quarta-feira, 30 de agosto de 2017

Como se tornar um perfeito gourmet impostor em 10 dicas

Nunca a gastronomia esteve tão em alta quanto agora. Na TV já tem mais programas de cozinha que novela, está todo mundo falando de pratos gourmet, de chefs estrelados, e todos se achando craque no assunto somente por não ter perdido nenhum episódio do Masterchef. E você que não assistiu o programa, não frequenta as mesas gourmet e nem sequer abriu um livro de receitas na vida vai se sentir inferior só por isto?  Tranquilo, mais uma vez o MondoVinho vem te socorrer com mais um tutorial em 10 etapas para você se fingir um grande gourmet sem investir um tostão.

1) Nunca diga que um prato é bom. Diga que é “interessante

2) Quando estiver falando de chefs badalados use apenas o primeiro nome deles, para fingir grande familiaridade: “encontrei o Alex...”, “falei com o Claude...”, “pensando no trabalho da Helena”, “que noite com o Felipe...”, “o que eu gosto da Paola...”
Bônus: se você for particularmente malvado, entre estes coloque um nome inventado, tipo “o novo gastrobar do Arthur...”: os seus interlocutores vão contorcer o cérebro a noite inteira para entender de quem você estava falando.

3) Nunca chame a carne de carne e peixe de peixe. Agora isto se chama de “proteína

4) Finja frequentar todos os eventos de gastronomia. Na ora de se despedir diga sempre: “nos vemos no Rio Gastronomia”, “até o Semana Mesa!” “este ano o Degusta Búzios foi bem legal”.

5) Se escolher um vinho branco peça que seja “mineral”. Se for tinto verifique que “não passou em madeira”. Bônus: melhor ainda se em ambos os casos o vinho for “orgânico”, “biodinâmico” ou (palavra mágica) “natural”.


6) Afirme que já esteve no El Bulli do Ferran Adriá e diga que foi uma experiência inesquecível. Se te perguntarem o que comeu diga que esqueceu.

7)  Na mesa você não precisa de pão: precisa de “pães”. Inclusive pergunte sempre a respeito de farinhas e leveduras, fingindo interesse.

8) Se algo é salgado diga que é muito “sápido”, se for insosso diga que falta “sapidez”. Enfim, nunca use a palavra “sal” se não quiser parecer um frequentador de botequim.

9) Nunca coloque, por nenhum motivo, açúcar no café: o verdadeiro gourmet bebe café amargo, mesmo quando for ruim pra caramba.

10) Se então quiser mesmo exagerar e se fingir não apenas um foodie ou um gourmet, mas quer se passar por um grande intelectual da comida, lute contra os seus impulsos e não fotografe os pratos. Quem não fotografa vai imediatamente ganhar o status de um ser superior.  Se conseguir, todos ao seu redor vão sussurrar: “não fotografou o prato! Comeu sem postar...!” e você vai praticamente ascender ao Olímpio das divindades gastronômicas.

Pronto agora você é o perfeito gourmet impostor sem remorso: afinal quem garante que seus amigos não façam o mesmo?





sábado, 19 de agosto de 2017

Chega aí o Rio Wine And Food Festival 2017, ainda mais rico!


Em sua quinta edição, volta um dos eventos vínicos mais esperados do ano pelos enófilos e profissionais cariocas. Já se você for de outro estado, agora tem mais um motivo para visitar a Cidade Maravilhosa.

Segue release oficial com todos os detalhes. 

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RIO WINE AND FOOD FESTIVAL ACONTECE DE 21 A 27 DE AGOSTO NO RIO DE JANEIRO 
Festival chega a seu quinto ano consagrando-se como um dos maiores eventos do setor, registrando crescimento e com novas atrações. Seu formato inovador democratiza a enogastronomia por toda a cidade. 

