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sexta-feira, 5 de junho de 2020

Badalado tinto italiano completa 50 anos de idade!


De fato a comemoração do 50º aniversário deveria ser no ano que vem, pois a primeira safra oficial do Tignanello é de 1971. Mas, na verdade em 1970 o Antinori lançou um Chianti Classico Riserva do vinhedo Tignanello, que queria simbolizar ao mesmo tempo uma redescoberta da tradição da vinícola representada pelo rótulo Villa Antinori e também uma grande evolução técnica na produção.

Ou seja, aquele Riserva de 1970 foi um ensaio do que teria se tornado o Tignanello depois, que obviamente estava já sendo preparado e provado há alguns anos. Por isso, talvez seja mais correto comemorar o meio século de idade deste badalado tinto toscano neste ano e não no próximo.

Naquele tempo, aquele Chianti Riserva era de fato o vinho mais cobiçado, verdadeiro objeto de desejo, um dos primeiros vinhos que os italianos tinham verdadeiro orgulho. Moderníssimo pela época, onde no blend de Chianti se utilizavam várias uvas, incluindo brancas*. O primeiro feito quase totalmente de Sangiovese e uma pitada de Canaiolo, e envelhecido em pipas de carvalho da Eslavônia de 250 litros. O rótulo foi realizado pelo Silvio Coppola, famosíssimo designer da época, com um projeto realmente revolucionário, tanto que, além de pequenas modificações, continua praticamente igual até hoje.

Enfim, foi um vinho “pensado”, com um projeto de marketing focado na valorização da denominação Chianti Classico, um tanto manchada pelas políticas de preços baixos que muitos industriais e engarrafadores praticavam em larga escala.

Piero Antinori percebeu que, por mais que o quanto ele e algumas outras empresas estivessem fazendo para relançar a imagem e a qualidade desses vinhos, teria sido muito difícil se opor a uma política comercial muito agressiva e a vinhos que não faziam jus à denominação. Foi o mesmo raciocínio que levou ao nascimento dos Supertoscanos (veja aqui a história e o significado).

O Tignanello começou assim, um pouco devagar, tanto que as safras seguintes de ‘72, ‘73 e ‘74 não foram produzidas (também porque foram safras um pouco fracas), e reapareceu apenas com a versão de '75, a primeira produzida com o blend que se tornou clássico, com o Cabernet Sauvignon em porcentagem de cerca de 20% ao lado da Sangiovese e com o uso, desta vez, de barricas francesas de 225 lt.

Desde então, o Tignanello se tornou um ícone dos vinhos toscanos e italianos de qualidade no mundo. Hoje é produzido em centenas de milhares de garrafas, como um grande Château de Bordeaux, e é considerado por muitos o equivalente italiano dessa categoria de vinhos. No entanto, custando um quinto dos seus diretos concorrentes franceses e um vigésimo dos rótulos de maior prestígio. A verdade é que o Tignanello é um vinho muito bom, com um preço razoável quando comparado com o nível de qualidade e confiabilidade que expressa, o que fez da Marchesi Antinori uma das marcas de vinho mais importantes do planeta.

*uvas brancas, como Malvasia e Trebbiano, ainda são permitidas pela legislação do Chianti, embora pouco utilizadas.














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