quinta-feira, 30 de outubro de 2014

9 vantagens da meia garrafa de vinho

Se você não esteve na Europa recentemente, saiba que uma das tendências do momento (muito de moda sobretudo no público feminino) é a meia garrafa de champagne servida com o canudo. Sem precisar chegar a este nível de sofisticação, devemos admitir que a garrafa de 375ml tem suas utilidades.
Você já se perguntou como e porque nasceram as meias garrafas de vinho? Eu sim e descobri que a história da garrafinha nascida como fruto do amor entre 2 garrafas grandes é mentira. Assim como parece ser mentira que se comprar uma garrafa pequena e a deixar por um bom tempo na adega, ou plantar no terreno, ela depois cresce (e vai podê-la revender ao dobro do preço).
Não, as verdadeiras razões têm a ver mais com histórias de solteiros tristes e analistas de mercado. Os primeiros que, no fim de semana, para sobreviver a depressão da cama vazia e do Zorra Total na tv, gostariam de entornar uma garrafa, mas temem as conseqüências do álcool; os segundos, que notaram a existência dos primeiros e confeccionaram para eles um produto sob medida: afinal gastam menos, bebem bem, não desperdiçam nada e tchau ressaca.

Mas se você não pertence à categoria acima mencionada, existem vários outros motivos para preferir de qualquer modo o formato mini. Olhe o que achei vasculhando na rede:

1- A sua mulher não bebe muito e você não vai terminar a garrafa inteira sozinho. Exatamente o meu caso.

2- Na meia garrafa o vinho envelhece mais rapidamente. Que na verdade parece até uma coisa ruim, mas olha a vantagem de saber já hoje come vai ser este vinho daqui a dois ou três dias!

3- Uma vez vazia, pode usá-la novamente para colocar a sobra de garrafas grandes, que desta forma dura mais. Que mão de vaca, afinal uma bombinha a vácuo custa uma mixaria!

4- È a maneira mais econômica para provar um vinho que custaria um olho da cara. Nesta eu concordo e sou adepto da prática, tendo provado já vários grandes vinhos desta forma. Existem também as degustações onde você consegue provar de uma vez mais vinhos que não conseguiria comprar, mas talvez não exatamente aquele especifico que você quer. Portanto a argumentação continua válida.

5- Poder curtir o sorriso contrato do seu amigo, quando você levar a garrafinha para casa dele, sabendo que tem pelo menos uma dúzia de convidados. Esta é maldade pura, mas em compensação a diversão está garantida. Se depois de você chegar o cara com uma mono-dose de vinho de sobremesa então...!

6- Democratiza o consumo: em casa ou no restaurante, cada um com o seu vinho. Quando a sua companhia está harmonizando o haddok com o riesling, você vai poder beber orgulhosamente o seu cabernezão sem a preocupação de agradar os outros.

7- No restaurante, em dois, pode pedir uma meia de espumante ou branco para a entrada, uma meia de tinto para o principal e, porque não, uma meia de vinho doce para sobremesa. Evolução da situação anterior

8- Se você fizer questão de dirigir, tendo ou não Lei Seca, com menos quantidade de álcool no sangue, tem certamente mais probabilidades de chegar inteiro em casa. Fato

9- A meia garrafa é fofa. Ah, ta. O que seria da vida sem fofura?

Vamos parar por aqui, mas tem certamente outros motivos válidos a favor da nossa heróica garrafinha; aliás, fique a vontade em sugerir o seu 10°.

Embora eu seja um defensor da causa, o problema principal é ainda o custo, pois a meia garrafa raramente custa metade da garrafa inteira, em algum casos tendo diferenças de preço irrisórias (e ridículas) entre as duas: desta forma, se torna pouco competitiva para o bolso. Mas pessoalmente, todas as vezes que achei uma meia garrafa de um vinho interessante por um preço justo, não pensei duas vezes em comprá-la. E você? Qual é a seu relacionamento com este vidrinho “fofo”

Uma senhorita trendy de Milão com sua garrafinha Moet Chandon e canudo

terça-feira, 28 de outubro de 2014

Confraria Gran Reserva Special Edition: vinhos a partir de R$ 200. Qual ganhou?

