quinta-feira, 30 de abril de 2015

Um vinho que me fez viajar para casa

Obviamente sou suspeito quando o assunto é vinho italiano. E ainda mais suspeito em falar desta casta, desta região e desta empresa vinícola: pois a aglianico é a principal uva da minha Campania e o Mastroberardino o principal produtor, cuja história remete ao ano de 1878. Praticamente fui criado com os vinhos dele e só de olhar seus rótulos é como viajar para casa.

Vale ressaltar que a aglianico de fato não é apenas a uva mais importante e expressiva da região Campania e sim do inteiro sul da Itália. A casta é chamada frequentemente de nebbiolo do sul, por sua carga tânica, grande complexidade e longa capacidade de guarda. Mas diferente da nebbiolo costuma ter mais cor e corpo, o que a torna bem interessante também para quem gosta de vinhos com mais "presença".

Não precisa ser italiano (menos ainda campano) para gostar de aglianico, tanto que os enófilos mais exigentes mundo afora, e inclusive no Brasil, costumam colocar os vinhos feitos a partir desta variedade entre seus preferidos. Um deles é o meu amigo Tom Meirelles, que aprecia bastante as qualidade da casta e sempre costuma me surpreender e alegrar trazendo pra mesa de nossos encontros os vinhos da minha região.

Uns vinhedos de Mastroberardino

Recentemente apareceu com esta preciosidade: Mastroberardino Historia Naturalis Irpinia 2000. É um vinho obtido com 85% de uvas Aglianico e 15% de Piedirosso de um vinhedo de mais de 40 anos de idade, que matura por 18 meses em carvalho e mais 12  em garrafa.

Com 15 anos de vida o vinho estava ainda inteirinho. Nariz amplo e complexo com tomilho, violeta, groselha, amora, chocolate, tabaco e notas balsâmicas. O sabor é quente e envolvente, com excelente estrutura e maciez e notas de ameixa, cereja amarga, framboesa, geléia de morango, especiarias, pimenta preta. Um vinho de grande equilíbrio, com acidez marcante, taninos amaciados pelo tempo e longo final de boca. Perfeito com pratos de carnes elaborados e queijos maduros.

Foi uma bela volta para casa, mas durou apenas 20 minutos, o tempo que demoramos para esvaziar a garrafa. 

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Veja também: 

Itália: os vinhos tops da Campania 

Este vinho merece um monumento 


O nosso belo exemplar de Historia Naturalis 2000
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Vinho:
Historia Naturalis Irpinia IGT
Safra:
2000
Produtor:
Mastroberardino
País:
Itália
Região:
Camapnia
Uvas:
100%
Álcool (Vol.)
14%
Importadora
Mistral
Preço médio
R$ 360
Avaliação internacional
RP91; WE90
Avaliação MV
**


domingo, 26 de abril de 2015

Mais 2 belos vinhos laranja: Brasil x Itália. Confira!

Os vinhos laranja estão na moda, thanks God. Mas apesar de ser uma “tendência” recente, a verdade é que a técnica é tão antiga quanto a história do vinho, caindo gradualmente em desuso e quase extinta. Somente a audácia de alguns corajosos produtores conseguiu mostrar que ainda é possível vinificar da mesma forma que os antigos romanos, causando uma revolução no enomundo. Talvez seja mais correto falar em involução, pois se estaria voltando atrás, mas em sentido positivo, e o fato que produzir vinho de forma natural seja hoje considerado algo audacioso é motivo para refletirmos...

Mas afinal o que são estes benditos vinhos laranja? Basicamente são vinhos brancos que devido a longa maceração e fermentação com as cascas acabam ganhando cor, que pode ir de um amarelo intenso até um laranja escuro, ou âmbar, lembrando até vinhos de sobremesa tipo passito. A técnica foi re-introduzida lá onde nasceu, na Itália, na década de 1990 e hoje faz sucesso mundo afora. O paladino mundial deste estilo é o renomeado e polêmico Josko Gravner (veja aqui seu vinho mais emblemático) que fermenta o vinho exatamente como os romanos, em ânforas de barro. Alguns produtores são menos radicais utilizando carvalho, cimento, pedras, mas é imprescindível o longo contato com as casca, que dá ao vinho (além de cor) corpo e complexidade dificilmente reproduzíveis com métodos convencionais.

