quarta-feira, 29 de junho de 2011

Chega de jornalistas (e blogueiros!) em concursos

Acaba de ser aprovada na Itália uma medida controversa: um decreto-lei do Ministério das Políticas Agrícolas estabeleceu a disciplina para os concursos enológicos. Entre um mar de blábláblá, o item que chamou atenção e causou revolta para umas categorias é que os júris deverão ser compostos exclusivamente de enólogos titulados e técnicos em enologia com diploma que tenham atuado pelo menos um ano no setor vitivinícola.
Ou seja: nas competições de vinho nada de jornalistas, artistas, intelectuais, formadores de opiniões (menos ainda blogueiros!) para atribuir medalhas.
Uma verdadeira pancada para os aspirantes novos Parker/Sucling/Robinson da vida que vão ver a própria hegemonia sendo redimensionada.

Sinceramente ainda não cheguei a uma conclusão pessoal a respeito.
A medida pode parecer feita especialmente para proteger a categoria dos enólogos, a cada vez mais superados (em influência/fama/renda) pelos jornalistas badalados e supostos experts. Mas a verdade é que uma avaliação feita por um time de especialistas mesmo, acredito ser um fato reconfortante: afinal eles conhecem o produto e os bastidores a partir das raízes da planta até o líquido final no copo e certamente a análise será mais confiável.
Por outro lado, temos que pensar na liberdade de opinião dos cidadãos comuns, que não tem menor interesse na manufatura do caldo ou em degustações técnicas, mas sim querem saber simplesmente se o vinho tal é bom ou ruim.

E vocês de qual lado estão?

terça-feira, 28 de junho de 2011

Já provou a uva da vez?

Esta casta, desconhecida ao grande público até pouco tempo atrás, agora parece ter se tornado a uva da vez. Os motivos são de fácil intuição: produz vinhos descomplicados, aromáticos, leves e saborosos.
Estou falando da Mencía, uva espanhola, autóctone do Bierzo, denominação de origem dentro da região de Castilla y León, no noroeste do País. Por muito tempo foi considerada ser “parente” da Cabernet Franc, por sua semelhança com esta casta francesa, mas testes do DNA desmentiram esta tese.

Se ainda não provou esta uva, este rótulo é uma boa opção de bom preço/qualidade. A vinícola Castro Ventosa afunda as suas raízes em 1752, quando a família começou o cultivo de videiras. Especialista em mencía, e maior proprietária desta varietal dentro da D.O. Bierzo, hoje os vinhos da vinícola são produzidos quase exclusivamente à base desta uva, seguindo a tradição transmitida das gerações anteriores, mas com um toque de modernidade que não faz mal.
O El Castro Valtuille Joven reflete as características citadas de forma bem agradável: aromas mentolados, corpo leve, bastante fruta (cereja bem marcante), taninos doces e maduros, balanceados por uma boa acidez.
Um vinho exuberante e alegre, por R$ 49,00 vale muito a pena.

Voto gringo: 7 ½

Vinho: El Castro Valtuille Joven
Safra: 2007
Produtor: Castro Ventosa 
País: Espanha
Região: Bierzo
Uvas: Mencía (100%)
Teor Alcoólico: 14.5%
Importadora: Grand Cru
Custo médio: R$ 49,00

domingo, 26 de junho de 2011

6 práticas dicas para vender o Rosso di Montalcino (marketing de sucesso...)

Recentemente umas revistas especializadas e uns colegas blogueiros dedicaram amplo espaço ao Rosso de Montalcino, irmão “pobre” do mais celebre Brunello, evidenciando o melhor custo/beneficio do primo, considerando que é feito no mesmo terroir e com a mesma uva (sangiovese grosso).
Não tenho como discordar, tem uns Brunellos muito over-priced e uns Rossos muito bons e competitivos. Mas a verdade é que o Rosso não vende. Ofuscado da fama do irmão maior, nas adegas dos 250 e mais produtores de Montalcino (e nas dos importadores) estão armazenadas conspícuas quantidades de Rosso não vendidas. Nestes dias se discute a possibilidade de mudar a legislação desta denominação e de uma eventual permissão a adicionar castas internacionais à sangiovese, para tornar o Rosso di Montalcino um vinho mais facilmente exportável e fascinante para os clientes do mundo afora.

