Vinopoly

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

A Toscana americanizada (e um Brunello gay)

Recentemente participei de uma degustação da renomada vinícola italiana Castello Banfi.
Prefácio: falar desta empresa para os italianos entendidos de vinho é que nem falar de Maradona pro Pelé...Acontece que a vinícola é fundada e gerenciada por americanos, que deram outra cara aos vinhos da Toscana. Se por um lado eles têm o mérito de ter dado fama aos vinhos da região, sendo os primeiros a produzir vinhos com uma cara mais “internacional” (para não dizer “novomundista”), os tradicionalistas os odeiam por eles terem começado esta tendência de vinhos italianos cada vez menos típicos e mais fáceis de beber até para quem não gosta de vinho.

A família ítalo-americana Mariani, dona desde a década de 20 de vinhedos na Califórnia e de uma importadora de vinhos italianos em Nova York, foi em 1978 que realizou o sonho de adquirir uma propriedade com vinhedos na Toscana, mais precisamente na área de Montalcino, o Castelo de Banfi. Em breve se tornou, graças também ao marketing (onde os americanos são mestres), uma das mais famosas vinícolas da Itália.

Mas vamos à degustação: provamos 5 vinhos (um branco e 4 tintos).

Centine Bianco IGT 2009: um corte de Sauvignon Blanc, Chardonnay e Pinot Grigio, com parcial maturação em madeira. Notas de fruta cítrica e pêssego, tem boa complexidade e acidez. Um belo branco, mas não chegou a empolgar. Preço médio R$65.


Centine Rosso IGT 2007: um bom supertoscaninho, corte de Sangiovese, Cabernet Sauvignon e Merlot, também com parcial passagem em barricas de carvalho. É um vinho que impressiona pelo paladar volumoso, frutado e aveludado, muito moderno, com mais cara de Napa Valley que da Toscana. De qualquer forma um belo tinto, com boa fruta silvestre, baunilha e notas tostadas, mas senti falta de acidez. Preço médio R$65.

Chianti Classico DOCG 2008: 90% Sangiovese e 10% Canaiolo. Leve, com boa acidez, muito gastronômico, curinga para qualquer prato (do peixe leve até uma carne gordurosa). Taninos muito delicados que acabaram com a tipicidade do Chianti (notório por seus taninos um tanto “rústicos”). Preço médio R$80.


Rosso di Montalcino DOC 2008: os vinhos desta denominação são considerados como os primos pobres do Brunello, como vimos aqui, por usar a mesma casta e proceder dos mesmos vinhedos do primo nobre. Este exemplar é um 100% Sangiovese Grosso, maturado por um ano em carvalho (metade em barricas pequenas e metade em grandes tonéis). Bom corpo, notas florais e terrosas e muito equilíbrio. Preço médio: R$110.


Brunello di Montalcino DOCG 2007: a denominação de origem mais famosa da região (e talvez da Itália inteira), um dos vinhos mais celebrados do mundo. 100% Sangiovese, passa dois anos em carvalho, mais um em garrafa antes da comercialização. Mas esta interpretação do Banfi deixou, em minha opinião, a desejar. Poderia dizer que é a versão gay do Brunello. Faltou corpo, textura, tanino e complexidade. Enfim, é um bom vinho, bastante elegante e equilibrado, mas não é um Brunello... Preço médio: R$240.


Resumindo, como vimos, o Castello Banfi faz uma interpretação diferenciada dos vinhos da Toscana e a minha pergunta é: então por que comprar vinhos da Toscana sem a tipicidade da Toscana? Por isso entre os rótulos degustados eu indicaria o Centine Rosso, que já nasce como vinho atípico com uvas internacionais e ainda tem uma boa relação custo/beneficio.

3 comentários:

  1. Que tudo!! Estive lá esse ano, adorei as fotos. Beijos*

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  2. Legal,
    Obrigado pela sua visita e pelo seu comentário.
    Abraço!

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  3. Baita vinicola armadilha. Bons para $$$$$, mas ruins na qualidade. Sds.

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