sábado, 30 de abril de 2011

90 pontos para este? Se beber não deguste...

Mais um bom espanhol. Agora RP90 pontos me parecem muitos, mas levando em conta que a avaliação foi feita pelo Jay Miller então está explicado: o cara dá 90 pontos até para água com gás! Pessoalmente achei um vinho interessante sim, correto e frutado, mas em minha modesta opinião não vale mais de 85 pontos.

A empresa é relativamente recente: foi em 2003 que a Bodegas Arrocal foi construída, em plena Ribera del Duero. Este Arrocal é o vinho de entrada da vinícola, um varietal 100% tempranillo maturado por 6 meses em carvalho.
Uma cor muito delicada, quase transparente, no nariz foi melhor que no palato: aroma de amoras, noz, rosas; já na boca pouco volume e bastante fruta. Os taninos, durinhos no começo ficaram amaciados com o tempo de garrafa aberta. Madeira apenas perceptível, acidez correta. O álcool não apareceu, apesar de seus 14°. Final curtinho.

Enfim, um bom vinho? Sim.
Voltarei a comprar. Não.


Voto gringo: 6 ½

Vinho: Arrocal      
Safra: 2008 
Produtor: Bodegas Arrocal
País: Espanha
Região: Ribera del Duero
Uvas: 100% Tempranillo
Teor Alcoólico: 14%
Importadora: Grand Cru
Custo médio: R$ 55,00

quarta-feira, 27 de abril de 2011

A melhor definição de vinho sem álcool (genial)



Como prometido neste recente post, estou publicando a melhor (pra mim) definição que achei sobre vinho sem álcool:  um comentário anônimo em um site italiano. Gênio? Poesia? Provocação? Sacanagem? Vocês decidem. Segue a frase.

“Vinho sem álcool é como uma linda mulher sem peitos.”
                                                                                  >Autor Anônimo

terça-feira, 26 de abril de 2011

Um site de outro Planeta


Apesar da crise continuar brava nos países da Europa, há quem invista enfrentando a situação como oportunidade de crescimento.
A jovem, mas já badalada vinícola siciliana Planeta (sucesso mundial merecido) apostou na internet e, confiante no futuro e com grande dinamismo no mercado global, apresenta o novo site cheio de novidades.

O projeto inovador oferece uma experiência diferente a cada vez que entrar no site: a idéia de base é tão simples quanto revolucionária: uma câmera reflex digital posicionada com vista para os vinhedos da vinícola tira automaticamente uma foto a cada 3 horas e através de conexão wireless a envia, sem nenhum retoque ou intervenção, diretamente para a home page do site.
Graças a esta união perfeita entre tecnologia e natureza, os usuários conectados poderão optar para ver a fotografia mais recente ou se traçar, como em um álbum de fotos da safra atual, todos os momentos que contam o crescimento, as mudanças, enfim acompanhar a evolução dos vinhedos.

Ademais o site oferece páginas de fichas técnicas dos produtos nas quais é possível pesquisar a grande variedade dos vinhos em base a procedência geográficas, castas, cortes, com simples mapas e gráficos interativos, com a finalidade de trazer para o mundo do vinho mesmo os não-especialistas.
E tudo sempre tendo o meio ambiente como fundo.

Last but not least,  o Clube Planeta , uma revista on-line com notícias sobre tudo o que gira em torno do mundo do vinho (restaurantes, gastronomia, eventos, etc.) com a possibilidade para os membros receberem informações em primeira mão e brindes exclusivos.

Enfim, posso somente parabenizar a Planeta, que mesmo estando em uma das regiões menos desenvolvidas e mais espinhosas da Itália, consegue ficar tão à frente em matéria de marketing e tecnologia.
E, detalhe: os vinhos são ótimos.

quinta-feira, 21 de abril de 2011

Bordeaux esperto

Este vinho mudou de dono em Bordeaux e de importador no Brasil. Mas nisso tudo, quem sai ganhando por uma vez somos nós! Pois o vinho continua o mesmo, mas o rótulo que estava custando mais de 80 reais na Grand Cru custa agora menos de R$50 na World Wine.