O problema é complicado, mas o Mondovinho vem ai com 5 propostas dignas de serem levadas em consideração:

1) Doar os estoques de sobra. O MondoVinho se candidata voluntário para dividir com os leitores e renovar a confiança para as próximas safras.
2) Trocar o Rosso di Montalcino com outra denominação, tipo o Cirò: o fato que pela primeira vez um vinho da Calábria seja produzido na Toscana (e vice-versa) vai levantar as vendas de ambos os rótulos.
3) Engarrafar o Rosso di Montalcino em garrafinhas de suco de fruta de mirtilo com o rótulo “Suco de Mirtilo”. É possível que alguém descubra a diferença, mas sempre e somente depois de ter comprado e aberto a garrafa, quando consequentemente não é mais possível nem a troca nem o reembolso.
4) Dar de troco o Rosso di Montalcino quando a gente vai comprar leite e pão com  notas grandes. “No tiene troco que cosa triste”, diria alguém...problema resolvido.
5) Anexar de brinde o Rosso di Montalcino à revista “Caras”: entre um garfo e uma panela, uma bela garrafa de Rosso cabe também e ainda o cliente vai descobrir fofocas sobre o seu artista favorito.
6) Rotular o Rosso di Montalcino como “Bianco di Montalcino - Homenagem ao papa Karol Wojtyla”, deixando o conteúdo idêntico e rezando para o milagre.

Final de semana do feriadão (mas eu trabalhando...!) o MondoVinho, com o seu usual sarcasmo tomou a liberdade de ironizar e tornar mais leve um problema, que na verdade é bem sério. Vamos ver o que vai acontecer. Eu continuo achando a solução de número 1 a melhor...e vocês?

sexta-feira, 24 de junho de 2011

Bolso esperto e sustentável da NZ

Talvez o Sauvignon Blanc neozelandês mais barato do mercado brasileiro.
E é bom!
Indicado pelo amigo e colega Deco Rossi do blog Enodeco, este rótulo se mostrou bem interessante, sobretudo em relação ao seu custo.
A Yealands Estate, no coração da região de Marlborough, preza uma produção sustentável: viticultura orgânica, zero emissão de carbono, a vinícola praticamente é movida à energia solar.
Este Sauvignon Blanc da linha Yealands Way reflete toda a tipicidade que a casta expressa na Nova Zelândia: aromas minerais, de maracujá e de erva cortada; aquela leve picância  na ponta da língua, e acentuado frescor que o torna parceiro perfeito de ostras, mariscos, mexilhões e vieiras. Mas também para peixe em geral e aves em molho leve.
E o preço o torna uma compra obrigatória: no Pão de Açúcar se encontra (dependendo da promoção) até por R$ 32,00!

quarta-feira, 22 de junho de 2011

A esperada novidade do Esporão

Nesta semana degustei a primeira safra já produzida do rótulo Assobio da Quinta dos Murças. A quinta, patrimônio histórico desde 1714, foi adquirida pela renomeada Herdade do Esporão (uma das mais importantes vinícolas de Portugal) que em 2008 decidiu expandir os próprios territórios do Alentejo até o Douro.
Esta primeira safra é um corte de Touriga Nacional, Tinta Roriz e Touriga Franca procedente de vinhedos de alta qualidade, cultivados de maneira orgânica. 20% do corte estagiou por 6 meses em barricas de carvalho novas e usadas.
Os aromas ainda um pouco fechados não chegaram a encantar, mas eram nítidas as amoras, cassis e umas especiarias. Na boca, o estilo clássico/moderno do Esporão junto ao estilo do Douro: discreta complexidade, rico em fruta, bastante maciez, taninos muito finos, acidez em abundância e madeira sutil. 
Elegante.
Uma nota sobre o rótulo: a vinícola pretende encomendar a cada safra a foto do rótulo para um diferente fotógrafo. A linda foto deste ano é do Duarte Belo

Voto gringo: 7

Vinho: Assobio
Safra: 2009
Produtor: Quinta dos Murças (Herdade do Esporão)
País: Portugal
Região: Douro
Uvas: Touriga Nacional, Tinta Roriz e Touriga Franca
Teor Alcoólico: 13.5%
Importadora: Qualimpor
Custo médio: R$ 60,00

terça-feira, 21 de junho de 2011

Bolso Esperto da Nissan...ehm, aliás, do Languedoc

Este vinhozinho se tornou um must na minha adega: sempre tenho uma (ou mais) garrafas do Laurent  Miquel Nord-Sud Syrah: um vinho bastante rico e saboroso, e com um preço bem competitivo. 

