terça-feira, 30 de novembro de 2010

Como servir o vinho para os seus convidados

O serviço do vinho tem umas regras base.
Sei que para muitos dos meus leitores isso é óbvio e sabido, mas parece que não é tão óbvio assim: garanto que pessoas frequentemente me perguntam sobre estas coisinhas básicas quando estão preparando um almoço/jantar para convidados em casa, então resolvi colocar um breve post sobre o ABC do vinho à mesa.

Claramente não são para seguir ao pé da letra, pois cada caso é um caso, lembrando que o que conta é o gosto pessoal (afinal se você gosta de Gewürztraminer com churrasco quem sou eu para dizer que está errado?), mas por linhas gerais aí estão as minhas dicas.

- Servir sempre em ordem de temperatura (os vinhos mais frescos antes dos menos refrigerados)

- Vinhos brancos antes dos tintos

- Vinhos leves antes de vinhos encorpados

- Harmonizar vinhos com boa acidez e frescor com comida leve (melhor durante as estações quentes)

- Vinhos mais encorpados vão com pratos mais complexos e de longo cozimento (melhor durante as estações frias)

- Vinho tinto nunca com peixe e frutos do mar (bem, quase nunca, dependendo do molho pode fazer umas exceções)

- Vinho licoroso nunca com carne

- Durante uma refeição nunca servir um vinho só

- O único vinho que pode acompanhar uma refeição inteira é o Champagne (ou espumante em geral). Ele vai bem a partir das entradinhas e petiscos, passando por pratos de peixe e carne (leves) e até terminar com sobremesa.

A partir destas regras base sugiro ir experimentando e testando harmonizações mais ousadas.


O Bolso Esperto franco-chileno

Como o Natal se aproxima e provavelmente vai querer comprar uns rótulos mais importantes para comemorar, é bom economizar até lá, com garrafas acessíveis, mas de qualidade respeitável.

Por aqui já falamos várias vezes da família Rotschild, o nome mais importante da viticultura mundial (inclusive achamos também um bolso esperto bordales), hoje vamos falar de um dos seus inúmeros projetos mundiais.

Na década de 90 a Baron Philippe de Rotschild decidiu explorar o solo chileno e se instalou em Maipo, na Vale Central. Em quanto fechava negócios e a parceria com a Concha Y Toro para o ícone Almaviva, dedicou-se também a produção de vinhos simples para o dia a dia.

Daí nasceu a linha Mapu, que no idioma do povo nativo chileno, quer dizer “terra” (Mapuche é o nome do povo e significa “gente da terra”).

Elaborada com know-how e tecnologia francesas, é uma linha moderna, frutada, fácil de beber, e sobretudo, barata: eu comprei este Cabernet Sauvignon no mercado Zona Sul do Rio (no resto do Brasil é distribuído pela Vinho Sul) e paguei por ela a módica cifra de R$ 19,90.

É um varietal 100%, que não passa por madeira, para manter inalterado o frescor da fruta. Bom equilíbrio, acidez correta, taninos amigáveis, pena pelo final curtinho, mas seria pedir de mais né?

Enfim, um vinho super-descomplicado para quem quer o bolso como aliado (nossa, que rima poética!).


segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Itália: os vinhos tops da Campania

Hoje vou falar um pouco dos vinhos da minha região, a Campania!
Para quem acha que já sou partidário falando da Itália em geral e que vou ser ainda mais sobre a minha terra específica, vou logo dizer que está...certo! Hehe, não, brincadeiras a parte, como vimos não sou eu a dizer que vinho da Campania é sinônimo de excelência, mas a crítica especializada inteira.

Inclusive me lembrei que a amiga Kátia, que trabalha como sommelier no Copacabana Palace (digo: o Copacabana Palace, não o boteco de esquina), recentemente me procurou para mais informações e dicas, pois o hotel estava pedindo maior conhecimento sobre vinhos da Campania já que a clientela está cada vez mais exigente (...olhem só: eu dando dicas para um sommelier de um dos mais importantes hotéis do mundo...! Estou começando a me achar...)

A Campania, no sul da península, espremida entre montes (muitos de origem vulcânica) e mar, produz vinhos fantásticos, cultuados por especialistas e entendedores, mas poucos conhecidos ao grande público. Isso porque nem todos são vinhos fáceis de beber, sendo um pouco mais tradicionais e austeros, que fogem um pouco da modernidade novomundista. Mas são os parceiros ideais de comida.

Os vinhos ícones da região são o Taurasi para os tintos e Fiano di Avellino e Greco di Tufo para os brancos (os três são DOCG).

O Taurasi é feito basicamente com uva aglianico, que é a uva mais importante e representativa do sul da Itália: é chamada de Nebbiolo do sul pela sua tanicidade e potência. É capaz de criar vinhos de grande complexidade e profundidade e de envelhecer por décadas.

O Fiano di Avellino, produzido com a uva homônima, é um branco fresco e de elegância ímpar, considerado por muitos experts um dos melhores brancos do mundo, frequentemente comparado aos Chablis.

O Greco di Tufo, também de vinhedo homônimo, já é um branco mais mineral, muito expressivo.

Além destes existem cerca de 20 DOC e 10 IGT da Campania, entre as mais apreciadas o Lacryma Christy, o Falerno del Massico e o Piedirosso (ou Palombina) que são vinhos tintos de grande estrutura, balsâmicos e com especiarias.

Já têm brancos muito aromáticos e agradáveis como o Falanghina, o Coda di Volpe e Greco, que também são usados para espumantes.