O Bernard Magrez, dono de um império vinícola no mundo inteiro, resolveu abrir mão de uns dos seus vinhedos, entre eles este Chateau Bois Pertuis situado na margem direita do Gironde.

Vinho interessante: o destaque vai para a tipicidade, pois não tem como não reconhecer o estilo bordales. 
Corte clássico de cabernet sauvignon, merlot e cabernet franc. O nariz não é muito intenso, cedro com notas terrosas e umas violetas. No paladar não é muito complexo, nem particularmente macio: os taninos são firmes, mas bem amalgamados com o final frutado e com a boa acidez. Final curtinho e retrogosto herbáceo.

Enfim, é um vinho simples, mas com boa tipicidade. Afinal das contas, não chega a ser um Bolso Esperto cheio, mas pelo preço diria que é uma boa porta de entrada para os vinhos de Bordeaux.

Voto gringo: 6 ½

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Já provou vinho sem álcool?

Não? Nem eu...
Mas acontece que o leitor Neto pediu uma matéria sobre o assunto (pois está em tratamento e não consegue ficar sem a sua taça de vinho cotidiano), e como aqui você é quem manda, então vamos lá com o “vinho desalcoolizado”!

É um produto relativamente recente, tem uns exemplares (poucos na verdade) no mundo inteiro, e até tem uns no Brasil, mas o primeiro vinho não-alcoólico feito a partir de uvas vitis viniferas de qualidade é da Espanha. O WineZero tinto, por exemplo, é de tempranillo da Ribera Del Duero, já o branco é de uva verdejo de Rueda, ambos procedentes de vinhedos de ótima qualidade.
Geralmente são vinhos com percentagens de 0,3-0,5% de volume alcoólico. Já o conceituado grupo (também espanhol) Matarromera, depois de 5 anos de testes conseguiu lançar no mercado o Emina Zero, o primeiro vinho no mundo com 0% de álcool.

Qual é o intuito? Como no imaginário coletivo o álcool é o maior vilão, então vamos eliminá-lo!

Mas não seria um suco de fruta?
Parece que não, pois o vinho é vinificado exatamente como qualquer vinho tradicional e uma vez fermentado e maturado o mosto, o álcool vem retirado através de um processo físico (nada de químico) chamado Spinning Cone Column (SCC), no qual em baixas temperaturas os componentes moleculares do vinho são desconstruidos, ou seja, separados, e depois novamente reunidos, mas desta vez sem o álcool.

Agora, sobre as qualidades benéficas para a saúde, os experts afirmam que os benefícios cardiovasculares do vinho derivam principalmente do próprio álcool. E que se por um lado este produto contém polifenois e antioxidantes (sobretudo resveratrol), eles não funcionam da mesma maneira sem o álcool, e de qualquer forma mais lentamente. Ou seja, resumidamente: parece que para alcançar os benefícios de uma taça de vinho tradicional deveria se beber quase a garrafa inteira do vinho sem álcool.

Quanto ao sabor, eu nunca o experimentei, mas há quem diga que é totalmente sem graça e quem, pelo contrário, gostou bastante.

Enfim, vou repassar a bola para vocês, competentes leitores, que com certeza, saberão acrescentar a matéria com propriedade e plenitude, seja do lado científico que do degustativo.

Dificilmente imagino um Cabernet chileno ou um Amarone com 0% de álcool, mas acho a idéia até boa para quem não consome vinho por motivos ideológicos/religiosos/de saúde e para quem está ao volante.
Mas eu digo que se tomado com responsabilidade e moderação, nada pode substituir o prazer e os benefícios (até de caráter social) de uma boa taça de vinho como sempre o conhecemos.

Entre vários comentários a respeito que recolhi, tem um que achei genial e que poderia até entrar na coluna do “Pensamento Divino”. Aliás, acho que a frase merece e vou publicá-la ali em breve.
Então, stay tuned.


segunda-feira, 18 de abril de 2011

A foto que está dividindo a América

A foto da atriz Kate Hudson que toma uma inocente taça de vinho em um restaurante está sendo comentada em todas as redações da imprensa americana: “What? Que inocente que nada! A Kate está grávida e não deve beber álcool”, mas também “Come on! Um golinho de vinho de vez em quando até faz bem para o bebê, até os médicos o dizem” são as opiniões opostas que estão dividindo os EUA.

