terça-feira, 29 de junho de 2010

O que harmoniza com hambúrguer de leão?

Até parece brincadeira, mas é uma notícia verídica.
No dia 23 de junho, após a vitória da seleção dos Estados Unidos contra a Argélia alguns “sortudos” torcedores que estavam em Arizona puderam comemorar com um hambúrguer de leão. O Vinao, um restaurante de Phoenix, em homenagem a Copa do Mundo sul-africana adicionou ao próprio cardápio este prato especial: batatas picantes, milho e um hambúrguer feito com carne de leão.

21 dólares (honesto, né?) para o prato do dia, que provocou indignação dos defensores dos direitos dos animais que ficaram protestando fora do restaurante e enviaram centenas de e-mails de ameaça para o proprietário.

Ele responde: “Na África comem leões, então se está bom para eles não vejo porque teria que ser um problema para os americanos”.

De qualquer forma ele está certo, pois nos EUA a lei permite comer carne de leão e a deste restaurante procede de uma criação de Illinois (orgânica? biodinâmica?) regularmente registrada no Departamento de Agricultura americano.

Então, meus caros leitores, joguem fora o seu “manual do pequeno sommelier” e libertem seus instintos selvagens (esquecendo por uma vez a Sharon Stone): qual será o vinho que harmoniza com este prato suculento?
Dê o seu palpite.

Uma música do cantor africano Hugh Masekela se intitula: “The lion never sleeps”.

Esta noite é realmente melhor para o bicho ficar acordado.

segunda-feira, 28 de junho de 2010

Sabedoria british


‘’O vinho consola os tristes, rejuvenesce os velhos, inspira os jovens e alivia os deprimidos do peso das suas preocupações’’.


>Lord Byron

domingo, 27 de junho de 2010

Muito quente? Muito frio? Agora não tem erro

Todos os apreciadores de vinho sabem qual é a temperatura de serviço de tinto, branco, espumante, ou doce e tenho certeza que vocês também. Mas nem todo mundo sabe as temperaturas de serviço indicadas para cada vinho especifico.

Por exemplo, vocês sabem que a temperatura ideal de se degustar um Brunello com muitos anos de guarda e um Côtes du Rhône  pode ter 9° graus de diferença? Ou que um Chianti Riserva tem que ser 5° graus mais quente que um Chianti jovem?

Pois é, a revista americana Wine & Spirits publicou um gráfico com as respectivas temperaturas de serviços dos vinhos mais comuns. Não é preciso seguir ao pé da letra, eu pessoalmente não concordo com algumas das sugestões dadas, mas se sabe, os americanos gostam de regras e de precisas linhas de demarcação.

De qualquer forma não deixa de ser interessante e quis compartilhar essa informação com vocês.

Segue o gráfico.


sábado, 26 de junho de 2010

Bolso esperto e futebol africano

Terminada a primeira fase da Copa que tal mais um africanozinho? Este rótulo é em minha opinião uma das melhores relações preço/qualidade do catalogo da Grand Cru.
É um corte bastante atípico, parece que misturaram tudo que tiveram na frente, reparem só este blend: Merlot, Shiraz, Cabernet Sauvignon, Zinfandel, Malbec, Petit Verdot, Mourvedre e Cabernet Franc.
Mas pelo visto deu certo. A variedade de uvas transfere boa complexidade e corpo e os 15 meses de barrica fazem o resto.


Vinho: Tortoise Hill Red 2006

Safra: 2006

Produtor: Glen Carlou

País: África do Sul

Região: Paarl

Importadora: Grand Cru

Custo médio: R$ 45,00


O aroma talvez um pouco fechado, mas vai se abrindo devagar; na boca bastante fruta e taninos delicados.
Um vinho moderno que segundo o produtor é ideal para o típico churrasco sul-africano assistindo um jogo de rugby, então porque não adaptá-lo ao típico churrasco brasileiro assistindo futebol?
Em tempo: Pela inteira duração da Copa este Colina das Tartarugas estará em oferta a R$ 38,00

Voto gringo: 6 ½ 


sexta-feira, 25 de junho de 2010

Não deu no futebol, mas deu no vinho

Ontem quase desisti de abrir este tinto: depois da vergonhosa atuação da seleção do meu País estava revoltado com tudo que fosse italiano. Mas parei para pensar e decidi que é melhor aproveitar o que de melhor a Itália tem, e felizmente, vinho é ainda um setor no qual o meu País lidera (quanto ao futebol, ainda bem que tenho o meu segundo time de coração para torcer: o Brasil, naturalmente!).

