terça-feira, 31 de agosto de 2010

Wine Fest à 1 hora do Rio

No próximo fim de semana acontece um interessante evento para os apreciadores de vinho: o Itaipava Wine Festival.

O friozinho da serra e o lindo castelo de 1920 que hospedará o evento tornam o local ideal para degustar bons vinhos.

De acordo com os organizadores “promover a cultura e o conhecimento do vinho, gerar relacionamentos, proporcionar oportunidades de negócios, são os principais objetivos do evento” que acontece nos dias 3 e 4 de Setembro.

Já confirmada a presença de stands das importadoras Ruby Wines, Decanter, Porto Mediterrâneo, Interfood e Reloco.
E também de vinícolas nacionais como Salton, Miolo, Casa Valduga, Aurora e Dal Pizzol.

Acontecerão também palestras, workshops e degustações especiais e obviamente não poderia faltar a gastronomia, com uma área especialmente montada para restauração com cardápio harmonizado.

O ingresso dá direito à degustação gratuita dos produtos expostos e inclui uma taça de degustação.

Mais informações aqui.

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Surpresa: a uva mais plantada do mundo é...

Qual é a uva mais plantada do mundo?

Quem ia responder Cabernet Sauvignon está muito errado e vá logo de castigo atrás do quadro-negro.
Chardonnay, amplamente plantada ao redor do planeta? Nem perto.
Sangiovese, a uva mais plantada da Itália? Também não.
Syrah, bem presente no Velho e Novo Mundo? Peça perdão quem pensou nisso, fazendo 20 flexões e 30 abdominais.

Tá difícil, hein?

Bom, primeiramente vamos parabenizar quem pensou em Grenache ou Merlot: mesmo não tendo acertado, as duas castas francesas lutam para o segundo lugar, alternando-se a cada ano uma na frente da outra.

Mas então qual é esta fatídica uva mais plantada?

Bem, meus caros, vou desvelar o segredo, pois realmente não era fácil.

Trata-se da uva Airén.

Sei que pode soar estranho, e o nome parece mais de detergente para roupa que de uva, mas de acordo com a revista Decanter é a varietal mais plantada no mundo com 306.058 hectares.

É uma uva branca espanhola, típica das regiões de La Mancha (em foto) e Valdepeñas.

Esta história me parece um pouco como aquela do idioma mais falado do mundo que é o mandarin, pois mais de um bilhão de chineses o falam, mas é falado somente na China...Mas ou menos isso o que acontece com a Arién que é de fato plantada quase exclusivamente na Espanha aonde porém cobre mais de 1/3 da inteira área vinícola do País.

É de fácil cultivo, extremamente resistente, produz rendimentos elevados e de alta gradação alcoólica. Tradicionalmente, é usada como vinho base para Brandy, mas também para brancos secos e frequentemente em corte com o Tempranillo para o Clarete, tinto leve de cor clara e sabor frutado.

Quem adivinhou ganhou uma garrafa de aguardente de Airén, porém para ser retirada só pessoalmente lá em Valdepeñas entre as próximas 12 horas.


domingo, 29 de agosto de 2010

Vinho não harmoniza com Viagra


Um meu conterrâneo quase foi morto involuntariamente pela esposa dele, que estava se sentindo meio abandonada e carente na vida sexual. O que este gênio de mulher fez? Colocou, sem que ele desconfiasse, duas, digo DUAS, pílulas de Viagra na taça de vinho do marido (previamente esmagadas e misturadas com o líquido), esperando de dar um up na sua vida na cama.

Pois bem, esta sem noção de mulher de 50 anos, quase obteve o resultado oposto e quase mata de piripaque o pobre coitado, salvo somente pela rápida intervenção dos médicos, que confirmaram que ele sofreu um forte ataque cardíaco.

Todo mundo sabe que Viagra tem efeitos colaterais para o coração e que não deve ser absolutamente associado a álcool, mas evidentemente a “vontade” dela foi superior ao raciocínio.

Federico di Angelino, 55 anos, do interior de Roma, perdoou a mulher e admitiu que ultimamente andava muito estressado por causa do trabalho e que isso estava prejudicando o relacionamento conjugal na cama. E agora, por admissão dos dois, “graças” a este episódio, a vida sexual deles melhorou bastante.

A lição de hoje é a seguinte:
Vinho não vai bem com Viagra. Mas sua Arte de Amar pode ganhar ímpeto depois de um infarto.

sábado, 28 de agosto de 2010

O Bolso Esperto nas alturas dos Andes

Este vinho já foi um dos meus clássicos para o dia a dia.

A vinícola Terrazas de los Andes foi fundada pela Moët & Chandon em Mendoza. Em 1959, a famosa casa francesa de Champagne mandou o próprio enólogo para América do Sul para pesquisar novas áreas para produção de vinho de classe mundial. E foi em Luján de Cuyo que acharam o terroir ideal para eles. Somente depois de 40 anos de pesquisas, testes e experimentações, finalmente a Vinícola foi lançada em 1999.
Pelo tipo de clima da região eles optaram em produzir vinhos de altitude, e cultivam cada varietal de uva a diferentes altitudes ao longo dos Andes (confere o gráfico abaixo).