Agora, Kate a parte (da qual, honestly, pouco nos interessa), a questão vinho & gravidez é interessante e controversa.

Pelo que eu saiba, em geral se fala que álcool não deve ser tomado durante a gravidez e muitos rótulos levam até um desenho de uma mulher de barrigão com uma barra vermelha em cima para indicar o sinal de proibição.
Mas a ciência muda de idéia a cada minuto, não é? E normalmente o que vale para alcoólicos em geral, vale menos para o vinho, cujas propriedades benéficas são notórias.

Sinceramente não sei, a única coisa que posso dizer a respeito é que eu conheço várias mulheres que beberam vinho durante a gravidez inteira: nunca tiveram problema nenhum e hoje os filhos estão uma maravilha. E até uns ginecologistas recomendaram para elas um gole de vinho nas refeições para ajudar a digestão (isto na Itália, aqui por enquanto não tenho relatos).

Enfim, vinho em gravidez sim ou não?
Pessoalmente não tenho dados científicos para apoiar uma o a outra teoria.
Então deixar aqui o seu comentário a respeito é a obrigação moral do dia. A menos que não tenham coisas melhores para fazer, obviamente.

domingo, 17 de abril de 2011

O melhor malbec da Catena Zapata?

Se um amigo seu for para Bogotá o que você deve fazer? Encomendar um vinho argentino! Ou chileno. Pois até lá são mais baratos que aqui e em uns casos até mais baratos que no próprio País de origem.
Foi o que aconteceu com este Catena Alta Malbec, trazido pelo amigão Rodrigo. Era para ser encomenda, mas ele insistiu em me dar de presente: realmente tenho amigos muito generosos e agradeço mais uma vez publicamente o Rodrigo pela gentileza.

Catena Zapata, gente: é preciso dizer algo mais sobre a vinícola? Simplesmente a mais reputada da Argentina.

Este Catena Alta Malbec é por muitos considerado o melhor malbec da bodega (inclusive pelo importador que traz ao Brasil todos os rótulos da vinícola). Varietal 100% malbec com uvas procedentes de vários vinhedos selecionados pela competente Laura Catena, com estágio de 18 meses em carvalho francês (50% novo).

É bem estruturado e precisou de uma boa decantação antes de começar a abrir os seus aromas e sabores. Como era de esperar tem muita concentração e opulência, mas mostrou também um lado elegante. Bastante complexo, com aroma de alcaçuz, café, charuto, de grande volume e profundidade na boca e muito persistente. Cassis, com notas de pimenta. Acidez um degrau abaixo do ideal, mas isso já faz parte do estilo dos grandes mendoncinos. O final acaba com certo amargor no retrogosto, que lembrou novamente o alcaçuz.

Por 3 vezes no Top100 do mundo da Wine Spectator com 93 pontos; mesma nota dada pelo “Bobby” Parker.

Enfim, não sei se é o melhor malbec da Catena Zapata, mas é certamente um nobre representante da casta.

Voto gringo: 7 ½

Vinho: Catena Alta Malbec
Safra: 2007
Produtor: Catena Zapata
País: Argentina
Região: Mendoza
Uvas: Malbec 100%
Teor Alcoólico: 14%
Importadora: Mistral
Custo médio: R$ 130

sábado, 16 de abril de 2011

Nasce uma nova DOC?

Recentemente, conversando a respeito deste post sobre as denominações de origem italiana com o amigo/colega Nivaldo do gostoso blog Todo dia é dia de vinho!ele brincou dizendo que neste quesito as coisas mudam muito rapidamente e que temos que estar atualizados como na medicina.
A reforçar esta tese, novas notícias chegam do meu País da bota: ainda não é definitivo, mas está encaminhada a criação de uma nova DOC italiana.
Aprovada em primeira análise, a denominação Roma DOC entraria em vigor, abrangendo várias áreas da região Lazio e absorvendo até a recém nascida DOCG Frascati Superiore (onde naturalmente estão torcendo contra).
Falta a aprovação definitiva, mas enfim seria mais um ajuste a ser feito: entra uma DOC e sai uma DOCG.
Enfim, acho que as atualizações da medicina são menos rápidas, caro Nivaldo...!