Isto por linhas gerais e somente para citar os mais importantes, mas como disse, a produção de vinhos campanos é bastante relevante e não cabe certamente em um post.

Melhores produtores e vinhos top:

- Mastroberardino: é sem dúvida o maior produtor, a sua linha Radici é referência no mundo inteiro para brancos e tintos.
- Salvatore Molettieri: o seu Taurasi Cinque Querce foi considerado pelo guia Gambero Rosso não somente o melhor da região, mas o melhor tinto da Itália.
- Clelia Romano: não tem Fiano de Avellino de igual expressão, parece a Borgonha mudada para o sul da Itália. Simplesmente fantástico.
- Villa Matilde: o seu Falerno del Mássico é considerado um dos melhores tintos italianos pela Wine Spectator.
- Montevetrano: este é o vinho mais moderno da região, em estilo supertoscano (um supercampano!). Inimitável blend de Cabernet Sauvignon, Merlot e Aglianico. Extraordinário.




domingo, 28 de novembro de 2010

O que os astros bebem?

Você acha que um astro da música internacional automaticamente é entendedor de vinho. Faz sentido: dinheiro, boa vida, viagens, festas, eventos, conhecimentos e conhecidos. Pois é, e em alguns casos é verdade: uns como o Sting, Mick Hucknall do Simply Red e Whitesnake até produzem os próprios vinhos (os primeiros 2 na Itália e os terceiros na Califórnia). Mas em muitos outros casos a equação star = wine lover está longe do ser correta.

Inspirado pelo recente comentário do Gary Vaynerchuck, fui pesquisando pela rede e encontrei alguns dos requerimentos básicos das pop-star em tournée para os quartos de hotel e camarim. E nos pedidos o vinho nunca falta. Ou quase.

Vamos começar pela diva das divas: Madonna. Bom, ela deve tomar um Chateau Margaux, Latour, Ornellaia? Nada disso! É para ela que vai a pior nota, pois ela bebe é água Fiji.

Bono e o U2 não parecem ser muito experts, pois a pedida era “3 very good Bordeauxs” (com o “s” no final).

Jon Bon Jovi não vai muito além, pois se contenta de um modesto Mouton Cadet (que é sim um bom vinho, mas que para a Barone Philippe de Roschild seria o Casilleiro del diablo para a Concha Y Toro).

Já o Sammy Hagar do Van Halen quer Pinot Noir da França ou Califórnia (como se fosse a mesma coisa!) ou Barolo, mas sem especificar marca.

O Elton John prefere “Chateu Nuef de Pape e Eshaseaux” (mas como este povo escreve, hein?).

A Mariah Carey só bebe Opus One e não quer saber de mais nenhum vinho (que nem receita médica).

O Rapper Jay-Z sabe o que quer e vai para portos seguros (por que arriscar?) com champagne Crtistal do Louis Roederer, Sassicaia e outros supertoscanos da área de Bolgheri.

Mas o que me deixou de boca aberta (e com água nela!) foi a cantora/pianista de jazz canadense Diana Krall (que pessoalmente adoro), com uma lista super-detalhada e competente (confira abaixo): nenhum vinho dos sonhos, mas todos ótimos rótulos de ótimos produtores do mundo inteiro escolhidos a dedo. Parabéns, Diana!

P.S. hors concours o nosso Ed Motta, que para não humilhar os colegas merece categoria a parte: para competir com o seu conhecimento em matéria de vinho, somente os melhores sommeliers do planeta.


 


sábado, 27 de novembro de 2010

Make wine, not war

Nestes dias de guerra aqui no Rio nada melhor que esta bela foto para bom auspício.
Aqui, como em qualquer outro lugar do mundo sem paz.

Stop war, drink wine.

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

O truque da madeira no vinho

Já ouviu falar em chips? Não, não são batatas fritas, nem tampouco estou falando do famoso seriado policial americano dos anos 70-80.
No mundo da enologia os chips são pequenos pedaços de madeira que servem para dar o sabor de carvalho a vinhos que NÃO estagiam em barricas de carvalho. Qual é o propósito? Economizar, é claro! Barricas custam, o povo gosta de vinhos amadeirados, então em vez de colocar o vinho em madeira coloco a madeira no vinho! Simples assim.

Entre as trapaceadas enológicas das quais já falamos, esta é uma prática bastante difundida, e das mais irritantes: os chips são vendidos livremente e existem em vários formatos (cubos, lascas e até serragem) e em várias tostaduras (leve, média e forte) que simulam os efeitos da maturação e afinamento em carvalho francês, americano ou esloveno.

Os principais utilizadores de oak-chips são os australianos (não é possível! De novo eles?!?!), mas há alguns meses foram legalizados também na Europa “graças” ao choro de umas grandes empresas que lamentavam a concorrência desleal dos Aussies.

Viu? Então agora tome cuidado quando diz que gosta da madeira no vinho, que o produtor pode te satisfazer ao pé da letra.

Neste caso serviria realmente a ajuda dos patrulheiros Baker e Poncherello.


quinta-feira, 25 de novembro de 2010

O mundo está se Asti-zando

Quando digo que gosto de espumante Asti, os enófilos atentos acham que:

1) ou sou maluco
2) ou não entendo nada de vinho
3) ambas as opções

Mas quando leio notícias como esta, meu coração se enche de alegria.
O Wall Street Journal (digo: o Wall Street Journal, não a Tribuna de Indaiá) fala de uma Asti-zação da América, aliás, do mundo.
E poucos dias antes o Gary Vaynerchuk, o maior fenômeno multimídia na comunicação enológica atual, que com seu vídeo-podcast Wine Library TV revolucionou o modo de divulgar a cultura do vinho, tinha dedicado o episódio #946 das suas degustações “pop” ao Moscato de Asti, contando inclusive como astros da música americana estão loucos com este tipo de vinho.






