quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Enólogo: que bicho é esse?

Tem coisas que parecem notórias e subentendidas, mas depois que até uma minha querida amiga me definiu “enólogo” (quem dera) senti a necessidade de explicar ao leitor entry-level qual é mesmo o significado desta palavra.

Começando pela definição de Wikipédia:
Enologia é a ciência que estuda todos os aspectos relativos ao vinho, desde o plantio, escolha do solo, vindima, produção, envelhecimento, engarrafamento e venda.

Ou seja, o enólogo é um profissional que trabalha nas vinícolas e nos vinhedos, responsável pelo vinho em todas as fases produtivas. Uma definição que sempre gostei que distingue o enólogo do enófilo é a seguinte: "Enólogo é o cara que diante do vinho toma decisões, e Enófilo é aquele que, diante das decisões toma vinho" (Luiz Groff).

Não parece, mas entre um enólogo e outro existe a mesma diferença que há entre um Reservado da vida e um biodinâmico de Nicolas Joly.

Para complicar, nos últimos anos apareceu também a figura de enólogo consultor, o tal de flying winemaker (figura mitológica metade homem e metade Michel Rolland), que vai além da humana compreensão. A missão destes profissionais é só uma: transformar os teus dez hectares de arbustos e lagartos em garrafas cultuadas, possivelmente com base em Merlot. Mas cuidado, estas pessoas estão mesmo dispostas a qualquer coisa: desde a escolha da variedade da uva até o folder empresarial; não há nenhum campo de conhecimento enológico que não termine sob rígido controle deles. Os melhores conseguem até vendê-lo e pra você só vai sobrar a satisfação de degustar "o fruto do teu trabalho”.
Graças ao deus Baco este tipo de uainmeiquer é um bem raro, pois custa tanto quanto uma manobra financeira do Banco Central.

No próximo post tem mais: irão descobrir coisas que não gostariam de ler a respeito (matéria chocante e escandalosa)... 

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Elegância para todos

Já conhecia os vinhos da Viña Casablanca, mas convidado pela importadora Casa Flora participei com prazer a uma degustação das novas safras da vinícola.

Localizada no vale homônimo, a empresa é relativamente recente (fundada em 1992), já considerada como vinícola boutique, pela alta qualidade e pequena produção. Com trabalhos comandados pela Ximena Pacheco, uma das poucas mulheres enólogas do País e com currículo invejável (trabalhou com Hobbs e Montes), aproveitando do clima diferenciado do Vale (frio e ventoso) a vinícola aposta no termo terroir, até comercialmente, pois faz questão de colocar nos rótulos a denominação de origem. Isso também para rótulos das outras regiões onde a vinícola trabalha. Inclusive os nomes dos rótulos remetem a ventos e nuvens típicos do clima local.

Degustamos 5 vinhos, começando com uma comparação de castas de rótulos de duas linhas diferentes: a básica Cefiro e a premium Nimbus e terminando com o ícone da casa, o Neblus.

Iniciamos as danças com o Cefiro Sauvignon Blanc 2009, de D.O. Valle de Casablanca: bastante aromático, maracujá de sobra, limão, acidez pronunciada e um toque mineral (R$30,00).


Comparado com o Neblus Sauvignon Blanc 2009, o primeiro fica devendo em termos de complexidade. Os dois não passam por madeira, mas este segundo procede de um vinhedo único o que garante maior equilíbrio. As notas cítricas ficaram menos evidentes, passando por aromas florais, fruta tropical e mel. Também menos ácido, certamente mais agradável de maneira geral (R$65,00).

A mesma comparação de linhas foi feita com o tinto da casta Merlot.
O Cefiro Merlot 2009 procede de vinhedos do Vale do Maipo e estagia 9 meses em barricas de carvalho de segundo uso. Aromas e paladar inicialmente tímidos, precisou de um tempinho na taça para se abrir e mostrar a verdadeira cara: elegante, fruta madura, taninos bem trabalhados e notas de avelã e café. Faltou consistência no meio da boca, o que os entendidos chamam de mid-palate (R$40,00).