Singular a história do produtor Laurent Miquel: engenheiro mecânico trabalhando na Nissan, decidiu dar um reviravolta na sua carreira para se dedicar a sua paixão: voltou às aulas, desta vez de enologia, e começou o seu business em 1996. Hoje é um dos enólogos mais promissores da região de Languedoc, ao sul da França.

Este Syrah procede de vinhedos selecionados de baixo rendimento plantados com orientação norte-sul (daí o nome do rótulo), que quer dizer que as uvas estão expostas aos raios de sol mais “gentis” da manhã e da noite, mas protegidos das “queimaduras” do sol da tarde.

100% Syrah, com parcial estágio em madeira, é um vinho moderno, mas que conserva a tipicidade clássica. Concentrado e complexo, com aromas de amoras maduras, cerejas, pimenta e cacau. Os taninos bem arredondados e a boa acidez pedem um gole atrás do outro.
Um vinho capaz de satisfazer os velhos e os novos-mundistas, e, pelo seu preço, sem dúvida, um Bolso Esperto.

Vinho: Laurent  Miquel Nord-Sud Syrah
Safra: 2007
Produtor: Laurent Miquel
País: França
Região: Languedoc
Uvas: Syrah (100%)
Teor Alcoólico: 13.5%
Importadora: Zona Sul
Custo médio: R$ 39,00

domingo, 19 de junho de 2011

Vamos comprar garrafas mais leves?

Recentemente se fala muito das garrafas não sustentáveis.
Alguns produtores (sobretudo em terra argentina, mas também all over the world) usam garrafas pesadas e volumosas até para rótulos básicos, somente como instrumento de marketing, ou seja, para tornar o vinho mais atraente aos olhos do consumidor (ingênuo).

Estas garrafas são mais caras, vistosas e volumosas, incômodas para transportar e no momento de servir, não trazem nenhum beneficio para afinamento do vinho e sobretudo são inimigas do meio ambiente. Uma distorção do mercado, algo como um filho degenerado do marketing.

Pois bem, as coisas estão mudando e muitos produtores estão invertendo esta tendência, começando a usar garrafas de vidro mais leve e menos espesso, enfim, mais ecológicas (e ainda mais baratas).
Uma boa notícia vem do Canadá: o estado de Ontário, maior produtor e consumidor de vinho do País, proibirá a comercialização de vinho não espumante em garrafas de peso superior a 420 gramas a partir de Janeiro de 2013.

O ideal seria uma difusão desta regra em escala internacional. Afinal chamar a atenção no recipiente perdendo de vista o conteúdo é um dos males do vinho. Não é preciso ser radical ou querer chegar às garrafas PET, como vimos aqui, mas por enquanto, esperando uma legislação também por aqui, nós consumidores poderíamos, não digo boicotar as garrafas pesadas, mas talvez escolher com mais sensatez e responsabilidade. Desta forma mandaremos uma mensagem implícita para os produtores dizendo: “eu compro garrafas eco-sustentáveis”.

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Um Bordeaux bom e honesto

Uma boa proposta de Bordeaux maturado em madeira a preço acessível: Château Belle-Garde Cuvée 2008.

A Éric Duffau é uma vinícola bastante tradicional, produzindo vinhos honestos desde 1850 na área Entre deux Mers.

Este rótulo ganhou 4 estrelas pela Revue du Vin de France e em degustações às cegas já foi comparado a “um Pomerol de grande terroir”.

É um corte com base em Merlot (80%) e o restante dividido em partes iguais entre Cabernet Sauvignon e Cabernet Franc, e estagia por 12 meses em barricas de carvalho.
Aromas terrosos, alcaçuz e uma fruta silvestre verde. Na boca, prima pela elegância, excelente equilíbrio entre taninos, madeira, álcool e acidez. E, sobretudo, boa tipicidade.

Não é um vinho inesquecível, mas certamente uma das melhores opções de Bordeaux disponíveis no Brasil em sua faixa de preço.