O último encontro da nossa gloriosa Confraria Gran Reserva foi uma edição especial, pois caiu em concomitância com o 86° aniversário do nosso querido confrade e grande mestre de vida J.O. Martins. Portanto eliminamos temas específicos e aumentamos a faixa de preço das garrafas, com o exclusivo intuito de comemorar a vida e a amizade. Mais para manter a diversão, conservamos o esquema de degustação ás cegas. Se isto confundia ainda mais (afinal podia ser um vinho de qualquer País, região, uva, corte, safra...) por outro lado tornou o “desafio” mais estimulante.

Os vinhos foram todos excelentes, alguns muitos bem conhecidos por aqui, repare:


Darioush Napa Valley Viogner 2009
(branco fora de concurso, servido as claras)

Nieto Senetiner Cadus 2010

 Thomas Barton Margaux Reserve 2008



Viña Maipo Protegido 2009

Clos du Calvaire Chateneauf-du-Pape 2011
  Mendel Unus 2010

 Passadouro Douro Reserva 2009

Tabalí Payen 2010

Mas Doix Doix 2010

Quebrada de Macul Domus Aurea 2007
-        
Caliterra Cenit 2006

Achaval Ferrer Finca Mirador 2006

Eduardo Chadwick Seña 2007

O pódio nos confirmou umas certezas e nos apresentou uma surpresa, pois a classificação ficou assim:

1)      Achaval Ferrer Finca Mirador 2006
2)      Eduardo Chadwick Seña 2007
3)      Mas Doix Doix 2010

No surprise quanto aos primeiros 2, afinal estão sem dúvida entre os melhores tintos da América Latina. A revelação foi o Doix 2010, Costers de Vinyes Velles, que pessoalmente não conhecia: um Priorato no típico estilo atual modernista, muito consistente.

Terminamos a noite com 2 fora de concurso: Viña Alicia Brote Negro 2008 e Château des Charmes Vidal 2013, um icewine que trouxe pessoalmente do Canadá.




Noite memorável, em companhia de grandes amigos. Longa vida ao nosso General Martins e viva a Confraria Gran Reserva!





segunda-feira, 27 de outubro de 2014

Vem aí a Feira de Vinhos Ibéricos da Salitre!

Mais um evento para o público enófilo carioca: no dia 30/10 a Salitre de Ipanema vai hospedar uma feira de vinhos ibéricos, com intuito de proporcionar aos consumidores de vinhos uma oportunidade de abastecer suas adegas para o fim de ano antes da implementação da ST no Rio de Janeiro.

Serão mais de 70 rótulos para degustar dentre Cavas, brancos, tintos, roses, porto e Jerez de afirmados produtores como: Casa Ferreirinha, Herdade do Rocim, Toro Loco, Miguel Torres, Bodegas Muñoz, Real Sitio de Ventosilla, Quinta do Falcão, Pago de Cirsus, Luis Cañas e muitas outras.

Importadoras confirmadas: Vinci, Zahil, Winebrands, Worldwine, Wine.com, Aláfia, DOCG VINHOS, Winemais, Ideal Drinks, Serrado Wines, Decanter.

Será servido um coquetel volante com canapés diversos, massas e risotos.

 O valor do ingresso é de R$150,00 sendo R$70,00 revertidos em compras.

Para mais informações e reservas veja a seguir:




terça-feira, 21 de outubro de 2014

O Encontro de Vinhos de volta a Curitiba!