Já o Nimbus Merlot 2007, do Vale De Colchagua é claramente mais complexo (vinhedo único e 18 meses em barricas novas). Com uma cara mais francesa, entregou notas terrosas, tabaco e amoras. Textura consistente, bom volume e belo final (R$80,00).
Encerramos a noite com o vinho top da vinícola, o ícone Neblus, da safra 2007. De rara elegância, procede de um pequeno vinhedo de Syrah do Vale de Casablanca e é cortado com 10% de Merlot. Profusão de especiarias, pimentas, café, canela, tostado (18 meses de carvalho). De grande volume, muito sedoso, macio e longo final. Tem ainda uma dezena de anos de vida pela frente. A nota negativa é o preço (R$210,00).



Enfim, mais uma vez a Viña Casablanca mostrou consistência, oferecendo vinhos de qualidade para todos os bolsos (inclusive existe uma linha intermediária entre a Cefiro e a Nimbus, chamada El Bosque) se destacando pela elegância e tipicidade dos próprios produtos. 

sábado, 27 de agosto de 2011

Que vinho harmoniza com o furacão?


O furacão Irene está chegando e os nova-iorquinos fazem abasetcimento de comida e bebida. Eis uma foto tirada hoje no mercado Trader Joe’s. Reparem o estante dos vinhos: OMAIGOD, somente sobra o Yellow Tail e pouco mais! Agora entendo o desespero dos cidadãos. 

Photo credits: Mary Beth Hertz

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Manuais: como consumir 86mil EUROS em champagne sem pagar um tostão


1) Sardenha: meta favorita de férias dos vips do mundo inteiro.
2) Billionaire: boate/restaurante mais famoso da ilha. O nome já esclarece logo o tipo de público alvo: coisas para classe AAAAAA++++++
3) Flavio Briatore: um dos mais bem sucedidos nomes do mundo da Formula 1 e dono do citado clube (e ao mesmo tempo um dos mais antipáticos indivíduos da história da humanidade - dizem.)
Quer saber como se dar bem nos primeiros 2 itens na cara do terceiro? Segue guia informativo em 6 simples passos.

a) Reserve o privé do Bilionaire e sente-se na mesa mais almejada. A operação tem que ser executada com a maior indiferença, como se você fosse um amigo íntimo do Eike Batista. E, por favor, disfarce a cara de “meu Deus, quanto vai me custar...!” 

b) Disponha as gatas acompanhantes em posição estratégica: tangas bem visíveis e não poupe no cumprimento das coxas: têm que ser altas pelo menos quanto o Romário, nem um centímetro a menos. 

c) Peça champagne à vontade. Sem frescuras de fine-gourmet: pede-se somente o mais caro.

d) Nunca beba champagne de estômago vazio: “Garçom, lagostas, please!”. Cuidado, o garçom é de uma rara etnia exótica que ignora o significado de palavras como “amendoim” e “batata frita”.

e) No momento da conta, evite coisas vulgares como exibir cartão de crédito ou, pior, talão de cheque. Dê para o garçom o nome do seu iate: ele vai passar lá amanhã para receber o pagamento. Se não tiver iate, arrume um.

f) É o amanhecer. Ligue seu motores e escape em mar aberto antes que o garçom apareça com a conta. Águas internacionais, of course.

Isso é mais ou menos o que aconteceu na vida real na semana passada: 3 jovens russos entraram no Billionaire se passando para filhos de grandes milionários de Moscow e gastaram, na companhia de 3 belas garotas, a beleza de 90 garrafas de champagne Cristal, pelo valor de 86mil euros.
Dividido por 6 teriam praticamente bebido 15 garrafas cada (demais até pra mim!), mas parece que o a maioria do líquido não foi ingerido e sim derramado em brincadeiras entre os seis.
E com a técnica acima citada conseguiram escapar sem pagar a conta. Na cara do Briatore.
Heróis.

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Como escolher um vinho no restaurante. Mais um manual de sobrevivência

Respirem fundo e sentem-se nesta bendita mesa de restaurante. Nervosos? Dá para entender: chefes estrelados, ambientes grifados, cozinheiros rockstars que estão mais na mídia que no fogão...teríamos que ir ao restaurante para relaxar, não para refazer o vestibular. E a maldita carta de vinhos, mais um estresse, às vezes é mais fácil fazer o imposto de renda...
Então, a escolha do vinho no restaurante é mais uma fonte de tensão? Tranqüilos, o Mondovinho, na usual modalidade a pontos (desta vez 7) vai lhe mostrar que a escolha de um vinho no restaurante poderia ser também um prazer.
  
