quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

O Top 10 das tendências no consumo de vinho

A vinícola americana Gallo (a maior do mundo, diga-se de passagem) elaborou uma lista das 10 tendências de consumo de vinhos nos EUA. Claro que estes trends podem ser (e em muitos casos são) bem diferentes em outros países, mas como a cultura do Tio Sam acaba influenciando de qualquer forma o planeta inteiro (ou quase) e o mercado de vinho americano é um dos principais do mundo, achei interessante compartilhar resumidamente aqui a abordagem do consumidor yankee em relação ao vinho.
Acho o mercado brasileiro ainda longe sob alguns aspectos, mas umas tendências acredito sejam parecidas. Confira:


1) Os primeiros 3 fatores que influenciam na escolha de algo novo são (na ordem):

-Indicação de amigos, familiares ou colegas de trabalho
-Indicação do sommelier, barista ou garçom em bares/restaurantes
-Indicação de vendedor da loja de vinho mais próxima

2) Os Millennials (também conhecidos como Geração Y: pessoas entre 18 e 34 anos) são 4 vezes mais influenciados que os Baby Boomers (faixa de idade 51-69) na escolha de um vinho na base de seu rótulo; procurando nele personalidade e singularidade. Já o público mais maduro procura no rótulo mais informações, como região de origem e notas de degustação.

3) O consumidor de vinho sabe o que ele gosta. Ele consome uma média de 3,2 marcas regularmente (sobretudo as marcas com preços mais acessíveis)

4) Falando em ‘’tribos’’ (ou categoria) de consumidor os entrevistados se identificam como segue, na ordem:

      - Aventureiro
      - Iniciante/aprendiz
      - Tradicionalista
      - Fiel a marca(s)
      - Esnobe (enochato)


5) Os principais medos em relação ao vinho, na ordem:

- Medo de pronunciar o nome de um vinho de forma errada
- Medo de ser o escolhido na mesa para fazer a prova de um vinho pedido num restaurante
- Medo de conversar sobre vinho com outras pessoas.
- Medo de ser julgado pela escolha de um vinho



6) 1 de cada 5 consumidores já provou vinho em lata e 32% dos entrevistados reconhece vinho em lata como ideal para piquenique e outras ocasiões ao ar livre onde pode ser incomodo usar garrafas, abridores, taças.

7) Os consumidores mais jovens (millennials) consumam 2 vezes mais vinho rosé que os mais maduros (baby boomers). Isto especialmente entre primavera e verão.

8) Os mais jovens consomem mais vinho espumante que os mais maduros, que tendem a optar por um chardonnay ou merlot.

9) 37% dos entrevistados afirma que vinho confeccionado em bag-em-box é muito conveniente, contanto que caiba na geladeira e especialmente em ocasiões com muitas pessoas, concordando de maneira geral que a qualidade dos vinhos em caixa de papelão melhorou.

10) 85% dos consumidores freqüentes de vinho afirma que vinho é igualmente bom tanto para ocasiões formais quanto para as informais, reconhecendo de maneira geral que o vinho está se tornando a cada vez mais menos formal. A uva mais popular em ocasiões informais é a Chardonnay, já a casta mais comum para eventos formais é a Cabernet Sauvignon.


sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

A importadora de vinhos exóticos. Vale conferir

Já falei por aqui algumas vezes sobre a importadora Winelands: não é redundância nem tampouco interesse comercial por minha parte, mas volto agora (e provavelmente voltarei futuramente) a falar de seus vinhos, pois continuam surpreendendo.

E também achei interessante anunciar uma novidade. Enquanto antigamente a importadora trabalhava apenas com clube de vinho por assinatura, agora tem sua loja on-line onde o consumidor pode adquirir e provar os diferentes vinhos conforme quiser.

A coisa que nunca me canso de elogiar do Fernando e sua equipe é o trabalho de garimpo, pois os vinhos nunca são previsíveis ou comuns: eles são normalmente de países e/ou uvas exóticos, e quando conhecidos, procedem de regiões menos batidas. Assim é possível encontrar castas como Mavrud, Feteasca, Roditis, Velasco ou Gamza; ou variedades mais comuns, mas em terroir não típico, como malbec do Perú, touriga nacional do Uruguay, chardonnay romeno ou merlot búlgaro, só para citar alguns exemplos. E a qualidade nunca decepciona.