Seja dito que não é um estilo fácil de gostar para quem não esta acostumado, é do tipo ame o odeie, mas se amar é algo que vai te levar para o next level.

Recentemente tive a oportunidade de provar na mesma noite 2 belos exemplares: um brasileiro e um italiano. Vamos ver no que deu.

- Domínio Vicari Riesling Itálico 2009 
 Lizete Vicari é a porta-bandeira de vinhos naturais no Brasil, recusando qualquer tipo de intervenção química ou artificial (veja também aqui). O Riesling Itálico 2009 é considerado como talvez o melhor e mais icônico da história da vinícola. Com longa maceração e fermentação com as cascas, é um vinho branco nada convencional. Talvez entre os outros vinhos em estilo orange que tenho provado este foi o que mais me remeteu ao Gravner (claro, com as devidas proporções): cor quase âmbar e os aromas de laranja da terra, pêssego, tâmara, amêndoa com acidez deliciosa. Dava para sentir nitidamente os taninos que misturados a uma bela sapidez tornam o vinho bem diferente.



Skerk Vistovska 2011
Skerk é um produtor natural do Friuli, região ao nordeste da Itália na fronteira com a Eslovênia, mesmo terroir do mestre Gravner. A Vitovska é uma casta branca autóctone que resiste ao forte vento da região e a estiagem. Este 2011 faz uma maceração com as cascas de 30 dias e sucessivamente madura em grandes tonéis de carvalho por 1 ano. Este exemplar é bem delicado, apesar da boa complexidade: cor dourada intensa, e aromas florais  “gentis”, com notas de açúcar queimado, manteiga, castanhas e folhas mortas.



Para quem não conhece o estilo laranja diria que esta garrafa pode ser uma boa iniciação ao gênero, pois tem as características típicas, mas numa maneira mais "light", conservando ainda um lado mais conformista, num justo equilíbrio entre os dois modelos. Já o primeiro seja talvez um pouco mais "radical" e indicado para quem já curte orange wine.

Quem ganhou? Ninguém, obviamente. São duas interpretações do mesmo estilo, quem ganhou fomos nós que os provamos!

-Os vinhos da Domínio Vicari estão disponíveis para compra diretamente no site da vinícola (embora a Lizete nos confessou que não tem mais esta garrafa disponível).

-Os vinhos da Skerk estão disponíveis para compra no site da importadora Enoeventos.



quarta-feira, 22 de abril de 2015

Vinhos do Beaujolais no Brasil - Participe do evento!

Atenção, meu amigo. Você que é profissional da área de vinhos, neste mês terá a oportunidade de aprofundar seu conhecimento em matéria de Beaujolais e uva Gamay. A instituição Inter Beaujolais que divulga mundialmente os vinhos da região estará nesta edição da Expovinis em São Paulo e especialmente no Rio de Janeiro com um evento inédito que inclui palestra, degustação e mini-feira.
Veja a seguir mais detalhes e modalidade de inscrição no release oficial do evento.


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Venha encontrar os Vinhos do Beaujolais no Rio de Janeiro
E também na 19ª Edição da Expovinis, em São Paulo


Inter Beaujolais, grupo Inter-profissional que representa todos os vinhos da região francesa de Beaujolais, prepara duas importantes ações institucionais, no Brasil, em Abril de 2015.
No dia 27 organiza um evento inédito no Windsor Atlântica Hotel, em Copacabana, Rio de Janeiro. Gratuito, é reservado exclusivamente aos profissionais do setor de vinhos e aos jornalistas. O evento tem início com uma palestra, ministrada pelo francês Charles Rambaud, Diretor de Exportação da Inter Beaujolais, cujo objetivo é apresentar a diversidade dos terroirs de Beaujolais.
Em seguida os participantes têm a oportunidade de degustar os vinhos na companhia dos produtores e importadores, numa mini-feira. Assim, podem conferir a versatilidade dos vinhos de Beaujolais e experimentar harmonizações com pratos especialmente criados pela sofisticada cozinha do restaurante do hotel.
Os convidados também recebem o Guia 2015 dos Bistrots do Beaujolais, o qual conta, agora, com seis representantes brasileiros, graças a mais recente inclusão: o Petit Verdot, de Santos, São Paulo. A edição de 2014 contava com cinco casas, duas no Rio de Janeiro, duas em São Paulo e uma em Belo Horizonte.

