os aromas ainda tímidos, mas muito
agradáveis de fruta de bosque e especiarias; no palato tem corpo médio e
textura um tanto terrosa, com taninos acentuados, mas finos e doces. Grande
complexidade gustativa, lembrando cereja, cassis, tabaco, tomilho, cravo. Boa
acidez e madeira perfeitamente integrada completaram o quadro. Final bem longo.
Enfim, lembrou em todos os aspectos um grande vinho de
Bordeaux. Sinceramente, não sei se é realmente melhor que os tops acima citados,
mas que é um baita vinho isso não há dúvida alguma.
Os vinhos são
importados no Brasil pela Expand. Os
Arboledas custam aqui R$120,00 cada (contra os U$19,00 em NY); já o Seña sai
aqui por R$ 685,00 enquanto lá custa 95 dólares.
Mondovinho degustando o Seña |
Algumas bagatelas disponíveis na loja como as imperiais de Latour, Lafite, Mouton, Petrus, Almaviva, por exemplo |
Pergunta de curioso que ainda não provou este ícone. Sena ou Almaviva? ABS. Fábio
ResponderExcluirFábio, difícil dizer...talvez eu fique levemente a favor do Sena simplesmente por tê-lo provado mais vezes e conhecido sua consistência em várias safras. Mas, francamente, a minha resposta mais sincera para sua pergunta seria: nenhum dos dois. Pois ambos não valem o que custam: nesta faixa de preço prefiro ficar com um bom italiano ou francês.
ExcluirAbraço!
Mario, fico sempre curioso quando se trata de vinhos chilenos e argentinos com fama. Gosto ao menos de entender o que os alçou. Há alguns que realmente fazem jus, como os Achaval-ferrer de mendoza. O preço independentemente da fama é realmente piada de mal gosto. Obrigado pela resposta. Att. Fábio
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