1) A carta de vinhos é um direito
Peça SEMPRE a carta. Senão a lista dos vinhos disponíveis recitada em voz alta pelo sommelier/garçon/patrão fica dispersiva e sobretudo não te deixa entender se aquele tal espumante vai custar sessenta ou seiscentos Reais (ambas opções são possíveis). No caso, não tenha medo de interromper a peça teatral e de perguntar “quanto custa?”. Por isto deveria escolher sempre restaurantes que tenham carta de vinhos. Mas se uma vez sentado descobre, tarde demais, que a wine list é um roteiro, pelo menos não dê mole no fundamental: o seu dinheiro.

2) Interagir com o pingüim (aliás, o sommelier)
Com ou sem a carta de vinhos, tem que se confrontar com o sommelier/garçom/patrão que seja. Enfim aquele cara de pé que parece saber de tudo. E você, bem, talvez não. Ok: seja simpático. Tente ser gentil e relaxante; parece uma dica estranha, mas ele também tem o estresse dos clientes, então se jogar a carta da simpatia, vai criar aquele karma positivo que normalmente gera coisas boas. Basicamente, é o velho esquema: lembremos que estamos ali para nos divertir (espera-se), mas ele está trabalhando. Estabelecida uma relação humana, deixe-se guiar, e, por sua vez, guie-o.

3) Quanto gastar
Vou revelar um segredo: frequentemente os comerciantes inserem na lista um produto com preço bem baixo para tornar plausível a sua escolha no produto sucessivo (o segundo mais barato). Isso para o cliente nunca fazer o papel do avarento. Como em geral aquele segundo vinho entry level é quase certamente amado pelo sommelier, ele colocou na carta uma proposta mais barata somente para induzir o cliente a uma melhor escolha. Então pode apostar sem medo no segundo vinho menos caro (isso em geral, hein!).
Também deveria combinar preço do vinho ao preço da refeição. Um prato executivo na hora do almoço não prevê vinhos para pagar em leasing. Já um suntuoso jantar no badaladérrimo restaurante “Só se vive uma vez” vale um bom Brunello, para adicionar o selo do momento inesquecível.

4) As famosas harmonizações comida/vinho
 Supomos que não esteja em um daqueles lugares onde perguntam “branco ou tinto?” apenas sentados. Você escolheu um restaurante sério. Com ou sem as dicas do sommelier, deveria ter antes uma idéia do que comer e depois pedir o vinho (alguns fazem o contrário, mas é um sintoma de enofilia agravada, doença que afeta uns indivíduos sem noção, tipo o editor deste blog, então esqueça). Sobre as técnicas de harmonização foram publicadas milhões de páginas (umas minhas, inclusive), então vou ser telegráfico: vinhos leves com pratos leves, vinhos robustos com pratos elaborados. Mais complexo o cozimento, mais maduro o vinho. O tinto com o peixe já está na moda (peço desculpa, mas não me parece uma coisa genial), então vai contracorrente e beba sempre branco com pratos do mar, pois esta é uma escolha que geralmente se revela exata. De qualquer forma depende de quanto você ousa experimentar.
Exceção permitida: tinto com bacalhau em molho super-elaborado.
Last, but not least, qualquer espumante método clássico vai tirar você de qualquer constrangimento: é como a cor preta, fica bem com tudo.

5) A prova
O sommelier serviu na sua taça um dedo do vinho escolhido e fica observando mudo e imóvel. O que diabos ele quer? Quer que verifique que o vinho esteja ok, se é livre de defeitos. Portanto gire levemente a taça com o ar de quem nunca tenha feito outra coisa na vida, cheire o conteúdo e prove um gole. Dos mais freqüentes possíveis defeitos falamos ultimamente então não vou repetir, pois já está craque nisso.
Mas atenção: tem caracterizações que poderiam ser mera opinião pessoal e se não tiver skill de degustador, prepare-se para uma discussão que gostaria de evitar. Nesta altura, peça (sempre gentilmente) que o vinho seja trocado porque não encontra o seu gosto, e vai pagar 2 vinhos na conta final. Se, no entanto, como é de esperar, gostou do vinho, limite-se, depois da breve prova, a dizer “sim, muito bem” com tom confiante.
Raramente acontece que o trabalho sujo da apuração da rolha/defeitos seja feito previamente pelo sommelier: se ele está engolindo um pouco do seu caríssimo vinho, não fique furioso: ele está quebrando o seu galho (mas depois, por causa disso, vai ter que levar em conta a opinião dele).