ExpoVinis – Um espaço descontraído: “Vinhos do Beaujolais”
Os vinhos de Beaujolais participam pelo quarto ano consecutivo, entre os dias 22 e 24 de Abril, da 19ª edição da ExpoVinis, Feira Internacional de Vinhos realizada em São Paulo. Este ano, os vinhos de Beaujolais adaptaram seu estande para recriar o espirito da região.
Seis viticultores e negociantes da região participam da feira: Domaine du Penlois, Jean-Paul Champagnon, Alliance des Vignerons en Beaujolais, Domaine Ruet, Les Vins Aujoux e Agamy.

Beaujolais
A região tem 12 denominações: As AOP Beaujolais e AOP BeaujolaisVillages que representam 60% da produção e encontram-se essencialmente na parte sul. As 10 denominações de “crus” são situadas no norte, em terroirs graníticos e vizinhos da prestigiosa Borgonha, representando 40% da produção. Essas denominações Crus são: Brouilly, Chénas, Chiroubles, Côte de Brouilly, Fleurie, Juliénas, Morgon, Moulin-à-vent, Régnié, Saint Amour.
Todas têm em comum a casta Gamay. É no Beaujolais que essa casta se expressa melhor. Nos terroirs do Beaujolais, os tintos sempre varietais, ou seja 100% gamay, correspondem perfeitamente às expectativas do consumidor atual: O Gamay oferece vinhos amplos, frescos e frutados com taninos sedosos ou reveladores de um verdadeiro potencial de envelhecimento.
Os vinhos oriundos do gamay são adaptados a todos os momentos e estações. Especialmente adequados ao nosso clima quente, correspondem ao gosto dos brasileiros que apreciam, particularmente, os tintos.

Serviço:
Dia 27 de Abril, das 11 às 14h
Windsor Atlântica Hotel – Av. Atlântica, 1020, Copacabana – Rio de Janeiro
Vagas Limitadas.
É necessária confirmação prévia por e-mail, no endereço beaujolais.brasil@gmail.com informando nome completo, telefone e atividade no mundo do vinho e/ou jornalística.

19ª ExpoVinis
Expo Center Norte – Pavilhão Azul
Rua José Bernardo Pinto, 333 - Vila Guilherme
Dias 22 e 23, das 13h às 21h, e 24 de Abril das 13 às 20h.
www.expovinis.com.br
Inter Beaujolais: www.vinhosdobeaujolais.com.br
No Brasil é representada pela EOC International: (11) 3578 9348






terça-feira, 21 de abril de 2015

Os destaques da World Wine Experience França

Esta semana participei da World Wine Experience Franca a convite da importadora. No Rio o evento aconteceu num lugar bonito e encantador: o último andar (26°) do hotel Marina Palace, com vista espetacular para a praia de Leblon e Ipanema de um lado e Lagoa Rodrigo de Freitas do outro. A quantidade de pessoas bem proporcional ao espaço e um buffet farto e variado contribuíram para que o evento fluísse de maneira ideal.

Esta edição de 2015 da WWE  foi dedicada exclusivamente ao catálogo de vinhos franceses da importadora, e como previsto, tinha coisas bem interessantes. Vamos ver os meus destaques? Segue a lista dos vinhos que mais me marcaram (mas não na ordem de preferência)

- O Champagnes Brut Reserve de Billecart-Salmon, tostado e cremoso.



- O sensacional Touraine “Le Bouisson Poilleux” do Clos du Tue Boeuf, um sauvignon blanc do Vale de Loir em estilo orange, macerado e fermentado com as cascas.



- Os alsacianos de Hugel & Fils, especialmente a aromaticidade do Gewurztraminer 2007 e a profundeza do Riesling 2005.




- O Vosne-Romanée 2007 do Dominique Laurent, os mais delicado, mas ao mesmo tempo mais complexo da linha.

- Os 3 belos rosés da Provence do Chateau Roubine, especialmente o Inspire 2013



- Dos excelentes vinhos naturais de Catherine & Pierre Breton já falamos recentemente (veja aqui)

- O Chablis Grand Cru “Les Blanchots” 2006 do Domaine Laroche em garrafa magnum, que com 9 anos de vida mostrou ainda a exuberância da fruta misturada a umas notas de evolução que o tornaram ainda mais complexo.