Então abri este vinho, que é da minha terra mesmo.

Mastroberardino é talvez o maior nome do sul da Itália, verdadeiro orgulho da região Campania há 130 anos. Os seus Radici (sobretudo o Taurasi) são fantásticos, mas este Lacryma Christi não fica devendo muito não (e custa a metade).


Vinho: Lacryma Christi del Vesúvio (Rosso)

Safra: 2008

Produtor: Mastroberardino

País: Itália

Região: Campania

Importadora: Mistral

Custo médio: R$ 85,00


Feito com 100% de uva Piedirosso, no nariz tem cereja e notas de pimenta e outras especiarias dadas pelo solo vulcânico (os vinhedos ficam na base do vulcão Vesúvio), sensação que se repete na boca, onde se mostra quente, de bom volume e corpo, com taninos firmes. Não passa por madeira, mostrando igualmente boa complexidade e estrutura.
Esta safra que eu provei ganhou 90 pontos por The Wine Advocate, ou seja Robert Parker.

Enfim, um tinto (existe também o Lacryma Christi branco, feito de uva Coda di Volpe) com muita tipicidade, que harmoniza bem com pratos elaborados, ou massa com molhos de carne.

E que me deu saudade de casa.

Voto gringo: 7 ½

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Uma santa vila em Portugal

João Ramos é um dos mais perfeccionistas enólogos do Portugal. Após anos trabalhando como consultor nas principais regiões vinícolas do País, se estabeleceu em Estremoz, Alto Alentejo, aonde em 1990 fundou a sua vinícola pessoal.

Bom vinho raramente é fruto do acaso” costuma relembrar João Portugal Ramos e para demonstrar esta sua máxima ele coloca na produção a total dedicação, juntando conhecimento, experiência e tecnologia para alcançar produtos de nível internacional.

Este Vila Santa é um digno representante desta filosofia.


Vinho: Vila Santa

Safra: 2007

Produtor: João Portugal Ramos

País: Portugal

Região: Alentejo

Importadora: Casa Flora

Custo médio: R$ 90,00


É o terceiro vinho da casa em ordem de importância e é um blend pelo menos bem sortido: um corte de Aragonês, Touringa Nacional, Alicante Bouschet, Trincadeira e Cabernet Sauvingnon.
Estagia 9 meses em pipas de carvalho americano e francês.

Um vinho potente, de grande volume na boca, macio, com taninos maduros e madeira bem integrada. Pecado pelo final não muito longo.

Voto gringo: 7 ½

terça-feira, 22 de junho de 2010

Ducati lança o vinho para motoqueiros

A garrafa inclina justamente como uma MotoGP em curva. Esta é a idéia que deu vida ao Lambrusco Piega, parceria entre Ducati e Cantine Ceci.

Estranhou a associação entre a mais prestigiosa marca de moto do mundo (a Ducati é a Ferrari das motos) e o Lambrusco, conhecido por aqui como um vinhozinho simples e sem graça?

Pois esquece o clichê: a imagem do Lambrusco é injustiçada no Brasil pela grande quantidade de marcas baratas que se encontram por ai. Mas a Itália tem dezenas de ótimos representantes desta casta e a Cantine Ceci é uma dessas. Baste pensar que o Otello (o top da vinícola) é candidato como melhor espumante ao International Wine Challenge 2010 (o chamado de Oscar do Vinho), e concorrer ao premio de melhor espumante com um vinho de 100% Lambrusco não é para qualquer um.

Disso a célebre Ducati sabe muito bem e não a caso foi lançada esta parceria entre duas marcas de excelência italiana.

O vinho Piega não é um frisante. É um vinho tranquilo, corte de Lambrusco com Cabernet Sauvingnon. Sugestão para pratos de carne.
O termo “piega” indica em italiano a inclinação das motos ao enfrentar as curvas. E a garrafa de design revolucionário se inclina até 68,2 graus, tornando se também um decanter o que permite uma boa oxigenação do vinho.

Então, prontos para a largada?

3...2...1...Saúde!

