Vinopoly

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Consumidor de vinho é burro mesmo?!

falamos deste vídeo por aqui uns meses atrás: um vinho de 14 euros dando um banho em badalados rótulos de até 1.500 euros. Explica em poucos minutos o que sempre tento dizer, por exemplo, aqui: preço não é sinônimo de qualidade (veja também a coluna Bolso Esperto).
O vídeo deu a volta mundo e se tornou um cult e quando uns amigos chamaram novamente a minha atenção a respeito, falei para eles de mais um significante detalhe que mostra a outra face da história.



O significante detalhe, apesar deste ótimo resultado e da grande divulgação, é que o Chateau Reignac não vende. O consumidor quer mesmo é pagar caro para uma garrafa de vinho.

Vou aqui contar confidencialmente uma confissão que um produtor italiano, meu amigo, uma vez me fez. Não vou obviamente revelar o nome por questões éticas, mas o que conta é o fato e garanto que é verídico.
Este produtor elaborou uns anos atrás um vinho que ganhou altas notas pela crítica internacional, fato importante mais ainda pelo seu baixo custo (cerca de 12 euros), competindo em qualidade com vinhos 2-3 vezes mais caros. Mesmo assim o vinho não vendia. Então, como o produtor precisa também por o prato na mesa, ele resolveu fazer uma jogada esperta: no ano seguinte pegou o mesmo vinho, mudou nome e desenho no rótulo e o colocou no mercado por 30,00 euros. Resultado: o vinho se tornou um best-seller, vendendo sozinho mais que os outros rótulos juntos da vinícola.
Moral da história: desonesto o produtor ou burro o consumidor?
Vocês que julguem.

10 comentários:

  1. Mario,
    Achei incrível esse video, interessantíssimo.
    Seu amigo não é desonesto, burros somos nós consumidores.
    Abs

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  2. Isso aconteceu recentemente em outro mercado, o de shampoos. A popular linha da Seda quis ganhar mercado mantendo os preços e melhorando a linha de produtos, que ganharam a assinatura de profissionais do mercado. Resultado: não mexeu nas vendas. Só quando aumentaram um pouco o preço o consumidor se mexeu. Talvez exista aquele conceito embutido na mente das pessoas, de que o barato pode sair caro, aí não se arrisca.

    No caso do vinho, não o conheço, mas talvez seja um caso parecido, com exceção da prévia imagem da marca. Seda é bem conhecida. Este vinho pode acabar sendo vítima do desconhecimento acerca dele, fazendo com que o consumidor não se arrisque a comprá-lo, por ser desconhecido e barato.

    Muita viagem? hahahaha

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  3. Rosane,
    Muito obrigado pela sua contribuição!
    Abraço!

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  4. Mario,

    Nem burro, nem desonesto... acho isso bem triste!!!

    Forte Abraço!

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  5. Lavi, não viajou não: a sua comparação com a Seda é muito pertinente.
    Obrigado pelo seu comentário.

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  6. Grande Cristiano!
    Muito obrigado pela sua visita e pelo comentário.
    Grande abraço!

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  7. Como dizia um filosofo do vinho, quase um Deus Baco - Martins - "Pago R$ 500,00 em um romanee conti chorando!!!!! " E que venham mais bolsos espertos como o Reignac!
    Abraços !!

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  8. Isso é típíco no marketing...as pessoas precisam pagar caro para perceberem o valor. Gosto dos exemplos de produtos esdruxulos..quanto mais caros mais são vendidos. Alguns carros esportivos e joalherias usam esta técnica. Não é burrice...é sensação de exclusividade neste caso.

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  9. Uhm, Cacá, eu entendi a sua visão e posso até concordar com os exemplos por vc citados, mas neste caso acho q exclusividade não seja o único fator: acredito que tenha a ver também o preconceito que vinho barato não presta e que para ser bom tem que ser caro. Mas talvez eu esteja enganado...
    Muito obrigado por visitar e comentar.
    Abraço!

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  10. Marca......As pessoas querem a marca.....Exposta, gravada, como troféu de vitória/status....
    Ninguém quer tomar um Petrus numa garrafa de Miolo..
    A construção de um produto/marca/vinho é bacana e importante, pelo que ele representa de cultura, terroir, expertise..... Mas supervalorizar isso é uma cilada. É colocar o pescoço na guilhotina (por vontade própria).
    Beber vinho é bom.... mas esnobismo é ruim.
    Numa entrevista do Luis F. Veríssimo (http://oglobo.globo.com/boa-viagem/o-melhor-de-paris-por-luis-fernando-verissimo-5153987)
    perguntaram para ele diversas coisas do que fazer/comer/beber em Paris:

    Um vinho?
    Qualquer Bordeaux de Saint-Estèphe, de preferência baratinho.

    Perfeita a resposta....
    Os produtos medalhões de vez em quando (possível).


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