sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Luigi Bosca e seu blockbuster

Outro grande sucesso no Brasil e no mundo inteiro.

Já comentei outro do Luigi Bosca, este é o mais clássico de todos: o Malbec Reserva.

De vinhedos com 70 anos de idade, com 12 meses de estágio em madeira, é um vinho “blockbuster”, saboroso e muito fácil de gostar, mas não caiu no meu gosto. Sendo claro, é um vinho bem feito, mas é aquela velha história... digamos que entre as 5 novas categorias de vinho, eu o colocaria na do Vinho Mistificado (leia aqui )

Tem aromas muito marcados de baunilha, compotas e flores. Um corpo carnudo, textura aveludada, taninos suaves e um discreto final. Senti falta de acidez, e depois da segunda taça achei a doçura dele meio enjoativa.

De qualquer forma, não é certamente um vinho gastronômico: fica melhor sem comida.

Voto Gringo: 6 ½

Vinho: Luigi Bosca Reserva Malbec
Safra: 2007
Produtor: Bodega Luigi Bosca – Familia Arizu
País: Argentina
Região: Luján de Cuyo - Mendoza
Uvas: 100% Malbec
Teor Alcoólico: 14%
Importadora: Decanter
Custo médio: R$ 60,00

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

O Bolso Esperto italo-argentino

Falando recentemente do Masi me lembrei deste vinho que tomei no ano passado, que achei interessante e, ao contrário do Amarone citado, tem um bom custo/beneficio, por isso vai entrar de direito na coluna do Bolso Esperto.

O Passo Doble é produzido pelo Rei do Amarone na Argentina (na região de Tupungato, Mendoza) e é um interessante quanto atípico corte de Malbec com Corvina, a principal uva do Veneto (e a principal dos seus Amarones). Elaborado juntando a técnica da dupla fermentação e da parcial passificação das uvas, ainda tem uma pequena parcela (5%) de Merlot para dar um toque de elegância. Estagia 9 meses em carvalho francês.

Achei o vinho bem interessante e diferente, talvez entre os vinhos mais gastronômicos da Argentina, um belo corpo, com taninos firmes e finos, tem estrutura para envelhecer tranquilamente até 10 anos.

Recomendado para quem quiser provar algo diferente, no estilo do Masi, sem gastar uma nota.

Pode ser encontrado na Mistral pelo preço de R$ 39,00 

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

A uva agente secreto: 7 curiosidades sobre Grenache

Obviamente você conhece a uva Grenache. Mas quanto? O Mondovinho te ajuda a desvendá-la em 7 pontos básicos.

1) Apesar de ter ganhado a própria fama com os vinhos do sul da França (como os Châteauneuf-du-Pape e outros grandes vinhos do Rhone e Provençe) e ser muito utilizada na Austrália, a Grenache é uma uva originária da região de Aragona, no nordeste da Espanha. Hoje é uva fundamental na região do Priorato, mas se encontra também em Rioja, Navarra e Montsant, entre outras.

2) As parreiras de grenache têm muita madeira o que é vantajoso, pois a dureza dos arbustos os torna perfeitos para regiões ventosas (e esta estrutura rígida das plantas torna inviável a colheita mecânica). Em muitos vinhedos de grenache, as videiras são plantadas com o tradicional sistema a árvore (contra os mais usados e “induzidos” latada e espaldeira). Ademais, elas retêm bastante a umidade o que é ideal em locais secos.