6) A temperatura
Seria oportuno beber sempre um vinho na temperatura ideal. Se for branco ou espumante verifique que a garrafa seja colocada em um balde com gelo (mas não muito).
Aqui com o nosso calor que dura praticamente o ano inteiro, muitas vezes os tintos também precisam de um tratamento similar, sobretudo em mesas ao ar livre. Então, nesse caso também peça um balde com (pouquíssimo) gelo, para o espanto dos convidados, que vai se transformar em admiração, quando provarão o vinho a uma temperatura, finalmente, perfeita. Ignore as resistências do garçom e fique firme. Você não pode salvar todo mundo.

7) Serviço e outras opções em taça
Se o restaurante prevê vinhos em taça, é uma boa ocasião para harmonizar cada prato com a taça certa. Se tiver um serviço tipo jantar harmonizado (vinhos diferentes pré-estabelecidos combinando com os vários pratos), deixe-se levar por esta experiência: nenhum estresse na escolha e possibilidade de provar vários novos rótulos que vão aumentar sua competência.
Dica extra: quando este serviço não for disponível e no máximo beberá 1-2 taças (o teste do bafômetro está à espreita), peça tranqüilo uma garrafa inteira, e com a mesma tranqüilidade peça para levar pra casa a garrafa com o vinho que sobrou. Puxa, você pagou, não é?

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Comemorar do jeito errado?


Cada garrafa custa 19,11 dólares e parte dos proventos será revertida para o National September 11 Memorial and Museum. Dentro há Chardonnay e Merlot, cultivadas a 90 quilômetros de Nova York e engarrafadas pela Lieb Family Cellars.
Agora, alguém sabe me explicar porque eu sinto uma fastidiosa sensação com este tipo de comercialização do luto?

Não sei vocês, mas eu me sinto nada atraído por estas garrafas. Se quiser ajudar a fundação, melhor enviar uma doação direta. Deixamos o brinde para outro dia.
Pelo resto é fácil lucrar explorando a fraqueza dos sentimentos humanos.

domingo, 21 de agosto de 2011

Champagne fraco ou Prosecco concentrado? Guerra de borbulhas

Champagne: vinho espumante francês descomplicado, particularmente indicado para ocasiões descontraídas. Em voga entre os jovens que o consomem em grandes quantidades aos sábados à noite em botecos, bares e boates. Muito apreciado em coquetéis”.

A definição é obviamente mais uma provocação do Mondovinho, mas, se brincar, em breve poderia se tornar verdadeira. Vamos à notícia:

O Comité Interprofessionnel du Vin de Champagne autorizou um aumento do rendimento por hectare para atender a crescente demanda da notória bebida francesa. Explicação para as crianças da creche: se antes você era obrigado a produzir 2 cachos por plantas, agora poderá deixar crescer 3 cachos. Lógica conseqüência: o seu champagne fica mais fraco e os rappers não vão mais achar graça em derramá-lo. Em números: de 10.500 Kg por hectare de 2010 vamos para 12.500 Kg/ha para a safra de 2011.

Ao contrário, o Prosecco faz um passo atrás: diminui a produção limitando o rendimento dos vinhedos para manter preço e qualidade.

Resumindo: Champagne aumenta a produção para satisfazer os mercados, Prosecco a diminui para deixá-los com sede. Quem dos dois está certo?

sábado, 20 de agosto de 2011

Milagres do vinho...