Pois é, obviamente o Moscato d’Asti não é comparável por nada a Champagne, Prosecco, ou Franciacorta, mas faz o seu sentido. Na Itália é o vinho mais tradicional em épocas de festas de fim de ano, aniversários e casamentos. E sabem o por quê? Por ser o mais indicado a acompanhar sobremesa. Harmoniza perfeitamente com Panettone, frutas (secas e frescas), com bolos e doces em geral.

O método Asti (o nome vem da província do Piemonte onde esta D.O.C.G. é produzida) é diferente dos outros métodos de espumantização, por ter uma única fermentação em grandes tanques de aço, que tem como propósito o de manter quanto mais o aroma e sabor da fruta. Por isso a fermentação alcoólica é interrompida quando chega a um volume entre 5% e 10%, o que deixa mais açúcar residual. A uva utilizada é sempre a Moscato (moscatel).

O resultado é um vinho muito aromático, leve, refrescante, alegre e delicioso. E, sobretudo, bem mais em conta do que os seus primos borbulhantes mais famosos.

O Brasil produz ótimos exemplares de espumante Moscatel a preços bem acessíveis, então para as festas de fim de ano é só escolher.


quarta-feira, 24 de novembro de 2010

O Crljenak Kaštelansk da Seghesio

Quem me conhece e acompanha o blog sabe que sou suspeito falando em uva Primitivo (pois gosto bastante) e suas variações. Uma delas é a Zinfandel, variação americana, geneticamente idêntica à primitivo e ambas originárias da Croácia, onde esta uva é conhecida como Crljenak Kaštelansk.

Sorte nossa que alguém pensou bem em trocar o nome, já pensou ir a um loja ou restaurante e pedir “uma garrafa de Crljenak Kaštelansk, por favor” ?

Voltando aos Zinfandels, um dos meus preferidos é o da Seghesio, na Califórnia, mais precisamente no distrito (condado) de Sonoma.

Fundada em 1895 pelo italiano Edoardo Seghesio, hoje na quarta geração, a vinícola é provavelmente a mais representativa no mundo em relação à zinfandel, pois consegue expressar em pleno todas as grandes características desta uva. Isso graças ao melhor terroir, a vinhedos antigos de baixo rendimento e a uma atenta vinificação.

Este Sonoma County Zinfandel, na última safra que eu tomei (2007) se classificou como o 10° melhor vinho do mundo na cobiçada lista da Wine Spectator em 2008.

Não sei se merece plenamente esta colocação, mas com certeza é um vinho cativante: rico, concentrado e macio.

Lindos aromas florais cedem o lugar para especiarias e baunilha. De grande equilíbrio na boca (não se percebem em momento algum os seus 15,5% de álcool) o ataque é de campeão: bom corpo, textura aveludada e muita elegância. Cerejas e ameixas com notas de tabaco. Boa complexidade e acidez na medida, mas se perde um pouco no final meio leve, onde podia ter um pouco mais de persistência.

De qualquer forma um grande vinho, que faz justiça à fama da vinícola no mundo.

Voto gringo: 8

Vinho: Sonoma County Zinfandel
Safra: 2007
Produtor: Seghesio
País: EUA
Região: Califórnia (Sonoma)
Uvas: Zinfandel (100%)
Teor Alcoólico: 15,5%
Importadora: Mistral
Custo médio: R$ 120,00

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Alexandre Magno, Dionísio, o vinho aguado...e nós

Nunca confie em quem não dilui o vinho”. Esta frase se pronunciada hoje faria arrepiar até um abstêmio, mas uns milênios atrás era o lema preferido pelos Gregos contra o odiado povo da Macedônia. Os macedônios de fato eram muito ligados ao Dionísio e o costume de não diluir os encorpados e escuros tintos da época é devido justamente à profunda relação com o deus do vinho.

A cidade holandesa de Amsterdam celebra até Março 2011 o mito do Alexandre III da Macedônia, dito o Grande (ou Magno), com uma exposição sobre um dos personagens mais fascinantes do passado, o rei lendário e visionário que foi capaz de unificar todo o mundo até então conhecido.

O culto de Dionísio se confunde com o de Alexandre, que de qualquer forma foi inspirado pelo deus do vinho nos seus atos, ao ponto que o vinho liga todas as salas da exposição em um percurso aonde até nas representações artísticas os dois chegam a se parecer.

Alexandre Magno idealmente percorre o caminho do deus em sentido oposto, indo para oriente (de onde segundo o mito o Dionísio provem) em muitas das áreas da Eurásia onde historicamente e biologicamente a vitis vinifera se formou.

A figura do Alexandre o Grande chega até a época romana, com os primeiros seguidores de Cristo. O cacho de uvas esmagadas, que se ressurge em vinho é um dos símbolos mais poderosos dos primeiros cristãos e o próprio vinho é o protagonista do primeiro milagre de Jesus Cristo. Entre os dogmas e os aspectos mais sagrados do Cristianismo, antes mesmo que o pão, é o vinho que se torna sangue, afeta a alma e converte o mundo inteiro.

De Dionísio a Jesus passando por Alexandre e até hoje isso mostra como o vinho é parte de nós e da cultura da humanidade, muito mais profundamente do que achamos.