Se quiser pescar pelo site sugiro sobretudo os excelentes vinhos da Bulgária da Stambolovo e Templar Knight (mais refinados e elegantes os primeiros, mais potentes e encorpado os segundos), os refrescantes brancos eslovenos da Quercus, os interessantes Peruanos da Intipalka ou o diferente sulafricano Café Cabernet (que como o próprio nome anuncia tem um intenso aroma de café que o torna único).


Gostos pessoais a parte, os vinhos da loja não tem erro. Mas pela minha experiência o clube continua sendo o jeito mais interessante para novas descobertas. Assine sem medo e se deixe guiar sem preconceito para destinos insólitos. A seleção é criteriosa e cuidadosa e, ademais, não todos os vinhos do clube ficam disponíveis na loja (como foi o caso recente do Califortune, um blend bordalês produzido na California, simplesmente delicioso).


quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

Milagre?! Pinot Noir supera a Cabernet Sauvignon nas preferências dos consumidores...

A rainha das uvas perdeu seu trono. Pois é, a Cabernet Sauvignon parece não ser mais a casta preferida dos consumidores, que estão a cada vez mais optando pela Pinot Noir. Não sabemos se é uma mudança definitiva, mas a tendência é certamente significativa. Pelo menos é o que diz o site Winesearcher.com, o maior motor de busca de vinho do mundo, num recente artigo que analisou as pesquisas dos usuários no último ano. Dentro das pesquisas pelas castas a Pinot ganhou com 11 milhões contra os 8 milhões da Cabernet,  e esta é já a segunda vez que isso acontece.
O resultado chama atenção e desperta algumas perguntas, tipo: o Robertinho Parker não influencia mais o mercado como antes? O consumidor médio evoluiu para uma variedade de uva que os lugares comuns definem como a mais adequada para um público mais educado, culto e consciente? Tinha razão o Miles (Paul Giamatti) do film Sideways quando declarava a superioridade dos vinhos da Borgonha sobre Bordeaux (bem, mais ou menos...enfim)?

Na base das mesmas pesquisas temos também outros dados interessantes. A Zinfandel (queridinha dos americanos) foi ultrapassada pela Syrah, já as uvas brancas continuam basicamente estável, com o domínio absoluto da Chardonnay, seguida pela Sauvignon Blanc num distante segundo lugar. A Riesling, embora elogiada pelos críticos e escritores de vinho (incluindo o humilde blogueiro aqui) não consegue subir, continuando como vinho de nicho para poucos apreciadores.
Mas voltando ao nosso duelo Cabernet X Pinot: você se identificou nessa tendência? No meu caso eu não troco um bom Pinot por nada (ou quase), de qualquer forma a minha partida pessoal seria Pinot x Nebbiolo. Já ao meu entender parece que no mercado brasileiro médio a luta seja entre Cabernet x  Malbec, com a Pinot quase ignorada, mas posso estar errado. O que você acha? 


quarta-feira, 2 de dezembro de 2015

A importadora World Wine abre nova loja no Rio de Janeiro!

WORLD WINE INAUGURA LOJA NO BOSSA NOVA MALL

Com a abertura de mais uma unidade, no dia 03 de dezembro, a World Wine espera ampliar sua presença no Rio de Janeiro e da sua marca Brasil a fora.

*O local que a World Wine escolheu para abrir sua segunda loja física no Rio de Janeiro é bem estratégico: o novo Bossa Nova Mall, recém-inaugurado que, além das lojas, está interligado ao aeroporto Santos Dumont, tem um hotel 4 estrelas, um centro de convenções, um business center e em breve contará com a facilidade de transporte proporcionada pelo Veículo leve sobre trilhos (VLT) que levará os clientes até o aeroporto.

A localização fez a importadora de vinhos pensar em algumas adaptações para atender, principalmente, o turista e o executivo. Há embalagens para presentear, pensando naquelas pessoas que aterrissam ou saem da cidade e podem ter a facilidade de adquirir ali mesmo um ótimo vinho. Para aqueles que esperam o voo, a World Wine aposta na degustação, por isso haverá mesas no espaço e venda de vinhos em taças, assim o cliente pode experimentar uma variedade de rótulos.

A loja, de 120 m2, será uma vitrine do portfolio da World Wine, que atualmente representa com exclusividade cerca de 2 mil rótulos, de 150 produtores, de 14 países. “O Rio de Janeiro é um mercado importante e ascendente, e mesmo com a atual situação econômica pelo qual passa nosso país, estamos investindo neste novo ponto”, comenta Celso La Pastina, sócio-proprietário da importadora.