Vruuuum!!!


segunda-feira, 21 de junho de 2010

Oh! Susana Não chores por mim

Onde você estava com a cabeça, Susana? Vinho medíocre de você não esperava...

Susana Balbo é talvez a mulher mais famosa no mundo dos vinhos argentinos. Talentosa enóloga, depois de 25 anos a serviço de vinícolas importantes como Michel Torino e Catena Zapata, resolveu em 1999 adquirir uma propriedade em Mendoza, fundando assim a Domínio del Plata, junto com mais dois sócios.

Ela é autora de vinhos muito bem sucedidos, como os da linha Crios, sucesso mundial graças ao ótimo custo em troca de uma boa qualidade. São vinhos jovens sem estágio em madeira, porém muito bem trabalhados, que raramente levam menos de 90 pontos pela imprensa internacional especializada.

Eu inclusive tomei alguns desta linha (tintos e brancos) e realmente são vinhos interessantes e com personalidade própria.

Então com esta expectativa comprei este Malbec por ela criado, esperando claramente nada de sensacional (sendo a Anubis a linha básica da vinícola), mas talvez um pouco de complexidade maior, pois madura 13 meses em barricas de carvalho.


Vinho: Anubis Malbec
Safra: 2007
Produtor: Domínio del Plata
País: Argentina
Região: Mendoza
Importadora: Cantu
Custo médio: R$ 27,00




Olhem, complexidade até tem, mas achei o vinho nem um pouco a altura da competência da Susana.

Os aromas são interessantes, lembrando vinho de velho mundo por seu mentolado/herbáceo e na boca desce bastante macio, mas sobressaiu álcool e acidez e ainda tinha um amargor no final. Em uma palavra: desequilibrado. Mesmo depois de ter decantado por 40 minutos.

Pecado, com este vinho a Domínio del Plata perdeu a chance de ter um bom entry level: para apreciar bons exemplares da casa tem que se começar necessariamente dos Crios.

Mas fique tranquila, Susana, “pois eu volto pra Argentina pra tocar meu banjo assim”.

Voto gringo: 5

sábado, 19 de junho de 2010

Para se "expressar" em todo lugar

E com o blog de cara nova (por favor me digam se gostaram ou não) vou falar de um argumento novo. Não é diretamente relacionado ao mundo enólogico, mas em geral o apreciador de vinho é também apreciador de café (tanto é que li esta noticia na Wine Spectator), e então eu mais ainda: sendo italiano, pra mim vinho e café são dois produtos indispensáveis que nem ar e água.

E como recentemente falei da invenção mais inútil do mundo, quis compensar falando desta outra, que pode talvez não funcionar como desejado, mas achei pelo menos interessante.

Para não abrir mão do seu espresso em lugar nenhum chega ao mercado a máquina para o espresso portátil. Pois bem, graças ao Mypressi TWIST agora pode saborear o seu espresso cremoso na cidade, na praia, na montanha, no camping, na floresta, na rua, na chuva e na fazenda.

Funciona com um cartucho de CO2 que fornece pressão suficiente para todo o ciclo de extração. Basta colocar o pó de café fresco ou em cápsulas, adicionar água quente e o seu espresso instantâneo está pronto!

O aparelho é pequeno, pratico, facilmente transportável e tem também um design cativante.

Resta somente saber se funciona.

Nos Estados Unidos é comercializado a cerca de U$ 130,00.

Quem já experimentou me informe, please.

No próximo post voltarei a falar de vinho, prometo.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

A base da política


"Dai-lhes bons vinhos e eles vos darão boas leis."

>Charles de Montesquieu


quinta-feira, 17 de junho de 2010

Campanha francesa a favor da cortiça


Nunca fui particularmente contra o uso de rolhas alternativas, mas quando vi a publicidade que nestes dias na França abençoa a rolha de cortiça como a única digna do vinho, eu secretamente aprovei. A campanha de informação, promovida pelos produtores de rolhas de cortiça, vai custar um total de 20 milhões de euros e teria que convencer um mercado que, na verdade, está já muito bem convencido em si, já que 80% dos franceses, por exemplo, desmaia somente na visão de uma rolha de rosca e tem violentas crises existenciais na frente de uma rolha de silicone.

O slogan da campanha é "Sempre imitada, nunca igualada" e traz imagens de garrafas de vinho vedadas com tampas que nem para uma garrafa de cola seriam legais.

