Vinopoly

terça-feira, 29 de março de 2011

O Supertoscano do “maluco”

A história do meu conterrâneo napolitano Giampaolo Motta já é notória no setor por seu jeito de andar contracorrente. Resumindo brevemente: vindo de uma rica família de indústria do couro com um futuro seguro e próspero no mundo do curtume, ele, pelo contrário, deixou a empresa familiar em Napoli para trabalhar como empregado em uma vinícola na Toscana. Isso porque durante os seus estudos fez um estágio na França, onde se apaixonou pelos vinhos de Bordeaux e ficou com aquilo na cabeça (e no paladar). Apesar das boas condições econômicas da família ele trabalhou na vinícola como camponês mesmo, ganhando apenas um salário básico e uma cama para dormir. Para família e amigos ele era simplesmente um maluco. Mas depois de vários anos de duro trabalho, ele através de um empréstimo no banco conseguiu adquirir a propriedade da Fattoria La Massa que estava sendo vendida bem abaixo do valor para falência.
Pois bem, aquele que era considerado um maluco hoje produz uns dos vinhos mais respeitados no mundo (com pontuações como 97 pontos pela Wine Spectator) e anda de Ferrari. Quem é o maluco agora?

O La Massa IGT é o vinho de entrada da vinícola, que produz somente 2 vinhos (o outro é o cultuado ícone Giorgio Primo) no coração do Chianti Clássico. É um blend de Sangiovese com Merlot e Cabernet Sauvignon que estagia 14 meses em carvalho francês e, diferentemente dos outros Supertoscaninhos da mesma faixa, é bem mais estruturado. Precisou de uma boa decantação para abrir aromas e sabores que no começo estavam bem fechados. E depois de uma hora começou a aflorar a "verdadeira verdade" deste vinho. Nariz intenso de cassis, ameixa e muito tostado, café, tabaco com notas de chocolate. Muito concentrado, com taninos elegantes e, mesmo sendo opulento mostrou uma generosa acidez.

Ganhou 90 e 91 pontos pela Wine Spectator e Robert Parker.

Outra curiosa característica dos vinhos do Motta é que, usando uvas não permitidas pela regulamentação do Chianti Clássico, ele não pode aplicar o selo do Galo Negro, símbolo do Chianti, então querendo zombar das regras ele coloca no contrarótulo das suas garrafas um desenho de um galo assado no espeto.
Cara excêntrico sem dúvida, mas certamente não maluco. 

Voto gringo: 7 ½  

Vinho: La Massa IGT Toscana
Safra: 2007
Produtor: Fattoria La Massa
País: Itália
Região: Toscana
Uvas: Sangiovese(70%), Merlot(20%), Cabernet Sauvignon(10%)
Teor Alcoólico: 13,5%
Importadora: World Wine
Custo médio: R$ 150,00

4 comentários:

  1. Mario

    O nosso amigo é um apaixonado, não um maluco. Trabalhe no gosta e não precisarás trabalhar mais nenhum dia da tua vida.

    A alma e o amor nos diferencia e nos dá um colorido neste mundo tão igual e, para usar uma expressão moderna, "tão copiar e colar". Mas se colocarmos a paixão na frente certamente vamos nos diferenciar, mais cedo ou mais tarde.

    Vamos um dia apreciarmos este vinho juntos. Aí vamos celebrar com alma, coração e amor, o vinho à amizade e à vida.

    Prost amigo

    Um abraço Peter www.alemdovinho.wordpress.com

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  2. Bom dia Mário,

    Já me falaram bem deste vinho. Agora, vale os 150,00?

    Abs e saúde
    www.vivendoavida.net
    Silvestre

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  3. Peter, você disse tudo! É isso ai. Também gostaria um dia tomar um vinho com voce. Vamos ver se conseguimos combinar esta conexão enológica Rio-Porto Alegre e vice-versa!
    Abraço, meu amigo!

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  4. Oi, Silvestre, boa pergunta.
    Realmente existem “supertoscaninhos” deste nível custando bem menos e o preço maior deste acredito depender em parte do enorme sucesso internacional. Mas também pra mim vale a pena experimentar, pois achei diferente dos outros: ele é o Chianti Classico mais bordalês que existe e ao mesmo tempo o Bordeaux mais italiano...
    Grande abraço!

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