Chega à Curitiba a terceira edição do Encontro de Vinhos, que acontecerá dia 08 de novembro no Hotel Lizon

A capital Curitibana receberá pelo terceiro ano consecutivo o maior evento de vinhos no conceito Road Show do país. A perspectiva é que este ano mais de 600 visitantes participem do Encontro de Vinhos.
Com uma equipe de expositores de primeira linha, o Encontro de Vinhos contará com a presença da Cantu, Casa Valduga, Casa Madeira, Chozas Carrascal, Cave Geisse, Ideal Drinks, Italy’s Wine, Domno, TodoVino, entre outros.
A Wines of Argentina será representada por mais de 13 produtores que mostrarão um pouco da cultura do país e da diversidade do terroir argentino.
Aos enófilos de carteirinha, A WofA ministrará duas palestras acompanhadas de um exclusivo painel de degustação, com vagas limitadas.
Serão mais de 150 rótulos diferentes para o visitante degustar e outras atrações imperdíveis.
O evento contará com a parceria da Associação Brasileira de Sommeliers (ABS-PR), do Centro Europeu e do Curitiba Região e Litoral Convention & Visitors.

Sobre o evento:
Quando: dia 08 de novembro - das 14h as 22h
Onde: Hotel Lizon - Avenida Sete de Setembro, 2246, Centro
Ingressos: R$ 70,00 no local e R$ 60,00 pelo site. Sócios ABS, Centro Europeu e CCVB têm 50% de desconto.
Acesse: www.encontrodevinhos.com.br 
Fanpage: www.facebook.com/encontrodevinhos 


domingo, 19 de outubro de 2014

Os tops da Concha Y Toro

Nesta semana participei do Cavist Tasting and Sale (a convite da assessoria de imprensa do evento), dedicado unicamente á Concha Y Toro. A vinícola dispensa qualquer apresentação: é a chilena mais conhecida e amada pelos brasileiros (e também mundo afora, sendo já avaliada como a 2° marca vinícola mais influente do planeta!). A degustação aconteceu no Cavist Bistrô de Ipanema e contou apenas com os vinhos tops da empresa: 10 rótulos para mostrar a força da Concha Y Toro*.

- Amélia Chardonnay 2012: talvez por ser um dos poucos rótulos que ainda não conhecia, mas devo dizer que este foi o vinho de todo o painel que mais me marcou. Um chardonnay do Vale de Casablanca, muito aromático e fresco. Apesar dos 12 meses em barrica francês o vinho é elegante, misturando notas de pêra, maça, fruta tropical e cítrica. Na boca é mineral, com bela acidez e um final que chama para mais um gole (R$ 212,00)



- Terrunyo Sauvignon Blanc 2012: de vinhedo único (Los Boldos), também de Casablanca, sobre este branco alguns comentaram que parecia estar tomando grama líquida. De fato as aromas herbáceos são bem fortes, juntos com abacaxi e maracujá. Na boca também a sensação vegetal é a que mais se destaca, com limão a seguir, e uma acidez muito alta, o que realmente torna o vinho não tão fácil de beber. Talvez acompanhando umas ostras frescas, a história seria diferente (R$ 138,00)



- Sanctuary Pinot Noir 2009: projeto da vinícola nos EUA, este pinot noir vem do Santa Maria Valley, Califórnia. É certamente um pinot atípico, bastante extraído na cor e concentrado no corpo, com estagio de 12 meses em carvalho. Apresentou notas terrosas e especiarias, sensação repetida no nariz e na boca. Um tanto rústico, precisa de um bom tempo de areação para amaciar (R$ 275,00)



- Terrunyo Carmenere 2010: este vinho seja talvez a melhor compra de todo o catalogue da Concha Y Toro pela relação preço/qualidade. As uvas vêm do mesmo vinhedo que produz o top da casa Carmin de Peumo, no vale de Cachapoal. Mesmo quem não curte muito carmenere (é o meu caso também) vai gostar. No nariz logo chama atenção um chocolate, seguido de baunilha, charutos e couro. O típico pimentão que chega a incomodar os demais é apenas um sopro. Na boca é macio e aveludado, com taninos doces e sensações defumadas (17 meses em barricas). Gostaria que tivesse um pouco mais de acidez, mas não pode se ter tudo, né? (R$ 219,00)



- Terrunyo Cabernet Sauvignon 2010: no mesmo patamar do anterior, talvez um pouco mais elegante. As uvas vem de um vinhedo velho (Pirque) no Valle del Maipo e o mosto matura por 18 meses em carvalho prevalentemente novo. Fruta silvestre abundante com notas ferrosas. Potente e estruturado, um pouco durinho, também se beneficiaria de uma boa decantada (R$ 219,00)