Os fabricantes de rolhas de cortiça sentem-se vítimas dos ambientalistas, que os acusam de devastar florestas corticeiras. “Longe disso”, eles respondem: “A cada ano nós plantamos mais árvores do que usamos para produzir”, e, além disso não é necessário cortá-los, pois a cortiça se obtém da casca do tronco.

E, coisa a não subestimar, é reciclável.

terça-feira, 15 de junho de 2010

Invasão de cangurus em Napoli

A lei e o clima estão mudando a geografia do vinho no mundo.

Quem diria Aglianico na Austrália? Pois é, graças à recente lei que na Itália liberou as uvas de exportação de restrições e graças ao aquecimento global, os australianos estão já cultivando a uva mais famosa do sul da Itália.

Cultivada principalmente na Campania e Basilicata (mas também em Puglia e Calábria) a uva Aglianico é capaz de produzir vinhos de incrível complexidade e profundidade como os grandes Taurasi que nos últimos anos estão liderando a classificação de vinhos italianos mais apreciados por entendedores do mundo inteiro.

Não a caso a uva é chamada de Nebbiolo do Sul e não a caso os australianos, que não são bobos, visaram o business e, logo que tiveram a oportunidade, se jogaram nesse novo empreendimento.

A primeira taça de Aglianico australiano foi enchida na adega da vinícola Pertaringa Wines e parece que esteja já dando grande satisfação aos proprietários: “A uva é realmente adequada às nossas condições climáticas quentes e secas e tolera bem o calor. Vindo do sul da Itália, mantém uma boa acidez, mesmo quando madura. "
E para os amantes do marketing lá vai o toque evocativo: “Quem bebe vinho está procurando por algo diferente, com um sabor único que lhe faça lembrar os lugares que visitou".

Entendeu? Porque se você viajou para Nápoli obviamente vai querer se lembrar daquelas sensações típicas lá em Sidney...! Ma per favore...!!!

Como o Aglianico vem da região da pizza, se recomenda harmonização com pizza de canguru (na foto acima).

Ninguém merece.

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Super-vinho para um super-dia


Desta vez não foi pura indulgência, pois a ocasião requeria um vinho mais importante.

Sendo eu europeu, pra mim o dia dos namorados é no dia 14 de Fevereiro, mas moro no Brasil, fazer o que..? Tenho que me adaptar e comemorar duas vezes por ano!

A dica é a seguinte: se você não for um super-herói, pega pelo menos um Supertoscano: a sua mulher ficará igualmente encantada.

Então a ocasião era propícia para abrir este vinho, que em minha opinião é simplesmente fantástico. Um dos melhores que já tive o prazer de beber.

A vinícola Brancaia mesmo não sendo muito antiga conseguiu conquistar o gosto dos enófilos exigentes, graças sim aos seus Chianti Clássico, mas sobretudo graças aos seus incríveis Supertoscanos.

Se você olhar a garrafa e o rótulo deste pequenininho parece um vinho de mesa de baixa qualidade e não dá nem 30 pratas nele (menos ainda os quase R$ 400 que custa), mas este “vinello” coleciona pontualmente desde a primeira safra em 1998 os máximos reconhecimentos da crítica italiana (3 Bicchieri do Gambero Rosso, 5 Grappoli do Duemilavini da AIS), 96 pontos pela Wine Spectator e 95 pontos pelo Robertinho Parker.

Este Il Blu é o top de linha da vinícola e é um corte de Sangiovese (50%) com Merlot (45%) e Cabernet Sauvignon (5%). Estagia 20 meses em barricas de carvalho e 4 meses em garrafa antes de ser comercializado.


Vinho: Il Blu IGT

Safra: 2006

Produtor: Brancaia

País: Itália

Região: Toscana

Importadora: Grand Cru

Custo médio: R$ 380,00

 

 
Pessoalmente achei o vinho show em tudo (menos que na garrafa e no rótulo, umf!): uma linda cor rubi intenso com reflexos violetas. No nariz uma explosão de fruta silvestre e flores. Na boca grande corpo e volume, aveludado, taninos em quantidades, mas muito finos e sedosos. Belo equilíbrio. Potente sim, mas com certa elegância. Final infinito.

Sei que se tivesse esperado mais alguns anos teria sido perfeito, mas era o dia dos namorados, ué!
Compensei decantando-o por quase uma hora.

