terça-feira, 30 de junho de 2015

Oscar 2015 do Vinho Italiano, confira os ganhadores!

Este mês aconteceu em Roma o “Premio Internazionale del Vino 2015”, mais conhecido como o Oscar del Vino Italiano. Criado e organizado pela AIS (Associazione Italiana Sommelier) e Bibenda, sua revista oficial e principal órgão de comunicação. Agora em sua 16ª edição, o premio homenageia os melhores vinhos do ano e seus diretos e indiretos protagonistas (produtores, enólogos, promoters, restaurantes, lojas, azeites, etc).

Olhando a lista temos algumas boas surpresas e de qualquer forma se percebe que o mapa vinícola da Itália está mudando em ordem de grandeza e peso. O destaque para vinícolas do sul e para regiões e denominações menos badaladas é exemplo disto; e fico contente com o resultado da minha região Campania que leva 2 oscars: melhor tinto e até melhor espumante, desmistificando a teoria que espumante bom na Itália só é feito no norte (Franciacorta e Prosecco).

Mas vamos à lista? Para cada categoria vou colocar os 3 indicados, evidenciando o ganhador em vermelho (e com uns detalhes adicionais).




MELHOR VINHO BRANCO
Vintage Tunina “Tappo a vite” 2005 / JERMANN 
Pecorino Giulia 2013 / CATALDI MADONNA 
- Sicilia Contea di Sclafani Chardonnay 2012 / TASCA D’ALMERITA Tipologia: Bianco Doc  | Uvas: Chardonnay 100% | Gr. 13,5% | € 30 | Garrafas: 30.000

MELHOR VINHO TINTO
Taurasi Vigna Macchia dei Goti 2010 / CANTINE ANTONIO CAGGIANO Tipologia: Rosso Docg | Uvas: Aglianico 100% | Gr. 14,5% | € 28 | Garrafas: 12.000
- Barolo Cannubi Boschis 2010 / SANDRONE
- Amarone della Valpolicella Classico Vigneto Monte Sant’Urbano 2010 / SPERI 


MELHOR VINHO ROSÉ
- Alto Adige Brut Rosé Athesis Metodo Classico s.a. / KETTMEIR
- Spumante Metodo Classico 4478 Nobleffervescence s.a. /    QUATREMILLEMÈTRES
- Rosé Brut 2011 / TERRAZZE DELL’ETNA Tipologia: Rosato Spumante Igt | Uvas: Pinot Nero 90%, Nerello Mascalese 10% | Gr. 12,5% | € 21 | Garrafas: 10.000


MELHOR VINHO ESPUMANTE
- Dubl + 2011 / FEUDI DI SAN GREGORIO Tipologia: Bianco Spumante | Uvas: Greco 100% | Gr. 12,5% | € 22 | Garrafas: 15.000
- Verdicchio dei Castelli di Jesi Brut M. C. Ubaldo Rosi Ris. 2008 / COLONNARA
- Soldati La Scolca Brut d’Antan Millesimato 2003 / LA SCOLCA 


MELHOR VINHO DE SOBREMESA
- Moscato Passito di Saracena 2013 / CANTINE VIOLA
- Vinsanto del Chianti Classico 2004 / FONTODI Tipologia: Bianco Dolce Doc | Uve: Malvasia 50%, Sangiovese 50% | Gr. 12,5% | € 35 (0,375) | Bottiglie: 5.000
- A. A. Moscato Giallo Passito Baronesse Baron Salvadori 2011 / NALS MARGREID 


MELHOR RÓTULO COM MELHOR VINHO
- Bolle di Lambrusco To You / CECI Tipologia: Rosso Frizzante Igt | Uvas: Lambrusco Maestri 100% | Gr. 11% | € 13 | Garrafas: 32.400
- Trentino Chardonnay Del Diaol Ritratti 2013 / LA VIS
- Suisassi 2011 / DUEMANI 


MELHOR VINHO DE GRANDE RELAÇÃO QUALIDADE-PREÇO
- Molise Aglianico Contado 2012 / DI MAJO NORANTE
- Frascati Superiore Vigneto Santa Teresa 2013 / FONTANA CANDIDA 
- Vino Nobile di Montepulciano 2011 / TENUTE DEL CERRO Tipologia: Rosso Docg | Uvas: Prugnolo Gentile 90%, Mammolo 10% | Gr. 14% | € 15 | Garrafas: 400.000