Este Malbec faz parte da linha básica da vinícola (que produz somente 3 linhas), mas é perfeito para o consumo cotidiano.

Estagia de 4 a 6 meses em barricas de carvalho, e proporciona bastante fruta madura, um bom equilíbrio, textura sedosa e cada gole pede mais um.

Pelo preço de cerca de R$ 35,00 é sem dúvida um dos melhores Best Buys da América Latina.

P.S. quem perdeu Mondovinho vs. Revista Adega, encontra aqui o meu desabafo sobre o conceito destorcido de Best Buy.





quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Adeus, barricas: agora tem plástico imitando carvalho

Podem ir se despedindo das tanto amadas barricas de carvalho, pois está chegando a tecnologia que quer acabar com elas: o tanque que respira.

O australiano Tony Flecknoe-Brown, engenheiro mecânico e ex dono de vinícola em Yarra Valley tem sido pioneiro na introdução dos tanques plásticos Flextank, que estão querendo que o mundo da enologia chute a tradição do lado.

Neste inovativo sistema um polímero especial permite que uma quantidade controlada de oxigênio passe para dentro do tanque, de forma semelhante à como acontece com barricas de carvalho para a maturação dos vinhos.

De acordo com os fabricantes os tanques Flextank são capazes de aportar sabores, taninos e aromas, e são muito mais econômicos do que barricas de madeira e inclusive mais rentáveis no tempo, pois não precisam ser substituídos anualmente por tanques novos.

Cerca de 625 vinícolas na Austrália já estão usando Flextanks em vez de carvalho:como aconteceu para o screw cap, os Australianos são os menos ligados em tradição, em favor do baixo custo.

Mas será que isso se reflete também na qualidade do vinho?

Como sempre é o custo que vai decidir. Mas já reparou que, apesar de tudo, os vinhos australianos não são nada baratos por aqui?


Screw-cap: tem certeza que é ecológico? (parte 2)

No post anterior vimos que o screw cap para os produtores australianos e neozelandeses foi uma opção econômica mais do que ecológica (baste pensar que uma boa rolha de cortiça chega a custar mais de 1 euro por peça aos produtores europeus, imaginem para quem ainda deve importá-lo na Oceania) e como estes Países não tinham muita tradição, o sistema se difundiu rapidamente.

no Velho Mundo é diferente: a rolha de rosca, sempre foi usada por um segmento de mercado extremamente econômico, ligada a grande distribuição varejista e percebida como sinônimo de baixa qualidade pela maioria dos consumidores.

Então para quebrar esta barreira, os produtores estão colocando o foco no apelo ecológico do negócio.

Mas qual ecologia?

Analisemos três dados, por exemplo.

O jornalista americano Paul White, editor e crítico de vinhos, afirma que os produtores que trabalham com sistemas de vedação de rosca e de rolha sintética, para compensar (e prevenir) os efeitos da anaerobiose (ocorrência das reações químicas na ausência de oxigênio que desenvolvem aromas estranhos nos vinhos) usam quantidades elevadas de sulfato de cobre.
O jornalista deu como exemplo um Pinot Noir da Nova Zelândia (País onde ele reside) vedado com screw cap, recentemente rejeitado pela União Européia devido ao elevado teor de sulfato de cobre, e suspeita que níveis ilegais de resíduos sejam regra e não exceção.

Em segunda análise, vale relembrar que para produzir rolhas de cortiça não é necessário cortar as árvores, mas sim só a casca, que cresce novamente. Os fabricantes de rolhas alegam que uma árvore vive mediamente 300 anos, já o ecossistema demora mais que isso para degradar materiais sintéticos.

E para terminar, segundo um relatório do WWF (o programa “Cork Oak Landscapes”) espera-se que por causa da crise do uso de rolhas de cortiça (que em 2015 poderá ser apenas o 5% do mercado global) e do abandono subseqüente da exploração das florestas, nos próximos 10 anos poderiam ser perdidos 75% das árvores de cortiça no Mediterrâneo Ocidental, uma área igual a dois terços da superfície da Suíça.
Com conseguinte desaparecimento de muitas espécies já ameaçadas de extinção.

Isso sem contar a perda de cerca de 62.500 empregos

Praticamente o contrário do que nos estão induzindo a crer.
A verdade é que para ajudar o planeta temos que utilizar a cortiça.

Por isso, na medida de preservar habitats importantes para a biodiversidade ecológica, nasceram na Europa experiências de coleta e reciclagem de rolhas de cortiça, como estas que já vimos aqui.

Isso sim é fazer ecologia.

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Screw-cap: tem certeza que é ecológico? (parte 1)

Segundo o Daily Telegraph e Jamie Goode, um brilhante wine writer londrino, a rolha de rosca é o acontecimento mais importante no mundo do vinho da última década.

Provável.

Pessoalmente nunca fui tão contrário ao uso do screw cap, mas também nunca fui tão a favor. Como consumidor de velho mundo tinha (e tenho ainda) certos preconceitos, mas enquanto o debate está ainda aberto, sem entrar no mérito da questão, tem uma coisa que me incomoda: a hipocrisia atrás da questão ecológica.