- Terrunyo Syrah 2007: procedente do Vale de Casablanca, leva uma pitada de Cabernet Sauvignon no corte. 20 meses em barrica. Igualmente potente e concentrado, com aromas de cacau, café, ameixas, anis, e pimenta. No nariz é volumoso, com boa estrutura e taninos finos e macios. Final amadeirado (R$ 219,00)



- Trivento Eolo 2010: marcando presença também na Argentina este malbec mendoncino (Luján de Cuyo) é certamente mais elegante que muitos dos seus colegas, mas todos achamos um pouco caro. De qualquer forma muito bom. Justa concentração, com belo bouquet floral e frutado. Na boca é sedoso, com notas de baunilha e caramelo. Taninos maduros e boa acidez. Um vinho equilibrado, apesar de seus 15,5% de álcool ( R$ 399,00)


- Gravas del Maipo 2009: Syrah do vinhedo Pirque, com 9% de Cabernet Sauvignon, maturado por 17 meses em barrica francês. Bastante concentrado e extraído, tem um nariz intenso de cassis, com tabaco e especiarias. No palato é denso, carnudo e macio, com taninos redondos e doces. Para os amantes do syrahzão. Porém caríssimo (R$ 698,00)


- Dom Melchor 2009: embora exista um outro vinho top acima, este é considerado o ícone da vinícola e o mais internacional. Varietal de Cabernet Sauvignon com uma borrifada de Cabernet Franc de uvas de Puente Alto. Ao meu ver foi o mais elegante e equilibrado de todo o painel. Amoras, café, anis e terra molhada, não é tão encorpado, embora o volume preencha a boca com uma textura aveludada. Acidez muito boa, taninos finíssimos e madeira bem integrada (15 meses em carvalho francês) completam um quadro que deixa uma excelente persistência (R$ 449,00). Vinho de guarda.


- Carmin de Peumo 2009: vinho top da casa e por muitos considerado como o melhor carmenere do mundo. Tem pequenas quantidades de Cabernet Sauvignon e Franc, sendo todas as uvas procedentes dos melhores vinhedos da vinícola. (Peumo, Pirque Vejo e Puente Alto). Concentrado e com aromas de violeta e amarena é um vinho que preza a doçura da fruta mais que acidez e tanino, tanto no ataque quanto no final de boca. Mastigável, tem grande estrutura e maciez (R$ 698,00).





* Preços de tabela

quinta-feira, 16 de outubro de 2014

Visitando a Diamond Estates Winery, Canadá


Na minha recente viagem ao Canadá consegui também dar uma rápida passada na região vinícola de Niagara, no Ontário. A paisagem é linda, repleta de vinhedos que acabam no lago.

A região é responsável sozinha pelo 85% da produção mundial de Icewine (vinho de sobremesas cujas uvas “sofrem” congelamento natural durante o inverno, concentrando mosto e açucares), que é a verdadeira especialidade vinícola do País. O vinho do gelo seja talvez o estilo de vinho de sobremesa que mais aprecio, pois costuma ter sempre alta acidez e mineralidade para equilibrar a doçura. E ainda com um teor alcoólico baixo para vinho doce (média de 10-11%). Estes vinhos não costumam ser baratos (nem lá, por sinal), mas oferecem, a meu ver, melhor custo/beneficio se comparados com os mais badalados Sauternes e Tokaji, por exemplo.

Mas a península de Niagara, além destes sensacionais néctares, produz também brancos e tintos tranqüilos bem interessantes. As uvas que se dão melhor são Riesling e Gewürztraminer para brancos, já para tintos o destaque vai para Pinot Noir e Cabernet Franc.

Tive a oportunidade de visitar uma das mais respeitadas vinícolas locais, a Diamond Estates. A propriedade pertence ao ator canadense Dan Aykroyd (famoso sobretudo para  The Blues Brothers e GhostBusters – os caças fantasmas) e é a vinícola oficial da NHL, a Liga Nacional de Hockey, esporte nacional e verdadeira paixão dos canadenses.

