quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Italians do it better

Não para puxar mais uma vez sardinha para a minha brasa, mas posso fazer o que se os vinhos do meu País lideram mundo afora?

Por exemplo, no último Internation Wine Challenge, prestigiosa competição britânica, um vinho italiano foi eleito como o melhor tinto do mundo.

Em degustação rigorosamente a cega o júri de experts provou mais de 10mil rótulos antes de atribuir o cobiçado título para o Brunello di Montalcino Riserva 2004 do Castello Romitorio.

Inclusive mais um italiano foi premiado, na categoria de espumante com melhor preço-qualidade, o Concerto Lambrusco Reggiano Doc.

Enfim, deixando de lado as minhas brincadeiras partidárias, realmente nestes tempos difíceis, o vinho é hoje um dos (poucos na verdade) motivos que me deixam orgulhoso do meu País.

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Bolso esperto de altas notas

Como hoje não tenho muito tempo para escrever, vou deixar os críticos internacionais fazerem o trabalho para mim sobre este belo blend chileno: Veramonte Primus.

Reparem as notas.
Paguei R$ 36,00.
É preciso dizer algo mais?

domingo, 26 de setembro de 2010

Michel Rolland e o vinho Coca-Cola

Michel Rolland, o maior enólogo e consultor de vinho do planeta, durante uma palestra na INSEEC, a business school de Bordeaux, fez uma declaração que deixou todos os estudantes na sala (e os enófilos do mundo) sem palavras.

O vinho do futuro deverá se adaptar ao gosto dos clientes, que nem Coca-Cola”.

O enólogo de reputação controversa por colocar o aspecto tecnológico antes de qualquer coisa na produção de vinho, alegou que o terroir será importante somente para os grandes vinhos, mas que para todo o resto da produção vai valer somente marketing e tecnologia.

E deu como exemplo a Coca-Cola, que adapta o sabor do próprio refrigerante de acordo ao gosto do mercado local: por exemplo, no norte dos EUA ela vem com marcadas nuances de canela, pois o povo de lá gosta, assim como na Índia tem leves toques de especiarias, já na Europa é mais fresca e leve.

Então, argumenta o Rolland, se os indianos gostam de curry, eles vão ter um vinho com sabor de curry.

Triste, não é? Ele prevê esta cocacolização do vinho para o 2050. Pior que a previsão é tão triste quanto possível  Aliás, em minha opinião é até otimista em falar em 2050, pois há muito tempo os produtores tentam desesperadamente encontrar o gosto do povo, simplesmente ignorando o que aquelas uvas e aqueles terroirs produziriam de modo natural.

Alguns vão até achar isso bom, aqueles que nos consideram enochatos somente porque rodamos a taça o mergulhamos o nariz nela antes do primeiro gole.

E não tem muita coisa pra gente fazer para reverter este trend.
Talvez começar a beber mais vinhos orgânicos e biodinâmicos poderia ser uma idéia.

sábado, 25 de setembro de 2010

Sabedoria


“É sábio quem bebe bem. Quem não sabe beber, não sabe de nada”

>NICOLAS BOILEAU

Os blogs da cola

Não entendo, não sei e não quero saber o que leva pessoas a copiar matérias de outros blogs: eu não me sentiria gratificado a levar mérito de coisas escritas por outros.

Fato é que é já o segundo blog que descubro ter copiado minhas matérias por inteiro (e quem sabe se tem outros!).

Este blog incriminado (não faço o nome, mas quem quiser verificar pode me contatar em privado) tem somente na página atual a beleza de 4 matérias por mim publicadas anteriormente no Mondovinho e nesta altura é licito pensar que as outras também sejam copiadas de outros blogs.

Sinceramente não tenho muitos comentários a respeito: uma coisa é pegar a noticia e elaborá-la de forma diferente, outra é fazer copia e cola do artigo inteiro, inclusive do titulo!

Bom, posso dizer o que? No fundo é notório que o plagio é a maior forma de admiração (embora ingênua), então tenho que me sentir lisonjeado, não é? Mais ainda sendo este blog em questão publicado por dois sommeliers profissionais.

Então eu devo ser muito bom mesmo.


sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Brasil o melhor produtor...do Brasil

Folhando a edição de agosto da revista americana Wine Spectator fiquei impressionado quando esbarrei em 2 páginas inteiras de propaganda da Vinhos do Brasil, campanha da Ibravin e Apex Brasil divulgando os vinhos brasileiros pelo mundo afora.

Obviamente tudo em inglês, contando um pouco da história da viticultura nacional e fazendo o marketing dos vinhos do País.