As vantagens alegadas pelos produtores que adotam o screw-cap são: ele impede a oxigenação, não é sujeito a Bouchonné (quando a planta de cortiça é atacada por um fungo que provoca aquele desagradável cheiro de mofo) e é mais prático na hora de abrir.

Mas, o ponto onde eles batem para convencer os consumidores que o screw cap é a rolha do futuro é a tal da questão ecológica. Tudo vale para a salvaguarda do nosso amado planeta, não é?

É, mas vocês têm certeza que é isso mesmo?

Vamos dar um passo atrás no tempo. Obviamente o motivo para o qual se começou a usar a rolha de rosca não tem nada a ver com a ecologia, mas sim com a economia.
No final da década de noventa a Austrália e Nova Zelândia precisavam de grande número de rolhas a baixo custo, mas reduzindo a qualidade das cortiças aumentava o risco de má vedação e de Bouchonné, o que obviamente não é bom para imagem das empresas. Foi assim que vários produtores se uniram, começando a usar esta rolha nunca usada antes para o vinho, a tal de screw cap, até se tornar hoje praticamente o sistema de vedação padrão naqueles Países.

No próximo post irão conhecer mais sobre esta história e descobrirão que ao contrário do que muitos afirmam, o uso deste tipo de rolha pode ir até em direção oposta à ecologia.

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Wine Spectator Vintage Chart: uma decepção de graça

A Wine Spectator acaba de lançar a própria app pelo i-phone. A aplicação é grátis, mas pelo jeito parece a única boa noticia.

Não fiquem esperando pontuações e garrafas famosas: a da WS é uma Vintage Chart, que lista as melhores (ou piores) safras de cada área vinícola do mundo. A aplicação cobre 54 regiões vinícolas do globo inteiro.

Mas aqui vem a decepção misturada com a raiva. Obviamente inútil dizer que a maioria de bytes é tomada pela França, e até aqui tudo bem. Os EUA têm várias regiões listadas no programinha (por exemplo os Estados de Oregon e de Washington, que podem até produzir bons vinhos, mas mundialmente contam nada), mas isto também não me surpreende pois a WS é americana e quem conhece a revista conhece também o partidarismo deles.

Mas olhando os Países que realmente contam no mundo do vinho, a grande surpresa é ver da Itália somente duas regiões listadas (Piemonte e Toscana). Não pode ser, devem estar brincando...Mas pare aí: a Espanha tem 3 regiões cobertas???

Não me levem a mal, como já falei em várias ocasiões eu sou fã dos vinhos espanhóis e acabo de escrever sobre um ótimo exemplar do Toro, mas com todo o respeito, vai me dizer que o Priorato merece mais espaço que Veneto, Campania, Sicília, Úmbria, Puglia, Abruzzo, etc.?

Deve ter sido por causa da Copa.

E da saída do James Suckling.

Como apagar dois milênios de história vitivinícola em um clique.

Mas a Itália não é a única penalizada neste ranking: a excelente Nova Zelândia, por exemplo, nem aparece no mapa; e o Brasil então? Nem falar! What’s Brazil?

Pior que não temos nem como reclamar e pedir reembolso, maldita gratuidade!

domingo, 22 de agosto de 2010

Um vinho que é um vinho

Este é um daqueles vinhos que me reconcilia com o mundo.

Vejam bem, não é nada de particularmente especial (ou de especialmente particular!), ele é simplesmente o que tem que se esperar de um vinho: ser um vinho.

Para simplificar o conceito não vou falar nem em aromas e palato, mas sim em cheiro e sabor. Este tem cheiro de vinho e sabor de vinho.

Nada de baunilha e caramelo, nada de madeira ou de serragem na boca. Mas vinho.

É um 100% Tinta de Toro (ou Tempranillo), de corpo médio/leve, tem 14 meses de estágio em carvalho e 14% de álcool, taninos finos e boa acidez, mas nada sobressai. Tudo muito bem equilibrado. Mesmo tendo sua complexidade, eu o definiria como um vinho simples, mas não em sentido de fraco, quanto em sentido de essencial na própria tipicidade.

Um vinho complexamente simples.

Sei que este post pode parecer meio filosófico e contorcido. Mas quem gosta de vinho de Velho Mundo vai me entender.

Voto gringo: 6 ½




Vinho: Vega Sauco “Piedras” Crianza
Safra: 2005
Produtor: Bodegas Vega Sauco
País: Espanha
Região: Toro
Importadora: Ravin
Custo médio: R$ 49,00

sábado, 21 de agosto de 2010

Comparações...


"Os vinhos são como os homens:
com o tempo, os maus azedam e os bons apuram."

>Cícero

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Bodega Renacer: sucesso merecido

Nesta semana fui convidado a uma degustação da Bodega Renacer, (nada a ver com a igreja do Kaká), sucesso de público e de crítica internacional, sobretudo graças à linha Punto Final que oferece um bom custo/beneficio, como o Clássico Malbec, que figura normalmente entre os primeiros 30 vinhos mais vendidos nos Eua (porém lá custa menos que a metade do que aqui, mas esta é uma outra história...).