3) A Grenache tem mais nomes que um agente secreto da CIA, pois dependendo da região de origem tem uma denominação diferente. A lista é enorme, se quiserem encarar segue aqui. Estão prontos? Respirem fundo...lá vai:
Abundante, Aleante, Aleantedi Rivalto, Aleante Poggiarelli, Alicant Blau, Alicante, Alicante Grenache, Aragones, Bois Jaune, Cannonaddu, Cannonadu Nieddu, Cannonau, Cannonau Selvaggio, Canonazo, Carignane Rosso, Elegante, Francese, Gamay del Trasimeno, Garnaccho Negro, Garnacha Comun, Garnacha Negra, Garnacha Roja, Garnacha Tinta, Garnatxa Negra, Garnatxa Pais, Gironet, Granaccia, Granaxa, Grenache Blanc, Grenache Noir, Grenache Rouge, Kek Grenache, Lladoner, Mencida, Navaro, Navarra, Navarre de la Dordogne, Navarro, Negru Calvese, Ranconnat, Red Grenache, Redondal, Retagliadu Nieddu, Rivesaltes, Roussillon Tinto, Roussillon, Rouvaillard, Sans Pareil, Santa Maria de Alcantara, Tentillo, Tintella, Tintilla, Tinto Menudo, Tinto Navalcarnero, Tocai Rosso, Toledana, e Uva di Spagna.

4) A Grenache produz vinhos de todas as cores e tipos: tinto, branco, rosé, e de sobremesa.

5) É a segunda uva mais plantada do planeta. Além das tradicionais Espanha e França, se encontra nos principais países produtores como EUA, Itália, Austrália, África do Sul, Chile, Argentina e Uruguay. Mas também em Países de menor apelo enólogico como Argélia, Turquia, Chipre, Grécia, Marrocos, Israel e México.

6) É a uva perfeita para vinhos de corte. Tem baixa acidez e uma pele fina, por isso tende a ter cor clara; em lugares certos (quentes e secos) as uvas podem acumular grandes quantidades de açúcar, resultando em vinhos alcoólicos. Estas características fazem a uva Grenache perfeita para os blends, ganhando em taninos, cores e sabores adicionais.

7) Harmoniza com chocolate. Talvez não seja uma das melhores harmonizações, mas se não quiser gastar com Sauternes, Tokaij, Porto, Xerez e Passitos vários, a grenache pode se tornar uma razoável opção low-cost para acompanhar um bom chocolate amargo.

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

A diversidade da Califórnia


Recentemente fui a uma degustação da Sbav chamada “A diversidade da Califórnia”. Como já disse em mais de uma ocasião a Califórnia faz vinhos excelentes e bem interessantes, pois são em estilo Novo Mundo, mas com fortes referências e inspiração do Velho Mundo. Em minha opinião, colocam-se de maneira geral entre os “dois mundos”, com as devidas exceções do caso.

Os vinhos degustados são importados no Brasil pela Wine Experience e foram os seguintes:


Forest Ville Chardonnay 2008
Produtor: Forest Ville - Região: Sonoma County
Este é o clássico que poderíamos esperar de um chardonnay californiano: madeira, baunilha, mel e cremosidade (R$ 64,00). 
De Loach Pinot Noir 2008
Produtor: DeLoach - Região: Russian River
Na composição entram também Sangiovese, Zinfandel e Carignan. Mas em minha opinião, foi o pior da noite. Aromas fechados, álcool sobressaindo (quase licoroso), pouca complexidade e nenhuma persistência. Não vale absolutamente o preço cobrado (R$ 106,00).


Crane Lake Zinfandel 2006
Produtor: Crane Lake Cellars - Região: Napa Valley
Tem no corte pequenas parcelas de Petite Syrah e Petite Verdot, no nariz pimenta e especiarias, na boca complexo, boa estrutura, taninos finos e final discretamente longo (R$ 57,00)


De Loach Merlot 2007
Produtor: DeLoach - Região: Russian River
Este me pareceu um vinho espanhol: moderno e frutado, mas também com um pouco de rusticidade que sempre me agrada. (R$ 99).

Avalon Cabernet Sauvignon 2007
Produtor: Purple Wine Company - Região: Napa Valley
A estrela da noite. Com parcelas de Merlot e Syrah é um vinho equilibrado e complexo. Mas talvez o mais parecido com os nossos argeninos/chilenos (R$ 124)


Concluindo, o ganhador da noite pra mim foi o Zinfandel, disparado: certamente sou suspeito, pois eu gosto da uva (sou fã da primitivo), mas em relação ao preço oferece sem dúvida a melhor qualidade.



domingo, 24 de outubro de 2010

O Exterminador de terroirs

Muitos de vocês conhecem o James Suckling. Para quem não conhece é um dos wine writers históricos da Wine Spectator. Um que rodou pelo mundo afora visitando pequenos produtores emergentes como Margoux, Ornellaia, Latour, Lafleur...