O forte da vinícola são naturalmente os icewines, mas produz também tintos e brancos de todo respeito. Degustei 3 vinhos tranqüilos e 2 icewines:

- Hat Trick White 2011 VQA Ontário. Corte de Gewürztraminer, Riesling e Chardonnay muito interessante. Leve e fresco, tem discreta complexidade: pêra, lichia e abacaxi; no palato, apesar da alta acidez, é macio, lembrando maça e mel. É o vinho oficial dos jogos do campeonato de Hockey e os proventos de cada garrafa vendida vão para o NHL Alumni Association para dar suporte a várias causas beneficentes.




- Dan Aykroyd Discoveries Series Cabernet/Merlot 2011 VQA Niagara Peninsula: esta seja talvez a linha de vinhos tintos canadenses que mais vende no mundo, sobretudo pela relação qualidade/preço (vi inclusive este vinho em muitas lojas dos Estados Unidos), tendo já ganho vários concursos como melhor corte bordales abaixo de 25 dólares. O vinho é realmente gostoso, com nariz de fruta silvestre e notas defumadas; no palato é redondo, de corpo médio, com boa fruta e especiarias. Estagia 8 meses em carvalho.



- East Dell Black Label Shiraz 2011 VQA Niagara Península: este vinho procede de uma propriedade vizinha pertencente ao mesmo grupo. Como sabemos que a uva syrah (ou shiraz) se dá particularmente bem em clima quente ou temperado, pessoalmente não estava esperando muita expressão deste tinto. Mas fui positivamente surpreendido. Ele tem menos corpo do que os shiraz do novo mundo que conhecemos, mas não por isto menos complexidade. Amoras, alcaçuz, tabaco e especiarias tanto na boca quanto no nariz. A textura é um pouco rústica, assim como os taninos o que lhe dá um toque de vinho tradicional europeu.



- Lakeview Riesling Icewine 2012 VQA Niagara Peninsula: o clássico icewine com base em riesling: limão e laranja, pêssego, mel, baunilha, damasco, com notas ferrosas. Muito equilibrado e fresco, além de sobremesa harmoniza também com muitos queijos.


- Lakeview Cabernet Franc Icewine 2013 VQA Niagara Península: nunca tinha provado um icewine tinto e este foi uma prova de um ainda não engarrafado. Embora mantendo aquelas notas de mel e baunilha, o bouquet vai mais para morango e cereja, sobretudo tipo amarena. Talvez porque ainda não definitivamente estabilizado, achei um pouco doce demais para meu gosto, de qualquer forma gostoso. Diria perfeito com chocolate.



Enfim, esta experiência, junto com outros bons vinhos locais que provei ao longo da viagem, mostra mais uma vez que não podemos ter preconceitos (nem para o bem nem para o mal) quando o assunto é vinho e o quanto é legal conhecer coisas novas. Os vinhos canadenses são uma realidade interessante, com personalidade própria. Lembraram-me em algum momento aqueles vinhos brasileiros feitos com carinho, com pouco álcool e taninos verdadeiros, sem necessariamente querer copiar os vinhos da moda dos Países vizinhos, mas mantendo um ligado com a tradição européia.

Jardim

Pátio

Passeando nos vinhedos
 

Cabernet Franc
Este vinho na taça vem deste vinhedo de cabernet franc





 









quarta-feira, 15 de outubro de 2014

Prova de umas interessantes novidades da Espanha, confira



Na semana passada fui convidado a participar de uma degustação de uns novos rótulos espanhóis da importadora paulistana Santa Cruz. O evento aconteceu no novo Bistrô Ouvidor Botafogo, foi promovido pela Rio di Vino,  que representa a importadora no Rio de Janeiro e coadjuvado pela querida Monica Alves, que conseguiu juntar uma turma de profissionais tops da cidade (menos eu) para a degustação.

A importadora trabalha por enquanto apenas com rótulos da Espanha, de regiões mais e menos badaladas, mas pretende abrir em breve o caminho para outros Países também.