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Os vinhos do Rio Negro (Patagônia argentina)

Argentina não é só Mendoza: outras regiões vinícolas interessantes estão situadas ao norte, como San Juan, Rioja e Salta (melhor terroir para torrontés), mas hoje gostaria de falar de uma região ao sul do país: a do Rio Negro (Patagônia), capaz de produzir vinhos surpreendentes.

Ali os vinhos são um pouco diferentes dos clássicos argentinos que costumamos beber.

Primeiro, o clima com excursões térmicas de mais de 20° entre dia e noite permite uma maturação mais harmoniosa e acidez equilibrada.

Segundo, a Patagônia não teve até agora (mas as coisas estão já mudando) a ambição de ser grande exportador, sendo que a maioria das vinícolas é de tipo boutique (pequenas, familiares e artesanais) e a produção é destinada principalmente ao consumo local.

Isto se traduz em vinhos mais típicos, o que não significa rústicos: mesmo com as características de Novo Mundo, são vinhos que conseguem expressar mais livremente o próprio terroir, fugindo um pouco da opulência e valorizando mais a elegância. Isso sem perder a riqueza da fruta.

Nesta região de clima desértico as chuvas são bastante escassas e o solo se beneficia das águas dos rios Neuquén e Limay, que formam o Rio Negro e dos vários canais artificiais. Já o vento é forte e constante, o que é um alívio para as videiras que de tal forma são livres naturalmente de infestações, tornando a maioria dos vinhos orgânicos, pois o uso de pesticidas é desnecessário.

A região se destaca para lindos pinot noirs, merlot e sauvignon blanc, mas também tem boa produção de malbec e cabernet. Grandes estrelas são a Bodega Noemia, Humberto Canale e Chacra, que graças a modernização fazem a fama da região lá fora. Mas existem outras excelentes vinícolas que produzem vinhos honestos e para todos os bolsos como a Bodega Del Fin Del Mundo, a NQN, Família Schroeder, Valle Perdido e Universo Austral.

domingo, 21 de novembro de 2010

Não beba sem noção


Dado que o homem é o único animal que bebe sem sede,
convém que o faça com discernimento.”

> L. Farnoux-Reynaud

sábado, 20 de novembro de 2010

As borbulhas do desejo

Esta semana teve uma ocasião especial para comemorar (o aniversário da minha linda!) então não pude deixar de abrir esta garrafa de Veuve Clicquot.

Estamos falando simplesmente da mais valiosa marca do mundo do vinho. Isso não significa que seja necessariamente a melhor (e de fato não é), mas somente que é a marca líder em relação ao que no marketing se chama de Top Of Mind: o primeiro rótulo que vem na mente dos consumidores falando em champagne é este laranjinha da viúva Ponsardin. Isso graças também a uma campanha de marketing que amplia a gama de produtos ligados à marca que vão de toalha de praia até geladeira, passando por bolsas, carteiras, guarda-chuvas e uma infinidade de outros gadgets.

Mas obviamente junto a isso vem a qualidade indiscutível do vinho. Como disse, tem vários champagnes melhores (pra mim o Krug é insuperável), mas certamente não tenho como falar mal deste excelente rótulo, que entre os tops tem um preço mais “interessante” (notar as aspas). Inclusive, como vimos, é o vinho mais antigo do mundo (Veja abaixo o vídeo da degustação oficial do vinho submerso por 200 anos).

Este Brut é um corte de Pinot Noir, Chardonnay e Pinot Meunier (estrutura, elegança e redondeza), vindo de 50-60 crus diferentes da área de Reims.

Logo aberta já da garrafa sobe uma explosão de aromas de pão tostado. No copo tem um perlage fino e persistente que traz mais aromas de baunilha, de pêra e nozes. Sensação repetida no palato, onde, como diriam os anglófonos, é mouth-filling, de muito volume e profundidade, grande cremosidade e final longuíssimo.

Voto gringo: 8

Vinho: Brut Yellow Label
Safra: non millésimés
Produtor: Veuve Clicquot Ponsardin
País: França
Região: Reims- Champagne
Uvas: Pinot Noir (50-55%) Chardonnay (28-33%) Pinot Meunier (15-20%)
Teor Alcoólico: 13%
Importadora: Veuve Clicquot do Brasil
Custo médio: R$ 190,00

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

O futuro é de plástica?

Imagine estar em um restaurante: você olha a carta de vinhos e escolhe a sua garrafa. Em seguida chega o sommelier que te mostra o rótulo escolhido e você nota que a garrafa é de plástico. Qual a sua reação?

a) Que horror!
b) Uhm...deixa ver.
c) Puxa, que idéia genial!

A proposta de usar a plástica para garrafa de vinhos vai dividir o mundo do vinho para os próximos anos. Obviamente não estou me referindo aos vinhos de mesa “suave” (ou de garrafão) comuns aqui no Brasil, mas aos vinhos finos.

Voltamos à questão ambiental (e econômica), assim como vimos para o screw-cap.
E também neste caso, a Austrália, que não está nem aí com tradição e história (pois não tem), é pioneira neste tipo de experiência. A Wolf Blass do Foster’s Group lançou no ano passado o Green Label Chardonnay e o Green Label Shiraz (ambos vinhos premium) em garrafa PET, alegando que é reciclável, pesa 36% a menos do que uma de vidro e comporta até 29% a menos de emissões carbônicas no transporte.

Será que podemos já afirmar que está acontecendo uma outra revolução no mundo do vinho?
Somente o tempo vai dizer.

