terça-feira, 24 de janeiro de 2017

Sexo nos vinhedos. Atenção, matéria para adultos!


A cada primavera rola muito sexo nos vinhedos. Calma, não estou falando de turistas transando na vinha (o que acontece também), ou de trabalhadores das vinícolas sem muito tempo livre que acabam resolvendo a vida privada por lá mesmo (o que também acontece). Estou falando de sexo estritamente entre as videiras.

As videiras cultivadas são normalmente hermafroditas, ou seja, estão presentes os órgãos reprodutivos de ambos os sexos simultaneamente. Portanto, quando a primavera chegar, as parreiras se “auto polinizam” sozinhas. Mas isto somente no momento determinado e se tudo estiver certo, pois como sabemos, a videira é um ser todo peculiar. Tem muito vento? Esqueça. O ar está um pouquinho gelado? A planta terá dor de cabeça. Chuva? Tá maluco, quem quer tomar um banho frio? Apenas quando estiver tudo na paz, tranquilo e quentinho as videiras irão procriar. Este afetuoso processo é chamado de floração, e de fato, se tudo correr bem, resultará em pequenas (aliás, minúsculas) flores brancas. Mas se algo der errado e não aparecer nenhuma florzinha, aí meu amigo, não vai ter uva.

Já com as videiras selvagens, ao contrário das cultivadas, as coisas são bem diferentes. As videiras selvagens são geralmente ou macho ou fêmea (embora tenha uma pequena percentagem hermafrodita também). Isto significa que uma planta selvagem fêmea pode produzir frutos apenas se tiver um macho selvagem ao lado que forneça pólen (inclusive plantas macho são, ai de mim, estéreis e infrutíferas).




Botânicos suspeitam que os primeiros povos que cultivaram videiras – talvez entre os anos 5000 e 7000 a.C. – teriam inicialmente selecionado plantas fêmeas, já que estas seriam as únicas capazes de frutificar. Mas, de qualquer forma, as fêmeas, sem quaisquer macho por perto, teriam se mostrado improdutivas também. Por isso, ao longo dos anos e com a evolução da viticultura, as videiras escolhidas para cultivo e reprodução acabaram sendo aquelas que possuem ambos os órgãos (masculinos e femininos).  Uma lição da natureza contra preconceito sexual.



segunda-feira, 2 de janeiro de 2017

O joguinho do vinho de 100 pontos Robert Parker


Na nossa confraternização de fim de ano tivemos alguns belíssimos vinhos de diferentes tipos e nacionalidades, mas gostaria de fazer um joguinho, portanto vou focar apenas nos vinhos franceses top da noite, uma sequência de tintos de todo respeito: um Borgonha conceituado e uma série de Grand Cru Classés de Médoc altamente pontuada.

Você que me conhece sabe que não estou nem aí com as notas da crítica internacional, mas é justamente por isto que resolvi escrever este post: repare nas pontuações de cada vinho (coloquei apenas o score mais alto) e depois siga lendo.

- Philippe Pacalet Pommard 2010 (RP88)
- Chateâu Grand-Puy-Lacoste 2005 (JS97)
- Chateâu Pontet-Canet 2005 (RP97)
- Chateâu Pichon Longueville Comtesse De Lalande 2011 (WS95)
- Chateâu Montrose 2004 (JS93)
- Chateâu Montrose 2009 (RP100)


Nada mal, hein? Agora me pergunte qual foi o meu favorito? Juro que não foi proposital e pode até ter sido um mero acaso, mas o vinho que mais gostei deste painel foi o menos pontuado.

Será que não entendo de nada? Pode ser, who cares. Certamente de maneira geral prefiro Borgonha a Bordeaux, mas este Pommard 2010 do Pacalet pra mim foi um show de elegância e finesse, ainda com boa fruta, mas de enorme complexidade aliada a uma leveza quase etérea.

Sem querer polemizar - já faço isto sempre e desta vez vou poupar a “maledicência”, pois ainda estou permeado de espírito natalino e cheio de bons propósitos para o ano novo (hehehe), mas apenas repito que cada paladar tem as próprias incontestáveis preferências e que não devemos nos deixar influenciar pelas notas da crítica: no meu caso fico 10 vezes mais feliz tomando o Pacalet de 88 pontos que o Montrose de 100. E ainda custando 4-5 vezes menos!

Agora, não me entenda mal, gosto do Montrose e o 2009 estava sensacional, mas pra mim estava tão bom quanto o 2004 (ou o 2005 tomado recentemente) . E na verdade, para ser bem sincero, pra mim o Pichon Longueville foi melhor que os dois.

Enfim, mero gosto pessoal. De qualquer forma vale ressaltar, excluindo o Borgonha que de fato tem um estilo distinto, entre os Bordeaux falamos apenas de pequenas diferenças, de nuances mesmo, pois todos estavam absurdamente bons.


Mas, sobretudo, quando se está entre amigos, comemorando a vida e a amizade, quem se importa da nota do vinho? O que vale é alegria do momento e a lembrança de mais uma noite fenomenal. 
Feliz ano novo a todos!