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Agora é científico: vinho caro não vale a pena

Esta notícia simplesmente confirma o que eu canso de dizer e dá ainda mais valor à minha coluna Bolso Esperto

Um estudo feito na Escócia colocou cerca de 600 voluntários em uma particular degustação a cega. Eles tinham que provar em seqüência dois vinhos do mesmo tipo, mas de preços diferentes e indicar qual fosse o mais caro. Os preços variavam entre cerca de 5 euros para os mais baratos, até 40€ para os mais caros. Então, mesmo com 50% de chance de acertar, a maioria errou!

A pesquisa concluiu que muita gente não consegue distinguir a qualidade dos vinhos pelo paladar e que comprar rótulos badalados se traduz em jogar dinheiro fora.

Agora, se por um lado o estudo pode ter sido influenciado pelo tipo de público (os escoceses certamente são bom entendedores de cerveja, mas certamente não são famosos por serem apreciadores de vinho), eu digo que provavelmente o resultado não teria sido muito diferente se feito na França ou na Itália.

Isto não porque as pessoas não sabem reconhecer a qualidade, mas sim, porque, como sempre digo por aqui, vinho de qualidade nem sempre corresponde ao de maior preço.
E já vimos aqui quais são os fatores que incidem mais no custo de um vinho.

Famosa se tornou esta degustação onde experts internacionais tinham que avaliar à cega grandes vinhos de Bordeaux.: pois bem,  um vinho de 14 euros deu um banho em Premier Grand Cru Classés de € 1500 ... 

Enfim, Bolso Esperto for President!


terça-feira, 12 de abril de 2011

Os 10 melhores rótulos para o melhor do mundo.

Lembram do Luca Gardini? Ele é o melhor sommelier do mundo. Pois bem, com a Feira Vinitaly terminada, entre 92mil metros quadrados de estandes de vinícolas do mundo inteiro, centenas de vinhos degustados, dezenas de novidades, esta é a lista dos 10 rótulos que o Luca recomenda. Interessantes novidades, vinhos de nicho, ou ótimo preço/qualidade. Tudo aqui na seguinte lista. Sei que muitos destes não são ainda comercializados no Brasil, com muitas uvas nada comum por aqui. Enfim, fica a dica para os importadores.

  1. Pinot Grigio Santa Margherita Metodo Classico
Novidade absoluta no mundo dos espumantes (o primeiro Pinot Grigio vinificado com método champenoise): aqui a casta expressa ao máximo as características de charme, elegância, paladar seco, mas persistente.

  1. Zilavka, Cooperativa Vinicola “Vino Daorson”
Falei justamente deste vinho uns dias atrás aqui. O Gardini o chamou de Sylvaner do Leste Europeu (esta casta branca é típica da Alemanha, da Alsacia e do Trentino), com destaque para mineralidade, ervas aromáticas e um final meio amargo. Produzido em Bósnia, nas terras destruídas pela guerra de ‘92, em 13mil garrafas de ótimo custo/beneficio (€ 5,00. Quando chegar aqui –se chegar - pode adicionar um zero para o preço em Reais...)

  1. Soave Clássico Rocca Sveva
Branco do Veneto produzido com uvas 100% Garganega este Suave vem de um terroir de origem vulcânica o que se traduz em nariz mineral, fruta tropical e leves especiarias. Saboroso e firme, com final de amêndoa típico do Suave tradicional.

  1. Picol Sauvignon 2001 Lis Neris
Produzido na região italiana de Friuli, é uma das melhores expressões do Sauvignon Blanc. Geléia de pimenta, pêssego e notas de hortelã seca e gerânio. Sabor seco e de grande complexidade, com nuances de iodo e petróleo (!).

  1. Santa Barbara Sensuade Rosato 2010
Um dos poucos rosés que merecem destaque.  Da região italiana de Marche, produzido com uvas Lacrima di Morro d’Alba, Vernaccia di Pergola e Moscato Rosso, apresenta nariz de morango selvagem, canela e manga. Paladar fresco e final fino e saboroso com notas de pistache.