A abertura desta loja na cidade faz parte da estratégia da empresa - que é uma das maiores importadoras e distribuidoras de vinhos do Brasil – de, juntamente com as lojas especializadas, criar mais um canal de acesso para os apreciadores e levar a experiência do vinho para mais e mais pessoas. Com este novo ponto, a World Wine terá duas operações físicas no Rio; o outro foi aberto há 3 anos no shopping Fashion Mall.

A World Wine é uma unidade de negócios do Grupo La Pastina e foi criada em 1999 pelo empresário Celso La Pastina, para trabalhar um portfólio de vinhos Premium. A seleção contempla rótulos dos principais países produtores de vinho, em diversos estilos, destacando-se a imensa oferta de vinhos franceses e italianos e de um considerável numero de rótulos orgânicos e biodinâmicos.

Alguns produtores de destaque de seu catálogo são Andeluna, Finca Sophenia, Bodega Atamisque e Altos Las Hormigas (Argentina);  Viña Bisquert, Viña Tabalí, Viña VIK, Viña Laroche e Odfjell (Chile); Bodega Garzón (Uruguai); Luna de Beberide, Pere Ventura, Vivanco e Marques de Murrieta (Espanha);  CARM, Quinta da Falorca, Herdade do Rocim e Quinta Vale Dona Maria (Portugal); Beringer (Estados Unidos); Vini Farnese, Poggiotondo, Feudi di San Gregorio, Donnafugata, Tua Rita, Castello Banfi e La Massa (Itália); Domaines Perrin, Château Bois Pertuis,   Château de Beaucastel, Château Le Puy, Jacques Selosse, Billecart-Salmon e Philippe Pacalet (França).

A World Wine atua também em várias cidades do Brasil através de lojas especializadas. Empenhada na educação do vinho, conta com uma equipe de sommeliers que presta consultoria, dá cursos e auxilia os clientes na escolha dos vinhos e harmonização de menus.

A World Wine atende clientes de todo o Brasil através do Televendas (11 4003-9463 ou 0800 880 9463) e pelo site www.worldwine.com.br.


  
SERVIÇO
Loja da World Wine no Bossa Nova Mall
Av. Almirante Silvio de Noronha, 365 – Centro – Rio de Janeiro – RJ
Loja 1008B/ Piso Terreo

Horário funcionamento:
Segunda a domingo: das 8h às 22h00

Formas de pagamento: Parcelamento em até 5x sem juros no cartão de crédito com parcelas mínimas de R$ 300,00.

Cartões: VISA, Mastercard, Dinners e American Express

*Informações e texto fornecidos pela assessoria de imprensa da empresa.

domingo, 29 de novembro de 2015

Conheça os vinhos de Minas Gerais, com sua técnica de inversão do ciclo

O clima é sempre determinante para a produção de boas uvas, mas hoje graças a tecnologias e intuito do homem é possível plantar vinhedos de qualidade praticamente em qualquer lugar do mundo, a qualquer latitude, longitude e altitude (desde áreas áridas e desérticas até temperaturas gélidas e polares).

Em breve teremos também os primeiros vinhos finos do Rio de Janeiro (acredite), portanto não deve surpreender que o estado de Minas Gerais já esteja entregando alguns rótulos de boa qualidade. Em 2011 provei o primeiro vinho lançado por lá, o famoso Primeira Estrada Syrah 2010, produzido em Três Corações, que abriu o caminho para vitivinicultura no sudeste do Brasil. 

O enólogo mineiro Murillo de Albuquerque Regina, com PhD em Bordeaux, estava frustrado com o clima da sua terra, que no verão (tradicional época da colheita) é quente, úmido e chuvoso, com todas as conseqüências que isso comporta, como podridão das uvas, doenças várias, insetos, etc. Mas em certo momento teve uma idéia genial, partindo do seguinte conceito: nas melhores regiões vinícolas do mundo, o clima no período que antecede a colheita é caracterizado por dias ensolarados e noites frias, acompanhados de solo seco. Ele se deu conta que isto é exatamente o que acontece na sua terra no período do inverno, por isso entendeu que se quisesse obter uma boa uva ele teria de inverter o ciclo das plantas. É isso aí: poda no verão e colheita no inverno.