MELHOR VINÍCOLA
- BIONDI SANTI / Brunello di Montalcino Riserva 2008 
- CENTOPASSI / Tendoni di Trebbiano 2012
- SANTADI / Carignano del Sulcis Superiore Terre Brune 2010 Tipologia: Rosso Doc | Uvas: Carignano 95%, Bovaleddu 5% | Gr. 15% | € 50 | Garrafas: 80.000


MELHOR AZEITE DA COLHEITA 2014
- Olio Extravergine di Oliva Nocellara / MANDRANOVA
- Olio Extravergine di Oliva Unico / LE AMANTINE Tipologia: Extravirgem | Frantoio 100% | Euro 14 (0,500)
- Olio Extravergine di Oliva 46° Parallelo / FRANTOIO DI RIVA 


MELHOR ENÓLOGO
Donato Lanati


MELHOR LOJA 
Al Ponte di Luca Castelletti (Ponte S. Pietro – Lombardia)


MELHOR RESTAURANTE
Le Lampare al Fortino (Trani - Puglia)


MELHOR Grappa
Grappa Fuoriclasse Leon Riserva 15 anni Castagner Categoria: Envelhecida | Gr. 38% | € 110 (0,500) | Bottiglie: 690


MELHOR PROMOTER E BRAND MANAGER
Cristiana Lauro


PREMIO ESPECIAL DO JURI
Biondi Santi 




domingo, 21 de junho de 2015

Visitando o único Grand Cru Classé orgânico e biodinâmico


Continuando a série sobre minha viagem a Bordeaux, a minha segunda visita foi para o prestigiado Château Pontet-Canet, Grand Cru Classé de Pauillac.

Ao longo de 2 séculos de história a vinícola pertenceu a 3 nobres dinastias e hoje é comandada pela família Tesseron, mesma proprietária do prestigiado Château Lafon-Rochet (Grand Cru Classé de Saint Estephe, veja aqui) e famosa produtora de Cognac.

O Grand Vin do Château Pontet-Canet é um dos mais badalados vinhos da região - e consequentemente do mundo, continuando a encantar público e crítica (diga-se de passagem, emplacou 100 pontos pelo Robert Parker em duas safras seguidas, 2009 e 2010)

A propriedade possui 80 hectares de vinhedos de mediamente 45 anos (principalmente cabernet sauvignon) adjacentes aos do Mouton Rotschild e d'Armailhac


O château foi qualificado como Grand Cru Classé na famosa classificação de Médoc, precisamente como 5eme cru. Notoriamente isto foi em1855, mas obviamente desde então muitas coisas mudaram: de acordo com as avaliações da Liv-Ex, a Bolsa de Vinho de Londres, se a classificação fosse revista, o Château Pontet-Canet seria hoje um 2eme cru. De qualquer forma é certamente uma das vinícolas mais comentadas e prestigiadas da atualidade. Achei impressionante a admiração que o chateau goza em toda a região: inclusive vários trabalhadores do setor em diferentes lugares e vinícolas que visitei apontaram espontaneamente Pontet-Canet como um exemplo de trabalho a ser imitado.

De fato a chegada dos Tesserons em 1975 trouxe nova energia para a vinícola e uma mudança radical da filosofia de produção. As instalações passaram por reforma e gradualmente os vinhedos começaram a ser conduzidos de forma natural, com menor intervenção humana possível e práticas tradicionais de cultivo. Hoje a vinícola é a única dentro dos grand crus classés de Médoc oficialmente certificada como orgânica e biodinâmica. Outros chateaux nos últimos anos começaram algo parecido em parcelas de vinhedos, mas o Pontet Canet está comemorando este ano sua 11ª safra totalmente biodinâmica.

De acordo com este espírito é proibido nos vinhedos o uso de qualquer tipo de química (como herbicidas, inseticidas, etc), os fertilizantes são exclusivamente orgânicos e utilizados apenas nas parcelas da vinha que requerem uma nutrição extra.

Chegando ao Chateau a simpática e competente Erika Ramos Lopez me conduziu num belo passeio através de um carrinho elétrico (tipo de golf) em volta da propriedade e dentro dos vinhedos, e a pé nas instalações.

Logo estas bandeiras chamaram minha atenção. 