E me tornei um super-herói.

Em tempo: o Peter Parker (homem-aranha) não é parente do Robert Parker.

Voto gringo: 9

domingo, 13 de junho de 2010

O Porto Seguro

Pessoalmente não sou grande consumidor de vinhos doces e licorosos, mas os bebo também, é claro: gosto de um Sauternes, ou de um belo Passito di Pantelleria, ou de um Sherry (Jerez), mas nestas páginas do meu blog não poderia faltar um Vinho do Porto, né?

O amigo André, “português original” e divulgador de vinhos portugueses no Brasil, me confessou que em Portugal ninguém bebe Vinho do Porto, mas todo mundo tem uma garrafa em casa.

Já eu, pelo contrário, nunca tenho uma garrafa em casa, mas acontece que o bebo: no restaurante para acompanhar uma sobremesa, também sempre tem aquele amigo que te oferece uma taçinha, ou em uma degustação.

A última foi da Importadora Barrinhas que estava nos apresentando uns Vinhos do Porto da casa Real Companhia Velha. Provamos um Extra Dry, um Moscatel do Douro, um Ruby da Marca Dom José, mas o que mais se destacou em minha opinião foi este Royal Oporto L.B.V.2003.

Os Late Bottled Vintage são uma categoria abaixo dos Vintages, sendo produzidos somente em ótimas safras e procedentes de uma única vindima.

São engarrafados somente entre o quarto e o sexto ano após a colheita e olhem a lista de castas que formam este corte: Touriga Nacional, Touriga Francesa, Bastardo, Tinta Roriz, Tinta Carvalha, Mourisco e Tinto Cão.

Gostei dos aromas (e sabores) de cereja madura e baunilha, do belo corpo macio devido ao prolongado estágio em madeira e do retrogosto de compota e ameixa.

Um vinho para se ter em casa (se você for português), ou para ser tomado gratamente na casa dos seus amigos (portugueses).

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Bafana Bafana!

Hoje começa a Copa do mundo de futebol: já falei de uns vinhos sul-africanos que caem muito bem acompanhando as partidas (e com o risco de ser pouco original vai ter mais dicas ainda ao longo dos jogos), mas para os sortudos que terão a oportunidade de viajar para África do Sul lá vai às dicas de região vinícolas e relativas castas de uvas.

A África do Sul é um lugar ideal para a produção de vinho: sol, clima mediterrâneo e solo fértil. Ano após ano cresce a quota de mercado global deste País, cuja viticultura é a mais antiga entre os Países do Novo Mundo. Os vinhos sul-africanos sofreram com muitos preconceitos na época do apartheid e foi somente graças a Nelson Mandela que começaram a ser apreciados no mundo inteiro; e hoje estão entre os mais consumidos, sobretudo nos Estados Unidos.

Basicamente a produção se divide em quatro regiões vinícolas:

- Stellenbosch, com suas 106 vinícolas e o Festival do Vinho, que se realizará nos dias 1-5 de Julho, em juntamente à Copa do Mundo.

- Franschhoek e suas variedades francesas: Sauvignon Blanc, Chardonnay, Chenin Blanc e Semillon.

- Paarl, situada na Rota dos Vinhos da Província do Cabo, e suas vinhas de Shiraz.

- Wellington, na Wellington Route, outra rota para se percorrer de bicicleta aonde as vinícolas seguem uma ao lado da outra em um território do clima particularmente quente: os resultados são vinhos muito frutados, para ser harmonizar com pratos rigorosamente locais.

BOA VIAGEM, BOA COPA E BOAS BEBIDAS!



quinta-feira, 10 de junho de 2010

A invenção que o mundo precisava

Ladies and Gentlemen, um momento da sua atenção, please. Estamos à frente de um momento histórico.

O mundo do vinho nos prestigia a cada ano com algumas invenções e inovações para enófilos, umas úteis (poucas), já a maioria não se explica porque foram comercializadas (suspeito excesso de álcool no sangue...).

Mas esta invenção supera todas que já vi por sua absoluta inutilidade. Ganha de direito o prêmio ad honorem de invenção mais estúpida do século (bom, vamos fazer da década, porque receio que seja superada por outras futuramente) no mundo do vinho:


Isso mesmo, o saca-screwcap.