  1. Ressia Barbaresco Canova 2007
Estilo antigo de um verdadeiro Barbaresco a partir da cor delicada. No nariz cerejas, notas empoeiradas, mentolado e especiarias como cominho e gengibre.  Gosto austero mas fino, com taninos vigorosos e jovem de grande potencial.

  1. Amarone della Valpolicella Classico 2005 Montecariano
Finalmente um pequeno produtor que reflete o terroir da Valpolicella. A concentração da fruta está em perfeita harmonia com notas minerais, lembranças de amendoim torrado, ameixa e alcaçuz com paladar rico e envolvente e final de boca achocolatado e balsâmico.

  1. Syrah Rosso Toscana Igt 2008 Leuta
Rubi com reflexos púrpura, nariz de amoras, cacau amargo e azeitona. A elegância na boca doma os taninos vivos e finos com um final frutado.

  1. Titolo Aglianico del Vulture 2007 Elena Fucci
Único vinho desta jovem enóloga (menos de 30 anos) dos laços fortes com o território e sua verdadeira expressão. Concentrado e compacto destaca suas notas de terra molhada, cogumelos secos, cassis e zimbro. Sabor redondo e cheio, com final mineral.

  1. Piromàfo doc Negroamaro 2001 Valle dell’Asso
Uma das melhores interpretações da casta Negroamaro (estamos na região de Puglia). Cor púrpura com reflexos de tijolo, aromas intensos e amplos como de castanha cozida, talco, cânfora, grafite e couro. Nuances animais e selvagens, taninos finos e homogêneos e final picante.

E isso .
Umas descrições são um tanto “ousadas” com parâmetros que fogem ao consumidor “normal” (inclusive, na tradução eu tirei elementos que não existem em terra brasileira, não saberia nem como traduzir!), mas sabemos como raciocinam estes sommeliers...

De qualquer forma a lista não deixa de ser interessante, com vinhos bem diferentes do que normalmente se encontram por aqui.

domingo, 10 de abril de 2011

O carro perfeito para a Lei Seca

Quem acompanha o blog já viu o “Sassicento” (ou “Fiaticaia”). Agora o amigo Claudio me enviou este link, e inclusive é dele a frase que usei no titulo do post. Trata-se de mais um carro (e que carro: um Range Rover!) que vai fazer a felicidade dos enófilos doentes: ele foi especialmente modificado e adaptado para o transporte de garrafas de vinho em condições ideais.

O Range Rover Spirito DiVino Wine Car (este o nome do “brinquedo”) fica exposto nestes dias na Feira Vinitaly em Verona. A versão do carro é a Vouge SE 4.4 TD V8 313 Cv, e leva no porta-mala dois armários climatizados com capacidade de 12 garrafas.

O que achei interessante é a alimentação: ela tem um sistema individual de bateria que com o carro parado fica regarregando através de painel solar; e ainda é possível recarregá-la em qualquer tomada da rede elétrica (se não tiver tomada na garagem o problema é levar o carro até a sala do apartamento...).
Além disso vem com duas malas adicionais, forradas com o mesmo couro dos assentos, especialmente criadas para o transporte de 5 garrafas mais um set de taças de degustação.

Adivinhe qual é a cor de todo isso?
Adivinhou!

sexta-feira, 8 de abril de 2011

O primeiro vinho pós-guerra

Chegam as primeiras garrafas da Bósnia-Herzegovina produzidas nos vinhedos destruídos ou abandonados na terrível guerra que devastou o País em 1992. A Cooperativa Vinícola “Vino Daorson” nasceu graças a um projeto de solidariedade todo italiano, o vinho será apresentado em estréia absoluta nestes dias em Verona na feira Vinitaly (7-11 de Abril).

O projeto italiano tem oferecido apoio para o plantio de novos vinhedos (15 hectares) das duas variedades nativas Zilavka e Blatina.

Os danos da guerra tem sido enormes. Agora, a tentativa de uma renascença, mas com enormes dificuldades, como a incapacidade de obter financiamentos, equipamentos obsoletos e em mau estado, a falta de uma política para o desenvolvimento do setor. 