Com esta sacada ele realmente conseguiu produzir algo significante (o citado Primeira Estrada) e com espírito agregador foi convidando outros ‘’malucos’’ que quisessem apostar no projeto junto com ele.

O empresário Luiz Porto, com grande visão foi um dos primeiros a acreditar no potencial do vinho mineiro e em 2004 investiu pesado no projeto, convertendo plantações de café e uva de mesa em vinhedos de vitis vinífera, com clones importados da França e construindo uma estrutura moderna e tecnológica. Nascia assim, em Cordislândia, a 800mt de altitude, a Luiz Porto Vinhos Finos, sendo hoje a maior vinícola da região.

Recentemente tive o prazer de degustar seus vinhos num encontro promovido pela Salumeria Delicatessen (em Copacabana) onde um petit comitê de profissionais foi convidado a se juntar ao Luiz Porto Junior, filho do fundador da vinícola, hoje no comando dos negócios, que com muita paixão e simpatia nos conduziu através de uma prova técnica, porém descontraída de 7 rótulos da casa:

- Luiz Porto Espumante Brut: corte de Chardonnay e Pinot Noir em igual proporção, é produzido com método champenoise, ficando por 12 meses ‘’sur lie’’. Perlage fina e persistente, mineral, com destaque para excelente acidez e final cremoso.

- Dom de Minas Sauvignon Blanc 2012: varietal sem passagem em madeira. Leve, porém bem interessante; diferente de muitos SB de Novo Mundo com frequente excesso de notas vegetais e herbáceas, ele mantém essas características bem discretas, deixando ao invés sobressair sua mineralidade, junto a grande frescor.

- Luiz Porto Chardonnay 2012: pertencente á linha premium, matura por 1 ano em carvalho francês. Dourado na cor, tem aroma de café bem destacado e cativante, seguido de baunilha, defumado e tudo que a barrica traz. Bom corpo e complexidade, com notas levemente adocicadas. Para meu gosto velhomundista talvez faltasse um pouco de acidez, mas de qualquer forma recomendo por ser um vinho diferente e bastante interessante (inclusive parece ser o bestseller da casa).
  
- Dom de Minas Syrah 2013: Provavelmente o meu preferido do painel. É um syrah leve (com breve passagem em madeira), porém complexo, perfumado e de grande equilíbrio. Violetas, cassis, cereja, açúcar queimado e especiarias no nariz, sensações repetidas na boca limpa, de boa profundez e muita harmonia entre acidez, álcool, madeira e taninos maduros.

- Dom de Minas Cabernet Franc 2013: estagia por 12 meses em barricas francesas. Nariz de amora, alcaçuz, amêndoas tostadas, canela e um toque terroso. Na boca tem um belo corpo e acidez gastronômica, com a madeira em evidência, taninos vivos (talvez ainda um pouco duros, que se beneficiariam de uma boa comida para acompanhar) e bela persistência. Vai melhorar com algum tempo de descanso em garrafa.

- Don de Minas Merlot 2012: mais parecido com o syrah por sua leveza e frescor (também o estágio em madeira é rápido) é um merlot moderno e aveludado, com notas de ameixa, morango, coco, baunilha, tabaco e terra molhada. Harmônico e sedoso.

- Luiz Porto Cabernet Sauvignon 2012: o tinto ícone da vinícola traz consigo uma contradição, pois por admissão do mesmo Junior, a CS trouxe resultados aquém do esperado e não vai ser mais produzida, focando para as próximas safras nas castas acima citadas. Mesmo assim não tenho como falar mal do vinho, que mostrou potência, concentração e complexidade, talvez com fruta não muito expressiva, mas de qualquer forma é um vinho mais que correto e agradável de modo geral. Ficarei na expectativa do próximo ícone da casa.