Os americanos, é notório, querem sempre ser cool, e para “não perder o charme e a elegância da tradicional abertura da rolha de cortiça” mesmo quando for abrir uma rolha de rosca, inventaram esta bobagem. Para a qual eu já desperdicei muitas palavras e vocês muito tempo.

P.S. no site tem também o vídeo com as instruções... para os estúpidos mesmo, hein!



terça-feira, 8 de junho de 2010

Vinho, futebol e Bolso Esperto

A Copa do Mundo se aproxima, então que tal acompanhar os jogos com uma boa taça de vinho?

O caso obviamente requer vinhos bastante simples (não vai beber um Amarone durante Brasil-Argentina, né?), e – considerando o numero de partidas a assistir – barato.

Eventualmente, para ficar mais bonito e homenagear o País que hospeda a competição, o ideal seria vinho sul-africano, concorda?

Perfeito, pois a África do Sul é conhecida para produzir vinhos saborosos e modernos, que agradam qualquer paladar com preço muito competitivo.

The Shore, da vinícola Arniston Bay é a exemplificação vivente de tudo isso, e pra mim apresenta uma das melhores relações custo/beneficio que já encontrei até agora.

Ao preço super-camarada de R$ 19,00, é um corte de cabernet e merlot da região de Western Bay. Um vinho jovem, frutado, com breve passagem em madeira, muito fácil de degustar e que se presta a varias situações: ideal para se beber sozinho ou petiscando, mas pode acompanhar muito bem um churrasco, e, claro, seu jogo de futebol na tv.

The Shore é o entry level da vinícola Arniston Bay e para as suas características descomplicadas pode ser, porque não, um entry level para os neófitos do mundo dos vinhos finos.

Mas não se confunda: descomplicado não significa que não tenha qualidade, como demonstra a Medalha de Ouro que este vinho ganhou na Decanter World Wine Awards em 2008.


P.S. A Arniston Bay é importada pela La Vigne e da mesma linha The Shore existem também um branco (corte de Chenin Blanc, Colombar e Sémillon) e um rosé de Pinotage.


segunda-feira, 7 de junho de 2010

Todo mundo merece um Barolo


Vinho: Barolo DOCG

Safra: 2003

Produtor: Fontanafredda

País: Itália

Região: Piemonte

Importadora: Bruck

Custo médio: R$ 200,00



Segundo algumas pesquisas de marketing, uma das últimas tendências dos consumidores (não só de vinho, mas em geral) é se permitir mais indulgências. Praticamente a frente dos estresses quotidianos as pessoas estão se concedendo sempre mais pequenos luxos, mesmo que o momento não o requeira, e sem arrependimento. Ser feliz sem culpa, mas o menos isso o sentido deste trend. “Porque eu mereço”, diria a menina da L’Oreal.

Pelo jeito parece que estou na mesma onda, pois estava esperando de abrir este Barolo para uma ocasião especial ou com uma companhia particularmente competente, mas resolvi abrir-lo sem nenhum motivo aparente... Ué, eu não mereço também?

Tratava-se de um Barolo DOCG da Fontanafredda (uma das vinícolas mais tradicionais do Piemonte) safra 2003, 100% de uva Nebbiolo, estagiou 2 anos em madeira mais 1 em garrafa. Mesmo assim estava ainda um moleque: deixei decantar uma boa hora e os aromas foram se abrindo e o vinho se tornou equilibrado e macio, mas tinha estrutura e robustez para se afinar mais ainda com mais tempo de garrafa. A cor era um rubi claro, lembrando um pinot noir da Borgonha; aromas intensos de flores secas e especiarias. Na boca grande volume, balançado, taninos abundantes, mas muito finos, e final longuíssimo.

Voto gringo 8          




sábado, 5 de junho de 2010

Palavra de cientista



"A penicilina cura os homens,
mas é o vinho que os torna felizes."

                                                                                                            >Alexander Fleming


sexta-feira, 4 de junho de 2010

Vinho itinerante

Para a série se a montanha não vai até Maomé...

Durante esses meses, o Grupo Meregalli está percorrendo a Itália com seu motor-home: um caminhão com um luxuoso lounge ao seu interno onde você pode saborear vinhos distribuídos pelo grupo.

E estamos falando não de vinhos mais ou menos, mas de nomes como Tenuta S. Guido-Sassicaia, Speri, Argiolas, Bollinger, Chateau Climens, Quadra Franciacorta, Chanson Père & Fils, Ayala e muitos outros.