Pessoalmente ainda estou do lado do vidro, afinal é reciclável também, não é? Mas posso concordar em usos específicos como, por exemplo, em eventos ao ar livre, para ser servido durante uma viagem (em avião ou trem) ou para catering informal.

O que vocês acham?

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

O Bolso esperto argentino com sotaque italiano

Recentemente falei de malbec enjoativo e pouco adapto para harmonizações com comida, pelo contrário este é um malbec bastante gastronômico.

Assim como vimos neste outro caso, Altos lãs Hormigas é um projeto todo italiano em Mendoza. Na década de 90 o famoso enólogo toscano Alberto Antonini juntou um time de empresários e de técnicos do vinho para explorar o terroir argentino e a uva Malbec.

Pelo visto deu certo, pois o Reserva desta marca já entrou várias vezes na lista dos top 100 da Wine Spectator.

Este rótulo que segue já é mais simples, mas mesmo assim de notável qualidade (somente para citar, obteve 90 pontos pelo Robert Parker) e pelo preço de R$ 36,00 vai ser sem dúvida membro do nosso clube do Bolso Esperto.

É um 100% malbec, as uvas são provenientes de Luján de Cuyo e de Valle de Uco e 50% delas tem breve passagem em madeira.

Os aromas vão da cereja ao alcaçuz, com notas herbáceas. No palato é de corpo médio, mostra estrutura e caráter. Frescor proporcionado pela boa acidez e taninos firmes, faz dele um vinho muito equilibrado, mesmo com seu alto teor alcoólico (14,40% na safra 2007 por mim degustada).

Enfim, um malbec diferente dos usuais malbecs argentinos que costumamos tomar normalmente, bem convidativo para acompanhar um prato de massa.

É importado pela Mistral.


quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Pintura em uma taça: quando as descrições são cômicas

Descritores aromáticos não são invenções de enochatos, mas que o enochato gosta de inventar uns, isso é inegável.

Com certeza tem muitos profissionais, como sommeliers e jornalistas, com narizes treinados que conseguem identificar coisas que fogem aos comuns mortais, mas têm muitos outros que fazem somente pose e se adentram em cada descrição ousada só para ser notados. O que eles não percebem é que se tornam totalmente ridículos.

Impossível não rir na frente de descrições como esta:

O leque de nuance vai de banana à fruta cítrica antiga, à baunilha, e se fechamos os olhos a uma primavera botticelliana”.

Eu entendo a banana e a baunilha. Mas o que é uma fruta cítrica antiga? Uma laranja estragada, talvez? E tudo bem que fazer vinho é arte, mas alguém me explique como se faz a sentir o quadro na foto (justamente a “Primavera" do Botticelli) em uma taça de vinho?

A famosa revista italiana Il Mio Vino tem uma coluna que a cada mês premia as notas de degustações (de experts e especialistas) mais risíveis e engraçadas.

Por ai se encontram jóias como um vinho “não estrondeante empoleirados nas paredes da taça em grandes arcos com parábolas bem contadas, de cor rubicundo e ares por nada âmbar, com aromas de fruto adamantino” outro cujo “olfato vive de acentos verticais” ou outros com aromas de “manteiga derretida dinamarquesa, cereja de Ravenna e cebola vermelha de Tropea”.

Por favor, se a manteiga não for dinamarquesa nem pense em derretê-la para saber qual é o aroma, tá? E a cereja só vale a de Ravenna, todas as outras cerejas do mundo estão fora da jogada.

Poderíamos continuar ao infinito, mas gostaria de fechar com uma pérola descritiva como esta: “A carga expressiva é arquetipal; nariz reticente e quase monossilábico, um vinho que anda em uma esfera de sensações tácteis. Com a oxigenação tem um movimento de orgulho, uma tênue reação, que se concretiza em um simples engrossamento do que já existia... Um vinho silencioso por escolha, aonde o mínimo é o manifesto programático, mas não um limite, completado pela marcada tridimensionalidade. Enfim uma bebida espinhosa que nos deixa titubear em um incomum deja-vu líquido”.

Claro, não?

Depois das risadas temos que adicionar ao lado cômico o aspecto triste da coisa: contar o vinho desta forma não nos leva a lugar nenhum.

A culpa não é nem dos autores, que, coitados, nem sabem o que estão escrevendo, mas de quem os deixa publicar tais absurdidades.

A gente aqui, tentando descomplicar, divulgar de maneira simples e acessível às características e os atributos do vinho, e estes caras de pau querendo obter o resultado oposto, fechando sempre mais o círculo ao redor de pequenas elites pseudo-intelectuais, que se acham competentes, mas que no fundo escondem a própria ignorância atrás de palavras e metáforas bonitas.

Afinal alguém entendeu se o vinho da última descrição é bom ou ruim?

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

O vinho sensação dos últimos tempos

Este é um vinho que conheço há bastante tempo e que é sem dúvida o vinho-sensação dos últimos tempos. Em todas as degustações e mesas onde foi servido ele deixou o público de queixo caído. Pessoas para as quais o recomendei  (no Brasil e na Itália) estão ainda me agradecendo e se tornaram “viciados”. E vários apaixonados e experts juram ser o melhor vinho que já provaram. A minha mulher, por exemplo, beberia só ele, todo dia, a vida inteira. Pessoalmente eu não chego a este limite, mas admito ser um vinho fantástico.





