Época de Natal e fim de ano automaticamente remete a Champagne,
pois não existe momento mais propício para presentear (a si mesmo ou a outros)
com uma bela garrafa de borbulhas francesas. Mas se orientar entre as siglas
dos rótulos de Champagne nem sempre é tarefa simples, porém fundamental para
entender a grande complexidade atrás desta magnífica região de 300 milhões de
exemplares (quase todos prestigiados) que a cada ano invadem as prateleiras do
mundo.
Primeiramente, se você ainda não leio, de uma olhada neste
post "20 coisas para o cervejeiro saber sobre Champagne" para entender as dinâmicas
e os princípios básicos da denominação.
Dito isto, tenha em mente que falamos de uma região onde 90%
dos vinhedos são cultivados por 27mil vigneron,
sendo 13mil fornecedores de uva a terceiros e 4.500 sendo também produtores;
ainda tem as cooperativas, compostas por quase 14mil viticultores. Os cerca
de 3500 hectare s
que faltam são divididos entre 350 entidades, grandes maisons e negociants, que
de qualquer forma sozinhos detêm 75% do mercado. Um belo quebra-cabeça!
Para esclarecer um pouco a intricada questão, a legislação
atribuiu para cada produtor uma sigla que qualifica o trabalho e o tipo de
produção: umas iniciais impressas no rótulo ou no contra-rótulo, algo similar a
escrita “engarrafado na propriedade” que encontramos nos tradicionais
rótulos ou rolhas de vinho tranqüilo.
Garanto que não é tarefa fácil, mas para facilitar sua vida
na hora de escolher um Champagne para suas compras de Natal o MondoVinho mais
uma vez vem em seu socorro, com este prático guia. Ou vai querer pagar mico igual
os supostos “entendidos” que doam uma garrafa de Champagne de supermercado
passando-a como uma pérola numerada de um pequeno produtor artesanal que
encontrou na França? Vamos lá.
NM: Négociant Manipulant.
Produtor individual ou empresa que compra as uvas, o mosto ou o vinho para
produzir Champagne na própria vinícola e comercializa-lo com o próprio rótulo.
Todas as grandes maison pertencem a esta categoria, como as do grupo LVMH,
Pommey, Piper Heidsieck, Lanson. Lembre-se: em Champagne se fazem grandes
produtos também apenas comprando as uvas (basta procurar e pagar bem) e nem
todos os produtores tem a mesma percentagem entre uvas própria e uvas
compradas. Por exemplo, Louis Roederer produz com 70% de uvas proprías, já Moet
et Chandon, Pommery e Lanson, com muito menos.
RM: Récoltant Manipulant.
Viticultor que produz e comercializa Champagne com o próprio rótulo a
partir de uvas procedentes exclusivamente de vinhedos próprios e elaboradas na
própria vinícola. Fenômeno comercial relativamente recente são hoje os
preferidos pela crítica moderna e alternativa. Ao contrário do que se pensa, em
Champagne a maioria dos hectares pertence justamente aos cultivadores, que porém
só em poucos casos tem força econômica e comercial para vinificar e engarrafar
autonomamente. Quando eles conseguem podemos encontrar pequenas obras primas,
sinceras expressões do terroir. Mas também podemos encontrar vinhos não perfeitos.
Alguns nomes: Selosse, Fallet Prevostat, Gaston Chichet, Georges Laval. Muitos
apresentam no rótulo a marca “Les Champagnes de Vignerons”
CM: Coopérative
de Manipulation. Cooperativa vinícola que comercializa Champagne elaborado
em vinícolas cooperativas com as uvas dos associados. Neste caso as CM podem
contar com milhares de hectares e associados. Bom exemplos que conjugam
qualidade e quantidade: Paul Goerg, Beaumont de Crayères, Union Auboise.
RC: Récoltant-Coopérateur:
O ponto de partida é o mesmo do anterior, mas no caso, o Récoltant-Coopérateur
recupera a parte de Champagne que a cooperativa produziu e engarrafou para ele
e o comercializa com a própria marca. Um exemplo é a cooperativa Mailly Grand
Cru: dentro dela trabalham 4 récoltant-coopérateur que engarrafam com o proprio
nome 22mil das 500mil garrafas produzidas por Mailly.
SR: Société de
Récoltants: é como uma CM, mas neste casos os associados pertencem a uma
mesma família.
ND: Négociant Distributeur.
Distribuidor que compra Champagne já engarrafado e o rótula e comercializa com a própria marca. Obviamente, nenhum grande nome aceita este tipo de negócio.
MA: Marque Auxiliaire
(ou marque d’acheteur). Parecido com o esquema anterior mais em maior
escala. Trata-se de Champagne produzido por vários produtores, mas comercializado com uma
marca que não pertence a nenhum deles, por exemplo, a de uma grande rede de
supermercados. É a tipologia mais comercial, apesar de oferecer às vezes umas
boas barganhas em termos de qualidade/preço.
AP: Acheteur Parfaite.
Comprador Perfeito. Este é você agora, depois de ter lido esta matéria. ;-) Espero ter ajudado, boas compras!
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