Finalizando certamente a vinícola está de parabéns, sobretudo considerando a inovadora técnica de inversão do ciclo das vinhas, e mais ainda levando em conta que a empresa é muito jovem, sendo a maioria dos vinhos provados da primeira safra comercializada (a de 2012): com este começo promissor a Luiz Porto Vinhos Finos só pode melhorar e melhorar ano após ano.



segunda-feira, 23 de novembro de 2015

Vinhos da Alemanha de bom custo/benefício

A Weinkeller é uma importadora paulistana com portfólio unicamente de vinhos alemães, especialmente de produtores orgânicos e biodinâmicos. Muito bacana ver isto no nosso mercado brasileiro, que, mesmo cheio de distorções (e deturpações), ainda deixa fatias interessantes para quem queira trabalhar produtos diferenciados (este no caso é um nicho dentro de um nicho!). E se normalmente os vinhos da Alemanha chegam aqui com valores exorbitantes, esse não é o caso da Weinkeller, que oferece uma variedade de bons rótulos com preços que cabem no bolso.
Recentemente a importadora promoveu um pequeno show-case aqui no Rio de Janeiro para um petit-comité de convidados, do qual tive o prazer de participar. O evento contou com a presença da Sócia Diretora da empresa, Vivien Kelber, que, com simpatia e competência, auxiliou tirando qualquer dúvida dos participantes.

Foram apresentados os seguintes 6 rótulos:

- Schoss Wachenheim Grün Cabinet: espumante método clássico, corte de castas bem típicas (Riesling, Silvaner e Müller-Thurgau); frutado e perfumado, de boa perlage. Fresco e cremoso.



- Schloss Wachenheim Sekt Blanc et Noir: também elaborado com método champenoise, é um espumante rose muito agradável. 100% Pinot Noir. Menos intenso no nariz, mas mais volumoso na boca, entrega a mesma finesse de borbulhas, e maturidade de fruta.


- Kloster Riesling Spätlese Trocken 2012: de cultivo biodinâmico, é um riesling muito mineral, com aquela típica nota de petróleo, mas bem delicada. No palato o destaque vai para a alta acidez que traz bom frescor com um toque salino, levando para um final untuoso.

- Heinz Pfaffmann Portuguieser Weissherbst Rosé 2013: apesar do nome se trata de uma casta tinta típica da região do Danúbio, com boa presença em Áustria, Alemanha, Hungria, Eslovênia e Croácia. Reza a lenda que as primeiras mudas foram trazidas de Portugal para Áustria (daí o nome), mas hoje não existe nenhuma uva com este DNA na ‘’terrinha’’. Rosé muito interessante, floral e frutado, de bom corpo e complexidade, com uma leve nota adocicada no final.

- Michel Spätburgunder Munziker Kapellenger 2013: a uva Spätburgunder é nada mais que Pinot Noir, apenas chamada com nome diferente. O vinho é bem elegante, justamente como costumam serem os pinots de Velho Mundo, com boa fruta, ótima acidez gastronômica, taninos macios e grande equilíbrio geral.

- Gries Gewürztraminer Kabinett 2013: produzido em apenas 1.500 garrafas, tem açúcar residual que chama atenção, mas que não incomoda. De fato é um demi-sec produzido de uvas colhidas tardiamente. Aromaticidade bem intensa típica da casta, com muita flor e fruta madura no nariz, na boca é bem agradável e equilibrado.


Os únicos não orgânicos são os 2 espumantes. De qualquer forma são todos vinhos bem interessantes, para quem quiser sair da mesmice. E também sem gastar fortunas: como disse, os preços não são assustadores (a única cosa que pode assustar são os nomes, de difícil pronuncia para nós de idioma latim), sendo que nenhum deles custa mais de 100 Reais (a partir de R$59).

sexta-feira, 30 de outubro de 2015

Quem é quem na produção mundial de vinho. Confira o ranking

Você deve já ter visto a notícia em jornais, revistas e redes sociais (eu mesmo a divulguei com orgulho): a Itália volta a ser o maior produtor de vinho do mundo, sendo responsável sozinha por 18% da produção de vinho do planeta inteiro. Nesta briga eterna com os primos franceses, os dois Países se alternam no degrau mais alto do pódio e em 2015 a minha amada/odiada nação voltou a liderar no quesito do volume produzido.

Mas vamos ver os números um pouco mais de perto, divulgados pela OIV (Organização Internacional da Vinha e do Vinho).



Primeiramente é preciso dizer que a produção global em 2015 aumentou de 2%, atingindo 275,7 milhões de hectolitros. Como dizemos, no primeiro lugar ficou a Itália, que cresceu de +10%, com 48,9 milhoes de hectolitros, contra o crescimento da França de apenas +1% , com 47,4 milhões. Medalha de bronze para Espanha, porém bem distanciada dos primeiros, com 36,36 milhões.
No 4º lugar um novo recorde para os EUA que atingiram cota 22,1 milhões.

