Vinopoly

terça-feira, 17 de março de 2015

Os 3 cultuados garage-wines do Carmelo Patti

O status do Carmelo Patti mudou em breve tempo de "perfeito desconhecido" a "lenda viva". Seus vinhos de garagem, depois de ganhar destaques no guia Descorchados (especialmente seu malbec 2007 ganhando o título de melhor tinto da Argentina, com 95 Pontos) e altas notas do Parker, se tornaram cult-wines. No recente Encontro de Vinhos no Rio de Janeiro tive modo de provar os 3 vinhos que compõem a linha desta “vinícola de autor”, e devo dizer que fiquei positivamente impressionado.

Viticultor “artesanal”, o Carmelo Patti produz em Mendoza vinhos da forma que ele aprendeu a fazer e como ele gosta, sem frescura: sem ficar focado em modismo ou em apelo comercial traz aos seus vinhos uma simplicidade e um estilo das antigas. Seus métodos de produção são bem tradicionais, com fermentação em cimento, leveduras indígenas e envelhecimento em carvalho usado. Na contramão para vinhos argentinos em geral, ele utiliza barricas de até 6º uso e prefere um longo estágio em garrafa a um em madeira, esperando pacientemente que seus vinhos cheguem no ponto certo antes de comercializá-los.

Devo admitir que antes de provar os vinhos, que iam de safra 2004 a 2007 fiquei um pouco receoso, pois imaginei que estivessem já na parte decadente da curva de evolução, mas fiquei surpreso em ver que sequer chegaram ao seu ápice e ainda tem anos de vida para frente.

Carmelo Patti Malbec 2007: quem me conhece sabe que não sou muito fã da maioria dos malbecs mendoncinos (e do estilo pesado dos vinhos argentinos em geral), mas este nem pareceu malbec, tampouco argentino! O vinho tem sim uma doçura, mas a alta acidez e os taninos abundantes, porém já amaciados, fazem o contraponto num corpo médio, para um equilíbrio geral e elegância raramente encontrada neste solo para esta casta.



Carmelo Patti Cabernet Sauvignon 2005. Embora mais antigo ele pareceu ser menos pronto devido a certa dureza de seus taninos. Folhas mortas, tabaco, azeitonas e especiarias no nariz; o grande corpo de textura terrosa repete na boca as mesmas sensações, com alta acidez e taninos um tanto rústicos. Vai melhorar ainda com algum tempo de garrafa.



Carmelo Patti Gran Assemblage 2004. Corte com predominância de Cabernet Sauvignon (47%) e o restante de Malbec, Merlot e Cabernet Franc, este seja talvez o mais sedutor dos 3 (embora eu ficaria com o Malbec) por sua textura aveludada e extrema maciez. Os 4 mostos são fermentados separadamente, mas depois maturam 1 ano em carvalho todos juntos, como se fossem um único vinho, que depois estagia em garrafa para cerca de 4 anos. A impressão geral na prova é como uma mistura dos dois acima: impressiona pela complexidade e pelo corpo sedoso, mantendo alta acidez e certa rusticidade envoltas em notas de terra e grama molhada, amoras e azeitonas.  



Enfim, vinhos argentinos diferentes, que merecem ser provados. Sobretudo se estiver cansado do estilo típico da região, com tudo lá em cima, estes rótulos vão te dar uma outra visão, que em Mendoza é possível produzir vinhos elegantes que remetem ao Velho Mundo: basta querer.

Os vinhos do Carmelo Patti são trazidos para o Brasil pela Fine Wines, com preços de R$ 169 a R$ 289.













5 comentários:

  1. Grande Mario!
    Eu sou fã dos vinhos do Sr. Carmelo, principalmente do Cabernet Sauvignon e do Assemblage. E são longevos os danados. Bebi, há uns 2-3 anos, um Cabernet de 1996 que estava uma beleza. Realmente são vinhos diferenciados. Quando vou a Argentina sempre coloco Carmelo Patti e Montchenot na mala.
    Abraços,
    Flavio

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    1. Luciano Rasera Gulin15 de julho de 2015 às 16:19

      Somos dois fãs então. E o Montchenot, que me perdoem Catena Zapata e outros produtores argentinos da moda… é o melhor vinho argentino sem sombra de dúvidas!

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  2. Grande Flavio! Bem que eu falei que dos 3 o cabernet 2005 foi o menos pronto e que tem ainda bastante vida pela frente, mas 1996??? Nem imaginaria que pudesse ser tão longevo! Claro que depende das safras, mas bom saber! Os vinhos são bons mesmo, mas no ultimo ano o preço quase dobrou. Particularmente acho o assemblage um pouco over-price, problema de sempre...
    Grande abraço!

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  3. Mario,
    Como estavam os preços dos vinhos no encontro? Era vantajoso para "abastecer a adega"? Tive um contratempo e infelizmente, apesar de estar com o ingresso comprado, não pude estar presente. Abs

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    1. Tinha até uns descontos interessantes, mas nada para realmente encher a adega...

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