A Itália ajudou na construção da moderna adega equipada com máquinas tecnologicamente avançadas, materiais para o enxerto e o sustentamento das vinhas e, sobretudo formação, assistência técnica e supervisão durante a inteira fase da vinificação.

Enfim, certamente um projeto louvável do meu País que traz ao mundo um vinho novo com aromas de esperança, sabor de paz e retrogosto de recomeçar a viver.

quinta-feira, 7 de abril de 2011

A base da pirâmide

No post anterior falamos das denominações DOC e DOCG. Hoje vamos falar dos dois degraus que faltam na pirâmide das classificações reconhecidas pelo Governo Italiano.

IGT
É a terceira das quatro classificações. A sigla significa "Indicazione Geografica Tipica" e representa uma área de produção geralmente muito ampla: ela de fato qualifica os vinhos “da tavola” procedentes de grandes regiões vitivinícolas.
Ao nome designado é possível adicionar a cor do vinho e o nome das castas.
A IGT não pode utilizar o nome de regiões usadas para as DOC e DOCG e a casta pode ser indicada apenas quando a área vitivinícola é de tamanho significativo.

A indicação IGT pode ser substituída por a menção “Vin de Pays” para vinhos produzidos na região de Valle d’Aosta e por a menção “Landwein” para os da província de Bolzano, no Trentino Alto-Adige.

De qualquer forma as exigências requeridas são menos rígidas do que as exigidas para os vinhos com Denominação de Origem Controlada.
Geralmente nesta categoria entram os vinhos “da tavola” de qualidade, mas em teoria inferiores aos vinhos DOC e DOCG. Digo em teoria, pois isso nem sempre é verdade. Muitas vezes um vinho cai na IGT simplesmente por questões de escolhas comerciais ou também porque é feito com uvas não permitidas na legislação prevista pela região. Este último é o caso, por exemplo, dos Supertoscanos, vinhos fantásticos, mas que não podem usar a denominação de origem porque são produzidos com uvas francesas.
Até agora são 118 os vinhos com a denominaçao IGT.

VINO DA TAVOLA
Na base da pirâmide encontramos os “Vinhos de Mesa”, categoria de menor prestígio.
Trata-se geralmente de vinhos comuns, produzidos com uvas procedentes de castas e vinhedos diferentes e sujeitos a controles menos rigorosos dos que regulam os vinhos “de qualidade”.
Eles podem ser vendidos também com nomes de fantasia ou com a marca do produtor. Aqueles que vêm sem nenhuma indicação geográfica podem ser o resultado de cortes feitos através da mistura de diferentes vinhos de qualquer região.
No entanto, “Vino da Tavola” nem sempre é sinônimo de qualidade "medíocre”, mas indica apenas que não pertence a qualquer especificação. Portanto, não é raro encontrar vini da tavola de grande qualidade e prestígio. Conheço uns exemplares excelentes (e caros!).
  

terça-feira, 5 de abril de 2011

As denominações DOC e DOCG têm a ver com qualidade?

Existe muita confusão sobre as denominações de origem italianas: já escutei e li várias afirmações não completamente exatas e quando uma “nova amiga”, sommelier em formação, me perguntou a respeito, resolvi escrever este post para esclarecer um pouco.

As D.O.C. e D.O.C.G. são basicamente denominações geográficas, ou seja, relativas ao território e suas uvas autóctones (típicas), o que então não é diretamente relacionado à qualidade dos vinhos. Mas de qualquer forma se reflete na qualidade, pois a certificação é dada aos vinhos cujas características dependem principalmente das vinhas, e das condições naturais do meio ambiente.

Vamos ver no detalhe:

A legislação para os vinhos D.O.C. define as seguintes especificações:

- As áreas geográficas de produção;
- As castas;
- A tipologia de solo de cultivo;
- O rendimento em produção de uvas (para evitar a sobre-exploração da vinha);
- As tecnologias para a produção e envelhecimento;
- As características do produto acabado (acidez, extrato seco, teor alcoólico, características organolépticas) 
- Eventuais qualificações do vinho no momento da comercialização.