A bandeira do Brasil, me explicou, tinha sido hasteada em minha homenagem. A vinícola costuma fazer isto como forma de prestigiar e agradecer os visitantes (portanto, além da bandeira francesa da casa, naquele dia tinha alguém da Alemanha chegando depois de mim). Ela não sabia que sou italiano, pois quando agendamos apenas comentei que trabalho no mercado brasileiro, mas valeu mesmo assim, afinal hoje me sinto até mais brasileiro que italiano! E de qualquer forma achei muito bonita esta atitude da casa.

Outra coisa impossível de não notar é a ausência total de qualquer maquina ou instrumento mecanizado. Os tratores normalmente visíveis na maioria dos vinhedos da região são proibidos por aqui, onde cavalos e asnos são meio de transporte e principais curadores dos vinhedos, ajudando a arar e compactar o terreno.
Um cavalo trabalhando nos vinhedos

Burrinhos na hora do almoço

As únicas maquinas que pude ver foram estas perfuradoras de solo para realização de poços artesianos, pois a vinícola pretende se tornar totalmente auto-suficiente, com produção própria de energia sustentável.


Um detalhe bem interessante: depois da colheita, rigorosamente manual, as uvas entram na adega diretamente pelos janelões do primeiro andar, onde depois de seleção (também manual) caem diretamente, apenas por gravidade natural, nos tanques de fermentação que ficam no andar de baixo, sem precisar de bombeamento (método que, conjuntamente com o uso de leveduras indígenas permite uma fermentação mais lenta e uma suave extração de taninos). O grand vin matura mediamente 16 meses em barricas de carvalho (60% novas) já o segundo vinho (Hauts de Pontet-Canet) estagia 1 ano em carvalho de segundo uso.

O vinhedo visto da varanda do 1o andar da adega
Os tanques de fermentação vistos de cima
Os tanques de cimento no andar de baixo
Interno do tanque: termoregulado
Ânforas de cimento

1a sala das barricas
Subsolo com mais barricas
Algumas jóias raras da coleção de família


Finalizando a visita, a sommelier da casa abriu e me ofereceu uma taça do vinho top, o Pontet-Canet 2014, para minha avaliação.

A pequena gema degustada

A safra de 2014 pode ser definida como clássica e o vinho era obviamente ainda uma criança, mas já mostrando seu grandíssimo potencial. Esperado blend bordales típico da margem esquerda, com predominância de cabernet sauvignon, cortado com merlot e cabernet franc.
Achei o vinho elegantíssimo. De cor vermelho-rubi profundo, tem aromas de fruta silvestre, especialmente cassis e amoras, alcaçuz, café, toque de figo e notas terrosas. Na boca tem uma enorme estrutura, mas mantendo um caráter muito fino; a excelente acidez e a grande estrutura tânica garantem um potencial de guarda de várias décadas; ótimo equilíbrio geral e final de longa persistência.

Enfim, mais uma experiencia única. Agradeço novamente a Érika e todo o staff do Château Pontet-Canet por ter providenciado esta visita inesquecível.

Mondovinho e Erika  






sexta-feira, 19 de junho de 2015

Bolso Esperto "revolucionário"

O Sr. Milton De Souza é um personagem querido no enomundo carioca, pois é um dos responsáveis do desenvolvimento do mercado de vinho local, quando com seu trabalho pioneiro, há mais de 30 anos, trazia do sul para a região fluminense os primeiros vinhos finos nacionais. Obviamente começou representando as grandes marcas, mas atualmente está focando em pequenas vinícolas boutique. Uma de suas mais recentes descobertas é a vinícola Batalha. Como ele está promovendo uma série de ações para apresentar seus vinhos para o público carioca, ficamos felizes em ajudar. Rapidamente, junto com os parceiros Tom Meirelles e Paulo Uchoa da distribuidora Saudável Online montamos uma pequena apresentação/degustação que foi um sucesso total: de 14 participantes previstos, a casa lotou com 30 pessoas, coisa que obviamente nos encheu de satisfação.

A vinícola, jovem e dinâmica, fica em Bagé, na Campanha Gaúcha e com investimento considerável pretende se tornar referencia da região (e quiçá do País).
O nome da casa deriva da Batalha do Seival, conflito militar ocorrido justamente naquela área em 1836, quando o pequeno grupo de revoltosos da revolução farroupilha venceu o exercito do império brasileiro instalando a República Riograndense.

