segunda-feira, 28 de março de 2016

Um belo Torrontés

O Torrontés argentino, muito amado nos Estados Unidos e Canada, é um pouco subestimados por aqui. Na verdade este é um tipo de vinho que deveríamos tomar mais aqui no Brasil no lugar dos encorpados e amadeirados chardonnays, pois sua delicadeza e frescor são aliados ideais para o nosso clima quente (inclusive pode ser servido um pouco mais gelado que os demais brancos).

A Torrontés é uma das uvas mais aromáticas do planeta, lembrando Moscatel (da qual é parente), ou Viogner, e hoje cultivada unicamente na Argentina. Embora seja produzida no País inteiro, é certamente na região de Salta que alcança sua maior expressão, mais especificamente na área de Cafayate, onde consegue melhores resultados.



É exatamente desta região que procede este Felix Lavaque Torrontés 2012, de vinhedos localizados a 1800mt de altura, que proporcionam clima e solo perfeitos para desenvolvimento especialmente de excelente acidez, mas também de aromas intensos. As videiras de baixo rendimento e idade média de 55 anos, a colheita feita à mão e os processos de vinificação estritamente controlados permitem produzir vinhos equilibrados, com sabor concentrado e bastante aromático. Atualmente na quinta geração da família, conta com o trabalho de Francisco Lavaque, graduado em Viticultura e Enologia pela UC Davis.

Exuberante em todos os aspectos. Muito aromático, com bastante fruta no nariz como pêssego, limão siciliano, ervas frescas e flores de campo. Seu frescor faz salivar a boca em um corpo macio de boa concentração, onde predomina a fruta doce. Final levemente amanteigado com notas cítricas.
Perfeito para aperitivos e entradas leves, mas escolta com sucesso frutos de mar e peixes em molhos leves. Devido a sua aromaticidade e leve doçura pode acompanhar também pratos com especiarias exóticas como os da culinária asiática ou árabe.  


Vinho:
Felix Torrontés
Safra:
2012
Produtor:
Felix Lavaque
País:
Argentina
Região:
Salta
Uvas:
Torrontés (100%)
Alcoól (Vol.)
14%
Importadora:
World Wine
Custo médio:
R$ 140,00
Avaliação MV
** (marcante)


A Bodega 


Salta


domingo, 20 de março de 2016

Você compraria vinho de um ''babaca''?

Se o vendedor da loja de vinho onde você acabou de entrar for arrogante, ignorante, egocêntrico, incompetente, agressivo, esnobe, e outros lindos adjetivos do gênero, provavelmente você não colocará mais os pés nesta loja: é compreensível e até justo. Mas o que acontece se este for o caráter do produtor de vinho que você tanto ama?

De forma geral o caráter da pessoa não deveria influenciar na avaliação do trabalho dele. Desde o mundo das artes á política, passando por esporte e empreendedorismo, temos centenas de exemplos não exatamente simpáticos, mas cujo trabalho é  fundamental e, justamente, idolatrado. Mas se um torcedor não se importa do caráter do Pelé, Maradona, ou Cristiano Ronaldo, contanto que seu time ganhe, ou fãs apaixonados aprovam os excessos de artistas como Justin Bieber e Madonna, conseguindo separar vida privada do trabalho deles, será que com o vinho somos capazes de aplicar a mesma fórmula de maneira fria?

Já é sabido que existe uma correlação entre simpatia do produtor e valor percebido do vinho. Isto é algo que os produtores não deveriam subestimar.

A percepção do vinho é influenciada por uma somatória de fatores externos, como o ambiente, a companhia, a comida, o humor do momento, etc. E acredito que a pessoa que está atrás do vinho, o criador daquela garrafa, também possa influenciar na avaliação.  

