domingo, 29 de janeiro de 2012

Mesa de degustação ao ar livre (simples e genial)


Idéia tão simples quanto engenhosa: uma mesa de degustação ao ar livre, com um tanque central embutido para conter e manter as garrafas na temperatura certa, no gelo. Esta na foto fica na vinícola californiana Medlock Ames e entre inúmeras criações estranhas criadas por arquitetos de vinícolas estas parece agradável e funcional e nem tão difícil de fazer.

Fica a dica para as vinícolas e, why not, até para uso particular (talvez de tamanho um pouco menor), para suas festas e churrascos ao ar livre.



sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Aumente seu charme com as unhas ao merlot!



A merlot manicure é a nova fronteira da beleza nos Estados Unidos. Cara leitora, você não é uma verdadeira eno-esnobe (não quis dizer eno-chata, tá?) se não tiver as unhas artificiais com aromas de Merlot Rosé da vinícola Gallo Family. Basta “vestir” as unhas e dar uma esfregada nos momentos tópicos e os homens cairão aos seus pés, graças às fragrâncias de ameixa e mirtilo, típicos da própria uva merlot. Efeito garantido para somente U$5,95.

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Não deixe a sua bunda ficar assim! (foto esclarecedora)


Mais uma polêmica envolvendo os “vinho-naturistas”. Desta vez um casal de distribuidores de vinhos orgânicos, em uma entrevista no TheDrink Business, afirmou que beber vinho “bio” prejudicaria a possibilidade de voltar atrás: o bebedor eno-naturista sofreria demais com a retomada de vinho industrial e tal sofrimento se manifestaria de várias formas desagradáveis, entre elas erupções cutâneas, devidas aos “temidos” sulfitos.
O conhecido blogueiro americano Tom Wark, ligado à indústria e mercado de vinho californiano, não apreciou a matéria e quis polemizar em seu blog. Daí a foto provocadora.
A questão não envolve somente a química no vinho, mas também considerações de tipo ideológico e político: “Os vinhos naturais são um pouco como as obras de Karl Marx: não destinados para as massas”.
 Sociologia e polêmica a parte, é fato que existe uma tendência mundial para um consumo mais saudável e sustentável e obviamente os grandes produtores não ficam felizes com isto.
Acredito que todos nós, podendo escolher, ficaríamos com um produto mais natural, mas, por outro lado, temos que admitir que uns vinhos orgânicos e biodinâmicos são literalmente intragáveis. O problema, a meu ver, não está no uso da química, mas na quantidade, que nunca é declarada no rótulo.
O que vocês acham?

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Vem aí a pílula anti-ressaca!

Um comprimido da sobriedade, capaz de limitar os efeitos de uma ressaca: é o que uns pesquisadores da University of California afirmam ter encontrado, cavando nos segredos da medicina chinesa para obter uma molécula “milagrosa”.

Chamada Dhm, a molécula é derivada de um extrato da planta Hovenia Dulcis, uma grande árvore asiática cujos efeitos benéficos os chineses conhecem há mais de 5 séculos.


O estudo, publicado no Journal of Neuroscience, demonstrou que a molécula age como um escudo contra a intoxicação alcoólica do cérebro. Isso pelo menos com os sempre inocentes ratinhos de laboratório. Os cientistas injetaram nos coitados bichinhos uma dose de álcool comparável a 15-20 cervejas em duas horas para um ser humano. O teste decisivo foi ver quanto tempo os ratos demoravam para se levantar. Sem a injeção de Dhm foram necessários cerca de 70 minutos para os ratos começarem a recuperar coordenação, já com a molécula no sangue bastaram 5 minutos para ficar de qualquer modo sóbrios.

Vamos ver se realmente vai ser desenvolvida um remédio anti-ressaca, pois um estudo anterior foi abandonado por causa dos fortes efeitos colaterais, como ânsia e convulsões entre outros. Mas pra mim o pior efeito colateral possível seria o encorajamento às pessoas beberem demais, confortadas da convicção de poder controlar as conseqüências.
O único remédio, meus caros, chama-se moderação.

Fique treinando com estas dicas.

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

94 pontos (Parker) para um vinho de R$ 40,00???

