Vinopoly

domingo, 22 de julho de 2018

A elegância de Philippe Pacalet


Olhando a foto ao lado, este homem não é exatamente sinônimo de elegância, mas felizmente seus vinhos são. Confesso que minha primeira experiência com Philippe Pacalet, há cerca de 10 anos atrás, não foi entusiasmante. A garrafa em questão era um Puligny-Montrachet, gentilmente oferecida pelo amigo Rodrigo Santos, e lembro que não nos deixou particularmente impressionados. Um bom vinho, claro, mas o achamos apenas correto e nada para arrancar os suspiros que esperávamos.

Não sei dizer se foi uma garrafa não sortuda, uma safra pouco convincente, uma harmonização pouco acertada, ou talvez, porque não, o nosso paladar estava em outro estágio (afinal ele também evolui - ou pelo menos se espera), mas fato é que ao longo dos anos a seguir tive a oportunidade de provar mais vinhos de Pacalet em diversas ocasiões e achei todos de uma pureza espetacular: revendo as minhas avaliações no Vivino de seus vários Pommard, Nuits-Saint-Georges, Mersault, Gevrey-Chambertin, Chambolle-Musigny de diferentes safras, a minha nota mais baixa é de 4 estrelas...

Philippe Pacalet faz parte da nova geração de vignerons “naturais” da Borgonha (tem pouco mais de 40 anos). Depois dos estudos em enologia, com especialização em leveduras indígenas por 10 anos foi diretor do Domaine Pieuré Roch, do coproprietário do Romanée-Conti. Depois desta importante experiência resolveu fundar sua própria vinícola: hoje produz 50mil garrafas por ano, procedentes de cerca de 10 hectares de vinhedos, alguns alugados, outros próprios, dentro de algumas das mais prestigiadas denominações borgonhesas. As vinhas são conduzidas de maneira biodinâmica e não faz uso de sulfito em nenhum momento.

Durante o curso WSET nível 3 que fiz recentemente em Milão, uma das garrafas mais marcantes ás cegas foi um Premier Cru do Pacalet e mais uma vez pude comprovar a alta qualidade deste produtor:

Philippe Pacalet Beaune 1er Cru Les Perrières 2014

A pinot noir aqui dá mais um show de elegância, pureza e genuinidade indiscutível: muito pronunciado no nariz de cerejas, rosas, ameixas, grama cortada, hortelã. Na boca ressalta uma alta acidez, balanceada por taninos macios de boa intensidade, muita fruta silvestre com adição de pedras molhadas, pele de salame, defumado, folhas de eucalipto, e uma leve nota oxidativa, vindo dos 16 meses de estágio em madeira. Lindo.


Leia também:







0 comentários:

Postar um comentário

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...