Dando continuidade ao discurso sobre a classificação de cru
da França, hoje falamos da região onde esta palavra faz mais sentido que em
outras:
Borgonha
Os monges viticultores dos mosteiros de Citeaux, Cluny, Bèze
e muitos outros, inventaram entre o século VII e XII os “grands crus” Clos de
Bèze, Clos de Vougeot, Clos de Tart, etc. implantando vinhedos em áreas mais
adequadas para a cultivação da videira. Eles introduziram o conceito de
"cru" para definir as melhores parcelas dos vinhedos, e desenharam
seus limites, construindo de fato fronteiras com muros, dentro de perímetros
que continuam os mesmos até hoje ("clos").
Neste período se definiu a identidade do território (o
terroir): os vários vinhedos foram classificados de forma natural, de acordo
com a qualidade da terra, e a maioria das denominações permaneceram inalteradas
até hoje.
Ficou logo claro que uma faixa intermediária daquelas
colinas era o lugar mais privilegiado para a melhor qualidade das uvas, que não
conseguem ser tão expressivas em terrenos mais baixos ou mais altos.
Este mix incrível e único de características, tais como solo,
altitude, luz e outras peculiaridades daquele micro-terroir, faz que pequenas
variações se transformem em grandíssimas diferenças, pois, acredite, a mesma
uva dá resultados bem diferentes se colhida apenas a poucos metros de
distância.
Por este motivo na Borgonha o cru é realmente o grande
protagonista: absolutamente rígido ao longo do tempo, não cresce, não se expande,
pode pertencer a vários proprietários ou fragmentado, mas o cru é apenas aquele
vinhedo especial que produz grandes vinhos.
A legislação que define produção e delimitação dos vinhedos - portanto
também dos crus - da Borgonha foi criada em 1930 e depositada no Tribunal de
Dijon, já a instituição que supervisiona a produção é o INAO
(Institut National des denominações d'Origine).
Quanto aos crus, na Borgonha são 635 premier cru (em 28 municípios diferentes que representam
aproximadamente 10% da produção) e 33
grand cru (em 13 municípios diferentes, equivalente a pouco mais de 1% da
produção).
Fique ligado, em breve: os crus de Champagne, Alsácia e
Rhone.
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