Já vimos o “sistema” que o Jay Miller, ex-colaborador do querido Robert Parker, usava para avaliar os vinhos pela Wine Advocate. A dúvida a respeito da ética do Parker ficou insinuada e nada nos impede de pensar, até prova contrária, que o próprio patrão agia da mesma forma. Isto explicaria pelo menos esta nota estrondosa dada para o Château Pesquié Lês Terrases 2010.
Mr Parker in person (é ele que cuida das avaliações do vale do Rhône) deu 94 pontos para este rótulo, que custa no Brasil entorno de R$50.
Obviamente cético, quando encontrei o vinho em uma promoção, por R$40,00, quis fazer a prova, e não é que o Bobby mais uma vez não me desmentiu? Só pode ser piada mesmo!
94 é uma nota que normalmente os críticos (Parker incluído) reservam para grandes vinhos, classificados como “outstanding”. Não que um vinho barato não possa alcançar altas pontuações, simplesmente não é este o caso.
Vejam bem, os vinhos da Côtes du Ventoux (região sudeste do Rhône) costumam geralmente ter um bom custo-beneficio e o Lês Terrases não foge da regra. Corte de vinhas velhas de Grenache (60 anos) e Syrah (30 anos), 35% maturado em barricas por cerca de 1 ano. Os aromas não são particularmente impressionantes, mas na boca tem uma boa estrutura e discreta complexidade, com notas terrosas lembrando um Bordeaux e umas especiarias típicas da syrah. Acidez boa, taninos finos e final meio tímido.
Enfim, certamente um bom vinho, que até vale mais do que custa (e talvez com mais tempo de garrafa melhore ainda), mas, caro Robertinho, vamos deixar altas notas para grandes vinhos mesmo, tá?

Voto gringo: 7
  
VinhoTerrases 
Safra: 2010
Produtor: Château Pesquié (Famille Chaudiere)
País: França
Região: Rhone
Uvas: Grenache (70%), Syrah (30%)
Teor Alcoólico: 14%
Importadora: Nova Fazendinha
Custo médio: R$ 47,00
Notas: RP94
  

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Problemas com o icewine

Tempos difíceis para os produtores de icewine (vinho de sobremesa obtido com o congelamento das uvas) de todos os Países do norte: tanto na América como na Europa, as temperaturas dos dias de pré-colheita ficaram bem acima da média sazonal. De acordo com o Wall Street Journal, os Estados Unidos e o Canadá têm calculado uma queda de produção de 40%, o que vai fazer aumentar ainda mais o preço deste vinho já raro. Conforme a legislação federal dos EUA para poder usar a palavra “ice” no rótulo é necessário que as uvas, pouco antes da colheita, tenham passados por um congelamento total ou parcial, de preferência aos -17 graus Celsius.

Aqui no Brasil temos um exemplar de icewine (da vinícola Pericó, mas que ainda não tive a oportunidade de provar), colhido com temperaturas entre -6°C e -11°C. Como vai ser a próxima safra? Com o clima louco deste jeito não ficaria surpreso se ficasse mais gelado no Sul do Brasil que na América no Norte.

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Noites de Cinevinho

Chega de balde de pipoca e refrigerante de dois litros no cinema, já vimos que umas salas por aqui estão oferecendo (“oferecendo” è um eufemismo, pois o preço è bem caro) vinhos durante a sessão. O nosso amigo cineasta/sommelier/escritor Jonathan Nossiter (autor do celebrado Mondovino, que inspirou o título deste blog) foi além e deu vida a uma iniciativa bem interessante: “Serate di Cinevino”. A fórmula è simples, então genial: associar a projeção de um filme a um vinho colocado em degustação e depois abrir um debate com o diretor do filme e com o produtor do vinho convidados para a ocasião. Por enquanto o evento acontece em Bolonha (Itália) e começa logo hoje, com a projeção do último filme do próprio Nossiter “Rio Sex Comedy”, gravado aqui no Rio, com Charlotte Rampling, Bill Pullman e a participação do Jean-Marc Roulot, produtor da Borgonha, que vai trazer para sala o seu estratosférico Mersault.
Será que vai ser possível reproduzir uma sessão destas por aqui também?

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Inacreditável: garrafa de champagne “previu” naufrágio do navio na Itália!

Não é verdade, mas eu acredito” è um famoso lema italiano sobre superstição.
Vocês sabem que a tradição marítima requer que uma garrafa de champagne seja jogada na proa do navio no dia de sua inauguração: se quebrar, beleza; se não, isso è claro sinal de azar pelo navio em questão. Isso è levado bastante a sério, pelo menos no mundo marinheiro. Superstição excessiva? Bem, tente imaginar o que aconteceu com a garrafa no dia de inauguração do Costa Concordia, tristemente naufragado uns dias atrás nos mares da Toscana...Não quer imaginar? Então talvez a visão do vídeo abaixo vai te ajudar. As vozes de fundo gritando “noooo!!!” dão uma noção da “seriedade” do assunto...
Vou ter que mudar o lema em “Não acredito, mas é verdade”...
Maldito champagne.