A vinícola argentina produz 6 rótulos, dos quais degustamos 4.

O primeiro foi o Punto Final Sauvignon Blanc, muito aromático: mostrou muito maracujá, junto com outras frutas cítricas, eu particularmente senti logo um grapefruit. Na boca a sensação é repetida, com também um abacaxi, corpo leve, bastante acidez e um toque de cremosidade final (R$ 42,00).



Seguiu o campeão de vendas Punto Final Clássico: um Malbec muito fácil de gostar, macio e com discreta complexidade e bom equilíbrio. Levou 90 pontos pelo Robert Parker na safra 2008 (R$ 45,00).


Completou a linha o Punto Final Reserva, feito de 99% Malbec e 1% Cabernet Franc (só para fazer charme). Este já levou 92 pontos pelo Parker (2006) e é bem mais estruturado e complexo. Notas de café e tabaco e bastante madeira, como o Robertinho gosta (R$ 74,00).


Para fechar em grande estilo o Amarone do Cone Sul, o Enamore (o próprio nome é um anagrama da palavra Amarone). Quem notou alguma semelhança com os rótulos da italiana Allegrini não está enganado. Este vinho é fruto de uma parceria entre os dois produtores e o trabalho é supervisionado pelo enólogo do excelente produtor do Veneto. O sistema usado é o mesmo usado pelo Amarone, o da passificação (desidratação natural das uvas), mas o corte não tem nada a ver com o italiano, que leva Corvina, Rondinella e Molinara. Já aqui são usadas Malbec, Cabernet Franc, Cabernet Sauvignon, Syrah e Bonarda.
De qualquer forma é um vinho impressionante tanto no aroma quanto no paladar. Amoras, alcaçuz e torrado. Na boca uma bela personalidade, corpo robusto, taninos macios, madeira bem presente (12 meses) e final longo. Na safra 2007, 92 pontos RP e 91 Wine Spectator (R$ 110,00).


Enfim, gostei bastante dos quatro, apesar de não fazer muito o meu estilo, mas são vinhos bem trabalhados que agradam qualquer paladar.

Obviamente cada um deles tem o seu momento e seu par gastronômico. Mas tendo que escolher um, eu ficaria com o Clássico, nem tanto pela questão custo/beneficio (que também é importante), quanto pela menor presença de madeira (6 meses) que, como a vinícola usa somente barricas novas, a percepção amadeirada se torna bem mais intensa nos outros.

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Vinho e pornografia

Afastem as crianças dos monitores: hoje falamos de vinho pornô!

Os americanos são notoriamente liberais e modernos ou restritivos e conservadores. Falando deste segundo aspecto, o caso deste rótulo em foto do Château Mouton Rothschild 1993 já é famoso: desenhado pelo célebre pintor Balthus, foi proibida a importação nos EUA com a acusação de pornografia. Olhem bem. Pornográfico!

Bom, se isso parece um absurdo então este novo caso é o cúmulo do absurdo: o Château Haut Gay não está podendo exportar o seu vinho nos Estados Unidos por causa de seu rótulo “luxurioso”.

O Bureau of Alcohol, Tobacco, Firearms and Explosives (ATF) não gostou de alguns versículos dos "Fleurs du mal" de Charles Baudelaire citados no rótulo da garrafa, considerando-os um "incentivo ao comportamento lascivo”.

Procurei no texto do poema "A alma do vinho", e mesmo com toda a fantasia da qual sou dotado, não tenho encontrado nenhum incentivo a luxúria. A não ser que uma frase como “Hei de acender-te o olhar da esposa embevecida” possa ser considerada luxuriosa...

Please conferem aqui o texto integral do poema e me relatem as frases incriminadas ou pelo menos suspeitas, talvez meus parâmetros de avaliação sejam diferentes...

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

5 coisas para saber sobre Malbec

Todo mundo gosta de um Malbec, não é?

Ele é basicamente rico em fruta e bastante acessível, tanto que sua popularidade parece óbvia. Predestinado, mesmo. Em apenas duas décadas, desde que produção da Argentina tornou-se mais orientada para a exportação, o Malbec argentino entrou na dieta do bebedor de vinho mundial. Baste notar que por exemplo nos E.U.A. o consumo da uva Malbec subiu de 60% somente no último ano.

Mas como vocês sabem a Malbec não é uma uva argentina, mesmo sendo a casta mais emblemática dos hermanos. Tem uma longa história que começa no sudoeste da França, ao longo do Rio Lot: Cahors - o berço da Malbec - é eqüidistante do Oceano Atlântico, do Mar Mediterrâneo, e dos Pireneus.

As 5 coisas que não podem deixar de saber:

1) A Malbec tem uma grande variedade de nomes lá fora. Em seu lugar de origem é frequentemente chamada de Cot, mas dependendo da região pode ser chamada de Auxerrois, Quercy, Cahors, Pressac, Medoc Noir, Pied Noir, Costa Rosa, Luckens, Magret e Noir de Pressac.