É para beber bons vinhos. É para se deliciar com boa gastronomia. É para aprender e/ou aprofundar o conhecimento. É para discutir o segmento. Mas acima de tudo, é para se divertir! Durante mais de uma semana, de 21 a 27 de agosto, o Rio de Janeiro será palco do Rio Wine and Food Festival (RWFF), evento que acontece em vários pontos da cidade, de norte a sul, provando que o vinho pode ser plural e estar ao mesmo tempo num mercadão, numa balada, numa feira de negócios, num jantar ultra sofisticado, ou num ônibus de turismo. Democratizar e desmitificar o vinho sempre foi o desafio do Grupo Baco, idealizador e promotor do evento, que já está em sua quinta edição. “Desde o primeiro ano que fizemos o Festival, nosso objetivo foi pensar em ações que pudessem mostrar a versatilidade do vinho e da gastronomia para o grande público, desde aquele que frequenta o restaurante mais chique até o mais carioca dos botecos, e ao mesmo tempo dar espaços para produtores de vinho, além de discutir assuntos específicos do setor”, relembra Sergio Queiroz, sócio do Grupo Baco. “Conseguimos isso implementando um formato inovador, com diversos eventos e ações por toda a cidade, voltadas tanto para o trade como para o consumidor final”, faz coro Marcelo Copello, seu sócio e renomado jornalista especializado em vinho. Não por acaso, o festival ganhou a chancela da Secretaria de Turismo (SETUR) e da RIOTUR, e entrou para a agenda oficial de eventos da cidade do Rio de Janeiro. A edição 2017 do RWFF tem seu calendário ampliado para nove dias - incluindo dois finais de semanas -, por conta da abertura informal no CADEG e diversas ações paralelas Produtores dos cinco continentes já confirmaram presença e o número de entidades, restaurantes e promotores de ações não para de crescer. Por isso é bom anotar a data na agenda e se programar para curtir uma temporada na cidade maravilhosa. 

Destaques da Programação do RWFF 2017: 

Antes da abertura oficial acontece uma informal. No sábado 19 de agosto, no CADEG, o mercado municipal do RJ em Benfica, em ambiente descontraído e com música ao vivo, milhares de pessoas terão a oportunidade de provar vinhos em diversas ações, como festivais de vinho em taça com preços acessíveis, promoção em restaurantes, palestras, uma Master Class e em um inédito Encontro de Confrarias. A abertura oficial acontece no dia 21 de agosto com um jantar de gala para convidados, no qual são entregues os troféus Vinha Velha para empresas e personalidades que se destacam no mercado de vinhos, além do troféu de Sommelier do Ano, concurso realizado em parceria com a Associação Brasileira de SommeliersRJ. 

Na terça-feira dia 22, das 8h às 17h é hora de ver o vinho sob o ponto de vista do trade. O Seminário Vinho & Negócios, promovido em parceria com a Fundação Getúlio Vargas – FGV, com entrada franca (mediante inscrição), promete repetir o sucesso de edições anteriores reunindo palestrantes do primeiro time da indústria mundial com centenas de profissionais na plateia. Nesta mesma noite, um evento original e de grande charme rouba a cena: o Degusta Talk Show, no qual uma personalidade é entrevistada enquanto o público prova seus vinhos.

O ápice da semana, como sempre, é a Feira Show De Vinhos, que acontece este ano no dia 24, quinta-feira, no Clube Piraquê. O Rio de Janeiro, um dos melhores mercados para os vinhos do país, é bastante apreciado pelo trade por seu grande consumo, além de atrair muita gente de outras cidades – inclusive compradores e jornalistas. Este ano a feira, que conta com o apoio do IBRAVIN - Instituto Brasileiro do Vinho, terá uma série de ações sobre vinhos brasileiros, tornando a ALA BRASIL ainda mais atraente e visitada. 

No mesmo dia e local, acontecem as concorridas Master Classes, onde os participantes poderão desfrutar da esperada prova que reunirá alguns destaques da Grande Prova Vinhos do Brasil 2017, que este ano acontecerá imediatamente antes do festival. Outra Master Class que promete ser disputada é a da empresa francesa Juss Millésimes, que trará ao festival uma seleção de luxo de vinhos da Borgonha e resto da França. 

Mais um destaque será a degustação "Brasil de Guarda", com rótulos a partir da década 1970. A iniciativa se propõe a afirmar a capacidade de envelhecimento dos vinhos nacionais, comprovando a nossa evolução qualitativa. 

Nesta edição, haverá também feiras exclusivas de países e regiões, como a que acontece no dia 23, reunindo alguns dos melhores produtores do Chile, no evento oficial da Wines of Chile, líder isolado do mercado de vinhos importados no Brasil, que acontecerá no recém-reinaugurado Gran Meliá Nacional. No dia seguinte, é a vez do Tannat Tour, através do seu órgão oficial, Wines of Uruguai, trazendo o melhor dos vinhos do país vizinho. 