Diferentemente de quanto possível com os astros do esporte, musica e cinema, para os apaixonados em vinho é muito mais fácil conhecer pessoalmente os produtores. Com visitas ás vinícolas, feiras, eventos, degustações, as possibilidades de entrar em contato direto com os winemakers são múltiplas. E ademais, agora temos os social networks, portanto mesmo não chegando a conversar pessoalmente, através de instrumentos como Facebook, Twitter, Instagram, etc, conseguimos ter uma idéia do Sr. Produtor, saber como ele pensa e verificar a compatibilidade da sua personalidade com a nossa. Isto dá uma variável adicional ao critério de avaliação.

Voltando ao exemplo do início do post: se você vai comprar um vinho X e for mal atendido pelo vendedor, simplesmente bastará comprar o vinho numa outra loja. Mas se for se você for mal recebido diretamente pelo produtor daquele vinho X durante uma visita á sua vinícola ou a um seu estande, ou for mal atendido numa pergunta feita numa rede social, você vai continuar comprando o vinho dele?

Pessoalmente, como profissional do ramo, tento não me deixar influenciar e até acho que consigo separar bem os dois aspectos, mas não posso dizer o mesmo com as garrafas que compro para meu consumo particular: neste caso o produtor ‘’babaca’’ não tem espaço na minha adega. Já o mais simpático ou com o qual tenho mais afinidade acaba ganhando sempre um bônus. Sei que friamente não seria uma escolha racional, mas afinal vinho não é sobretudo emoção?


segunda-feira, 14 de março de 2016

Malbec do Vale do Loire? Inédito para nós...


Conseqüentemente ao sucesso da malbec argentina no Brasil, vários malbecs vindo de sua pátria original (França), começaram a chegar ás nossas prateleiras. Todos da tradicional região de Cahors (e sul-oeste em geral).  Mas um malbec do Vale do Loire me pareceu pelo menos singular. De fato não deveria ser uma surpresa, pois de todas as regiões produtoras da França, o Loire exibe a maior variedade de vinhos: esta diversidade é devida a um clima ‘’dinâmico’’, que varia de Mediterrâneo para o Continental.

O Le Poira do Guy Allion é um malbec totalmente diferenciado, acredito que servido ás cegas confundiria também os maiores experts do mundo: sua acidez lembra Sangiovese, seu corpo um Merlot, sua textura um Cabernet, já seus taninos remetem a Tempranillo e seus aromas a Syrah. Quem diria que é um Malbec (ou Côt, como lá é chamado)? Por isto o selecionei para o e-commerce de vinhos pelo qual trabalho e fiz questão de colocá-lo nestas páginas também.  
Procedente de Touraine, província no meio do Vale do Loire, é um vinho jovem e gostoso. De cor vermelho-púrpura, mostra aromas de groselhas, mirtilos e morangos maduros; depois de areação surgem umas especiarias e um toque picante. Na boca chama atenção a alta acidez, refrescante espinha dorsal de um corpo leve/médio, porém estruturado, que carrega notas terrosas, sensações balsâmicas e notas salinas. Os taninos são firmes, mas suculentos, para um final de muito equilíbrio.

Vinho:
Le Poira
Safra:
2013
Produtor:
Domaine Guy Allion
País:
França
Região:
Vale do Loire
Uvas:
Malbec (Côt) 100%
Alcoól (Vol.)
12,5%
Importadora:
Berkmann Wine Cellars
Custo médio:
R$ 120,00
Avaliação MV
** (marcante)


segunda-feira, 7 de março de 2016

Enofobia: as 4 situações que aterrorizam os iniciantes (e os entendidos)!

Utilizando como gancho este post sobre as tendências de consumo vamos aqui analisar expressamente o ponto 5, ou seja: os medos relacionados ao vinho.