Os dados divulgados não são definitivos, faltam ainda, por exemplo, os números oficiais de Russia e China, que numa projeção devem se colocar respectivamente nas posições 8º e 12º e também do Brasil, que deve se confirmar no 15º lugar.

Aqui na America do Sul se verificou uma situação contrastante para os 2 Países top: enquanto a produção da Argentina caiu de 12%, a do Chile aumentou de 23%.

Continuando no hemisfério sul, não deve assustar a queda de -27% da Nova Zelândia, que na verdade voltou a seus números habituais depois do recorde de 2014, mantendo uma estabilidade ao longo dos últimos anos junto com a Austrália.

O Velho Mundo registra crescimentos notáveis para Portugal e Romênia (na casa de +6%) e para Hungria, Áustria e, enquanto Alemanha e Grécia estão com sinal negativo.

Nem precisa ressaltar que estamos falando apenas em quantidade, não necessariamente ligada à qualidade. Por outro lado vale lembrar que anos mais produtivos de maneira geral trazem sim uvas de melhores qualidades. 

Veja a seguir a tabela completa.



domingo, 18 de outubro de 2015

Invenção revolucionária promete livrar da dor de cabeça causada pelo vinho!

Se você acompanha o MondoVinho já sabe o que são os ''infames'' sulfitos (se não, veja aqui): o problema deles, além das diferenças filosóficas sobre vinho ‘’natural’,’ é que são considerados como os maiores vilões pós-bebedeira, sendo apontados como causa principal de dor de cabeça e de variadas alergias & intolerâncias.

Uma nova invenção promete poupar o consumidor de vinho destes desagraveis ‘’efeitos colaterais’’. Chama-se Üllo e é um filtro especial, capaz de remover apenas os sulfitos e nenhum outro composto do vinho, sem alterar o sabor. Aplicado sobre o decanter ou sobre a taça (em forma de cone ele se adapta a qualquer tipo/dimensão, como se fosse uma tampa), pode ser utilizado apenas uma vez e garante a filtração de 750 ml de vinho - ou seja, uma garrafa padrão. Ademais o filtro tem a função suplementar de areação, pois o vinho colocado dentro do cone, depois da filtração, escorre em baixo numa espiral, aumentando a oxigenação. Veja o funcionamento no gráfico no final do post.

O inventor do Üllo é James Kornacki, um químico de Chicago que conseguiu U$ 185mil de alguns investidores para desenvolver o projeto e realizar os primeiros protótipos; agora está pedindo mais 100mil através de sites de Crowdfunding, para iniciar a produção, prevista a partir do próximo ano.




Um jornalista da Wine Searcher provou uns vinhos filtrados com Üllo e os achou de maneira geral mais agradáveis que os não filtrados, achando porém o perfil aromático diferente. Vale lembrar para este último aspecto que, como explicado acima, o filtro atua também como aerador, portanto isso pode ter se refletido nos aromas no momento da degustação.

De qualquer forma é preciso saber que Üllo consege reduzir drasticamente o nível de sulfitos no vinho, mas não chega a uma total remoção. Ou seja, ele traz de volta os sulfitos ao nível que teriam na natureza, pois eles estão presentes naturalmente  no vinho, em pequena quantidade.

Se tudo correr segundo os planos, o filtro deve custar U$ 2,50 a unidade. Resta descobrir se os seus compradores serão apenas as pessoas sensíveis e alérgicas aos sulfitos ou se esta idéia vai emplacar de modo geral, alcançando qualquer consumidor de vinho. 

sexta-feira, 16 de outubro de 2015

Fungicida da Bayer danifica vinhedos em toda Europa!

2015 definitivamente não é uma boa safra para a indústria alemã. Depois do escândalo da Volkswagen, agora é a vez da super indenização que a Bayer terá que disponibilizar para milhares de viticultores de Alemanha, Austria, França, Itália, Suíça e Luxemburgo  que utilizaram o fungicida Moon Privilege. A própria Bayer admitiu: o produto, muito usado no difícil ano de 2014 por causa das continuas chuvas, danificou gravemente os vinhedos em 2015, impedindo um bom desenvolvimento das folhas e das uvas.

As causas parecem ainda desconhecidas, mas é possível que os prejuízos possam se prolongar e repercutir também ao longo da próxima safra, com conseqüente dobramento das indenizações, que somente para a safra de 2015 tem uma estimativa inicial de aproximadamente 250 milhões de euros.