Vinho: Sessantanni Primitivo di Manduria D.O.C. / Luccarelli Old Wines
Safra: 2006
Produtor: Feudi San Marzano
País: Itália
Região: Puglia
Uvas: 100% Primitivo
Teor Alcoólico: 14,5%
Importadora: Casa Flora / World Wine
Custo médio: R$ 140,00



Não fiquem estranhando o duplo rótulo e a dupla importadora: ele é importado por 2 importadoras sobe nomes diferentes, mas é exatamente o mesmo vinho (truques comerciais).

Da área D.O.C. para uva Primitivo, ele procede de vinhedos selecionados com 60 anos de idade, matura em carvalho francês por 6 meses e para os amantes da crítica é considerado um dos melhores tintos da Itália pelo conceituado crítico Luca Maroni.

Geralmente não falo da cor, mas esta chama a atenção indo para uma linda violeta. No nariz ele entrega um bouquet de aromas de tabaco, café, tostado, sensação que se repete na boca, com a adição de fruta madura (cereja e amora) e cacau.

Um vinho complexo e profundo, de grande corpo e volume, muito equilíbrio, taninos sedosos e final persistente, levemente adocicado.

Podendo escolher eu recomendo a safra 2005 que achei superior a 2006. Não é um vinho barato, mas também não é tão caro considerando o beneficio proporcionado.

Tendo que encontrar um defeito eu diria que pelo final meio docinho não se presta para as minhas harmonizações favoritas, eu o considero mais um vinho de meditação, para se tomar sozinho.

Aliás, como o amigo e entendedor Sr. Martins sempre afirma: “este vinho é para se tomar rezando”.

Amém.

Voto gringo: 8

domingo, 14 de novembro de 2010

Diferenças mínimas


"O enólogo é o cara que, diante do vinho, toma decisões.
O enófilo é o cara que, diante das decisões, toma vinho!".

 > LUIZ GROFF


sábado, 13 de novembro de 2010

O vinho do Twitter

Depois de tanto vinho no Twitter chegou o vinho do Twitter.

A iniciativa é por conta da Fledgling, uma ONG que trabalha para a alfabetização e educação das crianças necessitadas do mundo inteiro e a Twitter Inc. é empresa parceira que apóia o projeto.

Este primeiro social-wine é produzido na Califórnia por enquanto em 2 varietais (digamos, clássicas) chardonnay e pinot noir, e parte do dinheiro arrecadado vai ajudar a educar as crianças da Índia.

Viu que clicando e digitando a palavra “vinho” algo acontece?
Agora aguardamos o vinho do Facebook.


sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Grande notícia: Mrs. Robinson descobre o tonel grande

Contra-ordem companheiros! A barrique está fora de moda. É a Jancis Robinson, nas páginas do Financial Times que anuncia “o verbo”: as pequenas barricas (de 225 e 228 litros, que concentram os aromas e sabores de madeira), já tiveram seu dia.
 
Mrs. Robinson descreve uma tendência em ato na França e na Itália onde estão se usando barricas sempre maiores, a partir de 500 litros. Isso é também por motivos econômicos, mas, como a própria Jancis afirma, o vinho maturado em grandes tonéis é mais “refinado e preciso”.

A famosa Máster of Wine inglês chegou a esta conclusão depois de ter experimentado na Itália um mesmo Sangiovese maturado em barricas de diferente tamanho.

Finalmente uma boa notícia. Há 30 anos a crítica internacional premia somente vinhos lenhosos, com pesado gosto de madeira: Mrs Robinson and friends (leia-se Parker, Suckling, Clarke, etc) até agora impuseram os próprios gostos pessoais ao mercado. Agora parecem estar colocando devagar a marcha ré, pela minha felicidade.

Seja claro: eu gosto de vinhos estruturados com boa madeira, mas tem vários exageros. Ademais um grande vinho não deve obrigatoriamente ter muita madeira. Tem uma enorme variedade de grandes vinhos com breve passagem em carvalho, ou sem madeira alguma.

A coisa interessante é que as dúvidas a respeito de uns excessos estão já se difundindo entre os enófilos, e quem bebe por paixão está dando devagar as costas aos conselhos dos experts, começando a seguir o próprio gosto.

Isso se deve também graças a internet, aos sites independentes, a redes sociais e aos blogs (como este que umas vezes vai contracorrente), que originam o diálogo e a comparação entre os enófilos, ativando e refinando os gostos pessoais através de troca de opiniões desinteressadas, somente pelo mero prazer de aproveitar um belo copo do nosso amado caldo de uva.

E às vezes descobrimos que uma modesta dica de um Mario Trano qualquer, vale, por alguns consumidores, mais que uma do Parker (com minha grande honra e orgulho).

É isso aí, pela primeira vez Robinson & Cia perseguem os gostos do público ao invés de ditar moda.

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

O Bolso Esperto do Esporão

Se quiser bom custo/benefício este é outro português que não pode deixar de provar.

A vinícola é uma das mais tradicionais do Alentejo, a famosíssima Herdade do Esporão, um clássico em Portugal, e por aqui também.

O Esporão (do qual falaremos proximamente) é, considerado por muitos, um dos melhores tintos portugueses, mas hoje quero falar deste Monte Velho, que é uma linha intermediária bastante interessante.

Eu paguei R$ 23,98 (que precisão!) em uma promoção relâmpago; normalmente custa de 28 a 40 Reais, mas mesmo a preço cheio vale a pena.

É um corte de Trincadeira, Aragonês e Castelão com breve passagem em madeira. Os aromas remetem à amora fresca e cereja e umas ervas; no palato mostra bastante equilíbrio, taninos macios, acidez correta e um discreto final.