Recentemente se é “aposentado” como jornalista e está produzindo o seu próprio vinho globalizado, misturando uvas de vários paises e terroirs: o seu tinto é um improvável corte de grenache, mourvedre e cinsault da França, zinfandel, grenache e petite syrah do México e cabernet franc da Califórnia.
Se acharam isso pelo menos estranho então não leiam as uvas do seu branco: ribolla gialla da Eslovenia, friulano e pinot grigio da Italia, chardonnay e sauvignon blanc da Hungria.

Mas ele ameaça voltar com mais surpresas assustadoras, no seu site o vídeo em estilo Exterminador do Futuro, com frase final de grande efeito.
Eu estou com medo.



sexta-feira, 22 de outubro de 2010

O vinho que pula

Este é um belo australiano de umas das mais tradicionais casas da terra dos cangurus: d’Aremberg, do McLaren Vale, no sul do País. A nota curiosa sobre a vinícola é que o fundador era um abstêmio!

A linha Stump Jump é a entry level da vinícola, mas que consegue dar um idéia do estilo elegante da casa. O nome é uma homenagem a uma invenção do sul da Austrália, um especial arado capaz de passar (pular) por cima das raízes o que faz otimizar tempo e energias. Não tem jeito: se não for canguru algo tem que pular...

Este “salta raízes” é um corte típico do Rhone, no sul da França: Grenache, Shiraz e Mourvèdre. È um vinho jovem, para o consumo imediato (o produtor o indica para o consumo do dia a dia, mas aqui no Brasil os quase 70 R$ o tornam o dia a dia de poucos...).

A minha garrafa precisou de uma boa arejada, pois estava com aromas fechados e bastante adstringência; depois melhorou muito, tornando-se bem macio e perfumado. Fruta silvestre e especiarias. O estágio em carvalho lhe doa uma discreta estrutura e complexidade.

Já pegou 89 pontos pelo Parker.

Voto gringo: 6 ½

P.S: o Shiraz (varietal) da mesma linha Stump Jump entrou na top 100 list de 2009 da Wine Spectator no lugar de n. 82, com 90 pontos.
                




Vinho: Stump Jump Red
Safra: 2007
Produtor: d'Aremberg
País: Austrália
Região: McLaren Vale
Uvas: 50% Grenache, 26% Shiraz, 24% Mourvèdre
Teor Alcoólico: 14%
Importadora: Zahil
Custo médio: R$ 66,00

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Civilizações...



‘’O vinho é o que mais há civilizado o mundo’’.

> François Rabelais

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

O melhor sommelier do mundo

O italiano Luca Gardini, 29 anos, sommelier do restaurante Cracco em Milão, ganhou a titulo de World Sommelier 2010, alias de "Mejor Sommelier del Mundo", pois a competição organizada pela Worldwide Sommelier Association (Associação Mundial de Sommelier) foi realizada em Santo Domingo na semana passada.

O jovem sommelier, já campeão da Itália em 2004 e atual campeão europeu, ganhou o cobiçado titulo batendo na final o tcheco Milan Krejci e o Hector Garcia da Republica Dominicana.

Enfim mais um prestígio pelo meu País, sobre o qual podemos dizer as piores barbaridades (eu sou o primeiro!), mas que em matéria de vinho realmente lidera o mundo.


terça-feira, 19 de outubro de 2010

Duas semanas de gastronomia low-cost

O Rio Restaurant Week está de volta!

Tudo no mesmo esquema da edição passada: : menu fixo de entrada + prato principal + sobremesa por R$ 27,50 no almoço e R$ 39,00 no jantar em vários entre os melhores restaurantes da cidade.