2) A uva Cahors foi originalmente plantada pelos Romanos no vale do rio Lot, há cerca de 2000 anos. A lenda conta que o Império quis (sem sucesso) esmagar a produção da região depois que o vinho local mostrou-se mais amado do que os vinhos italianos.

3) A região de Cahors foi quase totalmente exterminada pela filoxera no final do século 19. Nas décadas seguintes, os viticultores replantaram as vinhas só para perder tudo novamente em uma geada devastadora em 1956. Em 1971 a região ganhou o status de AOC e hoje em dia a produção de Malbec na França não chega nem a 1/5 daquela argentina.

4) O Malbec de Cahors é historicamente conhecido como o vinho negro, devido à sua cor escura e opaca. Diferentemente dos malbecs argentinos ricos em fruta e macios, a variedade francesa tem aroma de violetas e taninos muito resistentes e ásperos do sabor amargo. A produção de vinho varietal desta uva na França é muito reduzida, ela vem usada mais em cortes (frequentemente em Bordeaux em safras particularmente quentes).

5) Embora a Malbec tenha sido introduzida na Argentina no final do século 19, o foco na criação de vinhos de alta qualidade para exportação começou há apenas duas décadas. Anteriormente os vinhedos eram de alto rendimento e o suco era usado para vinho de garrafão. Só recentemente com a redução de rendimento se conseguiu boa qualidade.


terça-feira, 17 de agosto de 2010

Champagne? Incline a taça e o mundo muda.



Outra descoberta que mudará o mundo. Um grupo de cientistas franceses comandado pelo professor Gerard Liger-Belair fez uma descoberta sensacional: o champagne tem que ser servido mantendo a taça inclinada, pois a posição influencia a quantidade de CO2 que irá permanecer no vidro. De fato no momento do serviço, a flute em posição vertical tende a perder muitas mais bolhinhas se comparada com uma taça inclinada de cerca de 45%; e é notório quanto sejam fundamentais as partículas de gás para uma bebida gasosa: está contida nelas boa parte do aroma e do gosto. A pesquisa foi publicada no Journal of Agricultural and Food Chemistry.

A pergunta que fica na cabeça de nós pobres ignorantes que servimos champagne com a taça em vertical é: quantas garrafas os professores tomaram antes de chegar a esta descoberta que vai mudar o destino do mundo? Quais Champagnes e safras? E, sobretudo, porque nunca nos chamam para serem cobaias nestes tipos de experiências?

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Um Pinotage cuidado pelos patos

A Copa do Mundo acabou, então vamos deixar de beber vinho sul-africano? Nem pensar!

Hoje queria compartilhar com vocês este interessante vinho orgânico. Depois daquele discurso todo sobre as trapaceadas enológicas, um vinho natural é o que precisamos.

A Avondale é uma vinícola bastante antiga, mas que sabe misturar tradição com tecnologia e ciência a favor da natureza. O lema/ princípio deles é: “Como o vinho é um produto natural, a sua produção não deve prejudicar o meio ambiente de nenhuma forma”.

Nada de adubos e fertilizantes artificiais: a integridade do solo é garantida pela plantação de produtos agrícolas que restauram o equilíbrio de nitrogênio. O controle de pragas também não é feito com a química, mas são patos e vespas que andam pelos vinhedos os guardiões naturais que cuidam desta tarefa.

Enfim, um trabalho bem bacana pela preservação e saúde ambiental, confirmado pelas seis Certificações Orgânicas e Biológicas nacionais e internacionais que a vinícola tem em seu currículo.

Este Pinotage tem um belo bouquet de aromas florais, com notas de madeira. Na boca, fruta madura em uma textura sedosa com taninos finíssimos, corpo leve, mas boa complexidade. Levando em consideração tudo que falamos, o preço é bem camarada.

Voto gringo: 6 ½




Vinho: Avondale Pinotage

Safra: 2007

Produtor: Avondale

País: África do Sul

Região: Paarl

Importadora: Vinhos do Mundo

Custo médio: R$ 44,00

domingo, 15 de agosto de 2010

Tina Turner e os efeitos colaterais do vinho

Estas fotos não são de Carnaval, foram tiradas nesta semana.

Quem acha que o vinho não tem efeitos colaterais está profundamente enganado. O senhor de barba na ridícula fantasia é o Alain-Dominique Perrin, chefe da Cartier (sim, a mais famosa marca de relógios de luxo do mundo) e é presidente da Confraria Amigos dos Vinhos de Cahors, na França. A mulher que ele está abençoando com um tronco de planta de uva é a Tina Turner.

Sabem o que tudo isso significa? Eu não. E nem quero saber.


sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Esqueceu o nome do vinho? Tente com o número



Quando você gosta de um vinho provavelmente vai querer comprá-lo novamente em futuro. Mas nem sempre é fácil se lembrar do nome daquela garrafa que tanto gostou. E com os rótulos franceses então!

Imagine este improvável discurso:

- Amigo gostei muito do “Domaine Baumard Anjou Logis de la Giraudière”

- Sim é bom, mas prove também o “Les Gras Moutons Muscadet de Sèvre et Maine Sur Lie”.

Locura, não é? Os franceses fazem ótimos vinhos, mas com certeza não excelem em marketing, pois nomes mais fáceis ficariam mais gravados na memória do consumidor.