Isto porque vinho pode intimidar sim, assustar e em casos extremos aterrorizar. Exagero? Nem tanto: agora você banca o expertão, mas tente rebobinar a fita até o momento em que se aproximou ao vinho. Viu? Aquele cara com as bochechas vermelhas de vergonha e as mãos suadas é exatamente você depois de pagar mais um mico em público. Quanto tempo demorou (e quanto vinho derramou) para aprender a girar a taça corretamente e quantas bobagens você falou achando que fossem sagradas verdades? Muitas né? Eu sei, todos nós passamos por isso, mas depois de pesadelos, tratamento psiquiátrico e fígado estragado, finalmente conseguiu o status social de ‘’entendido’’ de vinho, que satisfação hein! Mas mesmo assim situações embaraçosas continuam ás espreitas. 

Então vamos anunciar aos novatos e até aos mais entendidos o que devem esperar, numa forma de terapia de grupo.

1.  Medo de errar o nome do vinho
Errar o nome do vinho em muitos casos é motivo de zoação e deboche. Acha que não? Gewürztraminer é até fácil demais de pronunciar, agora prove a dizer algo tipo ‘’Egon Müller Scharzhofberger Riesling Trockenbeerenauslese’’ ou “Alsace Grand Cru Rangen Riesling Clos Saint Urbain Rangen De Thann” e depois conversamos. Isto faz até tornar abstêmio! E as uvas autóctones certamente não vão ajudar: castas como Xinomavro, Blauer Zweigelt e Kékfrankos estão prontas para o golpe mortal.

2.  Medo de falar de vinho
Existem mais estádios e níveis de conhecimento no vinho que em toda Wikipédia, por isso discutir de vinho com um dos tantos ‘’iluminados’’ seria como enfrentar o exercito de Gengis Khan, praticamente um suicídio. Saber que o Nero d’Avola é feito na Sicilia pode ajudar, mas quando o cara vai te perguntar sobre a Petite Arvine o que você vai responder?

3.  Medo de ser o primeiro a provar o vinho ao restaurante
O assassino está ali a um passo de você. Ele te examina em quanto com gestos hábeis abre um Borgonha de 1968. Ele é inteligente e entendeu pelo suor do teu rosto que o elemento mais fraco da mesa é você. E despeja um dedo de vinho na sua taça para que você o prove...E agora? Você tenta fingir indiferença em quanto leva a taça ao nariz e depois á boca, mas está tenso, pois sente algo estranho, diferente, mas não sabe definir se aquilo é oxidação, bouchonné, brett, ou uma nota de acidez volátil...O que fazer? Vai por mim, a única solução é fingir um infarto.

4.  Medo de ser julgado pela escolha do vinho
Num momento de exaltação pediu que a carta de vinhos fosse entregue a você. Para evitar um mico você faz uma escolha ‘’segura’’ e pede despreocupadamente um Barolo. Nem deu o tempo de ficar aliviado que um dos seus amigos mais iluminados te explica que o vinhedo não é biodinâmico, que o cru não é dos melhores e que aquela safra foi a única ruim de 129 colheitas. E, caso não tenha notado, você pediu o Barolo para acompanhar um dourado ao forno.

Como disse, estas situações não acontecem apenas com iniciantes, mas até com experts e profissionais (talvez até mais!), portanto a conclusão é: vamos manter a humildade e admitir os próprios limites, pois pagar mico é muito mais fácil do que achamos. 




terça-feira, 1 de março de 2016

Vem aí a feira Encontro de Vinhos RJ!

Encontro de Vinhos continua sendo um dos eventos mais interessantes da eno-esfera brasileira, reunindo  música, gastronomia e diversão em torno do vinho.

A feira percorre 6 cidades: São Paulo, Campinas, Ribeirão Preto, Belo Horizonte, Curitiba e logo nesta semana chegará mais uma vez ao Rio de Janeiro.

Organizado sempre com competência e muita paixão pelos incansáveis Beto Duarte e Daniel Perches, o evento se tornou um must para todos os apreciadores da bebida de Baco, incluindo profissionais e público em geral.

Portanto não perca e garanta logo seu ingresso!


Veja mais detalhes no release oficial abaixo.