As harmonizações ficam por conta da Viña Santa Helena e das cervejas Devassa, mas obviamente podem escolher outras opções.

Nesta edição o número de restaurantes participantes caiu de 90 para cerca de 60, mas é sempre uma boa oportunidade.

Entre os dias 18 e 31 de outubro.

Confere a lista completa de restaurantes e relativos cardápios oferecidos.

O evento vai acontecer proximamente também em Recife e Porto Alegre.



segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Estrela sem muito brilho

Como já disse eu não sou de guardar muito as minhas garrafas na adega, então resolvi abrir este vinho mesmo sendo ele capaz de envelhecer (e melhorar) até 30 anos. Mas estava me coçando já há cerca de um ano, não resisti e o abri sem arrependimento e sem nenhuma ocasião especial.

O mítico Amarone do Masi.

Há 6 gerações os vinhos de Masi são símbolo de excelência italiana. Empresa respeitada e cultuada no mundo, Masi é referência absoluta para o Amarone, pela qual fama é certamente responsável por ter inovado nas técnicas de vinificação.

Este Amarone della Valpolicella Clássico Costasera é produzido com um corte de uvas típicas do Veneto: Corvina, Rondinella e Molinara. As uvas são passificadas por 3-4 meses, perdendo assim cerca de 35% do peso e concentrando os açúcares. E somente a Corvina é atacada pelo fungo Botrytis (podridão nobre). Segue fermentação e afinamento em barricas de carvalho por 24 meses, e no mínimo mais 4 meses em garrafa antes de ser colocado à venda.

O resultado é um vinho de grande complexidade e estrutura.

Como era ainda uma criançinha (2006) o decantei por quase uma hora e foi devagar entregando aromas de fruta madura - cereja sobre todas – tabaco e café. Bom equilíbrio na boca e final longo.

Mas (por que tem sempre um mas?) não me empolgou. É um ótimo vinho, porém com o seu currículo sinceramente esperava algo mais.

Em minha modesta opinião não vale o preço cobrado (R$ 250): já bebi Amarones mais baratos que me deixaram mais satisfeito.

Voto gringo: 7½,

Vinho: Amarone della Valpolicella Clássico – Costasera
Safra: 2006
Produtor: Masi
País: Itália
Região: Veneto
Uvas: 70% Corvina, 25% Rondinella, 5% Molinara
Teor Alcoólico: 14,75%
Importadora: Mistral
Custo médio: R$ 250,00

sábado, 16 de outubro de 2010

O avião prejudica o sabor do vinho

Com referência ao post anterior, o amigo e grande entendedor de vinho Rodrigo esclareceu minha dúvida a respeito de beber vinho em avião. E dá pra confiar cegamente, pois ele é comandante de Airbus em uma companhia aérea.

No e-mail que me enviou ele escreve “...existem estudos que sugerem que a vibração e o barulho causado pelos motores do avião (freqüência constante do barulho dos motores) altera o sabor e nossa percepção do paladar dos alimentos...talvez prejudique de alguma forma a degustação e correta percepção dos aromas e sabores dos vinhos”.

Inclusive adicionou este link de um estudo feito por cientistas holandeses e publicado na revista científica "Food Quality and Preference" que confirma a teoria.

Bom agora está explicado e agradeço publicamente o Rodrigo pela contribuição: temos que tomar aquelas taças pendentes, amigo!

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Vinho de garagem ou de hangar?

Este vinho me foi servido na classe executiva da Tam durante minha recente viagem Rio de Janeiro - New York.

Tinha outras excelentes opções como o espanhol Ysios (já provado em uma anterior viagem - muito bom, por sinal) e uns belos riesling alemães, mas como o Jean Luc Thunevin parece ser “o cara”, resolvi experimentar este Domaine Fayat-Thunevin - Lalande de Pomerol.