E por quanto possa ser bonito você fazer pose pedindo um “Domaine Comte Georges de Vogue Musigny Vieilles Vignes 2007” (se quiser gastar R$ 2000 em uma garrafa), para se lembrar do nome e pedir direto sem passar mico tem que treinar dois meses, talvez dormindo com os fones de ouvidos com as palavras em repetição contínua, esperando em memorizar por indução subliminar.

Para resolver seu problema, a empresa holandesa 94wines vende vinhos cujos nomes são números. Como o nome sugere são 94 vinhos a disposição dos clientes, que terão 3 jeitos facílimos de se lembrar do vinho degustado. Pois cada garrafa tem uma cor diferente, um número e um adjetivo que indica o estilo (frutado, amadeirado, fresco, clássico, macio, etc...).

Hoje o mais vendido é o 42 (espumante), mas talvez eu goste mais do 52 (rico).

Vamos juntar os seis preferidos de vocês, talvez dê uma combinação boa para ganhar na Megasena....

 

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

O relógio barricado. Favor não ria

Tá bom, já entendemos que associar uma marca de qualquer produto com marcas premiadas de vinho é uma boa estratégia de marketing e que o negocio é rentável para os dois, como vimos no “Fiaticaia” e no “Lambrucati

Mas agora está começando a ficar chato, não é? E às vezes até ridículo.

Isso por exemplo é o relógio barricado em carvalho francês, parceria entre a Boucheron, luxuosa empresa de jóias parisiense e o Château Latour.

Produzido somente em 100 exemplares, o relógio tem a caixa feita do mesmo carvalho que foi "o berço" do Château Latour’s Grand Millésime 2005.

A frase de lançamento do produto é a seguinte: “This perfect osmosis of mythical material and spirit has given rise to a watch for the kind of discerning hedonistic connoisseur who simply cannot resist the sensual pleasure of wearing a fragment of true legend on their wrist!”

Tentei traduzir, mas até o Tradutor de Google travou pelas risadas...!

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

O melhor Merlot do Chile

Este vinho ganhou o titulo de melhor Merlot do Chile no prêmio AWoCA 2010 (7º Annual Wines of Chile Awards.), então podia o MondoVinho ficar por fora? Claro que não, portanto curioso o experimentei.

A vinícola Ventisquero dispensa apresentações, não é? Simplesmente uma das mais celebradas vinícolas do Chile, em particular do Vale de Maipo.

A linha Grey é uma sucessão. E este Merlot explica bem o porquê.
  
Quando o abri temi pelo pior, porque a rolha estava ressecada e se quebrou em 2 deixando no meu saca-rolha somente a metade dela. Isso não prometia nada de bom: sinal inequivocável de má conservação, que eu não podia imaginar, pois comprei pela internet. Mas quando finalmente consegui (com não pouca dificuldade) extrair a outra metade da rolha, graças ao deus Baco vi que o vinho não ficou prejudicado, aliás, estava muito bom mesmo!

Não esperem obviamente a elegância dos merlots franceses, pois estamos falando de Novo Mundo, mas tem certa elegância sim, porém contrabalançada pela potência (15% de álcool). Aromas florais com muita baunilha e mel, notas de pimenta, corpo médio, taninos sedosos, e bastante equilíbrio. Estagia por 15 meses em carvalho francês mais 12 em garrafa. Ainda leva 10% de Carménère e 5% de Syrah em seu corte.

Enfim, não sei se é realmente para ser considerado o melhor Merlot do Chile, mas garanto que é uma delicia.

Voto gringo: 8



Vinho: Grey Merlot

Safra: 2005
Produtor: Ventisquero
País: Chile
Região: Maipo
Importadora: Cantu
Custo médio: R$ 80,00

terça-feira, 10 de agosto de 2010

A uva de Júpiter, emblema da Itália.

Não se pode falar em Toscana sem falar em Sangiovese, a uva mais emblemática da região e talvez a mais emblemática da Itália inteira.

Vindo do latin “Sanguis Jovis” (Sangue de Júpiter) esta uva é a principal componente do Chianti, a marca registrada mais famosa da Toscana.

Mas a Sangiovese não foi sempre considerada como uva de valor e na verdade tem um passado meio obscuro. Primeiramente nunca foi uma uva de fácil cultivo: tem uma alta acidez e casca fina que pode resultar em vinho com sabor azedo se não for devidamente tratada. E sua casca fina faz as uvas apodrecerem facilmente quando úmido, por isso necessitam de um cuidado extra.
Como isso custa dinheiro, muitos produtores produziam historicamente Chianti de baixa qualidade, ajudados por uma regulamentação na época não muito rígida e o Chianti ganhou a fama de vinho barato para o dia a dia.

Felizmente, nos últimos 30 anos, graças ao trabalho de enólogos mais meticulosos, as novas técnicas e cortes criativos, a Sangiovese obteve a própria vingança.