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Tudo o que você sabe sobre os efeitos benéficos do vinho é falso

Coração, fígado, cérebro, mama, memória, sexo, circulação sanguínea, digestão...: quantas outras palavras vou ter que cancelar depois de descobrir que um cientista americano falsificava as pesquisas sobre os efeitos benéficos do vinho? O assassino da minha (pouca) fé na ciência tem um nome e um cargo de arrepiar: Dr. Dipak Das, diretor do centro de pesquisa cardiovascular na Universidade de Connecticut. Autor de dezenas de artigos sobre os efeitos milgarosos do vinho. Uma investigaçao interna da Universidade revelou que 26 destas matérias, publicadas em onze revistas cientificas, foram fortemente manipuladas e a maioria dos estudos incriminados sao relativos aos efeitos do famoso resveratrol, substância presente nas cascas das uvas.

Não pense, caro leitor, que os resultados das pesquisas foram “direcionadas” pelo lobby dos produtores de vinho. Atrás disso tem um giro de dinheiro mais milionário ainda, ou seja o das companhias farmacêuticas, que se apressaram a colocar no mercado toneladas de resveratrol em pílulas.  

Antes de desistir de todas as nossas precedentes convicções, temos porém que lembrar que o Dr. Das não foi o único a ressaltar a bondade do produto: dezenas de cientistas no mundo inteiro juram que o resveratrol é realmente a panacéia para todos os males. Então continue bebendo sem medo (mas sempre com moderaçao!). E se até todas as pesquisas foram "compradas", paciência, isso não interfere conosco: como já disse em outra ocasião, a gente não bebe vinho por causa dos efeitos sobre a saúde, mas porque é bom!

domingo, 15 de janeiro de 2012

O mapa dos sonhos

Oito hectares para sonhar. 8ha e não um a mais que produzem a cada ano míseras 47mil garrafas do vinho branco mais famoso do mundo. Estamos falando da Appellation de origine contrôléeMontrachet” na Côte de Beaune, Borgonha. Nestes vinhedos, temos talvez a máxima expressão da uva Chardonnay (talvez possamos cancelar o “talvez”!).

Os oito hectares pertencem a um punhado de proprietários, entre eles o mais famoso é o Domaine de la Romanée-Conti, que produz mais o menos um 3mil garrafas. Dezoito em total são os sortudos que possuem um dos crus mais cobiçados do planeta e, se quiser invejá-los, basta somente ira para esta página, acariciar com o mouse (gentilmente, por favor) os pequenos lotes de terreno e na caixa em alto da tela vão aparecer, magicamente, os nomes dos “coitados”...
Achei muito legal, e na verdade deveria ser feito algo similar também para os outros crus borgonheses. 
Sonhar não custa nada com a internet, mas tomar um deste chardonnays de conto de fadas vai lhe custar uns R$ 5.000 a garrafa, no caso, por exemplo, do DRC. Isso diretamente no local. Já se quiser comprar aqui no Brasil, a dica é começar a colocar a placa “Vende-se” no seu carro ou no seu imóvel.

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Bolso Esperto de primeira!

Este vinho foi trazido pelo amigo Alexandre em ocasião do nosso último “Encontro Harmonizado” e surpreendeu todo mundo, dando um banho em vinhos que custavam o dobro (se lembra do que eu sempre digo? Preço não é sinônimo de qualidade).

Anotem o nome: Quinta do Ventozelo - Douro D.O.C. Tinto

A Quinta é uma das mais antigas do Douro e produz, previsivelmente, também Vinho do Porto. Este Douro DOC é um corte de Touriga Nacional, Touriga Franca e Tinta Roriz com passagem em madeira de 6 meses.
Impressionante: é a primeira palavra que vem à mente, sobretudo considerando o preço. Degustamos um de safra 2004 e, apesar da casa sugerir o consumo entre 5 anos, estava ainda muito bom, começando apenas a mostrar umas leves notas de evolução na cor (também deixou bastante borra no final). Mas no nariz e no paladar continuava firme e forte. Aromas sedutores de fruta em compota, cerejas com notas de tâmara e fruta seca em geral. Na boca bastante volume, textura muito sedosa, taninos doces e um final agradável, de médio comprimento.