- Os Chateaneuf-du-Pape da Família Perrin são certamente entre os mais emblemáticos da região, especialmente o Chateau Beaucastel. O 2008 estava impecável.



- Chateau Carignan é um velho conhecido, sempre bom, mas achei interessante seu Rosé 2013 L’Orangerie de Carignan que não tinha ainda provado. 


- Amiral de Beychevelle 2008, segundo vinho do homônimo Chateau, grand cru classé de Saint Juilen, bem complexo e estruturado.


- Chateau du Cèdre, com seus malbecs “originais” de  Cahors (a casta lá é chamada também de auxerrois), sendo o mais básico Chaton du Cédre 2009 pra mim o mais equilibrado da linha.


- Mas, com todo respeito a os acima citados, um produtor estava definitivamente fora da curva: Philippe Pacalet. Seus pinots das denominações clássicas de Chambolle-Musigny, Nuits-Saint-George, Gevrey Chambertin e Pommard de safra 2008 e 2009 (embora nem estejamos falando dos premier ou grand crus) estavam disparados em outro patamar, assim como seu Mersault. Vinhos naturais - de cultivo orgânico e biodinâmico, leveduras selvagens e sem adição de sulfitos - que expressam pureza e finesse raras até na própria Borgonha.




Merci World Wine et à bientôt ! 

sexta-feira, 17 de abril de 2015

O ENCONTRO DE VINHOS OFF ESTÁ CHEGANDO COM DEZENAS DE PRODUTORES E MUITAS OUTRAS NOVIDADES


Release Oficial: O Encontro de Vinhos Off chega a São Paulo em sua sexta edição de cara nova. Muito mais do que apresentar vinhos de excelente qualidade, o evento se destaca por reunir gastronomia, cultura e diversão em um só lugar e com atrações para a família inteira.
Além da bebida de Baco, o visitante conhecerá produtos e serviços relacionados ao vinho: cursos, malas, bolsas, adegas, taças, azeites e outros produtos serão destaque no evento junto aos produtores e importadores.
Para complementar, não poderia faltar informação, arte, música e gastronomia que, juntas, deixarão o feriado ainda mais descontraído e divertido para o paulistano.
O Encontro de Vinhos Off contará com a presença de food trucks vendendo suas especialidades, artistas de rua cantando e encantando o público, palestras sobre o mundo dos azeites e até tatuadores com muitas inspirações dionisíacas para aqueles que quiserem se aventurar em fazer a primeira ou a próxima tatuagem.
“Na nova formatação do Encontro de Vinhos buscamos, além de reunir produtores e importadores de vinhos, mostrar ao público a diversidade de informações e atrações que este universo incrível pode agregar” comenta Daniel Perches, organizador do evento.
Vai perder essa festa? Venha para o Encontro de Vinhos Off e faça do feriado de Tiradentes um dia memorável.
Veja a seguir a lista dos expositores: 

Produtores:

Adolfo Lona: produtor de espumantes artesanais da Serra Gaúcha
Batalha Vinhos: pequeno produtor de vinhos com produção limitada
Cacique Maravilla: pequena bodega chilena pela primeira vez no Brasil
Casa Valduga: renomada vinícola da Serra Gaúcha
Chozas Carrascal: vinhos de qualidade do terroir único de Valência
Dunamis: vinhos descomplicados da Campanha e Serra Gaúcha
LPG Wines: produções exclusivas com baixa tiragem por hectare
Luiz Argenta: qualidade e sustentabilidade em vinhos da Serra Gaúcha
Vinhetica: um francês que faz vinhos aproveitando o melhor do terroir brasileiro

Importadores
Ânima Vinum: vinhos de alta gama feitos por exclusivos produtores da Borgonha
Barrica Negra: excelente relação qualidade-preço de vinhos mendocinos
Domno: importação, produção e exportação com o profissionalismo da Casa Valduga
Expand: vinhos de 14 países em uma única loja
Ideal Drinks: de Portugal para o Mundo, o melhor de vinhos e azeites
ITBR: vinhos e azeites italianos propagando a cultura deste país no Brasil
La Charbonnade: representando as melhores vinícolas boutique do Chile e Argentina
Pasion Mastroeni
Vinos & Vinos: vinhos exclusivos de vinícolas renomadas em um só lugar