Para resolver o problema da acidez muitos começaram a usar uvas procedentes de vinhedo de baixo rendimento para equilibrar o sabor. Além disso o vinho começou a ser maturado em barricas de carvalho para aportar mais corpo, profundidade e estrutura. E por fim o fenômeno dos Supertoscanos (Sangiovese cortado com uva francesa – cabernet sauvignon e merlot principalmente) lançou a uva Sangiovese no auge dos melhores vinhos de fama internacional.

Além da denominação de origem Chianti (e Chianti Clássico) hoje em dia entra em inúmeros cortes de vinhos super-premium italianos, como o Nobile de Montepulciano, Morellino di Scansano, Carmignano, Montefalco entre outros.

Entre os clones como a Prugnolo Gentile e a Sangiovese Piccolo, menção especial merece o clone Sangiovese Grosso (e sua sub-variedade Brunello) que dá origem ao vinho ícone da região, o lendário Brunello di Montalcino, verdadeiro culto mundial.

Enfim esta uva que proporciona delicados aromas/sabores de fruta e especiarias hoje senta de direito e com mérito no Olímpio das melhores uvas do mundo: finalmente se reconciliou com seu pai Júpiter.



segunda-feira, 9 de agosto de 2010

O contra-rótulo perfeito (ou quase).

Olhem este contra-rótulo. Um deste tipo pra mim teria que ser obrigatório por lei no mundo inteiro. Trata-se de um vinho orgânico da Itália e um contra-rótulo assim é um raro exemplo de (quase) perfeição que teria que ser seguido e imitado por todos.

Está em italiano, mas dá para entender. Aí se encontram estas informações: valores analíticos, produtos adicionados, processos, certificação orgânica, tudo em poucos centímetros. Porque é isso o que importa, não os blábláblás tipo “cor rubi pálido, harmoniza com carnes vermelhas...”. Isso o consumidor consegue descobrir sozinho.

O que ele não vai descobrir são as trapaceadas feitas pelos produtores como adicionar taninos, enzimas colorantes, acidificar os mostos, osmose reversa, e outras práticas que mencionei neste recente post, informações que obviamente não pretendem anunciar aos quatro ventos e que deixam ocultadas com o maior prazer.

A carteira de identidade do vinho colocada por escrito não é frescura para enochatos: é uma obrigação moral do produtor para o consumidor. E infelizmente, o mundo está repleto de produtores que não fazem o que dizem e não dizem o que fazem. Transparência e sustentabilidade não são instrumentos de marketing, mas um ato de responsabilidade do produtor para o consumidor de vinho.
Estou pedindo muito?

domingo, 8 de agosto de 2010

Deus te ama...



"O vinho é a prova constante de que Deus nos ama
e nos deseja ver felizes."
>Benjamin Franklin

sábado, 7 de agosto de 2010

Um vinho de “gala”

Semana passada fui visitar o casal de amigos Graciela (mundialmente conhecida como Gury) e Zanio, que acabam de ter uma linda nenezinha (Anne), e me lembrei deste vinho que muito gentilmente trouxeram pra mim em ocasião de última viagem deles a Argentina.

Este Gala 1 2007 faz parte das linhas tops da vinícola, os chamados de “Selectos da Família Arizu”, e é basicamente um Malbec (85%), mas cortado atipicamente com parcelas de Petit Verdot e Tannat. Vinhedos em Lujan de Cuyo, Mendoza.

O que primeiramente chamou a atenção foi a caixa de presente da própria vinícola e a linda garrafa: poderia ficar falando dos detalhes o post inteiro, mas vocês querem saber das coisas concretas, aliás das coisas liquidas, não é? Tá certo.

Enfim depois da embalagem chiquérrima a expectativa cresceu, já imaginou todo este charme para um vinhozinho sem graça?

Mas obviamente não fui desapontado.

É um protótipo de vinhaço de novo mundo: potente (14,5° de álcool), perfumado e macio. Não por acaso ganhou 92 pontos pelo Robert Parker. Os aromas explodiram no nariz, muita baunilha, cerejas e ameixas. Na boca um belo corpo, carnudo, muita estrutura, taninos aveludados, equilíbrio, madeira (14 meses em carvalho novo) e boa persistência. Recomendado para quem gosta do gênero.

Este vinho se encontra também por aqui, é importado no Brasil pela Decanter.
Mas não vem com a minha embalagem, sorry.


sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Vertical de Coca-Cola?

Agora o fato que a Coca-Cola seja descendente do vinho (como vimos neste post) não significa que devo bebê-la no restaurante, hein!

Nos Estados Unidos um dos garotos propaganda da célebre marca de refrigerantes é o famoso chef Tom Colicchio, verdadeira celebridade culinária e juiz do reality show Top Chef (ao ar no Brasil no canal Sony).

Se já esta foto da campanha da Coca-Cola dá calafrios, reparem o que o Colicchio diz no slogan: "Olá, sou o Tom e colaboro com a Coca Cola porque eu acredito no grande gosto".

Hey, chef, desculpa a pergunta, mas já reparou que a garrafa que esta na sua frente não é de um Brunello 2001?