A empresa faz questão de ressaltar a geografia do local, especialmente o fato que os vinhedos ficam no paralelo 31, o mesmo que corta as principais regiões vinícolas do hemisfério sul (veja abaixo).



Sinceramente não sei se isto se reflete diretamente nos vinhos, pois apenas a longitude não me parece um índice de qualidade de vinhedos/uvas, mas fato é que os vinhos são bons mesmo, sendo toda a linha realmente de ótima qualidade.

A vinícola produz um espumante brut, um Chardonnay (já esgotado!), um Cabernet Sauvignon, um Merlot e um Tannat. Este último é a aposta da casa, e é de fato surpreendente. Mas como tenho uma queda por merlot e nesta coluna destacamos a relação preço/qualidade, a minha escolha para o Bolso Esperto de hoje vai para o Batalha Merlot 2011


Um merlot muito fino e puro, pouco extraído na cor, mas de boa complexidade, mesmo não tendo passagem em madeira. A fruta domina tanto no nariz quanto na boca, trazendo perfumes de cereja, morango, cassis. O corpo é leve, mas preenche o palato com textura muito sedosa; a ótima acidez e os taninos macios convidam para mais um gole.

Remete a vinho francês, obviamente não falo de Pomerol (pátria da merlot), onde a casta costuma ter mais “força”, mas pode lembrar, porque não, um tinto leve de Languedoc. Enfim, delicioso mesmo, uma barganha por cerca de R$ 45,00



domingo, 14 de junho de 2015

Boa notícia: agora o vinho emagrece!

Afinal, vinho engorda ou não? A pergunta não quer calar, e assim como muitas pesquisas cientificas feitas com vinho, um dia tem resposta negativa, outro positiva, outro neutra...A última é reconfortante, pois reverte a teoria que o vinho, assim como toda bebida alcoólica, faz engordar.
Pois bem, um estudo da Harvard Medical School chegou à conclusão que beber vinho em quantidade moderada faça até emagrecer!
Obviamente, como afirma também o nutricionista Eric Rimm (que participou da elaboração das diretrizes dietéticas dos Estados Unidos), começar a beber não é certamente uma dieta. Também porque as diferença de peso entre abstêmios e bebedores moderados seria mínima, mas a pesquisa deu resultados interessantes.
Cada grama de álcool equivale a 7 calorias, ou seja, uma taça de vinho contém mediamente 70-80 calorias. Conforme este estudo, entre quem come alimentos equivalentes a 80 calorias e quem bebe um copo de vinho, o segundo irá consumir mais calorias, ou seja irá queimá-las mais rapidamente. De acordo com os pesquisadores isto talvez aconteça porque o álcool aumenta a freqüência cardíaca e consequentemente acelera o metabolismo. Também foi demonstrado que um consumo moderado de vinho pode levar a uma leve redução da circunferência abdominal, graças a ação anti-oxidante: o álcool junto com o resveratrol do vinho, além de queimar energia, queimaria também gordura.
Por isto, agora você tem tem mais um motivo para não abrir mão daquela boa taça de vinho e desfrutar do prazer que ela proporciona sem senso de culpa ou medo de engordar.

Pelo menos até a próxima pesquisa.



quarta-feira, 10 de junho de 2015

Visita ao Château Léoville Las Cases, o vinho de n. vezes 100 pontos

Começamos hoje a série de “reportagens” sobre as vinícolas que tive o privilegio de visitar diretamente em Bordeaux, a Meca mundial do vinho.

Cheguei à cidade por volta das 21:30h e 10 horas depois já estava dirigindo em direção a Médoc, precisamente com o gps indicando o melhor caminho para Saint-Julien. Querendo começar com o pé direito, a primeira visita tinha que ser “de peso”, e de fato não poderia ter sido melhor, pois estava indo para o Château Léoville Las Cases.

O leão é símbolo da casa
Um dos chateaux mais antigos de Médoc, pertenceu desde o século 17 a uma das familhas mais nobres e influentes da França inteira. Consequentemente à revolução francesa a propriedade foi dividia em 3 partes, os conhecidos chateaux Leovilles, sendo o Las Cases o maior deles. Hoje o château pertence ao Jean-Hubert Delon, proprietário único inclusive também do Château Potensac no alto Médoc e do Château Nénin em Pomerol.