Um tinto de distinta personalidade, potente (14% de álcool) e igualmente elegante, que vai agradar suas noites e seu Bolso Esperto.

- Importado pela Qualimpor.

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Vinho biodinâmico é uma farsa?

Vinho biodinâmico é uma farsa. Alguém tem que falar”. Nesta semana do vinho biodinâmico (veja o evento/feira em São Paulo) não é a frase mais indicada a se dizer, mas este é o titulo do blog de Stu Smith, totalmente dedicado a desmistificar a essência da biodinâmica aplicada à enologia.
É uma leitura até interessante e fiquei bastante entretido, mas perdeu o objetivo de convencer-me.

Primeiramente vamos relembrar o que biodinâmico quer dizer.
A agricultura biodinâmica foi fundada pelo filosofo austríaco Rudolf Steiner. Para resumir brevemente o conceito, digamos que é a agricultura orgânica elevada a máxima potência. Nada de química, adubos e fertilizantes naturais, os elementos ambientais agrícolas são todos integrados em um processo de respeito e cuidado da terra. Em adição a isto, a agricultura biodinâmica se baseia também em forças da natureza, em sentido de trocas de energias vitais, que envolvem o movimento da terra, as fases lunares que determinam os melhores momentos e técnicas de cultivo (por exemplo, a irrigação tem que seguir movimentos circulares, com tempos definidos), etc...

Voltando ao Stu Smith, ele tenta desmontar a teoria atacando a autoridade que sustenta o castelo, alegando, por exemplo, que o Steiner não entende nada de agricultura e tampouco nunca pegou uma enxada em mãos. E continua descrevendo (e ridiculizando) os bio-adeptos como um grupo de malucos, comparando-os com aqueles que acreditam aos horóscopos e que afinal não são muito diferentes daqueles que queimavam bruxas na Idade das Trevas.

Isso naturalmente, além de suportar o raciocínio, faz o jogo dos produtores industriais.

Pessoalmente, eu não sei dizer quanto isso é verdade e o meu lado racional é bem cético sobre a influência dos corpos celestes na agricultura.

Mas (sempre tem um “mas”, né?) eu acredito que a ciência aplicada à produção e, especialmente, a industrialização da produção, trouxe inegáveis benefícios, enormes injustiças e uma dúzia de desastres ambientais de tamanhos catastróficos.

No fim das contas acho que, neste caso, tentar dar um passo atrás, desacelerando um pouco o progresso, faça sentido. Nem sempre é preciso ter provas científicas e às vezes é justo fazer escolhas seguindo o próprio instinto.

E vocês, o que acham?

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Este é o Novo Mundo que gosto

Este vinho acende o meu lado novomundista. Tem todas as características de Novo Mundo que frequentemente critico, mas talvez estejam todas na medida certa. Ou pelo menos em um estilo que me agrada bastante, pois o bebo sempre com prazer.

Da Viña Chocalán (vinícola boutique) já provei quase toda a linha, inclusive um super-blend Gran Reserva, ícone da casa - que é muito bom (e caro) - mas em relação ao custo este Syrah é pra mim a melhor escolha.

Com uvas procedentes de vinhedos de 11 anos de idade em Valle del Maipo, colhidas manualmente e fermentadas com leveduras naturais. O uso da barrica é bem “democrático”: 50% francês, 50% americana; 50% nova, 50% de segundo uso, por 12 meses.

É um vinho com muita complexidade de aromas e sabores: de fruta silvestre ao café, passando pelo tabaco e algumas especiarias picantes, com umas notas minerais. Tem um belo corpo, volume, taninos finos e redondos e fecha com boa persistência.

Ganhou medalha de ouro ao Concours Mondial de Bruxelles.

Voto gringo: 7 ½

Vinho: Chocalan Reserva Syrah
Safra: 2007
Produtor: Viña Chocalán
País: Chile
Região: Melipilla - Valle del Maipo,
Uvas: 100% Syrah
Teor Alcoólico: 14%
Importadora: Terramatter
Custo médio: R$ 70,00

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Este vinho merece um monumento

Na Itália existem pelo menos 6 guias reconhecidos, que dão votos aos melhores vinhos do ano e, como é de se esperar, se encontram opiniões bastante contrastantes, pois obviamente, cada crítico tem os próprios gostos e métodos de avaliação.

Mas parece que tem um único vinho que colocou a crítica de acordo, pois está no topo de todas as classificações: o Taurasi Radici Riserva 2004 Mastroberardino.

Pois é, um vinho da Campania bateu a concorrência de Brunellos e Barolos cotados na Bolsa de Nova York.

Esta notícia me enche de orgulho, primeiro porque é da minha região de origem, segundo porque sempre foi um dos meus vinhos preferidos: modestamente eu o bebia bem antes que o Mastroberardino se tornasse o fenômeno mundial que é agora (quando ainda morava na Itália) e fico feliz em saber que o meu gosto coincide com os dos maiores críticos do planeta.

Inclusive o bebi desta safra e por quanto esteja ainda um pouco fechadinho ele é pronto para tomar agora ou daqui a 30 anos

É um varietal 100% de Aglianico, maturado por 30 meses em barricas de carvalho e afinado 18 meses em garrafa antes de ser comercializado.

Tem um complexo bouquet de aromas de frutas negras, tabaco e violeta. Quanto ao sabor tem retrogosto de ameixas, compota de morango, cereja e pimenta.
Encorpado, de grande volume e profundidade, com taninos presentes, mas finíssimos e boa acidez. Perfeito com pratos de carnes.