Pronto, agora tenho medo do que possa vir pela frente: já vão se delineando as imagens ameaçadoras de degustações verticais de Coca-Cola (diet, light, zero, descafeinada, lemon), jantares harmonizados com Fanta e, porque não, degustações à cega de Sprite. Que harmonizada com foie grãs limpa a boca que é uma beleza.
Que Deus os perdoe.

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Tecnologia inteligente: o i-sommelier

E falando em tecnologia finalmente é aplicada com inteligência e não como vimos nestas duas bobagens do saca-rosca e do robô pega-garrafas.

O restaurante SD26 de Nova York introduziu o sommelier virtual para seus clientes. Na mesa pequenos tabletes estilo i-pad no lugar de chatas e pesadas cartas de vinho. Afinal vamos a restaurante para comer e beber e não para fazer levantamento de peso!

Então este i-sommelier com tela touchscreen de 9 polegadas disponibiliza mais de 1000 rótulos para se pesquisar rapidamente. Pode procurar a sua garrafa por tipo de vinho (tinto, branco, dessert ou frisante), faixa de preço ou harmonização do seu prato. E em um segundo aí está visualizado o seu vinho com todas as características técnicas e degustativas.

Esta tecnologia, além de ser prática para o cliente, é prática (e econômica e ecológica) também para o restaurateur, que pode modificar a carta de vinhos disponíveis em um clique, sem mandar imprimir a cada vez a nova carta com as novidades ou pior ainda riscar de caneta os rótulos esgotados.

Vale remarcar, por motivos absolutamente imparciais, neutros e não partidários, que os donos deste restaurante nova-iorquino são italianos. Hehehe...

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

MondoVinho e o passarinho


Queridos amigos leitores,

Se a boa tecnologia existe temos que desfrutà-la, não é? Então eu não podia ignorar mais o piar deste passarinho e enfim o blog Mondovinho chegou no Twitter!

Mais um recurso para receber atualizações do blog em real time, trocar dicas (de vinho e não), mais várias e eventuais.

O mundo moderno o exige, então vamos para Twitolandia!

Para acessar e seguir o MondoVinho, por favor clique no botão do Twitter na coluna ao lado direito da página. Ou em alternativa: https://twitter.com/MondoVinho

Obrigado pela fidelidade, um grande abraço!

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Bolso Esperto alentejano

O Bolso Esperto não podia deixar de passar para o Portugal, pois por aí tem boas barganhas. Verdade também que as barganhas são raras, mas quando encontrar, como neste caso, meus caros, é de comprar em caixas.

O Eng. Paulo Laureano levou o titulo de Enólogo do Ano em 2004 pela Revista de Vinhos. A sua, em Alentejo, é uma vinícola familiar com produção artesanal, focada exclusivamente em castas portuguesas de uvas minuciosamente selecionadas. Aí não tem erro: uva de qualidade gera vinho de qualidade.

Deste Vinho Regional Alentejano da linha Premium, falou também o grande mestre musical e expert enófilo Ed Motta em seu blog de vinhos.

É um corte de Trincadeira (60%) e Aragonez (40%) e em minha opinião oferece uma fantástica relação preço/qualidade. Por R$ 32,00 leva um vinho muito saboroso, de discreta complexidade, com muita fruta e notas de chocolate. Equilibrado, com madeira bem integrada (18 meses em carvalho francês!) e muito macio. Imperdível.
Importado pela Adega Alentejana.


segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Apologia do Bolso Esperto

A última edição da revista Adega anuncia na capa uma chamativa matéria: “Best Buys: dicas de vinho com boa relação custo x beneficio.” Legal! Curioso vou logo ao artigo e descubro o engano: “excelentes opções de vinhos abaixo de U$ 100,00”.
Eeeh? Cem dólares? Que tarefa árdua! Bravi! Só podem estar brincando com a minha cara...! Gente, estamos falando de quase R$ 200! E isso seria um preço best buy? Ma per favore! Até o meu sobrinho de 7 anos saberia escolher 10 vinhos bons para este preço.

Ta ok, é verdade que preço não é sempre necessariamente ligado à qualidade (como vimos neste recente post), mas também é difícil encontrar um vinho que custe R$ 180,00 e seja ruim. Talvez pode não valer o preço pago, mas ruim não é, certo? Então não é preciso de um grande trabalho de expert para encontrar vinho bom nesta faixa de preço.
E ainda ganham para isso... Então eu, que na minha coluna Bolso Esperto, seleciono e indico vinhos de boa qualidade abaixo de R$ 40 (REAIS, não dólares!) deveria ser eleito Presidente da República???

Caros jornalistas e editores de revistas de vinho, parem de associar vinho com luxo, isso não ajuda a difusão da cultura do vinho. Um rótulo de U$100,00, ao contrário do que vocês acham, é caro. E vinho bom e barato não é uma lenda: existe, e se vocês ainda não enxergaram e querem continuar neste mundo surdo não tem problema: nós blogueiros estamos aqui para isso.

Enquanto espero o meu diploma de enólogo ad honorem e com louvor, cidadania honorária e chaves da cidade, vou preparar o próximo post do Bolso Esperto, que publicarei amanhã, e vou adiantando que é imperdível.

Amigos, é aqui que vão encontrar dicas bacanas de bom custo/beneficio.