Se tivesse que achar um defeito seria o mesmo que encontro em quase todos os vinhos do Douro, ou seja, a super-extração e concentração que já se tornou marco da região. Esta densidade, que para muitos é uma nota positiva, pra mim, junto com a acidez abaixo do desejado, torna o vinho um pouco enjoativo ao longo de uma garrafa.
Mas, sinceramente, pelo preço de R$39,00 não posso reclamar e tenho certeza que colocado às cegas, ganharia de muitos rótulos bem mais famosos.

Voto gringo: 7 ½

Vinho: Douro D.O.C. Tinto
Safra: 2004
Produtor: Quinta do Ventozelo
País: Portugal
Região: Douro
Uvas: Touriga Naciona, Touriga Franca e Tinta Roriz
Teor Alcoólico: 13%
Importadora: Barrinhas
Custo médio: R$ 39,00
Notas: 93 Wine & Spirits; 88 Wine Spectator 

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Esta é “para inglês beber”...

Já ouviu falar em “Janopause”? Em inglês é a mixtura de January + pause. Ou seja, a pausa de Janeiro. O que é isso? É um costume britânico para começar o ano se abstendo de beber qualquer tipo de bebida alcoólica. A idéia é de dar ao fígado um período de desintoxicação e a possibilidade de se recuperar dos excessos das festas de fim de ano.
Tsk...Tsk..no meu caso (e na minha casa) esta teoria não tem como dar certo e não vai rolar de jeito nenhum!
Ainda bem que tenho o conforto da ciência: de acordo com a British Liver Trust, a Janopause acima citada, além de ser inútil (o fígado não funciona desta maneira) é até perigosa, pois aumenta a ilusão que o fígado possa se regenerar e estar pronto a enfrentar mais 11 meses de excessos.
Segue então a minha dica (em uma única palavra) para os britânicos começar o ano de 2012 bebendo sem riscos para a saúde: MODERATION.

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

O eno-mundo explicado aos alienígenas

Se eu tivesse que explicar o que acontece dentro do mundo do vinho para um alienígena apenas chegado no planeta Terra, começaria assim:

"Bom, prezado E.T., existem dois setores distintos na produção enológica internacional: os artesãos e os industriais. Mas antes de dizer quem são estes dois, preciso dizer que o vinho é um produto fortemente “identificativo” de um País. A deslocalização das atividades produtivas nem sempre é coisa boa e justa. Sim, porque (sei que vou criar inimigos com esta afirmação) você pode plantar vinhedos na China ou no Brasil e produzir vinhos até bons por aí, mas Montalcino ou Saint-Emilion não podem ser plantados em qualquer outro lugar: além de beleza, é historia, e sobretudo território, o famoso terroir que gente como Parker acham ser uma invenção de marketing.

Mas voltando ao assunto principal, nos últimos anos aumentou a divisão entre quem produz vinho em nível industrial e quem, artesanalmente, cultiva a terra, colheita e faz o vinho.  
Os que pertencem ao primeiro grupo dirigem grandes empresas, falam de alta financia, orçamentos, marketing, público-alvo, etc. Os do segundo grupo têm mãos duras e cara cansada de quem trabalha a terra. 
Vamos apenas esclarecer uma coisa: não é que os primeiros são ruins e os segundos são bons: o mundo (planeta Terra) não permite estas subdivisões confortantes, é mais complicado que isso. Verdade, geralmente os vinhos artesanais são mais interessantes e únicos, já os industriais costumam ser todos iguais e sem alma, mas nem sempre é assim.

Para complicar ainda mais, caro o meu Alien, outro aspecto deve ser especificado: as duas categorias não são totalmente oponentes. Olham-se com desconfiança, mas eventualmente no final se dão bem juntas: os industriais precisam de um artesanato crível, que divulgue a idéia de um produto com identidade nacional e de qualidade. Os artesões precisam de uma indústria que gaste o que puder em propaganda e marketing para reforçar a imagem do vinho local. Desta forma os dois sobrevivem e até se abrem novos mercados."

Nesta altura, o alienígena, se ainda estiver vivo e acordado depois deste meu blábláblá, vai me dizer: “bip-bip°ò3**=00-/|ù-§§”, que traduzido para quem não entende idioma extraterrestre significa “Vocês humanos são seres complicados demais, vou voltar para o meu planeta...!”.