Legal. Mas achei muito engraçado o começo do texto, a tradução seria mais o menos assim:

Sim, o Brasil é terra de praias, samba e caipirinhas. Mas você sabia que o Brasil é o quinto maior produtor de vinho do hemisfério sul?”.

Eles esqueceram que os paises produtores de vinho do hemisfério sul são praticamente seis!

Verdade que o vinho brasileiro não tem ainda condições de competir com os dos maiores produtores, nem em qualidade nem em preços, e que por isso tinham que caprichar no marketing, mas achei cara de pau "singular" colocar o negócio desta forma.

Poderia ter ficado mais bonito (para subir de lugar) dizer que é o terceiro da América Latina. O ainda melhor: o Brasil é o maior produtor da região centro-leste da América do Sul.

E, detalhe, também esqueceram de dizer que quase 80% do vinho produzido no Brasil é o chamado de vinho de garrafão (ou de mesa, elaborado a partir não de uva de Vitis Vinifera, mas sim de Vitis Labrusca) que nada tem a ver com os vinhos finos produzidos pelos outros Paises do hemisfério sul e norte (mas esta é uma outra história...)

Sei que provavelmente alguém vai ficar ofendido, vejam bem, eu não gosto de criticar o País que me hospeda e podem desaprovar bastante, mas aqui não estou falando de gosto, mas de fatos incontestáveis.

Podemos até achar uma jogada esperta aquela de aproveitar a lendária ignorância geográfica atribuída aos americanos para promover um produto que ninguém conhece, mas acredito que seria legal não esconder o jogo pois pode se tornar em um clamoroso gol contra.

Ma independentemente disso, agora o que me faz raiva é que os vinhos brasileiros cobrados a preços bem altos aqui, vão vender lá fora à um par de dólar, que legal né?

O contrario de como teria que ser: em todos os países produtores os vinhos locais custam pouco em casa e muito fora, já o Brasil é o único País do mundo onde vinho nacional é mais caro que o importado.

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Start spreading the news...

Peço desculpas pela breve ausência e falta de atualizações do blog, pois acabo de voltar de viagem.

Fui à Nova York, voltei lá exatamente 10 anos depois da minha última vez: achei a cidade meio apagada se comparada com aquela época, evidentemente a crise econômica e o medo do terrorismo tiraram um pouco o brilho que costumava ter, mas mesmo assim a Grande Maçã é sempre uma experiência fascinante e emocionante.

Obviamente não deixei de provar bons vinhos. O estado de NY produz discretos exemplares, mas dei prioridades aos da Califórnia: Napa Valley, Russian River e Sonoma sobretudo.

Muitas vinícolas excelentes, preços na verdade não tanto em conta  e o nível de preparo dos trabalhadores do setor (atendentes, vendedores, garçons e sommeliers) abaixo da média esperada.

A cidade é repleta de lojas e wine-bars, já não encontrei vinho nenhum em supermercados, que se por um lado é melhor do ponto de vista do cuidado, por outro deixa os preços nivelados mais para o alto, pois não existe a concorrência da grande distribuição.

De qualquer forma provei alguns vinhos interessantes e diferentes, além dos meus clássicos preferidos (Hobbs, Mondavi e Seghesio), dos quais falarei proximamente nestas páginas.

Por enquanto, cheers everybody!

sábado, 11 de setembro de 2010

Florença capital do vinho por excelência


Firenze sempre foi umas das capitais mundiais do vinho, mas no fim do mês vai manter esta fama de maneira mais animada, em ocasião de Wine Town Firenze 2010,  um encontro internacional com os maiores produtores de vinhos de grande qualidade. O evento organizado pela Prefeitura da cidade, em parceria com a Associação Italiana Sommeliers da Toscana, acontecerá de 30 de Setembro a 3 de Outubro.

No programa inúmeras degustações em praças, monumentos, claustros, galerias, palácios e jardins no centro histórico de Florença.
O percurso sensorial se estende através de 10 caminhos dedicados aos “vinhos de autor”, um para uma uva: Sangiovese, Aleatico, Ansonica, Cabernet, Vermentino, Vernaccia, Merlot, Sirah, Moscato e Chardonnay.
Os vários lugares das degustações itinerantes serão pela ocasião chamados com nomes relacionados à enologia, criando uma conexão contínua de eventos interessantes, encontros, debates, oficinas, música e gastronomia.

O acesso as degustações e eventos será realizado através da WineCard, um cartão pré-pago (com valores de 10 até 30 euros), que inclusive pode ser utilizado em museus, ônibus e estacionamentos da cidade.