Voto gringo: 7

Vinho: Château Belle-Garde "Cuvée élevée en fût de chêne" 
Safra: 2008
Produtor: Éric Duffau
País: França
Região: Bordeaux
Uvas: Merlot (80%), Cabernet Franc (10%), Cabernet Sauvignon (10%)
Teor Alcoólico: 13.00%
Importadora: Nova Fazendinha
Custo médio: R$ 57,00 

quinta-feira, 16 de junho de 2011

Locuraaa (parafraseando Jancis Robinson sobre o preço dos franceses)

Olhem este tweet da Jancis Robinson:


Parece que o trend para a conquista do mercado do vinho não seja produzir vinhos a preços justos, mas sim aumentar a price list de 39%...
A simpática exclamação em italiano da Master of Wine inglesa, nos lembra que a Itália superou a produção da França somente em quantidade, mas em valores os primos dos Alpes continuam lucrando bem mais. A culpa não é dos cavalos que estão devagar substituindo os tratores nem da recente tendência à conversão orgânica e biodinâmica de Bordeaux, mas sim da demanda de um mercado oriental (China, sobretudo) que está fazendo pular pra cima os preços de qualquer rótulos, até “vagabundo”, Made in France.
E se a Jancis grita um “Dio mio”, o seu colega Bobby Parker alerta contra uma possível bolha especulativa  que afetará os vinhos franceses. Olha só de quem vem o sermão...! Melhor ficar calado... aliás, melhor EU ficar calado também, senão depois vão dizer que critico demais o crítico...

domingo, 12 de junho de 2011

Villa Antinori: você do qual lado está?

Uma coisa que devo começar a cuidar quando sugiro, indico ou coloco vinhos em degustação: o meu gosto não necessariamente corresponde ao gosto dos demais.
Isso tem a ver com a sensibilidade do paladar de qualquer um (e a respeito, o amigo e colega bloguerio Ulf  Karlholm colocou este belo post no seu blog BioVinho - by the way, segundo o teste eu sou “sensitive”), mas tem a ver também com os vinhos que se costumam tomar. Por exemplo, eu, que cresci (e continuo) tomando basicamente vinhos do velho mundo tenho uma percepção e conseqüente avaliação diferente de quem costuma beber, digamos, malbecs argentinos e cabernets chilenos. Veja bem, não estou entrando no mérito da discussão vinho bom/ruim, mas de estilos de vinho. Aqui não vou afirmar que vinho italiano é melhor que vinho argentino (mesmo sendo, hehehe), mas que percebo que muitas pessoas que não estão acostumadas ao estilo velhomundista acabam não gostando de vinhos que, a meu ver, seriam bem interessantes.
Veja o exemplo seguinte:

Recentemente, compartilhando uma mesa mista de amigos e conhecidos apreciadores de vinho, tomamos um rótulo que eu sugeri pela sua relação preço/qualidade e por agradar sempre: o Villa Antinori. O produtor dispensa qualquer apresentação, um dos maiores nomes do mundo e podemos dizer que seja o inventor dos Supertoscanos. Este supertoscaninho (um corte de Sangiovese, Cabernet Sauvignon, Merlot e Syrah com estágio de 12 meses em carvalho, mais 8 meses em garrafa) conserva a qualidade da casa, mas a um preço bem mais acessivel e nunca desaponta. Pois bem, ele desapontou alguns dos presentes, especificamente os que não costumam beber vinhos do velho mundo.

O Villa Antinori não tem aquele aroma tipo batom, nem a doçura, nem fruta em abundancia, tampouco a madeira evidente, típicas dos novomundistas. Já tem toque mineral e terroso, nuances de café, de tostado e de tabaco, com taninos finos e madeira não agressiva: todas coisas que eu aprecio particularmente em um vinho.

Enfim, não é um dos meus favoritos em absoluto, mas pra mim uma boa compra (ainda naquele dia estava em promoção de R$89 por R$75). Mas, como disse, as opiniões foram divergentes: uns amigos não gostaram, já outros (os mais acostumados a este estilo) não só aprovaram a escolha, como levaram até umas garrafas pra casa.

Vou remarcar mais uma vez: ninguém de nós estava certo ou errado, é questão subjetiva de paladar.
Mas só pela estatística: você, já provou este rótulo? Qual a sua opinião?