Para quem não conhece a história do Thunevin, vou resumir aqui brevemente: ex dj e ex dono de restaurante chinês em Saint Emilion (Bordeaux), resolveu montar uma loja de vinho e sucessivamente produzir o próprio em um pequeno lote de terra atrás da própria casa. Sem conhecimento em enologia, somente com conselhos de amigos, produzia vinhos na própria garagem de casa até quando “por um acaso” o Michel Rolland estava passando por ali e quis experimentar os vinhos: gostou e consequentemente os desconhecidos vinhos do Thunevin entraram no Olimpio dos grandes vinhos de Bordeaux, recebendo notas altíssimas pelo Robert Parker, que deu para o seu Valandraud notas superiores ao Petrus ou ao Château Margaux da mesma safra. E pela ocasião criou a expressão “vinho de garagem”.
Este vinho custa hoje no Brasil mais de R$ 1.000. Nada mal para quem até os 40 anos de idade não entendia muita coisa de vinho, não é?

Este rótulo por mim degustado no avião é bem mais modesto, mas certamente interessante.

Feito em parceria com o Clément Fayat (Château La Dominique) é um corte de 70% Merlot e 30 % Cabernet Franc. Estagia 12 meses em barricas de carvalho novo.

Devo reconhecer que foi realmente um ótimo vinho: aromas de fruta madura e especiarias quentes, já na boca tem uma boa complexidade, taninos macios e madeira bem integrada.

A coisa que me deixou um pouco perplexo é o rápido decaimento: deixei um pouco na taça para acompanhar a evolução, mas brevemente perdeu aromas e sabores. Não sei dizer se isso tem a ver com a pressurização do avião e com as inevitáveis turbulências, aliás peço para os experts que estão lendo o favor de me iluminar.

De qualquer forma, este vinho se encontra também em terra firme: é importado pela Casa do Porto e custa cerca de R$ 130,00

Voto gringo: 7

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

As 5 novas categorias do vinho


Vagando pela rede (entendo a internet, não aquela pendurada na sua varanda de casa, seu sortudo que tem varanda!) encontrei opiniões bastantes concordes em definir as 5 novas categorias do vinho.

Deixando pra trás as ultrapassadas divisões frutado / amadeirado ou velhomundo / novomundo chegamos a uma conclusão com 5 categorias que redesenham o panorama do vinho, mas não são o Evangelho, então podem acrescentar a vontade.


Para falar a verdade para mim as categorias de vinhos são 2:

1) bom
2) não bom

Simples assim. Mas como hoje tudo tem que ser bem dividido e categorizado, segue a nova bússola para os perdidos nos vinhos deste século (WARNING: os comentários que seguem as definições podem ofender a integridade intelectual de alguns):

Vinho Natural: proveniente de vinhas que têm a menor intervenção possível no processo de cultivo da uva e sua fermentação (orgânicos e biodinâmicos).
Quem tocar o mosto morre! E seja danado até quem usar o hálito pesado para matar insetos na videira. Nenhuma ação é permitida, então todos com os narizes pra cima a monitorar as fases lunares. Tudo muito lindo e saudável. O problema é que a única coisa que evolui é o cheiro de vaca na taça.

Vinho de Terroir: o vinho que vem de vinhas especificas e expressa características únicas de clima e solo da própria geografia.
Ou seja, quando a colina conta. Para os fanáticos do terroir, os terroiristas, quanto menor a micro-zona, mais se está próximos ao nirvana.

Vinho de Grife: o vinho que leva a assinatura do enólogo que o fez.
São vinhos precisos como relógios suíços: dentro da taça tem um pouco de terroir, um pouco de vinhedo e sempre uma pitada de Cabernet Sauvignon que ajusta tudo. O vinho de grife não está nem aí com denominações e aromas não conformes ao original. Tem o nome da empresa que garante. O máximo é quando conseguem vender vinho de mesa para U$ 500. Sorte deles.

