Inspirado pelos comentários recebidos neste post sobre vinho biodinâmico, gostaria agora de postar aqui 5 coisas que sei sobre vinho orgânico.
1) O vinho orgânico ainda não existe na Europa, ou melhor, existe, mas não é certificável. Diferentemente de alguns Paises do Novo Mundo, a legislação européia ainda não prevê um certificado para vinhos biológicos e a última proposta de certificação foi rejeitada pelo Parlamento de Bruxelas em junho passado. Isso, naturalmente, para agradar os grandes lobbies de produtores. Por enquanto no rótulo é possível somente declarar “vinho procedente de uvas orgânicas”, até mesmo se o vinho for biodinâmico e não for usado nenhum tipo de química.
2) Alguns dos maiores vinhos do mundo são vinhos orgânicos. Se não concordar, favor ligar para Madame Leroy, proprietária dos maiores Crus da França (ligar na hora do almoço para seguinte número: +33 (0)380212110).
3) Orgânico não quer dizer sustentável (ou pouco poluente). Se a vinícola usar energias alternativas, melhor, mas uma coisa não comporta necessariamente a outra. Se brincar ela tem uvas orgânicas, mas tratores com 30 anos de idade.
4) Depois de ter pago o alto custo da certificação, muitos produtores não declaram no rótulo a viticultura biológica. Não que sejam loucos, mas somente porque muita gente está convencida que o vinho orgânico seja pior do vinho convencional. Isso nos leva diretamente ao ponto 5, ou seja:
5) Alguns vinhos orgânicos são horríveis a serem bebidos. Exatamente como muitos vinhos convencionais.
Olá Mario,
ResponderExcluirPenso que a definição de vinho ou uvas orgânicas tem a ver com o conservante, o anidrido sulfuroso, (dióxido de enxofre) – existe viticultura com certificado orgânico na Europa, mas não vinho com certificado orgânico.
Todos produtores usam normalmente um pouco de anidrido sulfuroso (dióxido de enxofre) para conservar o vinho. São pequenas quantias e eles normalmente precisam menos ainda para um vinho feito com uvas orgânicas. Mesmo assim não é exatamente certo chamar um vinho orgânico se for adicionado SO2, porque isso não é uma substância orgânica. Existem também produtores de vinhos chamados ‘naturais’, sem nada adicionado e nada removido, usando uvas orgânicas. Normalmente os produtores são viticultores dedicados, pequenos. Nesse caso podem realmente ser chamados vinhos orgânicos.
Um abraço
Ulf
Oi Ulf,
ResponderExcluirMuito obrigado pela seu erudito coméntario.
Uma honra!
Abraço
O que é um produto orgânico? O método de produção orgânico respeita o meio ambiente e exclui o uso de substâncias químicas sintetizadas (fitofármacos e adubos químicos) Todas as fases produtivas são controladas e certificadas por órgãos específicos, acreditados na Europa. No caso específico do vinho, o modo correto de se falar seria: “vinho vindo da agricultura biológica”. Na Itália, a agricultura biológica é praticada em cerca de 50 mil hectares e constitui um pouco mais de 5% da viticultura convencional.
ResponderExcluirUm vinho biológico se diferencial de um vinho convencional pro diversos motivos: a forma permitida de dióxido de enxofre (por ex.: sulfurosa gasosa em solução líquida ou sais de metabissulfito) e a quantidade total – entre 10 e 25 ppm para o dióxido de enxofre líquido – ácidos permitidos (por ex.: cítrico, tartárico e ascórbico). Os níveis de SO2 permitidos em um vinho “orgânico” variam de acordo com o órgão, com a escolha do produtor, o qual confere que todos os parâmetros previstos nos disciplinares sejam respeitados.
Na Itália, está em vigor a normativa européia sobre a agricultura biológica (Regulamento CEE 2092/91) que não deixa dúvidas nem para o viticultor, nem para o agrônomo. São especificadas as técnicas de cultivação, os fertilizantes e os antiparasitários admitidos no gerenciamento biológico do vinhedo.
Já a nível internacional, existem diferenças entre as principais normativas: a européia e a americana (entre as que têm um valor legislativo) e as normas Ifoam e as Linhas Guias do Codex Alimentarius (que são linhas de direcionamento).
Uma comissão internacional (a ITF, international Task Force on Harmonization and Equivalent in Organic Agriculture) trabalha com a harmonização das regras sobre a produção biológica no mundo.
P.S.: Agricultura Orgânica e Biológica: baseada nas observações que Sir Albert Howard fez, dos métodos de agricultores indianos, no começo do século XX. O princípio da sua teoria é que a sanidade vegetal depende do húmus do solo, que se produz na presença de microorganismos. (Wikipédia – 26/5/10)
É um sistema de produção que promove a saúde dos solos, ecossistemas e pessoas. Tem como base os processos ecológicos, biodiversidade e ciclos adaptados às condições locais alternativas ao uso de insumos com efeitos adversos. Combina tradição, inovação e ciência, de modo a ser benéfica para o espaço partilhado. Promove relacionamentos justos, assegurando uma boa qualidade de vida a todos. (IFOAM, Itália – jun/08).
As observações feitas no início do século, pelo botânico e agrônomo inglês Sir. Albert Howard, em relação ao tipo de agricultura praticada pelos camponeses indianos, deram início a estas duas correntes (orgânica e biológica) que apesar dos nomes distintos são muito semelhantes, podendo ser analisadas conjuntamente.
Nossa! Alessandra, estou aplaudindo de pé (que nem bonequinho da globo) esta sua elucidação. Muito obrigado pela leitura e pelo detalhado comentário.
ResponderExcluirAbs!
: ) : ) Obrigada, Mario! É um prazer poder participar do seu blog, que gosto muito! E parabéns pelo trabalho! Eu sou química e sommelière (A.I.S. Roma) e estou trabalhando justamente num progeto de comparação entre vinhos orgânicos e tradicionais. Espero publicar um artigo, logo logo. Precisando, pode entrar em contato comigo pelo email: alessandrarodrigues@hotmail.com
ResponderExcluirUm abraço