Alguns vinhos DOC no rótulo podem levar umas indicações adicionais:

- Indicação de "Classico" para os vinhos produzidos na zona de mais antiga tradição (dentro da área definida pela legislação);
- Indicação de "Riserva" para alguns vinhos submetidos ao envelhecimento maior que o normal (isso muda conforme ao vinho, pois evidentemente o tempo de estágio ideal em madeira para um Brunello di Montalcino não pode ser o mesmo de um Bardolino);
- Indicação de "Superiore" para os vinhos com melhores características (dependendo do andamento do clima da safra)

Estes vinhos devem ser submetidos, em fase de produção, a uma prévia análise químico-física e a um exame organoléptico antes de serem comercializados. A marca D.O.C. foi introduzida nos anos de 1950 pelo Ministério da Agricoltura Italiano e até hoje são 330 os vinhos italianos com esta denominação.

Já a DOCG (onde a G significa “Garantida”) foi introduzida em 1967 e é a máxima qualificação prevista. Ela pode ser dada somente aos vinhos que já tenham obtido a DOC há pelo menos 5 anos e tenham adquirido particular prestigio e valorização nacional e internacional por efeito de incidência de fatores e valores naturais, humanos e históricos.
Estes vinhos, além dos mesmos exames previstos para os DOCs tem que receber uma adicional análise técnica durante a fase do engarrafamento e uma análise sensorial (degustação) antes de serem comercializados.
Até agora somente 68 vinhos italianos podem se vangloriar deste título e trata-se justamente dos vinhos mais representativos cujo legado com a região a que pertencem vai além do consumo do vinho em si, mas está fortemente radicada na tradição, cultura e história local.

O descumprimento de até um detalhe mínimo impede a comercialização sob a marca DOC e DOCG.

Enfim, como estão vendo não é nada mole receber as certificações. Agora, é claro que dentro das especificações é critério do produtor caprichar ou não: dois vinhos da mesma denominação podem ter qualidade diferente, mas é evidente que os padrões mínimos têm que ser respeitados.

Desde agosto de 2009 entrou em vigor a nova legislação européia que engloba as denominações DOC e DOCG na nova certificação D.O.P.: Denominazione di Origine Protetta (protegida), mas por enquanto permite manter as velhas denominações.

No próximo post falaremos das duas denominações que faltam: IGT e Vino da Tavola

domingo, 3 de abril de 2011

Cinque Terre: espetáculo, fadiga e um vinhão secreto

Verdade, os vinhos da região de Cinque Terre, na Ligúria, não são entre os mais famosos da Itália. O lugar é lindo e ensolarado, mas fazer vinhos por ali não é certamente tarefa fácil. Os vinhedos descem pelo costão até o mar. Como o amigo e colega Peter do blog Além do Vinho disse neste abrangente post sobre os vinhos da região, "os vinhedos são verdadeiros desafios para o produtor".

Reparem nas imagens do seguinte vídeo.


O vídeo é certamente espetacular, e este carrinho pendurado ajuda um pouco, mas os empregados sobem e descem a ladeira a pé todo dia com caixas de uva nas costas: já pensou no esforço diário?

Além de bom brancos e tintos, a região esconde um tesouro secreto, pra mim o melhor vinho da Ligúria: o Sciacchetrà. Um fantástico vinho de sobremesa raro e precioso, um passito produzido com as uvas Bosco, Albarola e Vermentino.

Entre os produtores indico um nome sobre todos: a vinícola Possa. O dono Samuele-Heydi Bonanini nunca estudou enologia, mas é discípulo do renomeado barolista Elio Altare (do Piemonte) e trabalha com o coração e dedicação. Faz um cultivo totalmente orgânico e produz a sua jóia Sciacchetrà em quantidades minúsculas: da última safra somente 368 garrafas de 0,375L (!), de forma totalmente artesanal.
Além dos clássicos aromas florais e sabores de fruta em compota e mel, ele tem uma salinidade e um final balsâmico (o que o torna muito fresco) e infinita persistência.
Se tiver a oportunidade não deixe de experimentar. Diferente de todos os vinhos de sobremesa que já provou.