O fim de semana final do RWFF será totalmente voltado ao consumidor final, com a saída do Wine Bus (ônibus de dois andares que harmoniza um city tour pelas paisagens da Cidade Maravilhosa com degustação de vinhos) e com o Wine Out, um outlet de venda promocional de vinhos, enriquecido com aulas e provas dirigidas ao público em geral, junto muitos food trucks e música ao vivo. 

O RWFF oferece ao longo da semana uma série de outras ações, como promoções em supermercados, lojas, bares, restaurantes, clubes de vinho, wine diners e menus harmonizados pela cidade; e o Rio Rolha Zero, promoção na qual participam mais de 100 restaurantes que durante os dias de evento não cobram taxa de rolha. 

SERVIÇO 
Evento: 5º Rio Wine and Food Festival 
Data: de 21 a 27 de agosto de 2017 (pré-abertura dia 19 de agosto) 
Local: Rio de Janeiro (vários espaços da cidade) 
Programação completa: www.riowineandfoodfestival.com.br 
Inscrições e compra de ingressos: ingressocerto.com (a partir de 01/07) 
Informações para público: contato@riowineandfoodfestival.com.br 

Facebook: www.facebook.com/riowineandfoodfestival 
Instagram: @riowineandfoodfestival 
#RWFF2017 
Filme da edição 2016: https://www.youtube.com/watch?v=EaF_FGCybnQ 

Sobre o Grupo BACO Multimídia 
O Grupo BACO Multimídia, idealizador e organizador do Rio Wine and Food Festival, é uma empresa de comunicação e inteligência de mercado que tem na geração de conteúdo e nos eventos sua plataforma de atuação. É responsável pela edição da revista BACO, do Anuário Vinhos do Brasil, em parceria com o Ibravin, entre outros produtos editoriais. Seu portfólio inclui ainda mídia digital e uma série de eventos no Brasil e exterior, com destaque para a Grande Prova Vinhos do Brasil.

quarta-feira, 16 de agosto de 2017

Bandido bom é bandido viticultor


Chargui e Santo acordaram cedo. Acordar nas primeiras horas da manhã é o ideal, é mais fresco e o trabalho fica menos pesado. A tarefa deles é limpar a vinha, extirpando os arbustos da colina no centro de Gorgona, uma ilha-prisão do arquipélago toscano.  Chargui é um tunisiano de 47 anos e Santo um italiano de 36: ambos são detentos viticultores, que há tempo se dedicam ao vinhedo implantado e administrado pela histórica família Frescobaldi.

A badalada vinícola toscana há 6 anos gerencia 2 hectares e meio de terrenos de propriedade estatal de vinhas onde nascem 2 vinhos produzidos totalmente pelos detentos: o Gorgona Bianco (feito com as uvas Vermentino e Ansonica) e o Gorgona Rosso (100% Sangiovese), conduzidos em maneira orgânica. Em Gorgona só chegam condenados à longa prisão e Chargui e Santo ainda tem muitos anos de pena para cumprir. Mas trabalhar no vinhedo alivia parcialmente o peso da liberdade negada e, acima de tudo, permite que eles aprendam uma profissão.

Dia após dia se tornam mais experientes, mais sensíveis e responsáveis. Enquanto cavam a terra encontram algumas folhas familiares, e daí um ramo grande e robusto...para tudo, para tudo! Estão na frente dos restos de videiras históricas muito antigas (talvez seculares): de fato em Gorgona desde 1800 os monges cultivavam uvas. Emocionados os detentos chamam o agrônomo e o próprio Lamberto Frescobaldi, dono da empresa toscana. Agora aquelas videiras serão estudadas e quem sabe, podem representar uma importante descoberta.


Este é apenas um dos milagres que é possível assistir nos 2 km quadrados da ilha, situada perto de Livorno. “Na minha vida cometi erros graves e estou desapontado comigo mesmo – afirma Chargui – mas esta é a minha ocasião: deram-me confiança e estou fazendo o meu melhor para provar que a mereço. Aqui estou aprendendo uma profissão, quando sair da cadeia gostaria de trabalhar neste setor”. Se ele conseguir não será o primeiro: já vários ex-detentos foram contratados pela própria Frescobaldi e outros por diversas vinícolas também. 