A Europa quer regras mais rígidas para autorização destes compostos, mas os procedimentos de avaliação vão demorar, justamente porque alguns danos aparecem apenas no ano seguinte ao utilizo do fungicida. 



terça-feira, 13 de outubro de 2015

Bomba! Barolo diz adeus à rolha de cortiça e introduz uma nova vedação!


Rolha de cortiça é um clássico, considerado como insubstituível em regiões tradicionais e para vinhos de guarda. Barolo representa fortemente ambos os casos, mas acontece que uma vinícola de lá acaba de lançar uma grande novidade que representa uma verdadeira revolução no mundo do vinho, destinada a criar discussões e polemicas: o primeiro Barolo engarrafado sem rolha de cortiça.!

A vinícola Brandini que há 20 anos produz o ‘’rei dos vinhos/vinhos dos reis’’ decidiu vedar as suas garrafas de Barolo DOCG 2011 (safra comercializada a partir deste ano, depois dos 38 meses de envelhecimento previstos pela lei) com outro tipo de rolha: a Select Bio. 

Produzida por uma das mais importantes empresas do setor (a Nomacorc) é uma rolha também revolucionária: não é em silicone, nem de rosca (screw-cap), e sim utiliza uma matéria prima derivada de cana de açúcar. O produto, diferentemente das rolhas sintéticas, permite uma lenta passagem do oxigênio (portanto uma longa evolução), eliminando assim o problema que foi sempre considerado como principal na utilização de rolhas alternativas. Justamente por isso a legislação não permitia até 2014 o uso de rolhas não de cortiça para os vinhos das D.O.C.G. italianas.

Os motivos para que as rolhas de cortiça se tornaram um problema para os produtores são basicamente 2 (excluindo os de caráter sustentável/ecológico).
O primeiro é o custo: como no mundo se produz a cada vez mais vinho de qualidade, aumentou muito a demanda para este tipo de vedação, reduzindo portando a oferta, visto que a matéria prima é limitada.
O segundo é o famoso fenômeno conhecido como bouchonné, doença da rolha que acontece quando ela é atacada por fungos (e bactérias) que acabam contaminando e prejudicando aromas e sabor do conteúdo da garrafa. Não é um fenômeno muito comum, acontece em cerca de 5% das garrafas produzidas no mundo, mas de qualquer forma faz a diferença tanto para quem produz grandes quantidades de vinho econômico, tanto para quem faz pequena produção de vinho caro (e evidentemente para todos os que estão no meio).

Desta forma a Agricola Brandini afirma ter achado o justo equilíbrio entre tradição e inovação, ainda diminuindo os custos e salvaguardando o meio-ambiente. Será que este novo tipo de rolha vai se afirmar como padrão mundial? 

As rolhas Select Bio da Nomacorc

quarta-feira, 7 de outubro de 2015

Conhecendo de perto o mito: Château Margaux

Ao longo dos anos tenho visitado várias vinícolas, algumas bem badaladas, mas alguns nomes são certamente mais evocativos. Visitar o Château Margaux tem sido pra mim uma experiência emocionante e enriquecedora, que quero compartilhar aqui com vocês. Portanto hoje vamos falar um pouco deste mítico Premier Grand Cru Classé de Médoc.

Nem todo mundo sabe que o mais estiloso e aristocrático vinho de Bordeaux, tem passaporte grego. Talvez menos ainda saibam que o passaporte em questão pertence a uma mulher. Pois é: madame (ou κυρία, em grego) Corinne Mentzelopoulos, herdou a vinícola do pai André, um imigrante do Peloponeso que tentou fortuna no exterior. Mesmo formado em literatura, percebeu logo que tinha talento para comercio. Começou exportando e importando cereais com Oriente médio e Ásia e depois de casar com uma mulher francesa adquiriu em Paris algumas lojinhas de hortifrúti. Graças a sua visão e empreendedorismo conseguiu em pouco tempo criar uma vasta rede de distribuição de fruta e verdura com 1600 lojas na França inteira.