Então estão avisados: se estiverem na Itália nestes dias não deixem de participar do evento. Se não estiverem, talvez seja a ocasião boa para ir.  

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Garrafa de puro terroir

Podem gostar ou não, mas com certeza esta é uma das mais originais garrafas de vinho já vistas até agora.

Esta é a nova embalagem do vinho “Tierra”, da cultuada vinícola do Agapito Rico, pioneiro na produção de vinhos de qualidade na região de Denominação de Origem de Jumilla (Espanha), cuja uva típica é a Monastrell, particularmente resistente em áreas áridas.

Na verdade dá um pouco de agonia, mas como o próprio nome do vinho sugere, é uma homenagem à pureza da terra, ao solo, ao terroir.

Aromas de terra garantidos.

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

O que americano gosta é de vinho italiano

O site Wines&Vines publicou uma interessante matéria sobre o consumo de vinho dos americanos: especificamente a classificação dos rótulos acima de U$ 20,00 mais vendidos nos EUA:

Fiquei bastante surpreendido com o resultado, confiram a lista abaixo.

Quem diria hein? Em primeiro lugar, um italiano. E branco! E ainda de uma região pouco cultuada: Trentino-Alto Adige.

O que chamou a minha atenção é que no top 20 não figura nenhum País estrangeiro além da Itália. Mesmo sendo eles grandes importadores, não aparece na lista nada de Novo Mundo, mas, sobretudo, com minha grande surpresa, nada de França! Cadê os Champagnes que eles adoravam? E os Bordeaux e Borgonha?

Parafraseando o amigo e expert em vinhos californianos Claudio, “os americanos puxaram sardinha para brasa deles”. Com certeza a explicação destes dados é em parte devida ao nacionalismo deles e ao menor preço dos vinhos nacionais comparado com os importados, mas temos que admitir que os yankees estão produzindo ótimos vinhos de nível internacional.

E também que os consumidores americanos são a cada vez mais exigentes e competentes: eles não se deixam influenciar pelos nomes ou marcas, como demonstra o interessante dado de não ter na lista nenhum grande grupo tipo Constellation, Mondavi ou Ravenswood: a gigante Gallo consegue colocar uma própria marca somente no 10° lugar.

E apesar do grande marketing atual sobre Oregon, Washington e NY, eles não preferem nenhum vinho americano que não seja da Califórnia.

Enfim, se não estão ainda convencidos que o consumidor de vinho made in U.S.A. tem bom gosto, então basta olhar para o 1° lugar do ranking...


terça-feira, 7 de setembro de 2010

Liquidações sazonais

Foire aux vins: na França é normal nesta época a grande distribuição colocar verdadeiros saldos de vinhos. Trata-se do momento que, ao aproximar-se da nova colheita, as maiores redes de supermercados liquidam quase todos os vinhos a preços realmente favoráveis. Praticamente o mesmo que acontece com roupas, sapatos e produtos sazonais.

Por que isso não acontece por aqui também?

È verdade que em supermercados em geral se encontram vinhos de segunda escolha, mal cuidada e gerenciada.
Tem dois lados a serem considerados: de um o fato que na França a maioria dos consumidores de vinho compra em lojas especializadas (ou diretamente nas vinícolas). Por outro lado os próprios produtores não gostam dos próprios vinhos serem degradados e abandonados em prateleiras genéricas.

O resultado é que nos supermercados a clientela de vinho fica selecionada para baixo, o serviço é ruim para reduzir custos e porque o cliente não saberia o que fazer com um serviço melhor.

Mas sempre existem as exceções, ali como aqui: eu, por exemplo, não ficaria chateado de encontrar um “bota-fora” no Zona Sul ou no Pão de Açúcar, e vocês?

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Vinho maturado em cabra

Tudo bem que, como vimos, tem uma famosa vinícola sul-africana que dá  aos vinhos nomes de cabra e cria estes simpáticos bichos ao redor dos vinhedos. Mas fermentar vinho em uma cabra me parece um pouco exagerado...

Procurando notícias para eno-curiosos esbarrei nesta que é de deixar de queijo...ehm...queixo caído!

Nos Estados Unidos o professor enólogo Mcpherson do Robeson Community College em Lumberton (North Carolina) recuperou uma antiga técnica já usada por os pastores da Europa do leste e Asia, os mesmos que hoje em dia fermentam o vinho em ânforas de argila.

Mas ele foi bem além, aliás, atrás no tempo e descobriu que este povo há 2mil anos costumava usar peles de animais, principalmente cabras, como recipiente de fermentação para vinho: as peles eram menos propensas a quebra, fácil de transportar e mais baratas.

