Recentemente participei do “Circuito Brasileiro de Degustação” evento itinerante (aconteceu em Porto Alegre , São Paulo e Rio de Janeiro) promovido pela Ibravin, apresentando 25 vinícolas nacionais e seus vinhos.
Aqui o lugar foi sugestivo: o Iate Clube do Rio de Janeiro. A organização um pouco menos: quase não tinha nada para acompanhar e faltando ainda meia hora para encerrar o evento já não tinha mais vinho para degustar.
De qualquer forma foi uma noite agradável na qual pude experimentar uns vinhos novos pra mim. O amigo Rodrigo (que me convidou e que agradeço publicamente aqui) achava que eu não gostasse de vinho brasileiro, mas não é bem assim. O subtítulo do blog (“vinhos gringo com olhar de gringo”) tem dupla explicação:
1) Sendo estrangeiro tenho mais conhecimento e identificação com vinho estrangeiro.
2) Como já falei várias vezes, não acho o vinho brasileiro competitivo em matéria de preços. Ou seja: acho os vinhos nacionais bons, mas de uma maneira geral caros em relação à qualidade oferecida, sobretudo se comparados aos demais importados. Esta impressão foi de qualquer forma confirmada ao longo desta degustação, mas tive algumas agradáveis surpresas.
A parte os velhos conhecidos como Miolo, Salton, Aurora, Dal Pizzol, Pericó, Don Laurindo, quis experimentar coisas novas pra mim (com a ajuda do Rodrigo, que conhecia praticamente tudo).
A maior surpresa foi um vinho vindo de Minas Gerais (sim, leram bem, não é um erro, Minas Gerais mesmo!): pioneira no Estado para vinhos premium a vinicola Estrada Real produz um ótimo Syrah, na sua primeira safra de 2010, chamado “Primeira Estrada”, de boa complexidade e profundidade, mas com o problema acima citado: custando cerca de R$75,00 é um pouco overpriced pela qualidade oferecida.
Gostei bastante de uns Tannats, como o do Antonio Dias e do Campos de Cima, vinícolas boutique do Rio Grande do Sul, vinhos simples, mas com boa expressão e tipicidade e vocação gastronômica (cerca de R$50 cada).
Outra vinícola que curti muito foi a Dom Cândido , do Vale dos Vinhedos: seu Marselan "4ª Geração" e seu Merlot "Documento" são simplesmente deliciosos (R$ 35 - 48).
Outro Marselan (cruzamento de Cabernet Sauvignon com Grenache) bem interessante foi o 2009 da Viapiana: ainda não foi lançado e por enquanto continua descansando em barrica, mas pela prova que foi trazida já tem um ótimo nível de maturação.
Entre os brancos, good job da Dunamis: provei o “Ser” (Sauvignon com Chardonnay, R$28), bastante fresco e aromático e um interessante Pinot Grigio ainda em fase de elaboração.
Mas em termos do famoso “custo/beneficio” o ganhador absoluto da noite foi um tinto da Vinícola Ducos: holding com vinícolas na Itália e França implantou no Vale de São Francisco seu projeto verde-amarelo. Seu Petit Verdot, o único do Brasil, é muito equilibrado, tem estrutura, boa fruta e taninos redondos. Pela bagatela de R$22,00 é praticamente imperdível.
O Brasil tem muito mais competitividade no Espumante.
ResponderExcluirPara você ter idéia outro dia um amigo de um fundo de investimento veio conversar comigo pois estava pensando em investir no mercado e lhe haviam sido apresentadas algumas opções. Ao conversamos ficou muito claro que um vínicola sem autoclave no RS é bem pouco competitiva, isso sem falar que o pessoal da região tem investido em operações fora do Brasil.
Dias depois ele me ligou para dizer que ao fazer as contas eu tinha razão. Então infelizmente mesmo com os altos preços não é fácil ganhar $$$ produzindo vinho no Brasil.
Abraço
Denys Roman
www.facebook.com/denys.roman
Denys,
ResponderExcluirConcordo, já falei por aqui que o espumante Brasileiro alcançou nível internacional e preços interessantes.
Quanto aos vinhos tranqüilos eu entendo os altos custos, mas tem muito a ver também a ganância. Como vc explica um Merlot custando R$120 e outro, de qualidade similar, mas de outra vinícola custando R$40? E paradoxalmente os mais caros são dos maiores produtores, que, teoricamente, deveriam conseguir baixar os preços na base do alto volume de produção...
O mesmo discurso vale com as importadoras, o spread de diferença de preços entre uma e outra supera o 300%, como isso é possível?
Então, verdade, o Brasil é caro e questão dos impostos é desesperadora, mas eu nao daria a culpa só aos impostos...
Obrigado pelo seu comentário, grande abraço!
Onde compro esses vinhos pelo melhor preço.
ResponderExcluirobrigado
josé afonso
José, boa parte dos vinhos que comentei aqui são difíceis de encontrar, pois são produzidos em pequena escala e praticamente não tem distribuição. A coisa melhor é contatar diretamente as vinícolas, sugiro pelos sites, e encomendar (a preço de custo).
ResponderExcluirObrigado pela sua visita.