Ah, falei da crítica italiana, mas esqueci de citar o nosso amigo Parker, que senão fica chateado...este não é o estilo de vinho que o Robertinho prefere, mesmo assim lhe deu 95+.

É um pouco caro, mas vale cada centavo.

Um tinto monumental.

Voto gringo: 9 ½

Vinho: Taurasi Radici Riserva
Safra: 2004
Produtor: Mastroberardino
País: Itália
Região: Campania
Uvas:100% Aglianico
Teor Alcoólico: 13%
Importadora: Mistral
Custo médio: R$ 190,00

domingo, 7 de novembro de 2010

O Museu do Barolo

Barolo é um antigo vilarejo do Piemonte (nordoeste da Itália) entre colinas, serras e lagos. E é dele que leva o nome um dos vinhos mais celebrados e cultuados do mundo.

Austero e elegante, é conhecido como o “rei dos vinhos e vinhos dos reis”, por ter sido o vinho oficial da Corte dos Savoias (dinastia real européia proveniente da Borgonha e instalada em Itália no século XVIII).

O vinho é tão importante que (assim como vimos com o do Brunello) foi inaugurado um museu em sua honra.

Instalado dentro do Castelo da cidade, propriedade de grande valor histórico, o WiMu (Wine Museum) proporciona uma jornada emocional em 25 salas: 5 andares de historia e cultura do vinho.

Através do site oficial é possível fazer um tour virtual das exposições, reservar on-line a própria visita e baixar conteúdos multimídia interativos para o próprio celular smartphone.

Para quem for viajar para Itália, já dei a dica.







sábado, 6 de novembro de 2010

Bordeaux no alcance

Esta é umas das melhores opções de Bordeaux a preço accessível do nosso mercado.

Bernard Magrez é um dos produtores mais produtivos (desculpem o jogo de palavras) do planeta. O monsieur é simplesmente o proprietário do maior número de vinícolas no mundo (das quais 24 somente na França e mais uma dezena em outros países como Espanha, Portugal, Morroco, Argenina, Chile, Uruguay e Estados Unidos).

Em Bordeaux, entre outros, ele possui este Château Bois Chantant, cujo tinto é um clássico corte bordales de Merlot, Cabernet Sauvignon e Cabernet Franc.
50% deste rouge passa 10 meses em barricas de carvalho, sendo apenas 10% novas (isso garante boa fruta sem que a madeira sobressaia).

No nariz, ameixa, amoras e mentolado. No palato, corpo médio-leve, discreta complexidade, frutas negras e mineralidade, boa acidez e taninos finos. Talvez o álcool se destaque um pouco no final.

Mas enfim, é uma boa solução para curtir um bom Bordeaux abaixo da famosa linha dos R$60,00. Não é do tipo para Bolso Esperto como este, mas mesmo sendo em estilo moderno consegue expressar muito mais a tipicidade do seu terroir.

Voto gringo: 6 ½

Vinho: Château Bois Chantant
Safra: 2006
Produtor: Bernard Magrez
País: França
Região: Bordeaux
Uvas: 75% merlot, 15% cabernet sauvignon 10% cabernet franc
Teor Alcoólico: 13,5%
Importadora: Grand Cru
Custo médio: R$ 49,00

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Guerra de champagnes

Batido um novo recorde mundial.

O malasiano Zhen Low (irmão mais jovem do empresário bilionário Jho) e o imobiliarista americano Winston Fischer, não achando nada de mais interessante para fazer, resolveram se desafiar para mostrar quem tinha mais dinheiro. O ganhador da disputa seria quem gastasse mais em champanhe durante uma noite só, em uma boate de Saint-Tropez, uma das cidades mais badaladas da França (e do mundo).
Entre os convidados também a Paris Hilton.

Quem ganhou este prêmio do desperdiço foi o Low, que gastou a beleza de U$ 2,6 milhões em champagne.

Conhecendo os preços praticados pelas boates de Saint-Tropez, acho que deveriam ter sido umas 4-5 garrafas...

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

O mais vendido da mais visitada

Esta é a vinícola mais visitada da Argentina e este é o seu rótulo mais vendido no Brasil.

Fundada no século por uma família italiana de viticultores da região de Le Marche, a Rutini Wines é uma bogeda bastante tradicional de Mendoza,
Em 1994 a empresa foi adquirida por um grupo de ricos investidores, entre eles Nicolas Catena e José Benegas Lynch, e foi totalmente reestruturada.

Hoje, sobe a supervisão do enólogo Mariano di Paola, referência da enologia argentina (autor, inclusive, do projeto Mapema, junto com o Pepe Galante da Catena Zapata) produz vinhos de nível internacional A Trumpeter é uma linha de vinhos modernos, frutados e muito fácil de beber.

Falando no detalhe deste Malbec/Syrah, achei um bom corte, pois a acidez da syrah balança a doçura da malbec. No nariz ressaltam aromas de cassis com toques de café. Na boca tem corpo médio e discreta complexidade; a madeira (7 meses) é bastante perceptível, já os taninos são bem amigáveis.

No fim das contas um vinhozinho agradável para momentos despretensiosos (poderia ser um pouco mais barato...).

Voto gringo: 6 ½

Vinho: Trumpeter Malbec/Syrah
Safra: 2006
Produtor: Rutini Wines
País: Argentina
Região: Tupungato- Mendoza
Uvas: Malbec (50%), Syrah (50%)
Teor Alcoólico: 13,5%
Importadora: Zahil
Custo médio: R$ 50,00