Vinho Mistificadoo tipo de vinho (tipicamente tinto) que é muito denso, muito alcoólico e se aprecia melhor sem comida.
Quer dizer que não harmoniza com nada. Este é a Lady Gaga dos vinhos: exagerado, auto-referencial e docinho. Temos muitos exemplares no Novo Mundo. Atrás deles enólogos com graves carências afetivas. Só assim se explica.

Vinho Bebida: uma bebida feita a partir de uvas, com aditivos vários para melhorar sabor e cor.
Aquele vinho que, com todas as trapaceadas, consegue enganar todo mundo. O esquema sempre existiu e sempre existirá. Inútil reclamar, tem que dar graças a Deus para ter causado uma gastrite simples e ter salvado as funções vitais.

E vocês têm outras categorias para adicionar? Tenho certeza que sim, então fiquem a vontade de completar a lista.

terça-feira, 12 de outubro de 2010

A jovem guarda

Uma das mais comuns questões sobre vinho è o tempo de guarda. Às vezes pessoas me perguntam por quanto tempo é possível guardar os próprios vinhos. Bom, a resposta é muito simples e é: não tem resposta. Ou pelo menos, não existe uma resposta válida em absoluto, pois depende de caso em caso.

Obviamente vocês sabem muito bem que o antigo ditado “Quanto mais velho melhor” é uma lenda e que na verdade para a maioria dos vinhos é verdadeiro o contrário.

O que significa isto? Como sabemos dentro da garrafa o vinho continua o seu ciclo de vida e depois de ter alcançado o ponto máximo de maturação começa a curva de decaimento, conseqüência da lenta oxidação que no fim deste processo tornará o nosso amado néctar dos deuses em um caro tempero para saladas.

Excluindo os vinhos de guarda (como os grandes Bordeaux, Borgonhas, Barolos, Brunellos e alguns supertoscanos) que envelhecem bem por 20-30 anos e até mais, cerca de 90% dos vinhos hoje disponíveis no mercado mundial são para consumo imediato.
Outro dado que achei interessante é, por exemplo, que 95% dos vinhos vendidos nos Estados Unidos são consumidos em 24 horas!

Agora a pergunta é: até quando posso esticar o consumo de um vinho comum para o dia a dia? Ou seja, dos rótulos que eu chamo simpaticamente de vinhos de “jovem guarda”.

Dependendo de X fatores como casta de uva, idade dos vinhedos, vinificação, (fermentação, maturação, afinamento), teor alcoólico, nível de açúcar, acidez, tipo de vedação, conservação, etc, os resultados podem ser bem diferentes.

Em linha de máxima a minha dica é de 3-5 anos a partir da safra no rótulo para os tintos e 2-4 anos para os brancos.

Na verdade o único método seguro para não ter erro é conhecer o vinho em questão, e o lugar onde foi armazenado, mas mesmo assim podem encontrar umas surpresas.

Então a minha sugestão definitiva é (excluindo os vinhos de guarda acima citados): beba seus vinhos, que em caso estejam ainda fechados ou duros é ainda possível melhorá-los com uma decantada. Já se tiverem passado do ponto o processo é irreversível e neste caso a única coisa a dizer é o clássico do slang carioca “perdeu, playboy!”.

sábado, 9 de outubro de 2010

Tire a roupa da francesa (é a favor da cortiça!)

Já tinha falado das campanhas francesas de sensibilização a favor da cortiça; esta é mais uma e se o objetivo da campanha era sensibilizar, de fato me sensibilizou!

O site francês j’ame lê liège (literalmente eu amo a cortiça) traz strip-tease pela felicidade dos enófilos.

São dois vídeos similares em dupla versão de strip-tease feminino/masculino, para ninguém ficar chateado.

O vídeo é interativo e para a modelo continuar tirando a roupa é preciso responder a um pequeno quiz sobre uns aspectos fundamentais da rolha de cortiça. É em francês, mas é simples e intuitivo (3 fáceis perguntinhas).

Confira os vídeos aqui:

Não sei a opinião de vocês, quanto a mim, se ainda fosse preciso me convencer que cortiça é melhor, esta me convenceu de vez.