‘’Uma pipa cheia de vinho pode realizar mais milagres 
que uma igreja cheia de santos’’
>Provérbio italiano

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Horóscopo do vinho: Leão


Determinado e com ânimo de combatente, mas também carinhoso e reconfortante. Você nunca se deixa amarrar ou frear e vai direto para a sua meta, às vezes com um pouco de segurança demais. Gosta de brindar, comemorar, de levantar-se e levantar a taça no meio dos outros, decantando o visual e os perfumes de um vinho maravilhoso que ninguém poderia ter escolhido melhor que você.
A sua garrafa: Champagne Rosé Brut

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Grand Cru Tasting (breve resumo e um Bolso Esperto)

Convidado ao recente Grand Tasting Rio da importadora Grand Cru, seguem minhas impressões.
Primeiramente vale ressaltar a organização, praticamente impecável, que juntamente ao limitado número de participantes, tornaram o evento muito agradável e proveitoso, com a possibilidade de poder degustar e conversar (com os produtores/representantes das vinícolas ou simplesmente com amigos e colegas) em toda tranqüilidade, sem ter que brigar com multidões para conseguir um gole.

Mas vamos ao conteúdo (das taças). Entre os cerca de 200 vinhos em degustação, deu tempo pra degustar “somente” 16 rótulos (pois tive que correr para pegar um vôo para São Paulo), mas fiquei bastante satisfeito com as escolhas. Além dos previsíveis grandes vinhos de estrelas como Vina Cobos (seu Cobos Bramare Malbec Marchiori é absolutamente fantástico), Santa Rita, Allegrini, Matarromera, uns vinhos me deixaram particularmente a marca.

Primeiro o Syrah da Matetic, vinho biodinâmico, não exatamente fácil de gostar para todo mundo, porém de extraordinária expressão e muito gastronômico.

Mas os melhores da noite foram pra mim uns italianos (será por que, hein?).
De Brancaia já falei por aqui, mas além do Tre e do elegantíssimo Il Blu  (um dos meus supertoscanos favoritos ever!) o Ilatraia é mais um supertoscano imperdível, e o seu Chianti Classico, mesmo mais simples, é uma verdadeira delícia.

Autêntica surpresa foi Ruggeri, especializada em Prosecco. Seu Giustino B. Extra Dry, da denominação Valdobbiadene Prosecco Superiore DOCG, é um dos melhores proseccos que já provei, complexo, saboroso e refrescante (3 Bicchieri Gambero Rosso).

Mas o ganhador da noite pra mim, em termos de relação preço/qualidade foi o San Pancrazio Chianti DOCG. Com uma proposta simples e descontraída, sem passagem em madeira, é um vinho como se diz em italiano, “da tutto pasto”, ou seja, que harmoniza bem com qualquer comida a partir de petiscos/entradinhas, passando por uma boa massa, fica bem até com um peixe leve e segura também uma carne. Por R$42,00 eis mais um Bolso Esperto.

P.S. um agradecimento especial à Monica da Grand Cru pelo convite e à Isabelle do Sawasdee pela agradável companhia.


quarta-feira, 17 de agosto de 2011

O primeiro monumento ao vinho (que horror!)



Nasce o primeiro monumento dedicado à bebida de Baco. O artista plástico Cristóbal Pena realizou o projeto, que surgirá no centro de Mendoza, na Argentina. 
Com 26 metros de altura, tem um sistema hidráulico que gera o movimento dos braços dos dois sujeitos brindando.
Tão interessante quanto feio.

terça-feira, 16 de agosto de 2011

Com Chablis não se brinca...

Em geral não sou fã de grandes colossos vinícolas, produzindo vinhos em tudo que é canto e em quantidades industriais, mas este rótulo me surpreendeu positivamente.
A Barton & Guestier talvez seja o primeiro nome do vinho francês, se não em termos de qualidade, com certeza em quantidade. Fundada em 1725 a vinícola produz hoje vinhos em quase todas as regiões vinícolas da França e é a maior exportadora, presente em mais de 130 Países, nos 5 continentes. 
Chablis dispensa apresentações: a denominação produz entre os melhores brancos do mundo, e a Gold Label é a linha top de AOC (Appellation d’Origine Contrôlée) da Barton & Guestier. Mesmo assim, sinceramente não estava esperando muito deste Chablis AOC Gold Label, pois em vinícolas de grande produção a qualidade geralmente fica devendo em serviço da quantidade. Mas foi uma agradável surpresa.
Aromas delicados de fruta tipo pêra, damasco, abacaxi e melão, flores de campo, umas especiarias e um toque mineral. Na boca boa expressão, complexidade, equilíbrio, frescor e um discreto final. Álcool civilizado (12,5%).
Enfim a B&G mostrou, pelo menos neste rótulo, que, apesar da enorme produção, consegue manter um bom padrão de qualidade.
Leia-se também: o pior Chablis é melhor que qualquer chardonnay de outros lugares...