O Château Leoville Las Cases é um Grand Cru Classé, precisamente avaliado como segundo cru pela celebre classificação de 1855. Desde sempre com qualidade constante, vem ganhando pontualmente notas estratosféricas pela imprensa internacional; para se ter uma idéia baste lembrar que somente na última década ganhou 4 vezes 100 pontos pela Wine Spectator.

Chegando a vinícola, a primeira coisa que chamou a atenção é a proximidade ao rio Gironde (coisa que garante micro-clima único e sanidade das uvas) e a sobriedade do château: consegue passar a nobreza do brasão, mas mantendo certa informalidade em comparação com as vinícolas vizinhas. E neste clima informal fui muito bem recebido pelo Maître de Chai (literalmente “mestre da adega”, ou seja diretor da cave) Monsieur Bruno Rolland que me conduziu ao longo do processo de vinificação da casa. Conseguimos nos comunicar em bom franglês (mistura de francês com inglês) e a visita foi muito interessante.





Para não deixar o post entediante, sobre os aspectos técnicos vou postar apenas umas fotos, mas quem tiver interesse em mais detalhes pode me contatar que irei fornecer mais informações com prazer. 
Tanques de fermentação em cimento 
Tanques de fermentação em inox 
 
Tanques de fermentação em carvalho

Uma maquina italiana #orgulhonacional

Engarrafamento: mais uma maquina italiana #proud

No final da visita o Sr. Rolland me levou até uma cozinha/laboratório onde nos esperavam 7 belezuras engarrafadas, uma amostra do melhor da produção dos Domaines Delon da safra 2012. Devo ressaltar que as garrafas foram abertas na minha frente, portanto não tiveram areação necessária, especialmente para vinhos deste tipo. Começamos a prova.



Fugue de Nénin 2012
Segundo vinho do Chateau Nénin, em Pomerol. Basicamente um merlot, como de costume nesta sub-região, com 18% de cabernet franc. Frutado e macio, embora tenha bom potencial de guarda, pode ser desfrutado já mais jovem.



Chateau Nénin 2012
Vinho ícone da propriedade em Pomerol, foi um dos meus preferidos da seqüência, combinando potencia e elegância, complexidade e pureza, fineza e frescor. Merlot 70%, Cabernet Franc 30%. Fantástico.



Chapelle de Potensac 2012
Segundo vinho do Chateau Potensac, Cru Bourgeois do norte de Médoc. Merlot 56% e o restante dividido entre cabernet sauvignon e franc mais uma pitada de petit verdot. De acordo com o Sr. Rolland este seria um vinho descomplicado, para piquenique. Já deste lado do mundo, em nossa visão tupiniquim este seria um vinho de bom nível, com boa fruta e bons taninos, para acompanhar uma boa refeição.


Chateau Potensac 2012
O único “Cru Bourgeois Exceptionel” dentro de sua denominação, representa o puro estilo de Medoc. Clássico corte bordales, mas com leve predominância de merlot. Talvez ainda um pouco austero, mas com equilíbrio perfeito.


Indo para o grand finale, os 3 vinhos do célebrado Château Léoville Las Cases

Petit Lion du Marquis de Las Cases 2012
Como o chateau tinha dois primeiros vinhos, considerados de igual importância, em 2007 foi lançado este rótulo como segundo vinho da casa; embora tenha predominância de cabernet sauvignon (48%), tem uma significativa proporção de merlot (44%) para que o vinho seja mais macio e desfrutável desde jovem (o restante 8% é de cabernet franc). Uma delicia.


Clos do Marquis 2012
Criado em 1902, mesmo não tendo uma classificação de cru, este rótulo é considerado um primeiro vinho da casa, igualmente ao Grand Vin, embora com características bem distintas. Procedente de um pequeno vinhedo murado adjacente à propriedade. Praticamente um varietal de cabernet sauvignon com 92% da casta e o restante dividido entre merlot e cab franc. É um tinto mais robusto, se comparado com os outros, de grande estrutura e complexidade e longo potencial de guarda.


Grand Vin de Leoville du Marques de Las Cases 2012
Este é o campeonissimo. Interessante notar que embora seja um grand cru classé (e deuxieme, ainda por cima!) a política low-profile da empresa não faça questão de ostentar o status no rótulo, diferente de todos os concorrentes cru classes. Quem conhece, conhece. Cabernet Sauvignon 74% (o restante é merlot e cab franc). O vinho é um show de elegância e equilíbrio. Obviamente vai dar o melhor de si só na próxima década, mas já está sensacional. A harmonia entre fruta, acidez e taninos é de outro planeta. A textura é pura seda e o liquido, embora encorpado, passa na boca com extrema sutileza, deixando um final de longa persistência.