O caminhão é um gigante (e ainda expande nas laterais), a decoração é muito bem estudada, elegante e confortável.

Confira algumas fotos (clique nelas para ampliá-las).


  


 

quinta-feira, 3 de junho de 2010

E o homem voltou a ser "primitivo"

Quiz: o que fazem juntos um economista, uma produtora de eventos, uma sommelier, um guru do marketing mundial e um profissional de relações internacionais?

Resposta: tomam vinho, é claro.

Esta pequena delegação da nossa turma de marketing de vinhos, foi se despedir do “Grande Mestre” Túlio Rodrigues (uma das maiores personalidades no mundo de negócios de vinho do País) que voltava para São Paulo. Enquanto esperávamos a hora do seu vôo, nada melhor que tomar um bom vinho. Fomos a um conhecido wine-bar/restaurante na Praia do Flamengo e eu fui o encarregado a escolher o vinho.

Escolhi o Primitivo di Manduria DOC da Masseria Trajone.

Não conhecia o rótulo em si, mas conhecia o produtor (por ter provado um bom Nero d’Avola dele) e sendo a uva primitivo uma das minhas favoritas, arrisquei com uma certa confiança.

A uva Primitivo é típica do sul da Itália e autóctone da região de Puglia, mas é nas redondezas da pequena cidade de Manduria que alcança níveis fantásticos – este DOC já é chamado de Amarone do sul.

Muitos afirmam que a Primitivo é a mesma uva da Zinfandel, que é típica da Califórnia, mas parece que são duas “filhas” de uma mesma casta croata chamada Plavac Mali (que nome fácil, hein?).

E tenho que dizer que o resultado da minha escolha superou a expectativa e a própria confiança e o vinho se mostrou perfeito para a ocasião.

Aromas de tabaco, baunilha e café, belo corpo, volumoso na boca, bastante complexo, equilibrado e com boa persistência.

O Cláudio aprovou em pleno a escolha, a Mônica me agradeceu pela experiência, a Kátia e o Túlio acabaram levando mais uma garrafa pra casa e eu fiquei muito feliz de ter contribuído com a minha escolha a harmonizar as nossas conversas.

E no final o Túlio foi tão gentil em oferecer o vinho, fazendo questão de pagar a conta. Ficamos todos gratos, mas se tivesse imaginado teria pedido um Romanée-Conti!

Brincadeiras a parte, foi um final de tarde muito agradável entre pessoas especiais, que compartilham a mesma paixão pelo vinho e para tudo que o vinho representa. Podemos falar em todos os tecnicismos possíveis, mas afinal um dos sentidos do vinho é de agregar as pessoas e o rótulo em questão cumpriu muito bem este papel.

P.S. o Primitivo di Manduria Masseria Trajone é importado pela Vinci Vinhos.

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Lar Doce Lar

Somente para completar o post anterior, vou falar brevemente do vinho tomado para me “desparkerizar” depois de uma semana exclusiva de vinhos do novo mundo em estilo moderno.

Trata-se do Rupestro da Vinícola Cardeto: um IGT de sangiovese com merlot, procedente da região de Úmbria, na Itália Central.

Este é um vinho que degustado em outras circunstâncias talvez não tivesse me proporcionado particulares sensações, pois é com certeza “inferior” a todos que bebi durante a semana (vinho jovem, sem muita estrutura, sem passagem em madeira...), mas para o que eu estava precisando naquele exato momento foi perfeito: aroma herbáceo, bom toque de mineralidade, acidez pronunciada e moderadamente tânico.

Achei a sensação muito interessante e por isso quis compartilhá-la com vocês: sabem quando voltando de uma viagem linda, mesmo depois de ter conhecido lugares maravilhosos e mesmo sabendo que o local aonde mora não chega nem perto de tanto esplendor, você acha bom voltar para o conforto acolhedor do seu lar?

Pronto, é exatamente esta a sensação que provei bebendo este vinho.

E harmonizou perfeitamente com um prato de espaguete com almôndegas e tomate.

There’s no place like home.


Vinho: Rupestro IGT

Safra: 2008

Produtor: Cardeto

País: Itália

Região: Úmbria

Importadora: Decanter

Custo médio: R$ 40,00