Com a recessão da década de 1970 a indústria vinícola de Bordeaux vinha passando por uma grande crise econômica (e qualitativa), foi aí, em 1977, que o Sr. Mentzelopoulos fechou com a família Ginestet, então dona do Château Margaux, a passagem de propriedade da vinícola. 
Investindo pesado e com paixão, André modernizou a inteira propriedade (os vinhedos, a adega, a cave) introduzindo barricas de carvalho de primeiro uso e lançando novos rótulos mais acessíveis. Inclusive construiu a maior adega subterrânea da região pela época. Os resultados foram evidentes já apenas no ano seguinte, quando em 1978 o Château Margaux foi avaliado como um dos melhores da região. Mas o Sr. Mentzelopoulos faleceu apenas 2 anos depois, deixando em 1980 o futuro da vinícola nas mãos de sua filha Corinne.

Desde então a jovem, com garra empreendedora, continuou investindo sem parar, também graças à ajuda da família italiana Agnelli, proprietária da Fiat e do Juventus (meu time de futebol de coração, diga-se de passagem) que injetou notáveis capitais no negócio, até ceder definitivamente sua parte em 2003, deixando 100% da atividade nas mãos da Corinne, que continua à frente da vinícola até hoje.

A denominação de origem Margaux foi sempre considerada (e com razão) a que produz vinhos mais elegantes de Bordeaux, e o Château Margaux é hoje, graças ao trabalho dos Mentzelopoulos, a máxima expressão da região. Cinco séculos de história francesa mudados radicalmente por um imigrante grego.

A vinícola introduziu recentemente (em 2013) um terceiro tinto com o duplo propósito de oferecer um vinho mais acessível para quem não pode pagar valores astronômicos e ao mesmo tempo ter maior giro de capitais para continuar investindo e aprimorando o primeiro e segundo vinho.  Portanto a linha completa hoje é composta por 4 vinhos (1 branco e 3 tintos): 

- Margaux do Château Margaux
- Pavillon Blanc do Château Margaux
- Pavillon Rouge do Château Margaux
- Grand Vin do Château Margaux

Quando visitei a vinícola fui recebido pela gentil e competente madamoiselle Emilie Janot que me contou boa parte da história acima exposta e me guiou num belo tour pelas instalações


O Château, embora não propriamente um castelo, seja talvez o mais belo de toda a região: o edifício (completado em 1815), já chamado de ''Versailles de Bordeaux'', é um dos raros exemplos de arquitetura neo-palladiana da França inteira.

A ''Versailles de Bordeaux''
Interessante notar que a vinícola está gradativamente abrindo mão dos avanços tecnológicos adquiridos, transformando novamente todo o processo em manual. Por exemplo, a vinícola utilizava o seletor ótico (automático) das uvas, já hoje a filosofia da casa acredita mais no olho do trabalhador, que mesmo podendo falhar, devolve uma dimensão mais humana ao produto.

A agricultura é feita de maneira sustentável, a colheita é manual e a tendência é deixar a fermentação acontecer naturalmente (embora dependendo das safras possam ser usadas também leveduras selecionadas) em toneis de carvalho. A maturação acontece lentamente em barricas de carvalho dos melhores produtores, com soutirage periódico a luz de vela e clarificação tradicional com clara de ovo.
Toneis de fermentação
As uvas que compõem os 3 vinhos são do mesmo vinhedo de 82 hectares plantado com Cabernet Sauvignon, Merlot, Petit Verdot e Cabernet Franc;  e a vinificação também é feita da mesma forma para os 3, sendo apenas avaliada durante o processo a performance de cada lote para a definição dos blends finais: a partir daí cada um segue seu caminho diferente (leia-se: tempo de afinamento em barricas, de 18 a 24 meses).



No final da visita a esperada prova: o primeiro e o segundo vinho da casa, ambos de safra 2004. Safra clássica. Posso dizer sem dúvida que o Pavillon Rouge mostrou já umas notas de evolução, enquanto o Grand Vin estava simplesmente perfeito e ainda com uns 20 anos de vida pela frente. As características gerais dos 2 vinho são similares, sendo obviamente elevados a potência N para o rótulo ícone.
Dois moleques de 11 anos


Nariz limpo de grande fineza numa combinação sutil de aromas florais, frutas e especiarias, todos claramente presentes, mas nenhum aroma dominando. Na boca, a estrutura tânica é densa, fina e macia. Grandíssimo equilíbrio, precisão, frescor e um toque etéreo, que só pode ser encontrado num grande Margaux.

Poderia beber tranquilamente apenas estes pelo resto da vida

Com a Emilie Janot no célebre vinhedo

Merci, au revoir