Dito e feito o Prof. reproduziu a experiência, e parece com sucesso, com uvas Merlot.
Não me perguntem dos aromas, simplesmente não quero saber.
Mas aposto que harmoniza com cordeiro.

domingo, 5 de setembro de 2010

Utilidades domésticas fundamentais

"Uma cozinha sem saca-rolhas é apenas um cômodo da casa"

>Keith Floyd

sábado, 4 de setembro de 2010

Depois da ilusão, o Bolso Esperto real

Para me fazer perdoar da ilusão do quase bolso esperto do último post hoje o bolso vai se tornar espertíssimo, e também com um branco.

Valle Central, Chile. Alejandro Hernandez, um dos mais célebres winemakers locais e professor de enologia na Universidad Católica de Chile, que ensinou a arte de fazer vinho para gerações de enólogos chilenos. Uva Chardonnay, adaptada perfeitamente para este terroir.

O resultado não tinha como ser ruim.

O San Fernando Chardonnay Reserva, mesmo sendo uma proposta low-cost da vinícola Portal del Alto, não tem nada de low-quality. É um vinho muito equilibrado, com parcial estágio em madeira, bastante fresco, bem aromático (pêra e fruta cítrica), e discretamente complexo. E aquele toque de tostado e de cremosidade no final de boca que sempre agrada.

É importado pela Terramatter e paguei para este molequinho a incrível soma de R$16,00. Sim, leram bem: não é um erro de digitação.

Então, estou perdoado? 

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

O bolso quase esperto da Itália


A elegante rolha de vidro faz da garrafa uma embalagem para estilistas e um deleite para os apreciadores (as mulheres vão adorar!). Na Itália este tipo de vedação está sendo usado no lugar da rolha de rosca que ainda não é bem aceita. Eu acho interessante, pois tem a vantagem do screw-cap, mas é mais ecológico e bonita, conservando um certo charme.

Mas falando do conteúdo da garrafa o que mais é interessante é o corte de uvas, bem diferente: Garganega 50%, Trebbiano Soave 30% e Chardonnay 20%.

Profundo ao nariz, com bastante frutas cítricas (laranja, sobretudo) e algumas especiarias picantes. Na boca corpo e final médios, boa acidez e toque vegetal. Eu não o desperdiçaria com aperitivos, pra mim é um branco para se levar à mesa, acompanhando um belo prato de peixe.

Um vinho diferente que pelo preço pago (R$ 30,00) entraria sem dúvida na coluna do Bolso Esperto, mas era uma promoção. Ele custa normalmente o dobro, pecado...

Voto gringo: 6½

Vinho: Scaia Bianca
Safra: 2007
Produtor: Tenuta Sant’Antonio
País: Italia
Região: Veneto
Importadora: Grand Cru
Custo médio: R$ 60,00


quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Ousadia, marketing bem bolado ou bobagem?


Na África do Sul a empresa Boer & Brit está lançando um vinho em garrafa de cerveja. Tampa de coroa metálica, formato de 550ml, rótulo de cerveja e contra-rótulo de vinho.
Os inventores sugerem o uso em piqueniques ou até mesmo em restaurantes para quem não agüenta uma garrafa inteira de 750ml, e reparem bem na frase (atrocidade!), “simplesmente perfeito para beber direto do gargalo” (sic!)

Certo é que em Países do Novo Mundo, onde a tradição não é tão forte, estas inovações podem ser interessantes, e, porque não, bem sucedidas.

Já no Velho Mundo, ou em Países mais tradicionais do Novo (como Argentina e Chile) acho difícil um enófilo não desmaiar na frente de uma garrafa assim.
E vocês, o que acham?


quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Você é abstêmio? Sinto muito...

Esta notícia é daquelas que alegram o dia dos enófilos: os abstêmios morrem antes dos que bebem com moderação.

Os resultados de um estudo publicado na revista Alcoholism: Clinical and Experimental Research são baseados em uma amostra de 1.824 pessoas entre 55 e 65 anos seguidas por 20 anos. Durante este período, os 69% dos abstêmios morreram em comparação com os 41% dos que bebiam moderadamente (de 1 a 3 taças de vinho por dia).

Os efeitos benéficos do vinho para o aparato cardiovascular são notórios, e, além disso, parece que ajudando na sociabilidade tornam as pessoas menos sozinhas e menos estressadas como conseqüência mais felizes.

Obviamente não é preciso dizer que o abuso leva para o lado oposto, mas 1-3 taças de vinho me parecem um número razoável para a gente beber conscientemente.

Um brinde a nós! Afinal não é bom saber que a nossa paixão é o melhor esporte para saúde?