Enfim, foi uma experiencia super-enriquecedora. Agradeço enormemente o Sr. Rolland pela simpatia e disponibilidade e a Sra. Isabelle Mas por ter viabilizado a visita.

M. Rolland et moi



sexta-feira, 5 de junho de 2015

Novas fronteiras: vinhedos nos telhados de Nova York!

Ver jardins nas coberturas dos prédios e arranha-céus de Nova York não é incomum; alguns mais ousados arriscaram plantar até pequenas hortas. Mas vinhedos? Esta é realmente uma novidade, tanto bizarra quanto interessante!

O projeto, chamado de Rooftop Reds,  foi criado por Devin Shomaker (clássico garotão americano calça jeans e camisa quadriculada), em colaboração com alguns produtores de Finger Lakes e com a Cornell University . A idéia consiste num sistema de plantio urbano único e pioneiro, através do qual foi possível levar videiras até os telhados de Brooklyn, precisamente nos prédios da Brooklyn Navy Yard Development Corp, empresa sem fins lucrativos, já protagonista de muitos projetos inovadores na cidade.


A superfície plantada equivale a 0,3 hecaters o que deveria garantir uma produção de 50-60 caixas de vinho para a primeira safra novaiorquina, que acredito vai esgotar rapidamente, sobretudo entre o público radical-chic. A primeira colheita é prevista para outubro de 2016, e o lançamento será seguido por vários eventos como happy hour no vinhedo-telhado, degustações harmonizadas e cursos de vinho.

Agora lá vai a pergunta: será que neste caso poderemos falar em terroir novaiorquino? Obviamente vamos para o campo da filosofia (ou será ficção cientifica?), mas se os vinhos forem realmente de qualidade e mantiverem características constantes ao longo das safras? Sim, admito que falar de terroir seria exagero, mas de qualquer forma isto nos leva a refletir sobre o que é realmente o terroir. Veja por associação de idéias: hoje não falamos de terroir em lugares até algumas décadas atrás impensáveis, onde as uvas não poderiam nunca crescer naturalmente (deserto chileno só para dar um exemplo)?.
Afinal nos telhados de Brooklyn existe um micro-clima singular, um terreno particular (embora importado) que vai nutrir as vinhas e uma mão humana que vai cuidar das uvas, da colheita e da transformação em vinho...Think about it




segunda-feira, 1 de junho de 2015

A lista dos melhores 10 Champagnes de 2015!

De volta ao blog! Peço desculpas pela breve pausa, quem me segue no Facebook deve ter visto que viajei para a meca mundial dos vinhos: Bordeaux. Em breve publicarei mais detalhes por aqui dos lindos chateaux visitados e provas de grandes vinhos. Mas enquanto re-organizo idéias e fotos, vou divulgar aqui uma das news mais esperadas do mês.

A revista Fine Champagne Magazine publicou o veredicto da grande prova as cegas de centenas de garrafas (entre grande maison e pequenos vigneron) que elegeu os 10 melhores Champagnes de 2015.

Analisando a lista logo reparamos que tem 3 rosés no pódio e que Dom Ruinart leva 2 colocações, assim como Cristal.

A diferença entre este e outros concursos de vinho é que não são avaliadas apenas as últimas safras: os produtores podem escolher o millesime para enviar ao júri, contanto que esteja ainda em comércio.

Mas vamos logo para a 2015 Top 10 list of Champagne 



1 Ruinart Dom Ruinart Rosé 2002
2 Laurent-Perrier Alexandra Rosé 2004
3 Louis Roederer Cristal Rosé 2004
4 Ruinart Dom Ruinart 2004
5 Charles Heidsieck Vintage Rosé 1999
6 Dom Pérignon Brut 2004
7 Piper-Heidsieck Rare 2002
8 Krug Vintage 2000
9 Louis Roederer Cristal 2004
10 Henriot Millésime 2006

O que achou? Para os mais curiosos eis os campeões das edições anteriores:

2014: Louis Roederer Cristal Rosé 2002
2013: Charles Heidsieck Vintage 2000
2012: Taittinger Comtes de Champagne 2000
2011: Piper-Heidsieck Rare 2002
2010: Armand de Brignac Brut Gold NV