Voto gringo: 7

Vinho: Villa Antinori
Safra: 2006
Produtor: Marchesi Antinori
País: Itália
Região: Toscana
Uvas: 55% Sangiovese, 25% Cabernet Sauvignon, 15% Merlot e 5% Syrah
Teor Alcoólico: 13,5%
Importadora: Wine Brands
Custo médio: R$ 89,00

sábado, 11 de junho de 2011

Horóscopo do vinho: Gemini

Brincalhão, alegre e comunicativo, você gosta de novidade e de enfrentar comparações.  Sempre com vontade de sair e conhecer novas pessoas, logo se cansa da rotina e do hábito. 

Você não consegue deixar de associar o vinho com os amigos, cantinas e noites barulhentas. Não se contenta com uma taça medíocre, e sem poupar gastos, procura as melhores garrafa para beber em companhia, brindando à eterna juventude. 

O seu vinho: Chablis 

sexta-feira, 10 de junho de 2011

A pegada do álcool: bem legal

Legal esta imagem que mostra a pegada de uma pessoa em diversos estados de absorção alcoólica: sóbrio, alegre, bêbado, acabado, e a última está em alemão, mas o desenho é mais explicativo que cem palavras.


Beba com moderação!

quinta-feira, 9 de junho de 2011

Um interessante piemontês

Mais um vinho tomado na companhia do amigo e colega Claudio Perlini. Desta vez na Cavist Ipanema (ex Expand), a escolha caiu obviamente sobre um rótulo italiano (com o Cláudio difícil ser diferente), e deu Piemonte. Escolhemos uma Barbera, uma das mais interessantes e mais tradicionais uvas autóctones da região e ambos gostamos bastante.

A vinícola Braida, comandada pelo winemaker Giacomo Bologna é situada na província de Asti e é especializada em Barbera há 50 anos.

Este Il Monello, Barbera d’Asti D.O.C., apesar do corpo leve mostrou bastante exuberância e apesar de não passar em madeira revelou boa complexidade. Nariz intenso de fruta silvestre (com destaque para cereja madura) na boca tem uma agradável textura, ótima acidez e taninos redondos. Álcool a 13.5%, tudo bem equilibrado.

Um vinho alegre, perfeito para antepastos e pratos de massas com molho leve ou carnes vermelhas delicadas.
Voto gringo: 7

Vinho: Il Monello Barbera del Monferrato
Safra: 2007
Produtor: Braida
País: Itália
Região: Piemonte
Uvas: Barbera (100%)
Teor Alcoólico: 13.5%
Importadora: Expand
Custo médio: R$ 68,00

terça-feira, 7 de junho de 2011

Como se comportar na frente de um sommelier?

O conceito de sommelier remete diretamente ao do grande restaurante, ou seja: um restaurante top sem nenhuma figura que se ocupe das bebidas é uma coisa triste, além de embaraçosa pelo mesmo estabelecimento. Não precisa ter o campeão das galáxias dos pingüins, basta alguém que seja competente, comunicativo, relaxado, capaz de falar, mas também de escutar e, sobretudo, sorrir.
E com isso já descartamos 80% dos profissionais.

Mas eu não estou contra eles, muito pelo contrário prezo para a valorização desta figura profissional e sei também que muitos clientes de restaurantes não sabem bem como se comportar na frente destes gentlemen engravatados. Então para fazer justiça, depois das 5 dicas para o sommelier moderno  seguem as "5 dicas para o cliente moderno".

1) O sommelier está ao seu serviço, e não vice-versa. Explique-lhe o que você gosta, quanto quer gastar, se acha que você entende ou não. Não se sinta intimidado, você tem mais para fazer na vida que encher sua cabeça com rótulos. Esta coisa deve ser muito clara (para o sommelier).

2) Folhe a carta de vinhos com atenção. Você pode até não entender nada, mas quando um texto é bem ordenado isso faz sentido independentemente, pois as cartas de vinho bem feitas facilitam a abordagem. Quem pensa bem, escreve bem. Se a lista é dividida por regiões, ou por estilos, ou por qualquer outra coisa, provavelmente vai te transmitir algo, até se para você Gaja e Miolo são a mesma coisa. Se o critério da lista é a ordem alfabética, peça água.