Voto gringo: 8

Vinho: Chablis AOC Gold Label
Safra: 2009
Produtor: Barton & Guestier
País: França
Região: Borgonha
Uvas: 100% Chardonnay
Teor Alcoólico: 12.5%
Importadora: Interfood
Custo médio: R$ 125,00

domingo, 14 de agosto de 2011

Nos Eua o vinho chega até no rugby!

Já vimos no último post que os Estados Unidos lideram o consumo de vinho no mundo e os jovens consomem mais vinho que cerveja.

Como se não bastasse, para reforçar ainda a tendência, uma agência  de marketing que representa vinhos de Bordeaux vai patrocinar um time de rúgbi dos Estados Unidos na próxima Rugby World Cup que acontece em setembro na Nova Zelândia. 

Os Eagles, hoje na 17ª posição do ranking mundial, deverão demonstrar que no rugby, além da força física e das tácticas de jogo, tem lugar também para um bom tinto.

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Jovens americanos bebem mais vinho que cerveja!

É destes dias a notícia que os Estados Unidos se tornaram os maiores consumidores de vinho no mundo. Os experts acreditam que a ultrapassagem sobre França e Itália tenha começado em 1991, graças a um episódio do famoso programa 60 Minutes da CBS, dedicado ao célebre paradoxo francês (a teoria que afirma que a baixa incidência de doenças cardiovasculares na França, apesar da alimentação rica em gorduras, seja devida ao consumo diário de vinho tinto).

Além disso, outra notícia que deixa sem palavras vem do Washington Post: o consumo de vinho entre os americanos abaixo de 35 anos superou o da cerveja. Praticamente um padrão europeu. Vocês acham que isso seria possível no Brasil (em quantos anos décadas seculos?)?



quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Perdeu dinheiro na Bolsa? Invista em vinho!


Neste momento de crise mundial, com as bolsas de valores do planeta despencando em queda livre, um único investimento parece rentável: vinhos finos.
Um estudo do WIF (Wine Investment Fund), uma agência de Bermuda, indica que entre o ano de 1993 e o começo de 2011, os investimentos em vinhos renderam mais dos em ouro, tradicionalmente considerado a “commodity” mais segura e rentável.
Analisando os dados da Liv-Ex Wine Exchange, a bolsa de vinhos de Londres, os investimentos em vinho neste período deram um lucro de cerca de 17% anual. Já o ouro rendeu cerca de 8% e o índice da Bolsa dos primeiros 100 títulos britânicos deu cerca de 4% anual.

Isso demonstra que investir em bons vinhos, não é bom somente para o seu paladar, mas também para seu bolso.

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Um dos melhores tintos da Argentina?

Este vinho se tornou um sucesso internacional e um ícone argentino. Isso porque entrou por 3 vezes em seguida na Top 100 list dos melhores vinhos do mundo da revista americana Wine Spectator, alcançando em 2009 a posição de n. 32 com 92 pontos.
A vinícola é uma das mais antigas da Argentina, datando 1831, e sua área de cultivo (Vale do Calchaqui, na região de Salta) é talvez a de maior altura do mundo (até 3.111 metros).
A filosofia da vinícola é a seguinte: trabalho orgânico (com algumas práticas também de biodinamismo) e baixo rendimento. Além disso, os vinhedos são antigos, a altura (com conseqüente maior exposição aos raios UVA) faz o resto: o resultado são vinhos ricos e bastante concentrados.
A vinícola, que desde 2001 pertence à família Hess, produtores de Napa Valley, Califórnia, produz somente 3 vinhos: um Torrontés, um Malbec Reserva, mas é este Colomé Estate Malbec o vinho emblemático da vinícola, pelos motivos acima citados.