Ufa, consegui salvar a Terra da invasão alienígena! Loucuras do eno-mundo...

domingo, 8 de janeiro de 2012

Um Shiraz perfeito para o mercado brasileiro

Langhorne Creek, sul da Austrália. É ali que crescem os vinhedos da Bremerton. Empresa familiar, comandada basicamente para duas mulheres, as irmãs Wilson: a Lucy cuida dos negócios e a Rebecca da enologia.
Vinícola relativamente recente (datada 1988), mas já bem conceituada e adorada pelo James Halliday, o mais influente crítico australiano de vinhos.
Best-seller internacional da vinícola é o Matilda Plains, do qual falaremos proximamente, mas agora vou comentar um vinho de uma linha superior, chamada Signature Range, que leva no rótulo a assinatura da Rebecca e em particular deste Shiraz Selkirk.

O nome Selkirk vem do pequeno vilarejo da Escócia de onde a família é originária, e o vinho é um varietal 100% Shiraz (ou syrah) com estágio de 18 meses em barricas de carvalho americano.

Este vinho se tornou um dos prediletos de muitos meus amigos enófilos e é fácil intuir o porquê: é a quinta-essência do novomundismo: encorpado, opulento, aveludado, redondo, final adocicado, com madeira pronunciada e álcool em abundância.

Nada contra, pessoalmente acho pouco gastronômico, mas é certamente um tinto impressionante. Os aromas são explosivos (mirtilo e ameixa). Na boca é carnudo e macio, de textura fina e com taninos doces. Boa persistência, mas faltou um pouco de acidez para os meus gostos.

De qualquer forma diria que é impossível de não gostar seja você novato ou expert em vinhos, e que, dependendo do momento (de preferência para tomar sozinho - sem comida), é capaz de proporcionar bastante prazer.

Voto gringo: 7½
 
Vinho: Shiraz Selkirk
Safra: 2007
Produtor: Bremerton
País: Austrália
Região: Langhorne Creek
Uvas: Shiraz (100%)
Teor Alcoólico: 14,5%
Importadora: Ruby Wines
Custo médio: R$ 95,00

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Chegou o picolé de vinho!

Já ouviu falar em Sauvignonblancsicles ou em Prosecco pops? Já vimos aqui a moda dos cupcakes enófilos, mas agora uma nova tendência, vindo da Nova Zelândia, traz sorvetes feitos com vinho!

Já tem varias versões, principalmente de forma artesanal: o segredo da preparação está em misturar vinho com uns líquidos não alcoólicos, como, por exemplo, uma parte de suco de fruta.

Bom, já sei que muitos de vocês devem estar torcendo o nariz, mas com a chegada do calor esta pode ser uma refrescante alternativa aos clássicos picolés que já conhecemos.

Os acima citados têm como base sauvignon blanc e prosecco, evidentemente. Mas existem varias receitas. Uma que achei bem interessante (e fácil) é a seguinte:


Ingredientes:
- 1 / 2 xícara de açúcar
- 1 / 2 xícara de água
- 1 / 2 xícara de prosecco tranqüilo (mexa para eliminar todas as borbulhas)
- 1 / 2 xícara de morangos fatiados
- 2 fatias de kiwis descascados

Preparo:
1. Misture o açúcar e a água em uma panela pequena, leve para ferver, mexendo constantemente. Ferva por 30 segundos, retire do fogo e deixe esfriar por 5 minutos.
2. Misture o xarope de açúcar obtido com prosecco.
3. Adicione 1 ou 2 peças de fruta a cada um dos oito moldes. Encha os moldes com a mistura de prosecco, e adicione os palitos; deixe congelar por cerca de 4 horas ou até ficar firme.

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Bolso nem tanto esperto (claro, é Borgonha!)

O primeiro vinho comentado aqui em 2012 foi um BolsoEsperto, mas não foi o meu primeiro vinho do ano (o tomei no dia 30 de dezembro de 2011); já o primeiro vinho tomado em 2012 não entra nem de longe nesta categoria, infelizmente.

Um belo Borgonha, mas mais uma vez tive a confirmação que os franceses sabem vender o próprio vinho melhor que qualquer outro, sendo que em geral o preço cobrado é bem acima de rótulos da mesma qualidade de outros Países.

Prefácio: sei que Pinot Noir é uma uva difícil de ser trabalhada, o que a torna mais cara, e sei também que abri o vinho em plena juventude e que mais tempo de garrafa teria proporcionado benefícios maiores. Mesmo assim...

