Vinopoly

domingo, 26 de abril de 2015

Mais 2 belos vinhos laranja: Brasil x Itália. Confira!

Os vinhos laranja estão na moda, thanks God. Mas apesar de ser uma “tendência” recente, a verdade é que a técnica é tão antiga quanto a história do vinho, caindo gradualmente em desuso e quase extinta. Somente a audácia de alguns corajosos produtores conseguiu mostrar que ainda é possível vinificar da mesma forma que os antigos romanos, causando uma revolução no enomundo. Talvez seja mais correto falar em involução, pois se estaria voltando atrás, mas em sentido positivo, e o fato que produzir vinho de forma natural seja hoje considerado algo audacioso é motivo para refletirmos...

Mas afinal o que são estes benditos vinhos laranja? Basicamente são vinhos brancos que devido a longa maceração e fermentação com as cascas acabam ganhando cor, que pode ir de um amarelo intenso até um laranja escuro, ou âmbar, lembrando até vinhos de sobremesa tipo passito. A técnica foi re-introduzida lá onde nasceu, na Itália, na década de 1990 e hoje faz sucesso mundo afora. O paladino mundial deste estilo é o renomeado e polêmico Josko Gravner (veja aqui seu vinho mais emblemático) que fermenta o vinho exatamente como os romanos, em ânforas de barro. Alguns produtores são menos radicais utilizando carvalho, cimento, pedras, mas é imprescindível o longo contato com as casca, que dá ao vinho (além de cor) corpo e complexidade dificilmente reproduzíveis com métodos convencionais.

Seja dito que não é um estilo fácil de gostar para quem não esta acostumado, é do tipo ame o odeie, mas se amar é algo que vai te levar para o next level.

Recentemente tive a oportunidade de provar na mesma noite 2 belos exemplares: um brasileiro e um italiano. Vamos ver no que deu.

- Domínio Vicari Riesling Itálico 2009 
 Lizete Vicari é a porta-bandeira de vinhos naturais no Brasil, recusando qualquer tipo de intervenção química ou artificial (veja também aqui). O Riesling Itálico 2009 é considerado como talvez o melhor e mais icônico da história da vinícola. Com longa maceração e fermentação com as cascas, é um vinho branco nada convencional. Talvez entre os outros vinhos em estilo orange que tenho provado este foi o que mais me remeteu ao Gravner (claro, com as devidas proporções): cor quase âmbar e os aromas de laranja da terra, pêssego, tâmara, amêndoa com acidez deliciosa. Dava para sentir nitidamente os taninos que misturados a uma bela sapidez tornam o vinho bem diferente.



Skerk Vistovska 2011
Skerk é um produtor natural do Friuli, região ao nordeste da Itália na fronteira com a Eslovênia, mesmo terroir do mestre Gravner. A Vitovska é uma casta branca autóctone que resiste ao forte vento da região e a estiagem. Este 2011 faz uma maceração com as cascas de 30 dias e sucessivamente madura em grandes tonéis de carvalho por 1 ano. Este exemplar é bem delicado, apesar da boa complexidade: cor dourada intensa, e aromas florais  “gentis”, com notas de açúcar queimado, manteiga, castanhas e folhas mortas.



Para quem não conhece o estilo laranja diria que esta garrafa pode ser uma boa iniciação ao gênero, pois tem as características típicas, mas numa maneira mais "light", conservando ainda um lado mais conformista, num justo equilíbrio entre os dois modelos. Já o primeiro seja talvez um pouco mais "radical" e indicado para quem já curte orange wine.

Quem ganhou? Ninguém, obviamente. São duas interpretações do mesmo estilo, quem ganhou fomos nós que os provamos!

-Os vinhos da Domínio Vicari estão disponíveis para compra diretamente no site da vinícola (embora a Lizete nos confessou que não tem mais esta garrafa disponível).

-Os vinhos da Skerk estão disponíveis para compra no site da importadora Enoeventos.



2 comentários:

  1. Excelente postagem, Mário. Dois ótimos vinho! Por isso que você é o melhor que nós temos.
    Tom Meirelles

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  2. Haha, vc que é Tom! Inclusive sem vc este post falaria de apenas 1 vinho ;-)

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