Procedente de vinhedos que vão de 90 a 150 anos de idade, é um Malbec pelos 85%: o restante é composto de pequenas parcelas de Tannat e Cabernet Sauvignon, maturado por 18 meses em barricas de carvalho de primeiro e segundo uso.
Nariz bastante intenso de baunilha e geléia de frutas negras. Na taça, densidade alta, muita concentração de fruta, madeira um tantinho a mais para os meus gostos, mas a boa acidez melhorou o conjunto. Taninos maduros e doces. Persistência média, com retro gosto de ameixas.
Enfim, um bom vinho e com preço até razoável, mas estava esperando algo a mais, não por causa da Wine Spectator, cuja opinião é sempre muito opinável (inclusive a ligação com o produtor californiano lhe diz algo?), mas por ser da região de Salta esperava um vinho com mais elegância e menos músculos.
Fazer o que...Deus os perdoe, são americanos.

Voto gringo: 7 ½

P.S. um agradecimento para a amiga Raquel que trouxe este moleque diretamente de Buenos Aires.

Vinho: Colomé Estate Malbec
Safra: 2009
Produtor: Bodega Colomé
País: Argentina
Região: Salta
Uvas: Malbec (85%), Tannat e Cabernet Sauvignon
Teor Alcoólico: 14,5%
Importadora: Decanter
Custo médio: R$ 90,00

domingo, 7 de agosto de 2011

Qual é o limite menor de preço para um bom vinho? Indique o seu Bolso Esperto!

Antecedente: há poucos dias, o diretor da revista Decanter, Guy Woodward declarou para a BBC que para ele não existem vinhos decentes abaixo dos 5 euros (R$50, mais o menos, fazendo a minha quase infalível conversão para o Brasil). Imediata a resposta de ASDA, terceiro revendedor de vinho do Reino Unido, que tachou o Woodward com a pior marca de infâmia para um ser humano: enochato. Tá bom, há pior. Continuação: Woodward driblou a acusação com um salto mortal triplo carpado inverso com inclinação, dizendo que os 5 euros eram para ser entendidos como tax free, livre de imposto, que faz aumentar o preço de um tanto, mas ASDA logo rejeitou o golpe: “Você é um hipócrita: a revista Decanter já premiou muitos dos nossos vinhos abaixo dos 5 euros, impostos incluídos”.
Agora, enquanto a luta entre os dois continua, eu pergunto a vocês: existe um limite abaixo do qual podemos automaticamente declarar um vinho intragável? E, abaixo deste limite, vocês se sentem enochatos, ou iluminados que não se deixam explorar?
Quanto ao MondoVinho, a coluna do Bolso Esperto fala por si mesma. Mas vocês?
Deixe o seu comentário, e indique os seus Bolsos Esperto, sem poupar exemplos: quem indicar o frasco mais barato e estratosférico, ganha um quilo de Obrigações do Tesouro Nacional. 
Grego, obviamente.

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

O gadget que vai aposentar todos os críticos (e os blogueiros)

Os progressos da ciência são maravilhosos: a língua eletrônica, por exemplo. Os maliciosos, please não pensem logo em um novo gadget erótico tipo evolução tecnológica da boneca inflável: este é um blog de vinhos, basicamente. Ou pelo menos tenta ser.
Estou me referindo ao incubo de qualquer degustador e sommelier: mesmo que tentem nos tranqüilizar dizendo que não é ainda – ou não vai ser nunca – uma válida alternativa ao paladar humano, eu já acho o contrário. É uma questão de tempo: a ciência vai nos substituir, nos tornará obsoletos.
Por exemplo, agora é a vez de Manel del Valle, cientista espanhol que afirma o iminente triunfo da ciência sobre os opináveis pontos de vistas. A revista Decanter revela de fato que “com a sua habilidade em detectar falhas no processo de produção, a língua eletrônica poderia ser um substituto para o painel sensorial usado por muitas empresas de comidas e bebidas”.
Enfim, um gadget eletrônico será preferível à minha língua, e, sobretudo, mais confiável. Fim da polêmica.
Em breve a ciência irá ter a justa vingança sobre o mar de papos que justifica a existência de um MondoVinho (justo para citar um).
Até lá, nós somos the real thing. Vocês que sabem.



terça-feira, 2 de agosto de 2011

O golpe do vinho na saia

Esta dupla de mulheres da Florida (EUA), na semana passada realizou o furto perfeito: U$400 em vinho por baixo da saia, sem que os funcionários da loja percebessem.

Confira mais detalhes aqui.