Primeiramente devo dizer que a nova filial do Bistrô Ouvidor está bonita e a comida, supervisionada pelo chef e amigo Efraim Moraes, muito boa (foram servidos uns canapés e bruschettas com pastas variadas, um arroz de pato e um doce de chocolate).

Indo para os vinhos,  degustamos 7 rótulos:

- Mas Bertran “Les Enfosques Brut Nature” DO Cava: um Cava tradicional, fine e leve, com boa perlage. Manteiga e nozes no nariz, no palato tem acidez refrescante e leves notas cítricas.



- Josep Masachs “Ressò Garnacha Blanca 2013” DO Catalunya: não me lembro de ter provado uma Garnacha branca antes, talvez criei muita expectativa pois o vinho me pareceu muito simples para meu gosto. Sublinhei as últimas 3 palavras pois não quero ser mal interpretado: o vinho é correto e deve encontrar centenas de adeptos, sobretudo os que curtem um branco despretensioso, leve e fresco. Afinal é uma pedida certa para o nosso clima tropical. Leves notas frutadas e florais.



- Emendis “Trio Varietal 2010” DO Penedès: corte de Macabeo, Muscat e Cchardonnay é um branco já mais estruturado. Maça e um mentolado, tem boa acidez e notável persistência. Perfeito para peixes e frutos do mar.


- Vall de Baldomá “Baldomà Selecciò 2011” DO Costers del Segre: denominação não tão conhecida por aqui, mas em crescimento. (veja alguns exemplares degustados aqui , aqui e aqui ).  Gostei bastante deste corte atípico de Merlot, Cabernet Sauvignon, Tempranillo e Bobal. A vinícola faz uma pequena produção artesanal e este vinho reflete o bom trabalho da casa: nariz intenso de fruta silvestre, alcaçuz e pimenta; na boca tem corpo médio/leve e discreta complexidade, ressaltando uns taninos um tanto rústicos (adoro), com bom equilíbrio geral.


- Gratallops “Finca Tobella Negre 2009” DOQ Priorat: vinhas de baixo rendimento produzem este tinto da região espanhola da moda. Corte com base em Garnacha e Carignan (mais umas pitadas de outras castas) é um vinho moderno, intenso e potente, refletindo bem o estilo atual do Priorato. Explosivo no nariz (ameixa, cereja, violeta), na boca é suculento com notas minerais. Final levemente adocicado.


 - Vicente San Juan “Blasòn de Romera Tinto Reserva 2004” DO Ribera del Duero: esta região vinícola talvez seja a minha preferida dentro da Espanha, pois nunca tomei um Ribera del Duero decepcionante. Este também não foge da regra. 100% Tempranillo maturado por 36 meses em carvalho, com seus 10 anos de vida tem ainda muito tempo de guarda pela frente. Os aromas, já evoluindo para os terciários, remetem a couro, tabaco e especiarias. Na boca é seco, com um conjunto de grande equilíbrio entre boa fruta, excelente acidez, taninos muitos finos e madeira bem integrada. Gastronômico.



- DSL “Phincas 2007” DOCa Rioja: um Rioja diferente, a partir da garrafa tipo borgonha. A Don Sancho de Londoño pertence ao grupo de modernistas da região, deixando do lado a austeridade clássica em função de imediatez, corpo, fruta, potência, maciez (não por acaso esta mesma garrafa ganhou 93 pontos pelo Robert Parker). Este vinho tem todas estas características. Basicamente Tempranillo, cortado com parcelas de Graciano, Garnacha e Viura, é bastante extraído e denso. Cereja, geléia de amora e chocolate no nariz. No palato é carnudo e volumoso, com textura aveludada e macia e taninos doces, de longa persistência.




Agradeço e parabenizo novamente todos os envolvidos no projeto. 

Esq. para dir.: chef Efraim Moraes (do Bistrô Ouvidor), sommelier Monica Alves, Victor Marecos e esposa (da Rio di Vino) e Felipe Istamati (da importadora Santa Cruz).

O Bistro

Arroz de pato