Este é o sentido do projeto Gorgona, dar para estas pessoas uma segunda chance. Mas quem acha que é moleza está enganado: o trabalho na vinha é duro e cansativo, mas se colhem os frutos, literalmente.

O resultado se vê na taça. Os vinhos, tanto o branco quanto o tinto, são delicados e intensos com os perfumes típicos das ilhas do mediterrâneo. Estruturados, frescos e com breve passagem em barricas prometem longa guarda. Por enquanto são produzidas 4000 garrafas por ano, vendidas de Nova York a Hong Kong, passando, é claro, pelos melhores restaurantes da Itália.







sexta-feira, 4 de agosto de 2017

O Pinot alemão que desafiou a Borgonha

Eis a aposta louca: arrancar as videiras de Riesling numa terra (Mosel, Alemanha) onde há séculos vive de glória e sucessos para plantar no seu lugar a Pinot Noir, a casta mais complicada e inconstante que existe; e ainda pensar em desafiar neste severo terroir os gigantes da Borgonha, ou seja os vinhos mais cobiçados (e mais caros) do mundo. Ousadia? Parece mais um suicídio ou até um sacrilégio para alguns. 

O autor desta ideia aparentemente bizarra não é daqueles vinhateiros improvisados que confundem paixão por iluminação, mas um respeitado profissional da área. Daniel Twardowski, é um wine merchant de grande reputação: em suas mãos passam justamente aqueles rótulos extraordinários que ele pretende desafiar com o propósito de trazer de volta a região de Mosel para suas origens, quando os romanos construíam obras e pontes ainda hoje perfeitos sobre o rio e traziam as uvas rigorosamente tintas.

O alemão plantou seu pinot noir no Mosel em 2003, num vinhedo único de 3 hectares conduzido de maneira orgânica e começou a engarrafar em 2009, com pouquíssima intervenção humana. O vinho foi chamado de Pinot Noix (literalmente “pinot noz”, assim nomeado porque os corvos da área usam as rochas ao redor do vinhedo como um quebra-nozes, deixando cair do alto as nozes roubadas das plantas que crescem perto do rio). Para o afinamento, as melhores barricas de carvalho francês, 90% usadas.



Assistido pelo especialista italiano Luca Martini, já melhor sommelier do mundo, o Daniel fez provar às cegas seu Pinot Noix a um painel de degustadores profissionais junto com o crème de la creme da Borgonha, garrafas como Clos de Beze e Chambertin Grand Cru do Armand Rousseau, o raro e caríssimo Mersault Rouge do mítico Coche Dury, o Echezeaux e o Corton Rouge do lendário Romanée-Conti todos das safras 2011, 2012 e 2013.

Pois bem, entre 9 vinhos (3 garrafas do humilde Pinot Noix e 6 grandes borgonhas) o alemão se colocou em 4º lugar, deixando para trás monstros sagrados como Romanée Conti e Coche Dury. Veja como ficou o resultado final:

  1. Chambertin Grand Cru Clos de Beze Domaine Armand Rousseau 2013  
  2. Echezeaux Grand Cru Cote de Nuits Domaine de la Romanée-Conti 2011
  3. Chambertin Grand Cru Domain Armand Rousseau 2013  
  4. Pinot Noix Ardoise 2012 Daniel Twardowski
  5.  Pinot Noix Ardoise 2013 Daniel Twardowski
  6. Clos St. Jacques Gevrey-Chambertin omaine Armand Rousseau 2011
  7.  Pinot Noix Ardoise 2011 Daniel Twardowski
  8.  Meursault Rouge Cote de Beaune Domaine Coche-Dury 2013
  9. Corton Grand Cru Domain de La Romanée-Conti 2013
Nada mal para o estreante pinot alemão: tendo em vista que o vinhedo do Pinot Noix ainda é jovem e não está em pleno regime, diria que o resultado, é certamente promissor. Afinal, mesmo considerando todos os poréns e as armadilhas da degustação às cegas, vale lembrar que umas garrafas concorrentes custam sozinhas quanto uma caixa de Pinot Noix...