Distribuidor

Madame do Vinho: a força comercial dos pequenos produtores brasileiros

Produtos, acessórios e alimentos
BBlock: adegas inteligentes e soluções completas para a sua cave
Boccati: tudo em vinhos e presentes empresariais
Vintium Bags: design e sustentabilidade em bolsas para vinhos
Vom Fass: azeites e balsâmicos de qualidade premium vendidos a granel
Winefit: revolução no transporte de vinho com elegância e design

Serviços

Enocultura: qualificações conhecidas internacionalmente em vinhos
Plano e Plano: incorporadora e construtora levando ao cliente o sonho da casa própria
Seven Stars: tatuagens personalizadas


Food Trucks:
Bigorna: lanches especiais
Dio Mio Che Gelato: marca brasileira de gelato italiano no palito
Mestre Queijeiro: raclete de queijo mineiro para o Encontro de Vinhos Off
O Hamburguer: hambúrguer é nossa especialidade


Sobre o Encontro de Vinhos Off
data: 21 de abril
Horário: das 14H as 22H
Local: Casa da fazenda morumbi, av. morumbi, 5594.
Ingressos: R$ 80,00 inteira e R$ 40,00 meia (válida para estudantes e terceira idade) antecipados.

quarta-feira, 15 de abril de 2015

6 motivos para não se tornar um wine expert

Meu caro expert, sommelier, degustador ou enófilo, diga a verdade: quanto você se acha cool pelo fato de “entender” de vinho? E quantos sinais de admiração você já recebeu pela sua maravilhosa sabedoria, que inflam sua auto-estima que nem balão de ar quente? No entanto tem muitas situações em que você teria preferido entender de coisa nenhuma.

Você vai se reconhecer nas experiências traumáticas a seguir, mas antes de desperdiçar seu dinheiro com um psiquiatra abstêmio, leia este breve tutorial, para libertar seu subconsciente e vencer o desconforto de uma vez por todas.

1) Em restaurantes com amigos a carta de vinhos vai ser inevitavelmente passada para você: “escolhe aí, você quem é o expert”. Putz, não tem como fugir. Acabará escolhendo uma garrafa cara demais que não harmoniza com a camisa brega do cara na sua frente nem com a bolsa Luis Vuitton falsificada da mulher dele. Fiasco garantido e 10 pessoas que falarão em seus escritórios que seu conhecimento em matéria de vinho é bem aquém do que dizem por aí.

2) Tem convidados para um jantar em casa e pela ocasião nunca falta o carinha que levará um vinho horrível (até no rótulo). Aí quando estará no último gole do seu Gaja o cara vai dizer: “Não vamos abrir meu vinho?”. Graças a Deus você não o tinha despejado no molho (seria ruim até para cozinhar) nem jogado ainda no balde do lixo: é obrigado a tomar e declamar que o vinho é simples, mas com discreta complexidade e será forçado a ouvir o sermão do cara que vai te repreender por gastar absurdos com Gaja quando um Reservado Carmenere expressa tão bem a vocação de seu terroir por apenas 19 reais.

3) Degustação entre amigos: vários vinhos para provar ao longo de uma noite etílica. Você nunca viu 13 dos 14 vinhos presentes, mas “monte a seqüência, você quem é o sommelier”. Aí mesmo não conhecendo os vinhos vai por intuição, na base das características típicas das castas e relativas áreas de produção, mas inevitavelmente logo naquela ocasião o syrah não é tão apimentado como deveria e o pinot é mais encorpado que o usual, a ordem fica comprometida e acaba igual ao ponto 1.

4) No restaurante com uma gata incrível nem está acreditando que ela aceitou sair com você: deve ser engano e não pode perder tempo, ela pode mudar de idéia...Neste momento você ta nem aí com o vinho e sua única preocupação é finalizar a noite na melhor das maneiras. Mas aí o sommelier te reconhece: você é o expert de vinho! E aí começa a ladainha sobre as fermentações espontâneas e te traz uma garrafa de um pequeno produtor artesanal que só ele conhece. E vai aparecer á sua mesa várias vezes interrompendo sem piedade seu jogo de sedução. Resultado: a mulher fica entediada, você não consegue mais lembrar nenhuma frase romântica que vinha ensaiando há uma semana e a noite acaba tristemente.

5) Você chega em casa de amigos com uma garrafa de Krug 95 e a reação deles é a mesma que se tivesse levado um lambrusco de supermercado. Afinal para não ofender eles vão até concordar que seu Champagne é bom...mas, é claro, nada que se compare com Veuve Clicquot e Moet & Chandon...

