Vinopoly

sexta-feira, 13 de março de 2015

Belíssima degustação de Bordeaux (com um grande intruso!)


Os encontros improvisados com os amigos são aqueles que dão mais certo (em puro estilo jazzístico). Em meia hora nos reunimos, cada um levando um vinho e engraçado que, mesmo sem termos definido um tema, acabamos todos levando vinho francês (talvez porque o nosso anfitrião tinha acabado de chegar de Paris). Foi quase uma temática exclusivamente bordalês, com exceção de um branco da Alsácia. Repare o que conseguimos:

- Hunawihr Riesling Grand Cru Rosacker 2011 (Grand Cru de Alsace): um branco fenomenal. Paleta aromática complexa que vai de limão a pêssego, passando por casca de laranja e pêra, mais aquela nota de petróleo típica da casta. A boca confirma as mesmas sensações, com toques minerais e acidez espetacular.




- Château Le Mont d’Or 2006 (Saint-Emilion AOC). Produzido por Lavandier, é um pequeno chateau que faz parte do catálogo do Jean Pierre Moueix, o mesmo negociant do Pétrus. Merlot em predominância, não é feito para guarda, portanto já mostrou maturidade, com os terciários em evidência (couro e tabaco principalmente) e taninos bem amaciados.




-  La Bastide Dauzac 2005 (Margaux AOC): não precisa gastar palavras sobre Margaux, sendo pra mim a mais elegantes denominação de Médoc. Este, de safra histórica, mostrou todas as características do estilo, com fruta vermelha e grama molhada, paladar fino e aveludado, alta acidez, taninos numerosos e polidos. Produzido pela badalada família Lurton.





- Château Lafon-Rochet 2008 (Grand Cru Classé Saint Estèphe) : já avaliei este vinho da mesma safra excepcional de 2005 (veja aqui), sem dúvida uma das melhores compras dentro dos grands crus de Saint Estephe, pois fica na divisa com Pauillac, puxando um pouco do terroir do vizinho Lafite e do outro lado tem os vinhedos do Cós d’Estournel , considerado o melhor da appellation. Fumaça, alcaçuz, nozes, com notas terrosas e taninos firmes. Um clássico.


- Château Pape Clement 2009 (Grand Cru Classé Graves). O mais emblemático vinho do renomeado Bernard Magrez, naquela que os críticos consideram a safra de todas as safras em Bordeaux. De todo o painel este foi o mais suculento e rico em fruta. Extraído e concentrado entregou cerejas, uva passa, chocolate e baunilha. Potente.



- Château Montrose 2005 (Grand Cru Classé Saint Estephe). De acordo com os amigos foi o melhor tinto da noite, e não apenas porque foi o que eu levei ehehe. Talvez por reunir um pouco de todas as características dos outros, juntas: 2° grand cru classé de milésimo histórico, aberto talvez no auge, mostrou ainda boa fruta, mas também notas de evolução (destaque aromático para cassis, amoras, azeitona preta, café e tabaco). Elegante e fino, mas sem deixar de lado a potencia, ficou até o longo final em perfeito equilíbrio entre a riqueza e a austeridade que dividem os estilos de Bordeaux.



- Château d’Yquem 1996 (Premier Cru Supérieu Sauterne). Uma noite desta não podia ser finalizada senão com um grande vinho de sobremesa, no caso o mais emblemático de todos. Tendo que ser chato devo dizer que o achei um pouco inferior ao de 1997 já provado (veja aqui), mas é como querer discutir sobre caviar de beluga ou de salmão: é caviar, caramba! Complexidade de sobra: damasco, mel, amêndoa, caramelo, algodão doce, laranja, lichia, banana e figo, com notas minerais. Doçura perfeitamente balanceada pela alta acidez e um final deliciosamente longo.






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