Mas vamos por degraus.
Frédéric Magnien, jovem produtor, nascido e criado na Borgonha em família de vinhateiros foi estudar e trabalhar em vinhedos da Califórnia e Austrália (??? Já isto deveria ter sido um sinal, né?). Voltando para Borgonha inaugura sua própria vinícola em 1995, e embora recente, seus vinhos já são muito bem comentados.

Curioso, quis experimentar este Chambolle-Musigny (uma das denominações mais elegantes) Premier Cru Les Charmes 2008, de vinhas antigas.
Obviamente o decantei por cerca de 1 hora e quanto mais tempo oxigenando tanto mais o vinho ganhava complexidade aromática e gustativa. Nariz delicado de cereja, hortelã e terra molhada. Ataque muuuuito elegante e equilibrado: textura leve, taninos finíssimos e saborosos. Final modernista frutado, de médio para longo.

Enfim, certamente um ótimo vinho (seria estranho o contrário!), simplesmente pra mim não vale os R$300 cobrados por aqui.

Voto gringo: 8

Vinho: Chambolle-Musigny 1er Cru Les Charmes 2008
Safra: 2008
Produtor: Frédéric Magnien
País: França
Região: Borgonha
Uvas: 100% Pinot Noir
Teor Alcoólico: 13%
Importadora: Cellar
Custo médio: R$ 300,00

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Social-commerce: agora pode comprar vinho no Facebook!

Este foi o ano do Facebook: fique negando e vai apanhar com dois “curtir” na cabeça. A ponta desgastada de seus dedos indica que fez do social network um uso criminógeno para: 1) fazer amizade; 2) flertar que nem coelhos; 3) compartilhar piadinhas; 4) saber de tudo sobre vinho; 5) informar a todos que você vende vinho.
Agora que o Zuckemberg te reduziu à uma linha, está pronto para a opção 6) comprar o vinho.
Há alguns dias está disponível o primeiro comércio eletrônico de vinho no Facebook: é executado pelo site americano Winetasting.com e não é preciso fazer log-out para comprar. A transação (escolha dos vinhos,  pedido e pagamento) acontece inteiramente dentro da página de Facebook. E ainda clicando em "curtir" ganhe 10% de desconto nas compras.
Bem, terminada a maravilha inicial de 5 minutos, feche novamente sua mandíbula e dê uma polida ao seu cartão de crédito, pois em breve compraremos todos desta forma. E se você produz ou vende vinho, esquece suas horas vagas: sua missão possível é descobrir como se faz e botar para funcionar.
Não durma, faltam poucas horas para o futuro.


P.S. A primeira loja eletrônica de vinho no Facebook foi na verdade a brasileira wine.com.br, mas com umas pequenas diferenças (veja o comentário da responsável da empresa abaixo).

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Vamos começar o ano logo de Bolso Esperto?

Este vinhozinho me surpreendeu. La Posta é um projeto da competente Laura Catena que envolve vinhedos não de propriedade (pertencente às famílias Pizzella, Paulucci e Estela Armando) localizados em Mendoza. A vocação é produzir vinhos internacionais e acessíveis, modernos mas respeitando a tradição. Pelo visto este Cocina Blend deu certo.
O nome Cocina refere-se ao hábito das tradicionais famílias italo-argentinas de se reunir em torno da cozinha e entre um papo e outro preparar pratos deliciosos de forma descontraída e sem a mínima programação.
Este é o espírito que deu vida a este corte de Malbec, Bonarda e Syrah. Realmente superou as minhas expectativas. Apesar da fruta abundante e marcante, se mostrou um vinho muito equilibrado, onde a doçura da Malbec é balanceada pela rusticidade da Bonarda e pelos toques de especiarias da Syrah. O estágio de 10 meses em carvalho francês e americano (20% novo) tornou os taninos macios e adicionou complexidade. Álcool abaixo da média mendoncina e acidez em boa medida.
Delicioso e em conta. O que vão querer mais do primeiro vinho comentado em 2012?

Voto gringo: 7 ½

Vinho: La Cocina Blend
Safra: 2008
Produtor: La Posta (Laura Catena)
País: Argentina
Região: Mendoza
Uvas: Malbec (60%), Bonarda (20%), Syrah (20%)
Teor Alcoólico: 13,5%
Importadora: Vinci Vinhos
Custo médio: R$ 39,00
Notas: RP90; WS87