6) Almoço bem chato, você ta distraído e no primeiro gole não percebe uma leve sensação de bouchonné, sendo que na verdade é o menor problema daquela garrafa. Vergonhosa desonra e reputação manchada indelevelmente para sempre.

Então, considerando estes e outros pontos (fique a vontade em acrescentar) a pergunta que vai se fazer aflora naturalmente: "por que raios fui inventar de me especializar em vinhos?"


sexta-feira, 10 de abril de 2015

Lambendo pedras: mineralidade em vinho existe ou é uma farsa?

Se você googlear a palavra “mineralidade” verá que 90% dos resultados é relacionado a vinhos (até em outros idiomas). Mas pelo visto, de acordo com vários experts, esta palavra nunca deveria ser usada falando em vinho, pois parece que seja pura ilusão.

O termo foi usado pela primeira vez pelos ingleses há 20 anos e hoje é tão utilizado e abusado que parece que vinho seja fruto de um suco de rochas. Mas a verdade é que de fato nunca houve unanimidade sobre seu significado.

Segundo muitos é um mix de sensações aromáticas que compreende silício, grafite, ostras frescas, naftalina, querosene, pólvora.

Já segundo outros a mineralidade é reflexo do solo especifico de onde foi feito o vinho, e requer conhecimento avançado de geologia, portanto deveria ser descartado pela maioria dos profissionais do vinho. Mas em alguns vinhos, especialmente em brancos de guarda, as descrições citadas afloram depois de razoável envelhecimento, o que indicaria que não seria conseqüência direta do solo.

Outros ainda incluem no conceito de mineral até os aromas animais, selvagens, de redução, ou até de algumas especiarias exóticas.

Os franceses nem usam a palavra mineral, preferindo a mais difícil empyreumatique para definir basicamente uma mistura de sensações salinas.

Confirmando esta tese, um estudo feito na Borgonha comparou pareceres de degustadores profissionais sobre diversos vinhos servidos em seqüência e o resultado final foi que o cada um dos experts manifestou opinião bem discordante, considerando minerais vinhos com características bem diferentes.

A verdade é que ainda não existe um significado unívoco e muitos usam a palavra só para fazer bonito. Portanto uma vez que o termo deixa espaço para interpretações, uma nova escola de pensamento está confinando a palavra mais dentro de um tipo de marketing que se alimenta de imagens poéticas e filosóficas, que em descritores técnicos de vinho.

Posso estar errado, mas pessoalmente eu acho que podemos usar a palavra mineral sim. Verdade, muitos a usam só para pose, citando silício ou grafite sem saber do que estão falando (obs: o silício não tem cheiro). Eu também não conheço muitos cheiros minerais e nem vou sair por ai lambendo pedras como o Gary Vaynerchuk já sugeriu.

Mas todos conhecemos o cheiro de pedra ou rocha molhada, não é? Todos nós já colocamos lapiseira na boca quando criança; todos já manuseamos algum tipo de ferramenta, ou já tivemos que trocar pilhas oxidadas de algum aparelho eletrônico.
Ecco: é exatamente a estas memórias olfativas que me remeto quando uso a palavra “mineral”. Aquele cheiro percebido ao entrar numa gruta (para quem já teve a oportunidade) que sinto num Pouilly Fumé, ou aquela sensação de ferrugem que percebo em alguns Sauternes. Posso até ter banalizado o conceito e causar revolta do mundo eno-chato-acadêmico, mas pra mim é isso aí.



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terça-feira, 7 de abril de 2015

Vem aí a World Wine Experience França!

A temporada de grandes eventos de vinhos já começou, portanto agora prepare-se para o próximo, que promete ser um dos mais interessantes do ano: a World Wine Experience 2015, que nesta edição será exclusivamente dedicada aos rótulos franceses da importadora. Serão 20 produtores apresentando seus produtos nas cidades de São Paulo e Rio de Janeiro. Imperdível. Veja mais detalhes no release oficial a seguir:






WORLD WINE EXPERIENCE FRANÇA 
ACONTECE EM ABRIL COM A PARTICIPAÇÃO DE 20 PRODUTORES

São Paulo (13 de abril) e Rio de Janeiro (16 de abril)  recebem o evento que apresenta
 vinhos franceses exclusivos do portfólio da importadora


No dia 13 de abril, em São Paulo, e 16 do mesmo mês no Rio de Janeiro, acontece mais uma edição da World Wine Experience. Trata-se de um evento que se consagrou como um dos mais importantes de vinhos no Brasil mantendo o formato de uma grande degustação.