3) Deixe o sommelier escolher sozinho somente se ele te transmitir confiança. A impressão a frio vale para todos, mais ainda com o “pingüim” (que mora no frio). A primeira qualidade deve ser a empatia, entrar em contato com as necessidades do cliente (e não do restaurante!) e entender que a harmonização vinho-pessoa é tão importante quanto à do vinho-comida. Se o sommelier te parece antipático, apressado, vaidoso, desagradável, encontre uma maneira educada para dispensá-lo e proceda com a sua cabeça: escolha uma garrafa que conhece ou chute casualmente (talvez se deixando inspirar pelo nome do rótulo). Esta também é uma experiência.
.
4) Desconfie de quem te servir o vinho sem dizer uma palavra. Chama-se “serviço” do vinho e parte do prazer é se confrontar com quem o sugere/desarrolha/serve. O chef está na cozinha e fala com os pratos e os assistentes, já quem trabalha no salão deveria falar com os clientes. Desde que tenha algo a dizer.

5) Se não quiser beber (e gastar) muito, peça uma taça. É uma boa opção para não voltar pra casa bêbado (aprovado pela Lei Seca, testado pessoalmente: com uma taça acompanhada de comida vai passar tranquilamente o teste do bafômetro) e economizar os altos custos cobrados pelas garrafas. Um restaurante top deveria ter uma boa oferta de vinhos em taça; se não tiver não é tão top.

domingo, 5 de junho de 2011

9 coisas para você saber sobre Merlot

Umas das coisas que aprendi sobre a uva Merlot é como reconhecê-la nos vinhedos: olhando a folha. Os 5 lobos sobrepostos e a cavidade arredondada na base de cada lobo. Inclusive os bem informados dizem que a folha lembra a cara de um monstro...é preciso um esforço de fantasia, mas sinceramente quando quero ver uma cara de monstro eu me olho no espelho.
Mas vamos à Merlot. Esta uva subiu uns maltratos e perdeu um pouco do seu brilho ao longo dos anos, mas é uma das castas mais importantes, e, por sinal, uma das minhas preferidas.

9 tópicos para você saber:

1) Passarinho
O nome deriva do francês merle, ou seja “melro”, uma raça de ave de plumagem preta. Muitos acreditam que a associação com o nome seja devida à cor escura da casta, outros já acham que esta uva de maturação precoce seja um doce alvo para estes tipos de pássaros.
2) Tudo em família
Faz parte da numerosa família de castas que se remetem às variedades de Bordeaux. Alguns pesquisadores acreditam ser “filha” da Cabernet Franc e irmã da Cabernet Sauvignon e da Carmenère.
3) Antiga e preeminente
A mais antiga menção conhecida de Merlot (escrita por uma autoridade local na região de Bordeaux) remonta a 1784. Até hoje continua sendo a variedade mais plantada em Bordeaux (mais de 50% do plantio total).
4) Da Califórnia a Nova Zelândia (passando pelo Brasil)
É produzida praticamente no mundo inteiro (a 5a mais plantada na Itália) e talvez seja a que melhor se adapta ao terroir brasileiro.
5) Proibida na própria França!
Depois de sofrer muitos problemas na década de 1950 com geadas e de 1960 com podridão, as autoridades francesas proibiram o plantio de merlot em Bordeaux entre 1970 e 1975. Graças a Deus esta decisão foi revogada em 1976.
6) Troca de identidade
Como vimos aqui, até 1994 a indústria chilena vendeu como Merlot uma grande quantidade de vinho feito de uva Carmenère
7) O Miles bebe Merlot
O filme Sideways contribuiu para a decadência da fama do Merlot, esmagando as vendas (sobretudo nos EUA), pois o personagem principal, o enófilo Miles fica denegrindo os vinhos feitos desta uva. A cena mais legal do filme é quando o sujeito bebe o seu precioso Cheval Blanc de 1961 em um copo descartável. Pois bem, o Cheval Blanc inclui cerca de 40% de Merlot (cortado com a Cabernet Franc).
8) Não é racista
É disponível também em versão “branco”. Na verdade o chamado de White Merlot (muito comum na Suíça e nos EUA) é mais um rosé muito claro, mais doce e leve, mais ou menos o que acontece com a White Zinfandel.
9) Par perfeito
É quase sempre companheira da Cabernet Sauvignon no mais famoso e difuso corte de vinho, que de Bordeaux conquistou o mundo. Ele balança perfeitamente a tanicidade e rusticidade da Cabernet Sauvignon aportando riqueza, elegância e maciez.