A World Wine acredita que a forma mais efetiva e prazerosa de conhecer um vinho é provando. Foi pensando nisso que passou a promover para os clientes a experiência de degustá-los ao lado dos produtores e profissionais, assim eles podem ter contato direto com quem os produz, conhecer a história das vinícolas e as novidades.

Neste primeiro semestre, o evento tem foco nos vinhos da França e apresentará vinte produtores de variadas regiões do país – Borgonha, Bordeaux, Provence, Champagne, Rhone, Beaujolais, Loire, Sudoeste e Alsácia - possibilitando aos participantes conhecer uma gama bem representativa de um dos países de maior tradição na produção de vinhos.

As marcas presentes são: Hugel & Fils, Marcel Lapierre, Domaine Clarence Dillon, Château Le Puy, Jean Pierre Moueix (Château Barrail du Blanc, Château de Sales e Château La Grave a Pomerol), Château Carignan, Château Beychevelle, Domaine Laroche, Domaines Devillard (Château de Chamirey e Domaine des Perdrix), Philippe Pacalet, Dominique Laurent, Billecart-Salmon, Domaine Valette, Pierre Moncuit, Clos du Tue Boeuf, Catherine & Pierre Breton, Château Roubine, Château Lafoux, Famille Perrin e Château du Cèdre.

Além de degustar rótulos surpreendentes, os convidados contarão com um buffet de pães, queijos, frios e uma seleção de produtos La Pastina.

Para participar desse evento, basta comprar o ingresso através do televendas (11) 4003-9463 ou em qualquer loja World Wine. O valor do ingresso é R$200,00 por pessoa e existem preços especiais com desconto para compra antecipada e grupos.

Serviço:

World Wine Experience – França

SÃO PAULO
Dia 13 de abril
Horário: das 16h00 às 22h00
Local: Figueira Rubaiyat
Endereço: Rua Haddock Lobo, 1.738 Jardim Paulista

RIO DE JANEIRO
Dia 16 de abril
Horário: das 16h00 às 22h00
Local: Hotel Marina Palace
Endereço: Avenida Delfim Moreira, 630 Leblon

Valor do ingresso: R$ 200,00 (dá direito à degustação de vinhos + buffet).
R$140,00 para compras até dia 03/04/2015
R$160,00 para compras até dia 10/04/2015
R$120,00 para compras de grupos de, no mínimo, 10 pessoas.



Sobre World Wine
A World Wine é uma das maiores referências na difusão da cultura do vinho no Brasil e detentora de um portfólio repleto de grandes produtores, com mais de dois mil rótulos do mundo todo. Suas lojas reúnem em um só ambiente a sofisticação, qualidade e diversidade.

Além disso, oferece aos clientes, assessoria especializada para auxiliar na seleção dos vinhos. Seja em suas lojas ou televendas, uma equipe experiente, formada por sommeliers, consultores e atendentes está apta para prestar o melhor atendimento.

Promove também, em todas as lojas, degustações, jantares harmonizados e cursos de vinhos, inclusive para grupos fechados e empresas. Atende em todo o Brasil por meio do televendas, site e lojas parceiras e também vende diretamente para restaurantes, empórios e lojas especializadas.

A World Wine atende clientes de todo o Brasil pelo Televendas 4003-9463 (capitais) ou 0800 880 9463 (demais localidades) e pelo site www.worldwine.com.br

Lojas World Wine
São Paulo – Capital

World Wine Jardins
Rua Padre João Manuel, 1269 – Jardins – Tel. 3085-3055

World Wine Amauri
Rua Amauri, 255 – Itaim Bibi – Tel. 3168-1255

EAT... – Vila Olímpia
Av. Doutor Cardoso de Melo, 1191 – Tel. 5643-5352

São Paulo - Interior
World Wine Ribeirão Preto
Rua João Penteado, 420 – Boulevard – Tel. 16 3931-6008

Rio de Janeiro

World Wine – Enoteca Fasano Shopping Mall – 1º piso – Tel. 21 2422-4614